11:00 - 13:00
GT_29- Sociología del Ocio, Juego y Deportes
Futbol e hinchadas, parte 2
#01694 |
DO ESPAÇO DO CLUBE PARA O BAR: formação de um grupo através da experiência do jogo-lazer-esporte
Constantino Ribeiro de Oliveira Junior1
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Alfredo César Antunes
1
1 - NÚCLEO DE PESQUISA ESPORTE, LAZER E SOCIEDADE/PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS/UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA/FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA/PARANÁ.
Em Ponta Grossa, Paraná, Brasil, no ano de 2003, um grupo de indivíduos se reuniu pela primeira vez na formação de um time de futebol suíço para disputar um campeonato de clubes denominado Operário Ferroviários Esporte Clube. No ano seguinte, este grupo disputou o mesmo campeonato pela primeira vez. Nessa nova configuração, outros indivíduos são inseridos no grupo. Nos anos seguintes a frequência de participação diminuiu e houve uma transição do espaço compartilhado do clube para o bar em função da educação e educação. Ambos os espaços fornecem rotinas específicas para cada espaço. Estas rodadas de competição foram classificadas para este grupo. Nenhum clube ou futebol, nenhum bar ou truque. Descobrimos que os fins de semana foram transformados em convívio diário, transformando este e aquele grupo familiar em dias de férias. nesse contexto, Como esse grupo se via sendo formado? Qual o papel do jogo-esporte-lazer no processo de construção desse grupo? Como os espaços da boate e do bar são definidos pelos indivíduos? O objetivo é apresentar o processo de construção do grupo por meio da vivência cotidiana em espaços de socialização em que as práticas competitivas são ressignificadas por interpenetrações entre indivíduos não bar e não clube. Como fonte de inspiração, serão utilizadas as categorias de carisma, anomia, interdependência e interpenetração discutidas em Norbert Elias (2000; 2008). Neste estudo, a realidade do fenômeno é compreendida como uma perspectiva psicossocial e figuracional, ou seja, que permite a tentativa de uma abordagem interdisciplinar em que o foco é direcionado para a descrição das interdependências. Entende-se que as rotinas estabelecidas por esse grupo em nossos espaços específicos são permeadas pela ressignificação do jogo-esporte-lazer de tal forma que a polissemia teórica entre dois fenômenos os torna complexos, não convivência cotidiana, ou que nos permite aproximar como eles Conceitos de "Esporte como Lazer e convívio" apresentados por Stigger (2002). Como aporte metodológico, utilizou-se a redução fenomenológica para a apreensão do objeto, entendendo que o fenômeno é compreendido a partir das pré-reflexões de dois sujeitos envolvidos. Trata-se de limitar ou circunscrever o fenômeno que não limita o próprio ser no mundo da vida, tentando desvendar a concepção do mundo do ser que se revela. Como resultados,
Introducción:
Mais de 20 anos convivendo com um grupo que se formou no ambiente do clube, por meio de equipes de futebol suíço, alternando as formas de experiências no âmbito social, esportivo e social estimularam-me a buscar parceria no universo acadêmico para compreender este processo de socialização.
As alternâncias entre times, roda de amigos e de ambientes chamaram a atenção. Um grupo central permaneceu. Tanto no espaço do clube, quanto no espaço do bar proporcionaram rotinas que eram específicas de cada espaço. Nestas rotinas a competição era o elo para este grupo. No clube o futebol, no bar o truco. Os encontros em finais de semana foram transformados em convívio quase diário, tornando este grupo familiar e coeso até os dias atuais.
Neste contexto, as questões que permeiam este estudo são: Como se deu a formação e manutenção deste grupo? Qual o papel do jogo-esporte-lazer no processo de sua construção?
O objetivo é apresentar o processo de construção deste grupo por meio da vivência cotidiana em espaços de socialização em que as práticas competitivas e as características de comunicação são ressignificadas pela convivência dos indivíduos no clube e no bar.
No enquadramento teórico-metodológico serão apresentadas categorias da Sociologia Figuracional, a partir de Norbert Elias (1990, 1993, 1994, 2000, 2002, 2008), mostrando como são formados os grupos a partir da lógica da economia psíquica (Coury, 2001) e dos estabelecidos e outsiders. O lazer mimético e o esporte como lazer serão abordados, recorrendo as categorias de mimese, catarse, rotina e emoções, considerando Elias e Scotson (2000) e Stigger (2002).
Na análise da informação serão apresentados: contexto espacial e temporal, a origem do grupo, as rotinas dos campeonatos e a transição para o bar. A formação do grupo do clube e do bar.
Desarrollo:
A visão de mundo, a concepção de homem e de sociedade é necessária para que possamos compreender e apresentar qualquer objeto em estudo. O caminho escolhido foi por meio da leitura de Norbert Elias. Usaremos as reflexões apresentadas no IX Simpósio Internacional do Processo Civilizador: Tecnologia e Civilização, realizado em 2005, na cidade de Ponta Grossa, Paraná, Brasil. Apresentamos o artigo “Processo Civilizador e a Construção de Grupos” que tinha como objetivo apontar possibilidades de compreender “os processos pelos quais os seres humanos escolhem, ou são forçados a escolher, determinados grupos de convívio”. (Oliveira Junior, 2005, p.1). O procedimento a ser apresentado torna-se
alternativa de confronto com o real que envolvam o indivíduo e a sociedade.
O artigo foi composto de três partes: 1) sociologia do processo como porta de entrada para uma compreensão social; 2) da origem dos constrangimentos civilizadores ao auto-controle; 3) construção de grupos sociais.
Com base na obra “Sobre o Processo da Civilização: Investigações Psicogenéticas e Sociogenéticas”, de 1939, Elias apresentou a teoria da civilização por meio da transformação do comportamento das estruturas da personalidade (psicogênese) e a formação do Estado (sociogênese). (Oliveira Junior, 2003)
A psicogênese privilegiaria microfenômenos que são relacionados com a formação do superego pelo controle das emoções. Um processo pelo qual os homens internalizam normas e restrições, coações externas, desenvolvendo estruturas da personalidade humana e as transformações de comportamentos. Seriam restrições disciplinadoras que se tonaram parte da cultura humana em todo lugar.
