Santiago Zapotitlán es uno de los siete pueblos originarios que integran la alcaldía Tláhuac en la Ciudad de México, ubicado en el sistema montañosos de la Sierra de Santa Catarina a las faldas del volcán “Xaltepec”, se estima su fundación en el siglo XV. Fue históricamente un pueblo agrícola, y mantiene una fuerte organización comunitaria y colectiva, la cual gira en torno al calendario tradicional, ritual y festivo que se mantiene gracias a la participación de los habitantes, así como a la fortaleza de las organizaciones tradicionales del pueblo como son las mayordomías, las comparsas y las organizaciones deportivas, además del apoyo de gestores y grupos culturales interesados en la salvaguardia del patrimonio.Desde su re-fundación en la “congregación de indios” en 1603 se divide históricamente en dos Barrios, Santiago y Santa Ana. La Parroquia de la Inmaculada concepción al centro del pueblo es la que traza simbólicamente la división, con el paso del tiempo la población se extendió formando colonias como La Conchita, Miguel Hidalgo, La Aurorita, La Zapotitla, La Nopalera, Los Olivos y Las Arboledas. Dentro de la vida comunitaria del pueblo, la tradición futbolera forma parte elemental de su historia, se estima que la practica del juego inicia a finales de los años 20, por influencia principalmente de los pueblos de Iztacalco e Iztapalapa, lugares donde históricamente se realizo el comercio e intercambio agrícola de la región, donde los habitantes de Santiago Zapotitlán asistían con regularidad. En sus inicios el juego se presenta de manera informal y no organizada, relatan los cronistas que los partidos suceden en la plaza del pueblo y en el monte principalmente, al momento que realizaban las labores del campo y cuidado de los animales.Posteriormente y con el aumento de los simpatizantes de este nuevo juego, comienzan a organizarse y partiendo de identidad y la dinámica cultural de la dualidad presente en la geografía del pueblo, son dos equipos los pioneros en la práctica, uno por barrio La Roja fundada entre los años 1929 y 1930 pertenecientes al barrio de Santiago y La Azul o los Azules pertenecientes al barrio de Santa Ana y fundados aproximadamente entre los años 1934 y 1935, equipos que darían paso a los primeros dos grandes exponentes del futbol en el pueblo, La Roja que posteriormente pasa a ser el Atlante con notables participaciones dentro del futbol semiprofesional de la capital, logrando el campeonato de los “Juegos del Distrito” en el año de 1961. Y por otra parte Los Azules que se convierten en el Zapotitlán que disputa la “Liga amateur mexicana”.
#01418 |
Uma crítica construtiva da tese da secularização do futebol
Este trabalho tem como principal objetivo escrutinar a analogia entre a teoria da secularização de Max Weber (1864-1920) e a metáfora do pêndulo entre sacralização e secularização do esporte como proposta em O que é a sociologia do Esporte (1990). Para tanto, faremos uma comparação entre o conceito de secularização como construído e aplicado por Weber e sua utilização posterior na sociologia do esporte, na obra de Allen Guttmann (1978) e, principalmente, Ronaldo Helal (1990). Desta forma será possível ir além do até então estabelecido, compreendendo os pontos de tensão e os paralelismos possíveis de se serem feitos com este cotejamento mais detalhado das estruturas teóricas postas em jogo e, também, fornecerá novos estoques de analogias para futuras incursões neste campo de investigações frutífero que é a sociologia do esporte.
Introducción:
A famosa tese do pêndulo entre a sacralização e a racionalização do futebol proposta por Ronaldo Helal (1990) em “O que é sociologia do esporte” completou seus 32 anos de existência com uma plausível atualidade, pois quando observamos a realidade social deste esporte, cheio de inovações técnicas, táticas e tecnológicas, o que vemos é um choque entre as emoções acentuadas que são experimentadas pelos torcedores em um êxtase catártico somadas a racionalização progressiva do jogo, com avaliações de desempenho bioquímicas, uso de softwares no scouting e até mesmo no acompanhamento fílmico de cada jogada desenvolvida pelos atletas.
Neste sentido, aquele processo identificado pelo autor como paradoxal – a profissionalização do esporte “magificou” a sua experiência – permanece latente na estrutura contraditória da relação entre razão e emoção numa partida de futebol, podendo por vezes acentuar uma dimensão mais racional e, em outras, enfatizar as pulsões irracionais do espirito presente em cada um dos partícipes deste grande ritual (RODRIGUES, 1982).
O objetivo deste artigo está posto em tensionar essa releitura do processo de secularização à luz dos escritos de Max Weber para entendermos o que se passa nesse processo de racionalização do esporte (PEDRON, 2022) e, também, como as tensões entre diferentes direções da ação – econômica, política, estética e até mesmo erótica – atravessam essa realidade social; compreendendo, portanto, o papel da constituição da personalidade do jogador (ARAUJO, 2020), com sua conduta de vida orientada eticamente, como fundamento microssociológico de um processo de racionalização que conduz atletas, dirigente, clubes e torcedores rumo ao esporte de alto desempenho de nossa contemporaneidade.
