Resumen de la Ponencia:
Este artigo é um recorte de pesquisa de mestrado desenvolvida entre (2019-2021) e tem por objetivo compreender o ativismo antigênero de coalização no Brasil entre segmentos religiosos e políticos que reafirmam a cisgeneridade enquanto norma social. A partir de um estudo bibliográfico sobre neopentecostalismo brasileiro, interpelando Ricardo Mariano (1996, 2010), Patrícia Birman (1996; 2012), Jacqueline Teixeira (2012; 2016; 2018). E nas redes sociais da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), apreendeu-se imagens e discursos neopentecostais que circulam como linguagens de poder e disciplinamento estabelecendo fronteiras performáticas e binárias entorno do “feminino” e “masculino”. Judith Butler (2015; 2016; 2018), Teresa de Lauretis (1994) e Anne Mcclitock (2010) somam-se como referências teóricas para análise neste trabalho. Busca-se, problematizar como essa marca discursiva neopentecostal pautada na constituição da família cisheterossexual tem sido utilizada como parte de uma ofensiva antigênero no Brasil contemporâneo (BIROLI; VAGGIONE; MACHADO, 2020). Uma reação conservadora que contradiz o direito à cidadania alcançado nas últimas décadas no Brasil por resistências feministas e LGBTI+ (por exemplo, reconhecimento do casamento de pessoas do mesmo sexo e aprovação de leis de identidade de gênero. No contexto brasileiro, a promoção desse ideário reacionário, tem sido mobilizada por pânicos morais e
fake news, ganhando cada vez mais expressividade no Congresso Nacional sob a retórica da “ideologia de gênero” e como esta é uma ameaça à “família tradicional brasileira”. Embora, essa agenda antigênero não seja uma particularidade brasileira e nem tenha surgido nos dias de hoje, é a partir da gestão do presidente do país, Jair Bolsonaro (2019-2022), que se verifica uma intensificação das pautas que legitimam essa agenda conservadora e que por consequência negam direitos sociais. Nesse sentido, pautas como gênero e direitos humanos têm se tornado eixos centrais nas disputas narrativas e políticas empreendidas pelo governo federal. “Um Brasil terrivelmente evangélico”, frase proferida pelo Presidente da República Jair Bolsonaro (PL), ao ser questionado por jornalistas sobre a possibilidade de um Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) ou “o Estado é laico, mas essa ministra é terrivelmente cristã”, frase pronunciada pela ministra Damares Alves responsável pelo Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos são expressões reacionárias no país, distanciando-se da laicidade como princípio da Constituição Federal de 1988. Dessa forma, percebe-se em curso um projeto antidemocrático e difuso, que ora se mostra desfavorável ao desenvolvimento dos direitos humanos ao se posicionar contra identidades de gênero e sexualidades, ora por redefinir os limites dos direitos humanos reposicionando quem estaria apto a direitos e do outro lado quem seriam subcidadãos. A pesquisa tem caráter qualitativo e faz uso da sociologia digital, durante o período de março de 2020 a março de 2021, nas redes sociais da Igreja Universal, no
Instagram, Facebook e reportagens no
Youtube.