A sociogênese estaria ligada ao desenvolvimento das estruturas sociais, por meio das quais Elias apresenta a formação do Estado moderno enquanto forma de compreensão das transformações sociais. Trata-se da monopolização dos meios coercitivos para “o controle, coordenação e integração do conjunto de processos sociais” (Oliveira Junior, 2005, p. 5).
Ambos os conceitos são trabalhados com a perspectiva de longa duração, num alto grau de interdependência e são detalhados nos livros “Processo Civilizador I: uma história dos Costumes” e “O processo civilizador II: formação do Estado e Civilização” (Elias, 1994, 1993)
Em “Teoria Simbólica”, organizado por Kilminster (2002, p vii), um texto único do estudo desenvolvido, ‘The simbol theory: an introduction’, publicado três partes, em números sucessivos da Theory, Culture and Society, no ano de 1989”, visualiza-se “a necessidade de estudar as sociedades humanas numa escala temporal muito longa”. Elias (2002) trabalha com o conceito de evolução e de desenvolvimento. Os seres humanos tiveram a evolução biológica que os permitiu organizar-se em grupos e em sociedades. Uma das condições para a evolução foi o aparato vocálico com potencial comunicacional por meio da emissão de sons que os diferenciou dos animais, permitindo no longo prazo estabelecimentos de linguagens. “A condição humana está inserida em desenvolvimentos sociais que continuam o cego processo evolutiva a um outro nível” (Elias, 2002, p. xvii). Por meio deste potencial comunicacional, os seres humanos desenvolveram modelos comunicacionais por meio da palavra, constituindo linguagens que possibilitaram a produção do conhecimento preservado por mio da memória. Esta lógica permitiu por meio de símbolos a reprodução simbólica dos conhecimentos adquiridos. Dito de outra forma: as línguas, por meio de padrões sonoros “tem que ser adquiridos através de aprendizagem; b) podem variar de uma sociedade para outra; c) podem variar no tempo no interior de uma mesma sociedade.
Portanto, em curto prazo, sociedades e grupos vivenciam processos desenvolvidos ao longo de um longo período de tempo. (Oliveira Júnior, 2005, p. 2). O desenvolvimento das sociedades, por meio de transições em relações interdependentes, forma configurações que sofrem avanços e retrocessos em diferentes culturas. Nesse processo, estudar situações que se perpetuarão no longo prazo seria uma das portas de entrada para entender a formação de um grupo específico.
A sociologia figuracional aborda os homens enquanto pluralidades em figurações: “o ‘todo’, considerado enquanto processo, resultante das infinitas interdependências que se tecem sem parar entre indivíduos e que os torna, precisamente, indivíduos.” Estas interdependências seriam o motor para a compreensão micro e macro da sociedade, no longo prazo. Portanto, figurações seriam estas relações que estão intimamente ligadas a relações de poder. (Oliveira Junior, 2005, p. 2)
Neste estudo, a situação do jogo, do espaço de socialização e a história da bebida e dos bares, tendo produção bibliográfica contando a história desde a Suméria, demonstra a possibilidade de se abordar na curta duração o tema aqui proposto.
"Em busca de excitação" vemos que a sociedade é produzida pela inter-relação entre os indivíduos. A sociedade influencia os indivíduos de forma complexa em que a economia, o trabalho e a política estão imbricados na dependência de dois indivíduos que produzem a sociedade. A ideia seria “aproximar-se do real por meio de sua síntese, com base na teoria e na observação”. (Oliveira Júnior, p. 3).
Como aporte metodológico do presente estudo, utilizou-se da redução fenomenológica para apreensão do objeto, entendendo que o fenômeno é compreendido a partir das pré-reflexões dos indivíduos envolvidos. Trata-se de limitar o fenômeno circunscrito no limite do próprio ser no mundo da vida intentando desvendar a concepção de mundo própria do ser que se desvela. Como utilizar desta estratégia, uma vez que Elias buscou a superação da dicotomia materialismo e idealismo? Recorremos ao pluralismo teórico com fonte inspiradora. A compreensão de um grupo específico, a aproximação entre categorias da sociologia configuracional e a descrição sintética das interpenetrações vivenciadas por meio do esporte-lazer-jogo parece oportuno.
As relações interdependentes e as interpenetrações são apresentadas em relação ao equilíbrio de poder nos modelos de jogo. As interpenetrações revelam o processo de relacionamento entre os indivíduos nas diversas configurações em que a balança de poder tende a se equilibrar, na medida em que o potencial de poder entre os indivíduos se equilibra. Se dois indivíduos se relacionam de forma interdependente, o poder exercido em relação ao outro será proporcional ao controle exercido por ser um jogador mais preparado e superior que o outro. As relações de força e poder são mais estreitas na medida em que os jogadores possuem igual potencial de poder.
A concepção de homem proposta por Elias seria a de que “a noção de ‘configuração e homines aperti ou seres humanos abertos’. “uma teia de relações de indivíduos interdependentes que se encontram ligados entre si a vários níveis e de diversas maneiras” com certa autonomia. Trata-se do indivíduo estar orientado para os outros, “aberto a outros indivíduos que fazem parte desta teia de interdependência de indivíduos.” Da ampliação desta configuração há a produção de uma estrutura com propriedades emergentes: “Relações de força, eixos de tensão, sistemas de classes e estratificação, desportos, guerras e crises econômicas”. No centro das configurações surge uma das propriedades: o poder, que seria a dinâmica das configurações.
Trata-se da transição na forma de controle da violência e conflitos em relação ao uso de violência/força. Este controle Elias chama de civilização. Para haver um maior controle, deve haver o monopólio dos impostos, aliado ao estabelecimento do Estado, para a formação de uma força interna capaz de produzir desde formas refinadas de controle até o uso de força/violência para impor este controle. Em “A Sociedade de Corte” (Elias, 2001) pode-se verificar o processo em que guerreiros medievais tornam-se cortesãos por meio da etiqueta e cerimonial.