Desarrollo:
1. Aviso aos navegantes: saber do que se fala sempre ajuda...
Interessa-nos antes de tudo: que a posição moderna de sociedades e clubes mundanos que realizam novas admissões mediante votação é em larga medida produto de um processo de secularização – em significado antigo, muito mais exclusivo – do protótipo destas associações voluntaristas: das seitas. E isso justamente na região de origem do autêntico ianquismo: nos estados norte-atlânticos. Pois recordemos primeiro que dentro da democracia americana o direito igualitário de sufrágio universal (dos que não são de cor! Pois para negros e todos os miscigenados ele não existe de facto também hoje) e igualmente a “separação entre Estado e Igreja” são conquistas apenas de um passado recente, no essencial iniciadas no começo do século XIX; e recordemos que nas regiões centrais da Nova Inglaterra no período colonial, sobretudo em Massachusetts, era principal pressuposto da plena cidadania no Estado em particular (além de algumas outras condições): plena cidadania na congregação eclesial, a qual decidia, por seu lado, sobre admissão ou inadmissão. E ela fazia segundo a comprovação da qualidade religiosa mediante conduta, como todas as seitas puritanas, – no sentido amplo da palavra (WEBER, 2021, p.279).
Em “As Seitas Protestantes e o Espírito do Capitalismo” – texto que acompanhou a publicação do primeiro tomo dos Ensaios Reunidos de Sociologia da Religião (1920) e foi uma reelaboração ampliada (WEBER, 2020, p.290) do artigo “Igrejas e seitas na América do Norte” publicado em Die Christliche Welt ainda no ano de 1906 – podemos encontrar algumas ponderações de Max Weber sobre a sociedade americana, em especial, em sua compreensão das modernas formas de associação voluntária e suas origens religiosas.
Faz-se necessário recordar que Weber havia acabado de regressar de uma viagem para os Estados Unidos da América, ainda no ano de 1904, por ocasião do convite que recebeu para participar do Congresso de Artes Ciências da Feira Mundial de Saint Louis, um evento de proporções gigantescas que congregava as elites burguesas de todo o globo para demonstração de suas realizações tecnológicas, arquitetônicas, artísticas, científicas; como também, para exibição dos resultados das conquistas imperialistas: os povos “primitivos” que eram apresentados como divertimento daqueles que consumiam o exotismo[1] cultural e o “progresso” em uma mistura que sintetiza perfeitamente a barbárie moderna.
Por esta razão o texto é recheado de anedotas “fresquinhas” cuja função é a de salientar que a mudança estrutural profunda na organização – jurídica, política, econômica e religiosa – pela qual passava o país visitado não lhes havia ainda ofuscado plenamente aqueles elementos típicos da nação fundada sob a égide do puritanismo originário. Ainda era costume, por exemplo, oferecer como credencial de um pagamento – inclusive na cadeira de um rinologista[2] – a certificação de ser congregado em certa comunidade religiosa tida como austera nos processos de comprovação (WEBER, 2020, p.278) necessários para o batismo.
Numa sociedade completamente fragmentada em pequenos agrupamentos sociais entre grandes hiatos de extensão territorial, era através das seitas religiosas que a credibilidade necessária para o funcionamento do comércio – quer seja de crédito, de mercadorias ou até mesmo de serviços – se concretizava, alcançado uma função outrora pretendida apenas pelos Estado centralizados, isto é, de garantia das qualificações necessárias para o livre exercício da cidadania através única e exclusivamente da congregação eclesial.
A congregação religiosa oferece não apenas preleções instrutivas, tardes de chá, escolas dominicais, todos os eventos caritativos imagináveis, senão também as mais distintas “athletics”, “football training” [“atividades atléticas”, “treinos de futebol americano] etc., e sob circunstâncias, anuncia os horários dos mesmos ao final do serviço religioso; um homem que seja publicamente excluído da mesma devido a dishonourable conduct [conduta desonrosa] – como ocorria antigamente – ou seja tacitamente riscado das suas listas – como agora – enfrenta, com isso, uma espécie de boicote social; quem se encontra fora dela não tem nenhum “contato” com a sociedade (WEBER, 2021, p.310).
Mesmo as atividades esportivas, como observamos acima, eram mediadas por essa participação na comunidade dos eleitos, portanto, vinculadas à esfera religiosa que cobrava sua participação como única porta de acesso para as outras atividades de vivência intramundana. Conforme as agremiações, associações e clubes seculares foram se distanciando das antigas regras de pertencimento à comunidade religiosa, também o esporte praticado nestes espaços foi sendo paulatinamente integrado como parte de um programa de educação física, quer seja para os jovens estudantes da elite; quer para os trabalhadores da indústria – white collars e depois operários – em busca de lazer e “preparação corporal” para as estafantes rotinas de trabalho diárias.
É nisso que reside o nosso interesse nesta tese autenticamente webero-troeltschiana[3], pois as associações voluntárias seriam, na cultura estadunidense, um ótimo exemplo do processo de secularização (Säkularisierungsprozess) em sua dimensão jurídico-política e, portanto, na interface entre racionalização legal e religiosa (PIERUCCI, 1998, p.50). Se não é o sentido mais literal do termo, sem dúvidas dialoga diretamente com ele, pois a expropriação dos bens eclesiásticos só é a expressão mais radical deste processo de contínua desvalorização da ação religiosa em outras circunscrições sociais; sendo que a enunciação e codificação de normas jurídicas, regramentos associativos e ordenações de sociedades autônomas formalmente livres de qualquer imperativo tradicional, também podem ser consideradas como reflexos desta laicização societal[4].
