Resumen de la Ponencia:
A pandemia de Covid-19 impactou as cidades do mundo inteiro e modificou o modo como as pessoas vivem, se deslocam, usam os espaços públicos e realizam atividades de lazer. Pelo menos é a imprensa noticiou entre 2020 e 2022, ainda que algumas pesquisas iniciais parecem confirmar tal impressão, como os estudos reunidos nas coletâneas organizadas por Mirian Grossi e Rodrigo Toniol (
Cientistas Sociais e o Coronavírus, ANPOCS, 2020) e Horácio Frota, Helena Frota e Andréa Luz da Silva (
O Impacto do Covid nas Políticas Públicas, 2020). Na esteira de nossas pesquisas realizadas sobre a mobilidade urbana e os usos do espaço público nos cenários antes, durante e “depois” da pandemia (considerando que a maioria dos países já exerce políticas de relaxamento das medidas preventivas, denotando um “fim”) viemos por meio deste estudo analisar sob quais condições ocorreram transformações na vida cotidiana dos moradores da cidade de Fortaleza, capital do estado do Ceará, no Brasil. Fortaleza é uma metrópole regional com população de quase 3 milhões de habitantes e polo de uma Região Metropolitana com mais de 4 milhões de residentes, e ocupa uma posição intermediária dentro do panorama das cidades globais, sendo a quinta maior do país, polo econômico destacado e destino turístico internacional por causa de suas praias. Por isso, nossos estudos pré-pandêmicos se voltaram às especificidades desse cenário para a mobilidade e o uso dos espaços, percebendo as contradições latentes às cidades latino-americanas quanto ao investimento desproporcional aos automóveis particulares em detrimento do transporte público e a frequência dos espaços públicos comprometida por questões sociais, como a violência ou ausência de equipamentos nos bairros pobres. Durante a pandemia, nossas pesquisas indicaram a diminuição drástica das atividades de lazer ao ar livre e o deslocamento mobilizado pela tensão entre sair ou não de casa para trabalhar, percebendo as diferenças sinalizadas pelo nível social, possibilitando às classes altas e médias melhores condições de trabalho remoto e às classes baixas ter que sair de casa para trabalhar. Destarte, os dados indicam que a pandemia deixou legados quanto ao modo como as pessoas se relacionam com seus ciclos sociais mais próximos, como exercem suas atividades de lazer e como usam os espaços públicos, com parcelas da população adotando comportamentos díspares: alguns saem mais outros ficaram mais reclusos.Este ciclo de pesquisas, realizadas desde 2019, se utilizou da combinação de metodologias, tanto a realização de survey com transeuntes quanto sua adaptação ao modelo online com residentes da cidade, estratificados por nível social, trabalhando os dados em softwares estatísticos. Visamos compreender como as diferentes classes lidam com as sequelas do isolamento social e pretendemos, também, comparar as realidades antes, durante e depois da pandemia, de forma a servir de diálogo com outras realidades.