FORMAÇÃO DE GRUPO: BUSCA PELA SEMELHANÇA E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE.
Com base em Coury (2001) e em Elias e Scotson (2000), serão apresentadas as principais categorias para compreender a formação de grupos.
No processo social contemporâneo as relações entre indivíduos podem, ou não, serem transformadas numa relação duradoura com características próprias. Estas relações produzem o que é entendido por grupos. Estes grupos são reorganizados segundo alguns critérios. Estas reconfigurações fazem parte do processo do grupo objeto deste artigo.
Coury (2001) apresenta algumas características de uma tentativa educacional de interiorização de normas e regras sociais na perspectiva de criação de um autocontrole. Os indivíduos teriam características que os aproximariam ou os afastariam de outros indivíduos, por meio da formação de sua economia psíquica.
O ponto inicial seria o fato de os indivíduos serem condicionados socialmente ao mesmo tempo pelas representações que fazem de si e por aquelas que lhes são impostas pelos outros com quem entram em relação. Esta hipótese aponta para a formação de uma “sociogênese dos grupos sociais”. Mais. Elias constrói o entendimento entre indivíduo e sociedade em termos de relações e funções. Ou seja, o indivíduo se percebe enquanto indivíduo na relação com um grupo. E nesta relação estabelece critérios de pertinência ao grupo reconhecido pelos outros. Percepção de representações que fazem dele e que permitem observar e escolher, ou encontrar, seus semelhantes. (Elias, 1995, p. 26)
Como se deu a aproximação entre os primeiros membros do grupo formado em Ponta Grossa?
O controle das emoções e do afeto seriam as formas de coesão grupal. Bem como o que Coury (2001) chama de “pacificação de certas zonas de espaço social”. O indivíduo é exposto a certas relações no contato com outros indivíduos. Neste contato, que é estabelecido por determinadas capacidades de observação no tocante a se aproximar ou não de determinados indivíduos, produzem-se representações externas ao indivíduo. Estas representações influenciarão no processo de autocontrole que é necessário para o convívio social. Seria a interiorização individual das proibições que antes eram impostas a partir do exterior. Este processo não é planeado, seria um processo cego, com certa autonomia individual.
Junto a noção de estigmatização pode-se pensar as determinações de economia psíquica. Coury apresenta a noção de que a estigmatização se torna relevante no processo de relações formadas entre indivíduos estigmatizados e indivíduos que tentam trazer-lhes soluções. A constante encontrada seria a de que os grupos que estão mais estabelecidos se identificam a partir dos elementos mais proeminentes do seu grupo. Por outro lado, o grupo estigmatizado se identifica pelo estrato mais anômalo do seu grupo.
No livro “Os Estabelecidos e os Outsiders: sociologia das relações de poder a partir de uma pequena comunidade, Elias e Scotson (2000) apresentam um estudo realizado numa pequena cidade Inglesa de nome fictício de Winston Parva em que descreveram a diferença e a desigualdade social como relações entre estabelecidos e outsiders.
Basicamente, são apresentadas características de tensionamentos múltiplos entre moradores antigos e forasteiros, de tal forma que são utilizadas características de semelhanças e diferenças entre os grupos. A maneira de manter o afastamento é a utilização da fofoca depreciativa. Maneira pela qual são estigmatizados pelos ditos estabelecidos, que possuem características que os identificam como pertencentes a este grupo hegemônico.
O que nos interessa deste estudo são as estratégias e características que permitem compreender as formas de estigmatização e de reconhecimento dos membros dos grupos. Sobretudo as características do grupo estabelecido.
As características dos outsiders seriam a de anomia, ou seja, ausência de normas de organização. Seria um grupo heterogêneo e difuso, não estabelecendo relações sociais consistentes.
No caso dos estabelecidos, os indivíduos autopercebem-se e são reconhecidos como membros que constroem identidades por meio de tradição, autoridade e influência. A coesão e a integração são características deste grupo, sendo que o carisma grupal os define. A estigmatização se dá por meio da fofoca depreciativa, porém a fofoca elogiosa era o que mantinha a coesão e o carisma grupal dos estabelecidos.
Enfim, o que nos interessa para o presente trabalho é explorar as categorias que surgem como a produção da semelhança, as características que surgem como possibilidade de compreender um grupo estabelecido, ou seja: antiguidade, carisma, fofoca elogiosa e depreciativa, estigmatização. São categorias a serem exploradas na descrição de nosso objeto empírico.
LAZER MIMÉTICO E O ESPORTE COMO LAZER
Nos anais do V Seminário Nacional Sociologia & Política apresentamos o artigo “Mimese, catarse, rotina e emoções no espetro do tempo livre de Norbert Elias” (Barreto & Barros & Oliveira Junior, 2014; pp. 1-11).
Utilizando-se de Em Busca da Excitação (1992), apresentamos as categorias de catarse e mimese como centrais para a concepção subjetiva de lazer. Elias recorre à Aristóteles para utilizar o conceito de catarse e ligar a concepção de lazer. Mimese seriam sensações experimentadas nas atividades de lazer criando tensões emocionais diferentes das vivenciadas no cotidiano da vida. Estas tensões estariam associadas a sentimentos de “medo, coragem, ansiedade, tranquilidade, tristeza, alegria, amor, ódio,” mas de uma maneira que não produzisse danos a sociedade, designadas de tensões miméticas, não sérias. Sentimentos experimentados de maneira agradável, pois não estariam suscetíveis as restrições e aos perigos da vida comum. (Elias, 1992, p.126)
O “efeito catártico” seria o ápice destas experiências, termo aristotélico para designar efeitos obtidos por meio do teatro, da música e do drama, como um indicativo do prazer. Teria efeito curativo que as atividades miméticas proporcionam, por ser um termo médico que significa “expulsar substâncias nocivas do corpo” (Elias, 1992, p.122). A catarse seria assim responsável pela experiência agradável na síntese das atividades miméticas e exerceria uma função restauradora que se concretizaria no desfecho das tensões produzidas pelas atividades no âmbito mimético.