Então, se é bem verdade que em um sentido mais lato podemos atribuir a secularização ao processo de diferenciação funcional dos subsistemas sociais, para emular o americano e protestante Talcott Parsons, também é verdadeiro que o uso indiscriminado do conceito para explicar toda e qualquer desvinculação religiosa – até mesmo um retorno do sagrado[5] – pode acarretar um prejuízo semântico no uso dessa atribuição conceitual.
Por tudo que foi dito acima, não custa salientar a função deste conceito chave da teoria sociológica weberiana em contraposição com os seu correlato, o desencantamento do mundo, para que compreendamos os limites do seu uso enquanto categoria analítica ou, pelo menos, que possamos fazer analogias e extensões conceituais cônscios de nossas trivializações, pois:
Enquanto o desencantamento do mundo fala da ancestral luta da religião contra a magia, sendo uma de suas manifestações mais recorrentes e eficazes a perseguição aos feiticeiros e bruxas levada a cabo por profetas e hierocratas, vale dizer, a repressão político-religiosa da magia (Thomas, 1985), a secularização, por sua vez, nos remete à luta da modernidade cultural contra a religião, tendo como manifestação empírica no mundo moderno o declínio da religião como potência in temporalibus, seu disestablishment (vale dizer, sua separação do Estado), a depressão do seu valor cultural e sua demissão/liberação da função de integração social. Encavalando-se ambos os processos no processo de modernização, o efeito deste sobre a religião não pode não ser senão negativo, já que consolida e faz avançar o desencantamento do mundo através de uma crescente racionalização da dominação política que é, como adiante veremos ao tratar da sociologia do direito de Weber, irresistivelmente laicizadora (PIERUCCI, 1998, p.52. negrito nosso).
O saudoso Antônio Flávio Pierucci (2005) afirmava que a secularização nesse sentido de desvalorização da esfera religiosa ante as outras ordens da vida, em especial a ordem da vida jurídica, seria o lado b do desencantamento do mundo que começaria com o profeta pré-exílico e findaria sob os auspícios do asceta vocacional protestante (WEBER, 2020), completando o movimento de desmaficiação progressiva através do qual o racionalismo ocidental[6] se espraiaria por todos os rincões deste planeta. Portanto, o macroprocesso de racionalização do mundo compreenderia o desencantamento, tanto no seu lado a, com a desmagificação progressiva das visões de mundo encantadas; quanto no seu lado b, com a crescente intelectualização da cultura que retira da religião de salvação ética o papel de integradora dos laços sociais e fornecedora de um sentido unitário a condução de vida do homens.
Este longo alvorecer é que provocaria a perda de sentido (sinverlust) como consequência imprevista e indesejada da defenestração do fenômeno religioso do seu antigo papel de cimentar os laços sociais (integração social); explicar os infortúnios e bem aventuranças (teodiceias) e abastecer de sentido as ações humanas (condução da vida). No tempo presente, o indivíduo moderno haverá de se entender consigo mesmo, deverá escolher entre se jogar – sem qualquer pudor – ao utilitarismo vulgar como se fosse um esporte, tal qual o empreendedor americano (WEBER, 2020, p.142) ou escolher seguir as determinações de uma divindade desencantada, que ressuscitará para guiar corações e mentes em um cenário de politeísmo valorativo.
É neste momento que o campo esportivo ou o subsistema social do esporte pode permitir uma espécie de escape as frias mãos esqueléticas do cálculo racional, servindo como uma forma de redenção intramundana. Esse é um dos jeitos coerentes de se abordar o paradigma weberiano para se pensar o esporte em sua especificidade, entre o momento eufórico de alegria que uma vitória proporciona e o desenvolvimento mais racional de estratégias teóricas, metodologias práticas, códigos de casuística e regramentos formais em um conjunto de afirmações substantivas que poderiam ser aplicadas para compreender os interstícios entre futebol e as ordens da vida[7].
Nada melhor que citarmos um clássico do pensamento “futebolístico” brasileiro para terminarmos este capítulo já oferecendo um gancho para o que será debatido no vindouro:
Ora, refletir sobre o esporte é procurar compreender uma esfera de atividade dotada de uma aura paradoxal. Primeiro, porque ele tem uma notável autonomia sendo uma esfera marcada por normas, gestos, valores, objetos, espaços e temporalidades. Depois porque o esporte – como a arte – é uma atividade que possui uma clara autorreferência, não estando a serviço direto ou explicito de valores que constituem o mundo diário do trabalho, do dinheiro e do controle [...] Tudo indica que o esporte tem um lado mais instrumental ou prático que permite “fazer” coisas e promover riqueza; mas ele tem também um enorme eixo expressivo e/ou simbólico que apenas diz e, com os rituais, revela quem somos (DAMATTA, 1994, p.12-13).
