Resumen de la Ponencia:
Após os primeiros casos confirmados de Covid-19 no Brasil, diversas medidas de controle e prevenção passaram a ser adotadas pelo Estado, através de campanhas de conscientização, decretos, medidas provisórias, projetos de lei etc. Dentre elas, as medidas de distanciamento e isolamento social foram objeto de muitas polêmicas (BEZERRA et al. 2020). O que, porque e quem, deve definir o que é ou não essencial na vida de uma pessoa? Foi uma questão recorrente no debate público. Em Ponta Grossa, cidade localizada no estado do Paraná - Brasil, durante o ano de 2020, a Liga de Futebol de Ponta Grossa suspendeu os campeonatos amadores, por mais de seis meses (de 13/03/2020 a 20/09/2020), logo nas primeiras rodadas, devido o avanço da Covid-19 na região, o que desencadeou a paralização das atividades de clubes como o Mirante Esporte Clube, que comemoraria seus 98 anos de fundação. Diante das medidas adotadas, o objetivo do presente estudo foi interpretar como as interações sociais e culturais fomentadas pelas práticas futebolísticas no Mirante Esporte Clube, foram afetadas pelas medidas de distanciamento e isolamento social na cidade de Ponta Grossa- Brasil. A interpretação das práticas simbólicas deste grupo ocorreu através do acompanhamento dos diálogos realizados via aplicativos de comunicação e redes sociais, durante o período mais restritivo das medidas de isolamento social. Através do Mirante E. C. pode-se enxergar dois pontos de vistas distintos sobre a prática do futebol em tempos de pandemia – 1) aqueles que olhavam para a função imediata do isolamento social, de reduzir os números de casos de Covid-19, entendiam o desejo de jogar futebol como uma loucura ou falta de responsabilidade coletiva, uma vez que, aparentemente, o futebol seria apenas uma prática esportiva; 2) os agentes que defendiam o retorno do futebol amador na cidade, com todos os seus ritos, viam no isolamento a perda de seus lucros simbólicos. Que dificultariam a conquista dos troféus do campo, as possibilidades de acúmulo de capital futebolístico e em alguns casos a permanência no clube. Para este grupo, as perdas simbólicas eram tão prejudiciais quanto contagiar-se com o Covid-19. Em oposição ao percentual estatístico de letalidade ou contágio, não era possível mensurar o quanto abandonar o campo neste momento poderia comprometer sua permanência nos clubes, seja nos jogos recreativos ou nos times que disputavam o campeonato amador de futebol. Devido as regras e lógicas específicas destes espaços sociais, o que parecia loucura para uns, era a necessidade primordial de outros. No caso em questão prevaleceu o distanciamento formal, porém isto não evitou que houvessem jogos clandestinos realizados no auge da Pandemia.