Sobre o lazer, Elias apresenta que as tensões cotidianas diárias do não-lazer são rotineiras e precisamos sair em busca da excitação em “experiências miméticas” diversas nas atividades do tempo livre, sendo que toda atividade de lazer ocorre no tempo livre, mas nem toda atividade de tempo livre é atividade de lazer.
Para Elias as atividades rotineiras ocorrem no cotidiano permitindo a internalização das normas e restrições criando a economia psíquica, o autocontrole e são mediadas pela sociogênese e pela psicogênese. Nas relações interdependentes e nas interpenetrações, somo regidos por normas, regras, leis, padrões éticos e morais. A sequência de atividades rotineiras leva o que Elias chama de “secura das emoções”, seria uma “ordem emocional” com capacidade de restrições de sentidos e sentimentos, proporcionado pelo jogo do não-lazer. Por meio das atividades miméticas, não sérias, em busca da catarse, criamos as tensões miméticas que permitem o descontrole controlado. Ou seja, espaços sociais em que é aceitável por parte da sociedade e do Estado que os indivíduos experimentem fortes emoções, sem colocar em risco a sociedade.
Entre as cinco atividades de tempo livre e de lazer apresentadas por Elias (1992) exploraremos três ligadas ao lazer. O provimento das necessidades biológicas, porém o comer e beber em forma de acentuado prazer desde que de uma maneira não rotineira, portanto miméticas; a sociabilidade como forma de passar o tempo livre, estando com outras pessoas na informalidade. Exploraremos os jogos. A especificidade desta categoria está nas múltiplas capacidades miméticas.
Estas classificações nos permitem pensar na estrutura para expor o grupo do Operário. Porém, o esporte como lazer é abordado em “Esporte, lazer e estilo de vida de Stigger (2002)” Ele construiu uma identificação com o “conceito de um deporto plural” pelo qual se respeita o aperfeiçoamento do ser por intermédio de “qualquer tipo de prática desportiva”. Trata-se de apresentação histórias de vida de pessoas e grupos, praticantes de atividades esportivas informais em espaços públicos do Porto (Portugal) que o levaram a navegar pelo paradigma do lazer desportivo, enquanto fenômeno socioantropológico.
Stigger (2002) aborda o esporte por meio de compreensão homogênea (regras, universalização) e pela heterogeneidade das funções, valores e efeitos. Stigger (2002) mergulha no acompanhamento de grupos de futebol e vôlei pela investigação etnográfica. O esporte é apresentado como relacionado a diversas atividades humanas que demonstram a importância do esporte como fenômeno sociocultural na sociedade contemporânea; trata-se de entender o esporte em diversas atividades e manifestações.
O quarto capítulo sobre o Esporte como Lazer, aborda grupos e indivíduos por um lado “numa perspectiva séria e articulado com a ideia de produzir algo nesta atividade e por outro que associam ao divertimento e fazem dele o fim em si mesmo.” (Stigger, 2002, p. 211). Os praticantes escolhem o esporte “como partes de estilos de vida próprios, construídos pelos intervenientes, reconstruindo a visão dicotômica como o esporte profissional/ esporte amador.” (Stigger, 2002, p. 212); escolheram o esporte num universo de significações. Mota (1997) citado por Stigger (2002, p. 213) esclarece que esta forma de esporte está “num tempo e espaço próprio individual e um fenômeno orientado para realização do sujeito” que reflete na construção do seu estilo de vida.
“Esporte, lazer e convívio” apresentam sentido às práticas esportivas. Citando Simmel (1983) Stigger (2002, p. 222) vincula este sentido a uma lógica de sociabilidade em que as atividades seriam “uma forma lúdica de sociação [...] numa relação destituída de interesses e sustentada fundamentalmente na fruição prazerosa, assim como no encontro com os sujeitos”. Sociabilidade com um fim em si mesmo, no convívio, em que “as relações sociais parecem se mais efetivas”; “o coletivo é mais valorizado, chegando ao ponto de serem desenvolvidas relações profissionais e, até mesmo, ajudas interpessoais em diversas situações.”
Esta abordagem permite visualizar que “o esporte acaba por criar um espaço real de vivência coletiva, possibilitando a inserção dos seus participantes noutros universos sociais” (Stigger, 2002, pp. 222-223).
Seria o caso do grupo a ser apresentado. Que foi construído no espaço do esporte no clube, Operário Ferroviário Esporte Clube, nos campeonatos de Society, transitaram para a convivência no bar do Guerreiro, migrando para o Campeonato Paranaense de truco e criando outras convivências de lazer como pesca em alto mar ao convívio familiar entre os indivíduos que construíram uma identidade de semelhança por meio do carisma grupal.
ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES - CONTEXTO ESPACIAL E TEMPORAL
Ponta Grossa é um município de 360 mil habitantes, IDH 0,763, com área de 2054732 km2 e densidade demográfica de 150,72 hab/km2. Localiza-se no Estado do Paraná, região sul do Brasil.
O Clube Operário Ferroviário Esporte Clube, Clube esportivo e social, foi fundado em 01 de maio de 1912. Enquanto clube profissional, disputa a terceira divisão do campeonato brasileiro e já foi campeão paranaense e brasileiro nas séries D e C. Enquanto área social, possui sede própria com três campos de futebol suíço, piscina e área de lazer.
Imagem 1
Estádio Germano Krüger – Sede Social Operário Ferroviário de Ponta Grossa
Nota. Fonte: https://mundifm.com.br/noticias/rangel-pretende-doar-germano-kruger-ao-operario/. Acesso em 18/01/2023.
O espaço do bar tratado aqui seria o “Bar do Guerreiro”, localizado na região central do município e registrado com Bar e Lanchonete. Porém, trata-se de um espaço prioritário de convívio e consumo de bebidas.