2. O Pêndulo entre Sacralização e Secularização do Esporte
Em O que é Sociologia do Esporte (1990) encontramos uma sintonia fina tanto com aquilo que vinha sendo discutido pelos grande ensaístas nacionais – por exemplo, Mário Filho (2010) e seu irmão Nelson Rodrigues (2013) – quanto com o que estava sendo aventado nos grandes centros de debate deste subcampo disciplinar em flagrante formação em países como Alemanha e Estados Unidos. Para começo de conversa, o livro nos apresenta um modelo muito semelhante ao que Allen Guttmann (1978, p.9) utiliza para tratar especificadamente da fundamentação dos termos play (brincadeira); game (jogo) e sport (esporte) base sob a qual é constituída toda a teorização precedente sobre o esporte moderno, vamos ao modelo muito bem reelaborado por Ronaldo Helal:
O que diferenciava o esporte das formas anteriores de organização de jogos seriam as regras que cerceariam a liberdade lúdica da brincadeira e, também, a dimensão competitiva – no original contest – que estaria ausente de alguns jogos não contestatórios. Há uma última característica que definiria os esportes em contraposição a outros jogos competitivos e que poderíamos, inclusive, rever ao pensarmos objetivamente nos e-sports[8], se trata da definição de que para ser esporte um jogo competitivo deve lidar com o corpo, ser físico, muito embora não necessariamente requeira o contato físico direto, caso, por exemplo, do tênis ou da natação. Resumindo essa asserção ao que nos interessa: o futebol é um esporte porque é competitivo e envolve disputas físicas diretas.
Se temos uma definição formal do que é um esporte, urge, agora, identificarmos quais as distinções que configuram o esporte moderno daqueles formatados em períodos históricos anteriores. É aqui que entram as concepções de racionalização e de secularização, pois ambas permitem compreender o desenvolvimento e autonomização do esporte como resultado do processo de modernização societária no qual a religião foi sendo segregada do seu antigo ponto panorâmico através do qual ajuizava as diferentes ordens da vida sob seus valores religiosos. Destacando o fenômeno da racionalização, afirma o autor:
Fala-se em racionalização do esporte moderno na medida em que: verifica-se uma ênfase cada vez maior na quantificação dos feitos atléticos; busca-se uma maior especialização dos papéis a serem executados pelos atletas; e desenvolvem-se estratégias e táticas de jogos cada vez mais formais, rígidas e calculistas, que visam, em última instância, a um melhor desempenho dos atletas e das equipes nas competições (HELAL, 1990, p.45-46).
O cálculo como expressão mais racional do desenvolvimento das técnicas de mensuração, avaliação e organização modernas é, certamente, o ponto nodal deste processo de quantificação do esporte, e se expressa, por exemplo, na sede pelo ranqueamento; na procura incessante pela quebra de recordes; nas avaliações de desempenho; no scout que contabiliza uma série de indicadores e, até mesmo, em um amplo mercado de apostas que está baseado em probabilidades, avaliadas por sites, empresas e loterias regularizadas pelo Estado.
Por sua vez, a especialização profissional trata exclusivamente daquela diversificação de atividades funcionais dentro e fora de campo, com destaque para o amplo quadro de novos trabalhos que a tecnologia de informação acoplou aos quadros de clubes profissionais, por exemplo: especialistas em mercado de atletas, analistas de desempenho, avaliadores bioquímicos, fisioterapeutas, médicos especializados em diferentes tipos de lesão, gestores de campo, relações públicas e uma série de outros tecnocratas que fazem do clubes uma burocrática empresa moderna. Dentro do campo os atletas vão assumindo funções específicas ou servindo como “coringas”, isto é, polivalentes em várias funções, “utilidades” que se complexificam como no caso da procura por atacantes de beirada de campo, especialistas no “movimento do facão”, pivôs e tantos outros tipos consolidados pelo entendimento técnico especializado.
Por fim, o tipo mais interessante, porque mais próximo dos esportes coletivos e, também, o mais distante das sete atribuições elaboradas por Allen Guttmann (1978, p.16), trata-se dos estilos de jogo, das estratégiase táticas calculistas que são intelectualizadas aos extremos quando o esporte se racionaliza. O autor usa essa elaboração para apresentar-nos a polêmica do futebol força x futebol arte (HELAL, 1990, p.54) e criticar o cinismo desencantado daqueles que diagnosticaram o fim do “futebol mulato”, da dansa dionisíaca (FREYRE, 1938), do futebol arte (GALEANO, 2018), pois não perceberiam que “a aliança da racionalização com a criatividade e a improvisação tem se mostrado possível em alguns segmentos do esporte moderno” (HELAL, 1990, p.57).
Essa abertura conceitual da teoria da racionalização do futebol de Ronaldo Helal me apraz porque permite discutir a intelectualização tática, técnica e funcional dos atletas sobre uma perspectiva sociológica, para além do pessimismo crítico habitual que tanto incomodava o próprio Allen Guttmann (1978, p.70) quando tratava de criticar os pensadores do esporte de matiz marxista ou neomarxista (teoria crítica). A vulgarização da tese do “ópio do povo”, tanto para discutir religião[9] quando para discutir o esporte, incomoda cada vez menos os leitores atentos da produção acadêmica do tema e, por sua vez, autores como Marcuse (1975) – em reelaborações intelectuais como as de Dardot e Laval (2016) – são uma boa pedida para pensarmos os novos atletas enquanto sujeitos do desempenho. Desta feita, o que se produz hoje em uma dimensão crítica – seja marxista ou neomarxista – ajuda muito mais do que limita o exercício cognitivo sobre o futebol.
