Resumen de la Ponencia:
Essa pesquisa é fruto de um processo orgânico e contínuo de escritas e reescritas, com objetivo de contribuir para o campo de estudo da memória e também para o diálogo sobre ditaduras militares na América Latina. Parte de um campo de análise interdisciplinar que transita entre história, teorias de memória e jornalismo.A pergunta que me ronda há anos é: como pode o jornalismo e seus espaços reservados na mídia contribuir para a criação, manutenção e promoção de memória social, especificamente a memória de um passado recente de violência que imprime suas consequências na vida social e política até os dias de hoje nos países do Cone Sul? A partir da compreensão do que é, de fato, a memória coletiva e, a partir disso, compreendendo que ao falar de memória não falamos de um relato do passado, mas falamos da relação dialética entre passado e presente - ou seja, uma troca na qual reconhecemos não apenas a interferência de fatos políticos e sociais em nossas vidas, mas também as consequências para o presente da interpretação de tais fatos e como nosso próprio presente influi na nossa visão sobre acontecimentos passados - me pareceu que o jornalismo, em sua missão de contar o presente, poderia ter um papel significativo nessa construção. Tal hipótese pareceu se concretizar nos
recordatorios do jornal argentino Página12. Os
recordatorios são publicações que costumam trazer a foto da vítima da repressão argentina, um texto enviado pelos familiares e que são publicadas no dia do desaparecimento daquela pessoa. Neste texto, costuma-se lembrar a pessoa, pedir Justiça e informações sobre o paradeiro do desaparecido e, diversas vezes, pautar temas que são relevantes no presente em que a homenagem foi publicada.A partir da análise dos
recordatorios pode se levantar um debate sobre como o jornal pode contribuir para a construção da memória social. E, talvez, a partir do conceito de Pierre Nora, servir como lugar de memória.É preciso pensar no outro protagonista dessa investigação, que é o próprio jornalismo enquanto um campo também em disputa teórica e política. Apesar de cerceado atualmente por limitações e imposições de diversos tipos - em principal, ideológicas, financeiras e tecnológicas -, ainda há um diálogo em aberto sobre suas possibilidades de ação e seus deveres enquanto um fator de grande influência na organização da sociedade, incluindo sua proximidade com a política e com o imaginário coletivo - no qual podemos situar a memória social.