Imagem 2
Bar do Guerreiro
Nota. Fonte: Os autores
O espaço de jogo trata-se dos clubes que recebem as etapas do Campeonato Paranaense de Truco, ilustrada pelas fotos a seguir:
Imagem 3 e 4
Participação em etapa do Paranaense de Truco
Nota. Fonte: Os autores
ORIGEM DO GRUPO
As atividades miméticas vivenciadas por mais de 20 anos têm como orientação o grupo ainda em convívio coeso em 2023. Para se falar em origem, relata-se que a primeira participação de um campeonato de futebol Society no Operário foi pela competição interclubes, disputados pelos campeões de cada clube social. Fui convidado em 2003 para disputar campeonato interno por um time denominado Caninha 101. A orientação do grupo foi a de obter êxito em vencer o campeonato, orientação para resultado que teve êxito. No ano seguinte, dividiram esta equipe em duas. E foi o primeiro momento em que encontrei os membros do que se tornaria este grupo.
Imagem 5
Integrantes do Caninha 101 A
Nota. Fonte: Os autores.
Jogando pela Caninha 101 B, a orientação para o campeonato se tornou mais para o convívio, pois outras atividades de lazer, como festas, jogos de cartas e convívio em outros bares tornou-se a tônica. Tanto o “Baxote” quanto “Dirceuzinho” foram os membros conhecidos. Foi a primeira transição para o objetivo de convívio, como apresentado por Stigger.
Em 2004 volta-se a priorizar o esporte com orientação para resultados com o objetivo de ser campeão. Fomos apresentados ao “Barba”, novo membro do grupo que seria um dos proprietários e patrocinador do time Lojão do Keima. Foram dois anos de disputas e decisões de campeonato.
Imagem 6
Time do Lojão do Keima
Nota. Fonte: Os autores.
ROTINA DOS CAMPEONATOS
A rotina destes campeonatos seguia a mesma tônica. Somente aos domingos. Encontro antes do jogo de forma descontraída, porém com muita cobrança de empenho durante o jogo. Parte dos indivíduos permaneciam para a socialização pós-jogo. Quando havia vitória a adesão era maior e os elogios e comentários sobre os lances de jogo eram a tônica. Na derrota, ficava o grupo mais coeso e a tônica era as fofocas depreciativas dos erros cometidos. A catarse era momentânea durante os jogos e prorrogada após jogo na socialização. Iniciava uma forma específica de identidade pela disponibilidade em aumentar o tempo de convívio, no bar e nas confraternizações. Início da coesão e estabelecimento de carisma grupal.
Imagem 7
Lojão do Keima
Nota. Fonte: Os autores.
Os motivos para participação todos os domingos eram os mesmos. Momento de alegria, descontração, brincadeiras e de sair da rotina dos trabalhos. Vários eram os papéis sociais deste grupo. Representantes comerciais, comerciantes, funcionários públicos, empreendedor. Vale ressaltar o papel da bebida, no caso a cerveja, neste pós-jogo. Havia o consumo, porém, dentro de limites que não constrangesse o grupo perante os demais associados.
TRANSIÇÃO PARA O BAR
Por motivos de lesões, aumento da idade, pouco a pouco o espaço de participação foi substituído pelo bar. Primeiro de forma não hegemônica. Mas aos poucos o clube ficou para trás. Durante os jogos, fomos apresentados para o proprietário do Bar do Guerreiro (o “Ladislau”). Local em que parte dos membros do grupo já conheciam e frequentavam. Eram amigos de longa data. Ao chegarmos neste espaço as características do grupo modificaram quanto à forma mimética de lazer. Primeiro pelo tipo de socialização, com contato com indivíduos que não eram conhecidos. Segundo pela forma de jogo, que modificou do futebol para o truco (jogo de baralho disputado por duas duplas).
O Bar do Guerreiro é de formato longitudinal, e majoritariamente espaço masculino. O espaço de jogo de truco fica ao fundo, e a frente do bar é destinado para pessoas que não tinham tanta aproximação com o grupo. Vale salientar que neste espaço, os dias e horários de funcionamento permitiam várias interpenetrações entre as relações não planejadas pela alta rotatividade. O grupo do clube frequentava as sextas-feiras a noite. Ficávamos ao fundo. Destaques do convívio: o jogo de truco permitia a participação de conhecidos, mesmo os que não faziam parte do grupo mais coeso, porém incorporados com a identidade do grupo do bar. As duplas eram formadas quase sempre pelos membros mais coesos, o que foi modificando com o passar dos anos; as tensões miméticas eram estabelecidas durante os jogos, pois as estratégias usadas era a de ludibriar o adversário com falsos sinais (chamados de facão) e de o desestabilizar emocionalmente. Gritos, discussões, xingamentos eram estratégias comuns. As partidas valiam duas cervejas e eram bebidas durante o jogo (com os indivíduos que assistiam tomando junto). Ao final dos jogos havia o reagrupamento em tono do balcão. Aí as piadas e as brumas (gozações) tomavam conta.
Imagem 8
Truco no Bar
Nota. Fonte: Os autores.
O balcão do bar sempre foi um indicativo de estabelecidos e outsiders. Os que conseguiam permanecer para o lado de dentro eram os que mais tinham o carisma do grupo. Os demais ficavam para fora e para a parte da frente do bar. Novos membros foram apresentados neste espaço, pois tornou-se um espaço de disputa de partidas de truco entre diversos grupos da cidade.
Imagens 9 e 10
Bar do Guerreiro
Nota. Fonte: Os autores.
Imagem 11
Novos membros em socialização
Nota. Fonte: Os autores.
CAMPEONATO PARANAENSE DE TRUCO
Decorreu daí um novo movimento em que se ampliou o grupo de estabelecidos. Primeiro pela ampliação de tempo e espaço de convívio para o ambiente familiar, que somente o grupo mais coeso participava e o movimento de organização de equipes para a disputa do truco enquanto esporte de lazer. Trata-se da participação nos campeonatos do Paranaense de truco.
Imagem 12
Paranaense de Truco
Nota. Fonte: Os autores.
Imagem 13 e 14
Convívio em família
Nota. Fonte: Os autores.
Imagem 15
Lembranças de viagens e troféus – Bar do Guerreiro
Nota. Fonte: Os autores.