A secularização do esporte apresenta uma contraditória estrutura de organização lógica, tendo em vista que: “estamos diante de um interessante paradoxo, pois ao se afastar do amadorismo e adentrar no domínio do profissionalismo, reconhecidamente um domínio profissional e técnico e, portanto, profano, o esporte tende a se sacralizar” (HELAL 1990, p.38), isto é, ao racionalizar-se o esporte também torna-se mais propenso a constituir-se como uma dimensão emocional/valorativa da experiência humana. Para melhor compreendermos o movimento histórico presente nesta construção teórica podemos observar a tabela abaixo:
Os diferentes momentos construídos artificialmente na tabela, como uma tipologia genética de desenvolvimento histórico, compreendem um processo de relação entre a intelectualização racional do esporte e sua transformação em um evento extracotidiano e, por isso, propulsor de formas de experimentação extraordinárias. Semelhante as esferas irracionais da arte e do erotismo (PEDRON, 2021), o campo esportivo possui essa ambivalência constitutiva que redime a experiência rotinizada, mas que também contribui para o processo de racionalização do mundo.
Se aprendemos com Max Weber que as associações, agremiações e clubes seculares tiveram, pelo menos na América do Norte, uma origem religiosa e secularizaram-se durante o curso efetivo do século XIX e XX, aprendemos com a leitura de Ronaldo Helal (1990) que estas associações voluntárias que serviram de berço ao esporte moderno foram as principais promotoras de uma organização que acabaria por transformar-se em um espetáculo carregado de símbolos, valores e sentimentos que podem encantar, em algum sentido, o mundo moderno. Portanto, quão mais autônomo tornou-se o esporte moderno e, propriamente, o futebol enquanto subsistema do campo esportivo, mais valor ele alcançou no mundo da vida e mais interesse despertou nas elites política e econômicas que passaram a ver no nobre esporte bretão uma forma de “transferir prestígio” de um campo para o outro (BOURDIEU, 1990).
Podemos perceber como a relevância do esporte para o público foi conferindo-lhe um papel cada vez mais importante na esfera da política, sendo que as disputas entre associações regionais de futebol, cartolas e jogadores foi sendo necessariamente mediada pelo Estado, já que a desorganização e as disputas internas poderiam causar repercussões negativas até mesmo na imagem do país no exterior (SOUZA, 2008, p.56). O impacto econômico é mais fácil de mensurar, basta observar a exportação de “pés de obra” que já acontecia nos primórdio do esporte, quando os jogadores fugiam dos estratagemas do esporte amador para se aventurar em outros países (FRANCO JUNIOR, 2006, p.75) como proletários internacionalizados da bola; coisa que se intensificou enormemente na virada para os anos 90, quando o selecionado nacional passou a ser composto quase que exclusivamente por jogadores que atuavam no futebol estrangeiro (COELHO, 2009).
[1] Os zoológicos humanos (KOUTSOUKOS, 2020) que faziam apresentações itinerantes em todo o ocidente também estavam presentes nas feiras mundiais, em Saint Louis, por exemplo, demonstrando o quão cruel podia ser essa “civilização” que alcançou os píncaros da racionalização do mundo só para demonstrar que um mundo mais racional não necessariamente seria um mundo mais humano.
[2] “O estado de coisas se tornou um pouco mais claro já a partir do relato de um especialista em nariz e faringe nascido na Alemanha que havia se estabelecido em uma grande cidade às margens do Rio Ohio e me contava sobre a visita de um dos seus primeiros pacientes. Este, deitado no sofá a pedido do médico para ser examinado com o rinoscópio, ergueu-se então novamente e observou, com dignidade e ênfase: “Senhor, seu sou membro da [...] Baptist Church na rua [...]”. Sem saber qual significado esse fato poderia ter eventualmente para a dor no nariz e em relação ao tratamento, ele (o médico) inquiriu discretamente a esse respeito um colega americano conhecido seu, do qual recebeu, com um sorriso, a informação de que aquilo significaria apenas algo como: “ não se preocupe quanto ao honorário” (WEBER, 2020, p.273).
[3] Para um dos principais críticos da A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, a tese proposta nos dois artigos publicados na Archiv für Sozialwissenschaft und Sozialpolitik entre os anos de 1904 e 1905 seria de autoria de Max Weber e Ernst Troeltsch (1865-1923) coletivamente, pois os trabalhos de ambos os autores já haviam, em algum momento, tocado no mesmo ponto. Me aproprio dessa leitura errada para dizer que, no caso dos conceitos polares de seita e Igreja, faz mais sentido falar em uma elaboração coletiva, pois se Weber propôs os conceitos primeiro, Troeltsch os aplicou à perfeição no seu clássico Die Soziallehren der christlichen Kirchen und Gruppen (1912).
