Resumen de la Ponencia:
O presente estudo tem por objetivo discutir diferentes nomenclaturas e os contextos de seus usos e desusos do território localizado na capital do Espírito Santo (ES/Brasil) na cidade de Vitória em uma grande região periférica, segundo os moradores, compreende oito bairros, a saber: Engenharia, Bonfim, Da Penha, São Benedito, Consolação, Jaburu e Itararé, região ao qual, os mesmo, nomeiam como Território do Bem. Tal nomenclatura é fruto de mapeamento participativo e amadurecimento político que tem início por volta do ano 2000, quando um grupo de costureiras, conseguem ter sucesso em uma venda de roupas produzidas por elas e do dinheiro arrecadado começam a fazer investimentos em outros empreendimentos locais. A partir daí começa o diálogo entre diferentes sujeitos do território consolidando os bairros enquanto Território do Bem. A mesma região, mas especificamente parte dela, como os bairros Bonfim, Da Penha, São Benedito, Itararé, Gurigica e Consolação costumam receber outro nome, Complexo da Penha, tal nomenclatura não tem um rastro histórico tão delimitado quanto Território do Bem, mas é ouvido tanto nos noticiários locais, quanto em discursos de figuras do Estado em termos de segurança pública. Ao rastrear tais nomes na internet costumamos achar conteúdos com recortes específicos, Complexo da Penha, nos leva a violência, (in)segurança pública, roubos e assassinatos, enquanto Território do bem, nos apresenta conteúdo de projetos emancipatórios comunitários, como realizações de oficinas, empreendedorismo e afins. Fazer uma busca no banco de trabalho da Universidade Federal do Espírito Santo, parece caminhar nessa mesma direção, a pesquisa de Guimarães (2015) sobre Mapeamento comunitário, que usa e reconhece Território do Bem, enquanto a pesquisa de Gouvêa (2019), ao tratar da conversão de traficantes no bairro Da Penha ao longo do seu trabalho utiliza a nomenclatura Complexo da Penha. Cartografar e renomear não é apenas contornar geograficamente o espaço, é tornar aparentes os conflitos locais. Dizer sobre a comunidade, denominá-la e contar sua história, é disputar a própria autoridade de falar, é tentar fazer a magia social descrita por Bourdieu (1989) que consiste na usurpação do poder da palavra, é fazer existir sobre novos critérios a região, segundo características e limites próprios de outra definição, que não estão no discurso hegemônico regente. Tornar possível e disputar o território enquanto Território do Bem é escrever na memória da cidade que a polícia não está legitimada a agir e matar da forma que faz, é requerer políticas públicas que não atuem a partir da insígnia da violência, é dizer que os jovens locais não são criminosos se não obtiverem políticas de cultura, lazer e afins, mas que demandam isso por serem cidadãos como quaisquer outros.