Outras características que permeavam e permeiam este grupo: piadas, modificações da realidade para tornar a narrativa jocosa, criando constrangimentos aos membros do grupo. No entanto, esta forma de estigmatização contraria a ideia de afastamento do grupo. As justificativas sempre foram: “só se brinca com quem se gosta”. Ou seja, o tempo de pertencimento ao local e ao grupo contou muito, porém, as formas de demonstração de afeto sempre foram próximas as formas estigmatizantes depreciativas para deixar engraçada a narrativa. As fofocas elogiosas sempre ocorreram sem a presença do indivíduo em foco.
Outra forma de identidade foi a atribuição de apelidos. Quase sempre com indicação de origem geográfica ou característica física.
Imagem 16
Jocosidade e brincadeira– Bar do Guerreiro
Nota. Fonte: Os autores.
Destaca-se que ainda em 2023 os membros do grupo do bar ainda convivem no bar e em ambientes familiares, demonstrando a continuidade de identidade, amizade e coesão, com novas formas de vivência do lazer.
Imagens 17 e 18
Bar do Guerreiro atual e lazer alternativo
Nota. Fonte: Os autores.
Conclusiones:
Descreveu-se a formação do grupo do clube para a barra e o caminho para o esporte-lazer não uma brincadeira paranaense. Uma aproximação deve-se aos padrões de descontrole controlado experimentados nos jogos de futebol suíço no clube e truque na barra. Pela socialização após a brincadeira, criando relações de interpenetração que eram mediadas por comida, conversas, fofocas, bebida, comida e amizade.
A coesão grupal foi construída e mantida pelo afeto entre os membros no convívio de mais de 20 anos e pelo reconhecimento aos membros, somente modificado em relação as fofocas elogiosas pela jocosidade estigmatizante durante os encontros.
Resgata-se a aproximação com a visão de mundo por cadeias interdependentes não planeadas, vivenciadas por interpenetrações relativamente autônomas entre indivíduos que escolheram como estilo de vida a vivência mimética por intermédio do lazer na lógica da socialização e do esporte como lazer.
Bibliografía:
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Coury, G. (2001). Norbert Elias e a construção dos grupos sociais: da economia psíquica à arte de reagrupar-se. In Garrigou, A. & Lacroix, B., A. (Org.), Norbert Elias: A política e a história (pp.123-144). Editora Perspectiva.
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Elias, N. (1994). Sociedade dos Indivíduos. Zahar.
Elias, N. (1994). O processo civilizador: Uma história dos costumes (Vol. 1). Jorge Zahar.
Elias, N. (1995). Mozart: Sociologia deum gênio. Jorge Zahar.
Elias, N. & Scotson J. L. (2000). Os estabelecidos e os outsiders: Sociologia das relações de poder a partir de uma pequena comunidade. Jorge Zahar.
Elias, N. (2001). A sociedade de corte: Investigação sobre a sociologia da realiza e da aristocracia de corte. Jorge Zahar.
Elias, N. (2002). Teoria Simbólica. Celta.
Elias, N. (2008). Introdução à Sociologia. Edições 70.
Oliveira Junior, C. R. (2003). Meninos de Rua ou de um beco sem saída?: Um novo resgate [Tese de doutorado, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP]. https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/275838
Oliveira Junior, C. R. (2005, 24 a 26 de novembro). Processo civilizador e a construção de grupos. [Artigo completo]. IX Simpósio Internacional do Processo Civilizador: Tecnologia e Civilização. UTFPr, Ponta Grossa. http://www.uel.br/grupo-estudo/processoscivilizadores/portugues/sitesanais/anais9/artigos/mesa_debates/art6.pdf
Stigger, M. P. (2002). Esporte, lazer e estilos de vida: Um estudo etnográfico. Autores Associados.
Palabras clave:
GRUPO, SOCIALIZAÇÃO, JOGO-ESPORTE-LAZER
#02117 |
AS PRÁTICAS DO ESG E O FUTEBOL BRASILEIRO: O CASO DO OPERÁRIO FERROVIÁRIO ESPORTE CLUBE
Rodrigo de Jesus Camargo1
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Vanessa Cavalari Calixto
2
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Carlos Mauricio Zaremba
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Constantino Ribeiro de Oliveira Junior
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Alfredo Cesar Antunes
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1 - NÚCLEO DE PESQUISA ESPORTE, LAZER E SOCIEDADE/PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS/UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA/PARANÁ/BRASIL..2 - UNISECAL - Centro Universitário Santa Amélia.
O Operário Ferroviário Esporte Clube é uma entidade centenária, de prática do futebol profissional, que disputa as principais competições nacionais desta modalidade. Está situada na cidade de Ponta Grossa, no Estado do Paraná, Brasil. Como gestão administrativa e esportiva é um clube que busca alinhar-se com a realidade do mercado corporativo, naquilo que se tem de mais eficiente e eficaz. Desta forma, este trabalho tem como objetivo analisar de que forma os processos de gestão do Operário Ferroviário Esporte Clube (OFEC) estão atendendo as demandas existentes nas propostas de prática do ESG (Environmental, Social and Governance). As ESG são práticas que refletem para dentro do ambiente corporativo, as demandas da sociedade em desenvolver uma relação sustentável entre pessoas, processos produtivos e o planeta. Para tanto, foi utilizado como metodologia a revisão bibliográfica e análise empírica das práticas cotidianas de gestão do clube OFEC. Como referencial teórico, para a conceituação dos termos, foram utilizados os autores Ingo Walter; Tripathi, V.; Bhandari, V.; para as tratativas que aproximam a temática ESG da gestão do futebol, os autores foram Graffieti, C.; Daniel, P. satisfazendo as questões administrativas, do processo de desenvolvimento do ESG e sua aplicação; no âmbito da gestão de um clube de futebol, foi utilizada a categoria de análise “hábitus” de Pierre Bourdieu. Como resultado, percebe-se que o OFEC, prática pouca, ou nenhuma ação voltada para a temática “meio-ambiente” (Environmental). Com relação a dimensão “Social”, o clube se alinha a situações de desenvolvimento, principalmente, com ações voltadas para seus atletas e a comunidade em geral. Nesta esfera, encontram-se projetos como “Família Alvinegra” que, em conjunto com a Vara da Infância e Juventude de Ponta Grossa, oferece apoio a programas de acolhimento familiar para crianças em fase de adoção. O projeto “Jogando futebol, construindo cidadania UEPG-OFEC”, atende crianças carentes, através da prática do futebol e o Projeto e “UEPG + Mulher OFEC-UEPG” proporciona que mães, irmãs, tias e avós das crianças do projeto anterior, possam praticar atividades físicas orientadas. Ambos os projetos desenvolvidos e realizados em parceria com a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Para a dimensão das práticas de “Governança” (Governance), o clube, nos últimos anos tem se adaptado as matrizes da boa governança, com desenvolvimento dos quatro pilares apresentados pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC): transparência, equidade, accountability e Responsabilidade Corporativa. Ações percebidas através das alterações estatutárias do clube e a forma de apresentação de seus balancetes financeiros anuais. Salienta-se que, está pesquisa é oriunda dos estudos desenvolvidos no Núcleo de Estudos do Esporte, Lazer e Sociedade do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais Aplicadas da UEPG. Palavras-chave: Operário Ferroviário Esporte Clube; Futebol Profissional; Processos de Gestão; Environmental Social and Governance (ESG).