[4] Outro sentido possível para o termo seria o da intelectualização ou racionalização teórica do pensamento acerca da validade das normas tradicionais vigentes, ou seja, quando se condena, problematiza ou supera antigas determinações assentadas em um pensamento religioso ou doutrinário. Caso, por exemplo, do vínculo entre a honorabilidade religiosa e a prática de esportes e outras atividades coletivas.
[5] É contra esse tipo de diagnóstico que Antônio Flávio Pierucci (1998) se levanta em seu artigo magistral sobre a secularização, bem como, de maneira mais sutil, em O Desencantamento do Mundo: todos os passos do Conceito (2005). Livro e artigo que explicitam os porquês do autoengano de tanto sociólogos que tomam crítica levando em conta apenas o sentido vernacular e não o sentido conceitual do termo, com isso, se esquecem que a religião nos tempos de capitalismo tardio não se parece em nada com o jardim encantado da China antiga ou o dossel sagrado do cristianismo medieval; são muito mais pluralidades religiosas modernas, postas uma disputa homologamente semelhante a de tantas outras contendas em mercados de bens simbólicos, ou melhor, para ficar na sociologia weberiana da religião, bens de salvação.
[6] Racionalização, racionalidade, racionalismo, são diferentes formas de expressão do racional que foram muito bem esclarecidas por Carlos Eduardo Sell em seu livro Max Weber e a Racionalização da Vida (2013). O caráter multidimensional da racionalização em Max Weber ganha contornos analíticos (racionalidades: teórica, prática, formal e substantiva) e também empíricos (racionalização da ação, ordens da vida em diferentes civilizações), portanto, o racionalismo ocidental poderia ser compreendido como uma espécie de “caracterização de padrões culturais contingentes de relação do homem com o mundo” (SELL, 2013, p.116), portanto, uma construção tipológica com finalidade eminentente empírico-histórica.
[7]Em sua teoria das rejeições religiosas do mundo, Weber propõe sete esferas de valor que entram em choque com a religião assim que se autonomizam de seus postulados éticos, são elas: esfera política, esfera econômica, esfera doméstica, esfera intelectual, esfera artística e a esfera erótica (a sétima seria a própria esfera religiosa). Há um debate na weberologia sobre o uso do termo esfera de valor e ordem da vida, sendo que esta segunda registraria esses subsistemas sociais no nível das instituições ou ordem, enquanto as esferas apresentariam as diferentes circunscrições sociais no nível cultural dos valores e da tensão entre essa pluralidade de formas de orientação do viver.
[8] O uso das mãos nos computadores e consoles poderia ser considerado um elemento físico? Mas daí o xadrez, principal exemplo de jogo competitivo “não-esportificável”, também deveria ser considerado um jogo físico, pois envolve o uso das mãos também. Portanto, este primeiro modelo de disposição da origem e das diferentes atribuições dos jogos deve e, inclusive, já foi repensado. Entretanto, como definição clássica, permanece, ainda que criticável, na definição memorialística deste campo de investigações.
[9] Michael Löwy (2014) construiu o seu marxismo weberiano para discutir criticamente a religião, salientando sua especificidade cultural para além de qualquer determinismo e colocando o pensamento materialista à serviço de uma leitura compreensiva do fenômeno religioso.
[10] A temporalidade não é passível de ser abordada de uma forma unilateral, por exemplo: escolhi 1895, pois foi nesse ano que a primeira partida oficial de futebol foi registrada no Brasil. Há momentos em que o jogo encanta e encantou anteriores a profissionalização – a beleza estética do jogo de Arthur Friedenreich ou “balé” de passes Húngaro em contraposição a força inglesa – e, também, posteriores a ela, como é o caso da geração de ouro brasileira nos anos de 82 e 86 que enfeitiçou o mundo mesmo sem alcançar o título mundial. Portanto, que se trate esta periodização como um recorte abstrato e arbitrário de uma realidade que só pode ser compreendida racionalmente quando retirada do caos de sentidos contraditórios que o fluxo do devir histórico acaba por celebrar.
Conclusiones:
Ao fim e ao cabo é necessário afirmar que o pêndulo entre sacralização e secularização do esporte é característico do processo de racionalização geral no qual a formação de um subsistema social esportivo está inserido, sendo que o oscilar periódico do pêndulo é mais uma sensação geral do que propriamente um direcionamento finalista do período em questão.
Podemos compreender o surgimento histórico de associações esportivas e clubes como resultado do processo de secularização, portanto, a emergência do próprio esporte moderno como resultado imprevisível do refluxo religioso para as raias de sua circunscrição institucional e valorativa. A contradição que parece estar assentada na natureza desta prática, talvez seja um recalcado aspecto primitivo de sua anterior função ritualística ou, ainda mais, um escape ao mundo racional que desloca para as instituições esportivas a tarefa sublime de aliviar o fardo diário do trabalho alienado.
Bibliografía:
ARAUJO, Ricardo Benzaquen de. “GÊNIOS DA PELOTA” (PARTE I), POR RICARDO BENZAQUEN. BVPS: Blog da Biblioteca Virtual do Pensamento Social. Disponível em:< https://blogbvps.wordpress.com/2018/07/06/genios-da-pelota-parte-ii-por-ricardo-benzaquen/> Acesso em 05/01/2022.