#02192 |
Futebol e Sociedade: a relação entre o plano de negócios e o mercado do Futebol
Raul Cesar Silva Antunes1
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Constantino Ribeiro de Oliveira Jr
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Raul Cesar Silva Antunes[1], Constantino Ribeiro de Oliveira Jr[2].RESUMOCom a constante transformação do futebol, de uma perspectiva institucionalizada para uma empresarial, é imprescindível identificar e compreender as relações sociais e culturais entre o futebol e o mercado, a partir de uma visão interdisciplinar deste objeto. Nesta perspectiva, questiona-se quais os elementos envolvidos no processo de planejamento e estruturação do plano mercadológico e de negócios do futebol? O objetivo geral é compreender como os elementos econômicos e não-econômicos influenciam no planejamento e estruturação do plano de negócios dos clubes de futebol. A perspectiva interdisciplinar justifica-se para compreender o processo de estruturação e planejamento do futebol para o mercado articulando diversos campos do conhecimento, desde os aspectos administrativos e econômicos, históricos, sociais e culturais, além da articulação com o campo de conhecimento do esporte. Caracteriza-se como um estudo qualitativo e será realizado por meio do método bibliográfico e pela técnica do Estado do Conhecimento. As buscas dos artigos foram realizadas no Portal de Periódicos da CAPES/Brasil, com os termos de busca Futebol AND Mercado, publicados nos últimos cinco anos (2017-2022). A primeira busca, sem nenhum filtro retornou um resultado de 729 artigos, porém a maioria sem articulação direta com os objetivos da pesquisa. Assim, realizou-se a busca por assunto e título, que retornou 20 artigos, após o descarte de artigos duplicados. Em uma primeira análise é possível destacar o reduzido número de estudos que relacionam o futebol com o mercado em relação ao resultado inicial dos 729, indicando a necessidade de uma maior compreensão deste objeto. Após a análise dos artigos, as principais categorias identificadas foram: investimento e mercado de capitais, governança corporativa, gestão e marketing. Os resultados demonstram que os aspectos econômicos são predominantes nas publicações sobre o mercado do futebol. Nota-se que o mercado e o seu respectivo plano de negócios com os fatores econômicos estão influenciando cada vez mais o processo administrativo do futebol. Na análise não foi verificado que as relações sociais e culturais não são tratadas, o que leva a considerar que os elementos não econômicos não são valorizados ou considerados no planejamento mercadológico. Entende-se que é preciso ampliar o debate e a investigação para outras áreas, especialmente as variáveis sociais e culturais, ou seja, os elementos não-econômicos.Palavras-chave: futebol; mercado; plano de negócios; elementos não-econômicos
#02459 |
Resignificación colectiva y barrismo social en Colombia: más allá de las violencias futboleras, el caso de “La Banda Tricolor” en la ciudad de Pasto
Santiago Salazar1
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William Ñañez
2
1 - Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales- FLACSO Sede Ecuador.2 - Universidad de Nariño- Colombia.
Violencia y fútbol tienen una multiplicidad de debates. Algunos acuñan un tipo de violencia instintiva, congruente y encaminada dentro del accionar de las denominadas ‘barras bravas’, cuyos orígenes remontan a las trifulcas futboleras en la Argentina de la década de los 60 con una extensión casi homogénea dentro de la geografía latinoamericana (Szlifman,2020). Siguiendo a Juan Restrepo (2018), Perú y Argentina lideran en números absolutos las víctimas fatales en el fútbol suramericano con 333 casos para el primero (entre 1964 y 2017) y 323 casos para el segundo (entre 1922 y 2018), en tercer lugar se encuentra Brasil con 304 casos (entre 1988 y 2017). Cifras no oficiales ubicarían el caso colombiano en cuarto lugar, comprendiendo entre 170 a 180 víctimas fatales entre 2000- 2020 (Castro, 2021). Estos episodios latentes han inducido en miradas satanizadas catalogando a dichos grupos (acorde a investigaciones orientadoras dentro del campo) como: “cuerpos extraños que deben ser extraídos del cuerpo social” (Santos, 2003), sujetos animalizados “bestias, salvajes” (Alabarces, 2000) o como jóvenes “desordenados y peligrosos” (Magazine, 2008), perdiendo la oportunidad de otras explicaciones que versan más allá del componente violento de los grupos, este es el objetivo central que tranza esta ponencia: Comprender otras formas de ser y estar entre barristas a partir de ejercicios y formas de resignificación colectiva. Desprendimos de este objetivo 3 subsidiarios: el primero, explicar a partir de la sociología del deporte nuevos esclarecimientos a las formas violentas y confrontativas; el segundo, identificar el accionar jurídico/institucional colombiano frente a la temática y el tercero, describir la resignificación colectiva de los barristas a partir de aquello que ellos denominan como: ‘barrismo social”. Aquí, se trabajó con énfasis en “La Banda Tricolor” en la ciudad de Pasto al suroccidente colombiano, vislumbrando un vínculo con la identidad dentro de la lectura de la acción colectiva y el carácter popular. La metodología de este estudio es cualitativa y se centra en el análisis documental como proveedor de revisión de bibliográfica y el rastreo de documentos públicos e históricos, además de un complemento con el ejercicio etnográfico. Finalmente, los resultados nos permitieron comprender la rica potencialidad del grupo en tanto a componentes diversificados y heterogéneos, con fuerte incidencia en escenarios sociales, políticos y culturales, reivindicando en cierta medida este estigma histórico latinoamericano. Más allá de pequeñas acciones incipientes, existe toda una serie organizada de grupo que sobrepasan el campo deportivo e introducen temas de apoyo, lucha y ayuda dentro y fuera de las canchas (Ramírez y Salazar, 2021)
#02699 |
El Club León: Producción del espacio y capital social del empresariado en el futbol profesional mexicano
Jonathan Montero Oropeza1
1 - Escuela Nacional de Estudios Superiores (ENES) Campus León, UNAM.