BOURDIEU, Pierre. Programa para uma Sociologia do Esporte. In: Coisas ditas. São Paulo, SP: Brasiliense, 1990.
COELHO, Paulo Vinícius. Bola Fora: a história do êxodo no futebol brasileiro. São Paulo: Panda Books, 2009. Ebook.
DAMATTA, Roberto. Antropologia do óbvio - Notas em torno do significado social do futebol brasileiro. Revista USP, (22), p.10-17, 1994. Disponível em:< https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036.v0i22p10-17> Acesso em 27/07/2022.
DARDOT, Pierre. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. Coautoria de Christian Laval. São Paulo, SP: Boitempo, 2016.
FREYRE, Gilberto. Foot-ball mulato. Diário de Pernambuco, 17 jun. 1938, p. 4.
GALEANO, Eduardo. Futebol ao sol e à sombra. Tradução de Eric Nepomuceno, Maria do Carmo Brito. Ed. atualizada Porto Alegre, RS: L&PM Editores, 2018.
GUTTMANN, Allen. From Ritual to Record: the nature of modern sport. Columbia University Press. 1978.
HELAL, Ronaldo. O que é sociologia do esporte. São Paulo, SP: Brasiliense, 1990.
KOUTSOUKOS, Sandra Sofia Machado. Zoológicos Humanos: gente em exibição na era do imperialismo. Campinas (SP): Editora Unicamp, 2020.
LÖWY, Michael. A jaula de aço: Max Weber e o marxismo weberiano. Tradução de Mariana Echalar. São Paulo, SP: Boitempo, 2014.
MARCUSE, Herbert. Eros e civilização: uma interpretação filosófica do pensamento de Freud. 6. ed. Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 1975.
MÁRIO FILHO. O Negro no Futebol Brasileiro. 5 ed. Rio de Janeiro: Mauad, 2010.
PEDRON, Caio. Notas para uma reinterpretação crítica da erótica weberiana. ARQUIVOS DO CMD, v. 8, p. 214-234, 2021.
PEDRON, Caio. Considerações sobre a tese da secularização do esporte. Ludopédio, São Paulo, v. 152, n. 3, 2022.
PIERUCCI, Antônio Flávio. Secularização em Max Weber: da contemporânea serventia de voltarmos a acessar aquele velho sentido. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 13, n.37, p. 43-73, 1998.
PIERUCCI, Antonio Flavio de Oliveira. O desencantamento do mundo: todos os passos do conceito em Max Weber. 2. ed. São Paulo, SP: USP: Editora 34, 2005.
RODRIGUES, José Carlos. O rei e o rito. Revista Comum, Jan/Mar, 1982.
SELL, Carlos Eduardo. Max Weber e a Racionalização da Vida. Petrópolis: Vozes, 2013.
SOUZA, Denaldo Alchorne de. O Brasil entra em campo! construções e reconstruções da identidade Nacional (1930-1947). São Paulo: Annablume, 2008.
WEBER, Max. Ética Econômica das Religiões Mundiais: ensaios comparados de sociologia da religião – volume 1 Confucionismo e Taoísmo. Tradução de Antônio Luz Costa e Gilberto Calcagnotto. revisão técnica de Gabriel Cohn e Antônio Flávio Pierucci. Editora Vozes, 2016.
WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. [Edição Integral]. Tradução e notas de Tomás da Costa. Editora Vozes, 2020.
Palabras clave:
Secularização; Sacralização; Max Weber; Racionalização
#04365 |
Evolución de las narrativas nacionalistas generadas a partir de los encuentros disputados por la Selección Mexicana de Futbol en los mundiales de la FIFA: Un análisis teórico-sistémico
José Samuel Martínez López1
;
PAOLA LIZZET TRUJILLO TREJO
1
RESUMEN: En esta ponencia se presentan los resultados de una investigación documental acerca del modo en que de 1930 a 2018 han evolucionado las narrativas nacionalistas generadas a partir de los partidos disputados por la Selección Mexicana de Futbol en los mundiales de la FIFA. Inserta dentro de la sub-área de estudios sobre “sociología del deporte” y realizada a partir de la perspectiva teórica de los Sistemas Sociales, el problema que nos motivó a observar este fenómeno, es que constatamos que casi no se han realizado investigaciones histórico-sociológicas que describan las distintas maneras en que (mundial tras mundial) en México se ha apelado a la nación a partir referirse a la SMF y las comparen para identificar los momentos de continuidad o cambio que se han presentado en la manera de “usar” (desde las empresas patrocinadoras, los medios de comunicación y el campo político) a este equipo.
#04517 |
La socialización entre hinchas reunidos en barras bravas de Bogotá
John Alexander Castro Lozano1
1 - Universidad Distrital Francisco José de Caldas.