Con base en la propuesta de producción del espacio procedente del campo de la geografía y del capital social que elaboró Pierre Bourdieu, en esta ponencia se analizará el papel de los empresarios locales y foráneos en la administración del Club León de México. Por tanto, el objetivo central de este trabajo radicará en interpretar mediante el análisis de un equipo del futbol profesional del Bajío, las relaciones de poder empresariales presentes en la producción espacial a través de infraestructura deportiva; también se considerará la oportunidad que brinda para el empresariado el incremento del volumen del capital social mediante las relaciones Estado-Empresa; y cómo el empresariado mediante el futbol es partícipe del proceso de identidad a través del futbol en León, Guanajuato. El armazón metodológico de este trabajo se basó en una serie de trabajos de campo en León, los cuales consistieron en dos aspectos: realización de entrevistas y búsqueda hemerográfica. La realización de entrevistas, sirvió para conocer el contexto del futbol de León y de la ciudad. Se realizaron entrevistas a futbolistas del Club León, antiguos jugadores, aficionados y empresarios de la ciudad; se recabó información sobre cuestiones relativas a la empresa e identidad en torno al balompié leonés. La indagación hemerográfica sirvió para examinar los acontecimientos empresariales, sociales y deportivos y puntualizar las interrelaciones existentes en dichos campos.El anclaje teórico y metodológico permitió reflexionar sobre la conformación en 1944 de la Asociación Civil Club de Futbol León, por parte de un grupo de empresarios leoneses, evento que coincide con la bonanza económica del empresariado zapatero leonés, como consecuencia del modelo de sustitución de importaciones. Posteriormente, existieron relaciones entre empresarios y el Estado para la construcción del estadio León en 1967, lo cual posicionó a la ciudad como sede de los mundiales de futbol en 1970 y 1986. Hacia finales de la década de los ochenta, cambió la personalidad jurídica del Club León, al pasar de una Asociación Civil a una Sociedad Anónima, factor que es evidencia del declive económico del sector cuero-calzado en la ciudad. Este trabajo pretenderá mostrar cómo hacia los inicios del profesionalismo del futbol mexicano, los empresarios locales auspiciaban equipos en sus localidades. La decadencia del modelo de sustitución de importaciones debilitó a muchos empresariados locales, los cuales se alejaron de la inversión directa en equipos de futbol de primera y segunda división en sus espacios de influencia. Esta situación abrió la puerta para que varios de los empresarios con mayor poder económico en México se adentraran en este deporte en su versión profesional, para incrementar su capital social, su hegemonía económica y extender geográficamente sus redes.
#02986 |
Fútbol, política e identidad. Representaciones en torno al club Gimnasia y Esgrima de Jujuy (Argentina).
Ramón Burgos1
1 - Facultad de Humanidades y Ciencias Sociales, Universidad Nacional de Jujuy / Facultad de Humanidades, Universidad Nacional de Salta.
Este trabajo aborda los procesos de construcción identitaria en la provincia de Jujuy y el papel que juega el fútbol en esa dinámica, a partir del análisis del caso del club Gimnasia y Esgrima (Argentina), durante el período 1975-2011. Indaga acerca de cuáles son las características particulares que presenta el papel de Gimnasia y Esgrima en la construcción de una identidad jujeña, a partir de analizar cómo se vinculan las referencias a lo nacional y lo local en la construcción de esa identidad vinculada a las representaciones sobre el club.Para ello propiciamos un abordaje en el que una fuerte base empírica guía las interpretaciones sobre la identidad. Las representaciones periodísticas, las institucionales y aquellas elaboradas por los actores involucrados con el club nos ofrecen una masa textual inmejorable para analizar las formas en que se interpreta el lugar de Jujuy en la nación, el del club en Jujuy y el de los sujetos en relación con el club, examinando las dinámicas a través de las cuales, la identidad y las prácticas culturales de Gimnasia y Esgrima de Jujuy son activamente creadas y comunicadas, y cómo, al hacerlo, señalan cuestiones claves para una provincia periférica, en distintos momentos de su historia reciente. De esta manera, veremos cuáles son los mecanismos a partir de los cuales el club Gimnasia y Esgrima de Jujuy se convierte en un poderoso dispositivo para la construcción y el sostenimiento de una identidad jujeña.
#03518 |
Das bolas divididas ao choque de mundos: Um diálogo entre misturas, apagamentos e o pretenso futebol moderno.
Desde os grandes eventos esportivos ocorridos no Brasil a partir de 2013, as disputas políticos quanto ao esporte e todo o meio social que o circunda nos colocam diante do dilema: O propagado desenvolvimento e o futebol moderno, afinal desenvolvem o quê e com qual finalidade? Aqui faremos um debate acerca de qual tem sido o impacto do "discurso modernizador" no futebol em nosso continente, bem como seu papel a nível político-social. O presente trabalho tratará de conceituar, qual cultura popular existia no futebol, resgatar quais mudanças ela tem passado nos últimos dez anos e debater quais aspectos modernizadores têm sido assimilados ou rechaçados no futebol da região.