El objetivo de la ponencia es: Interpretar la participación en lo festivo y la permanencia en lo violento, entre los hinchas agrupados en las barras bravas, como formas de socialización para la constitución de la memoria, la configuración de la identidad y el surgimiento de nuevos modos de estar juntos, posibilitando la conformación de una subjetividad social en el contexto del fútbol. En este aspecto, esta investigación se desarrolló con hinchas en Bogotá –agrupados en Blue Rain y en Comandos Azules Distrito Capital, CADC–, quienes exhiben expresiones festivas y conductas violentas, en el interior y en los alrededores del estadio Nemesio Camacho “El Campín”; antes, durante y después de los partidos disputados por Millonarios Fútbol Club. En el desarrollo del trabajo se tuvo en cuenta la perspectiva externa y, además, la posición interna, es decir, la imitación es el punto de vista etic y el aguante es la posición emic. La imitación y el aguante permiten entender la socialización entre los hinchas (sujetos) en las barras bravas (grupos sociales). La imitación es el referente conceptual, categoría de análisis propuesta por Gabriel Tarde y el aguante es el referente empírico, constituido desde las prácticas y las narraciones de los hinchas en las barras bravas. Y en lo relacionado al abordaje y a la orientación metodológica se recurrió al trabajo de campo etnográfico ya que permite estar ahí (en el interior y en el exterior del estadio) con los hinchas en las barras bravas.
#04576 |
Título: La FIFA y el fútbol femenil.Autor: Guadalupe Soledad Acosta Oviedo.Todo inicio surgió con una interrogante, la cuestión a pensar diferente frente al presente: ¿Por qué así y no de otra forma? Permítame aterrizar el pensamiento en el escrito apoyad
Título: La FIFA y el fútbol femenil.Autor: Guadalupe Soledad Acosta Oviedo.Todo inicio surgió con una interrogante, la cuestión a pensar diferente frente al presente: ¿Por qué así y no de otra forma? Permítame aterrizar el pensamiento en el escrito apoyada de la imaginación del lector para visualizar lo siguiente: Al observar el partido de fútbol comienza una revolución interna afiliada al sentimentalismo apasionado con el deporte, una relación que disuelve dentro del campo lo mejor de mi con cada pase, estar como aficionado o dentro del campo es la dicha de existir con otros, es el poder de elegir el yo, antes que mujer o hombre. El presente trabajo justamente abarca la igualdad de género en el deporte, partiendo de una visión global y sistémica sobre la representación de la mujer dentro de la organización FIFA, enfocado en la base de datos sobre el número de representantes mujeres que ocupan un cargo dentro de la institución. De los resultados de la base de datos se obtiene lo siguiente: en la CONCACAF el 12% representa 36 cargos ocupados por mujeres contra 276 con hombres; la CONMEBOL es un 10% donde 10 mujeres de 98 cargos ocupan un lugar, dejando los 88 restantes con hombres; la CAF de 538 cargos solo 23 son ocupados por mujeres dando un 4%; la UEFA de los 577 cargos 34 son representados por mujeres obteniendo un 6%; la AFC de 361 puestos 12 son ocupados por mujeres dando un 3% y por último; la OFC con 116 cargos tan sólo 16 se encuentran representados por mujeres obteniendo un 14% (Soledad Acosta, 20221). Y si sacamos el porcentaje de las seis confederaciones se tiene un 7% de representación de las mujeres en los cargos, frente a un 93% de los hombres; es decir, de 2002 cargos que existen sólo 131 son ocupados por mujeres y 1871 por hombres. Con los resultados obtenidos se concluye lo siguiente: La falta de representación es el reflejo de ausencia de prácticas positivas en la constitución de la FIFA.Las reglas y normas moldean a los actores, se necesitan incentivos en la creación de una gobernanza más democrática. Un cargo conlleva un significado simbólico. No sólo se trata de colocar un número de representantes mujeres en los cargos para cubrir una cuota, consiste en la idealización de poder visualizar a una mujer en un cargo que significa poder, eso da la pauta a que las nuevas generaciones crean en la posibilidad de estar ahí.
#04898 |
Algunas sensaciones en el terreno de juego y en las gradas a partir de manifestaciones sociales y políticas en América Latina
Mausoleos a la nada, fue la forma elegida por Juan Villoro para referirse a un estadio vacío, una imagen que en tiempos de pandemia se volvió rutinaria en América Latina y el Caribe, pero ahora con la pospandemia parece haber quedado en el recuerdo. Un estadio de futbol parece ser un lienzo natural y casi perfecto para encontrarse con múltiples manifestaciones de poder, las gradas se han posicionado como la oportunidad de transmitir mensajes llenos de simbolismo, aunque también se ha vuelto más común que los protagonistas en el terreno de juego se hagan notar no solo con su técnica depurada sino por las protestas que abanderan.El abanico de los escenarios es amplio y diverso, en reiteradas ocasiones las imágenes que se suscitan en la platea captan más la atención que lo que está pasando en la cancha. El futbol latinoamericano sigue posicionándose como un fenómeno en constante evolución, óptimo para ser estudiado desde diversas latitudes en las Ciencias Sociales.América Latina siente y expresa, lo hace desde todas sus trincheras y en esta ocasión se estudia lo que ocurre en torno a un partido de futbol, demostrar que no existe un distanciamiento tan marcado entre la vida adentro y afuera de un estadio.