Resumen de la Ponencia:
Kanhgág ag jẽn significa: Comida de Kanhgág. Esse trabalho explora o local semântico da expressão dita pelos interlocutores de pesquisa: Comidas típicas, com a justificativa de perceber os espaços, estruturas e ontologias do comer. Na primeira seção textual “Antropologia da alimentação: seguindo nossas comidas típicas, fogo, fumaça, cinza, água são ingredientes indispensáveis” apresenta-se o recorte etnográfico com foco à analisar a alimentação jê do Sul. Também um balanço antropológico entre artigos e textos chave da antropologia da alimentação, para discutir as categorias teóricas, enquanto polissêmicas. A categoria êmica relacionada às teóricas trata-se da “comida típica” que é a maneira como informantes referem-se à uma alimentação essencialmente
kanhgág. Alimentos e pratos que encontram um significado e local semântico único na língua e no cotidiano. Essa alimentação típica apresenta-se como um espaço alimentar
kanhgág.Esse espaço alimentar gera novos espaços, nas redes sociais, dentro das comunidades com centros de memória e junto aos que alimentam as páginas e nutrem ideias. Por isso na segunda seção: “Jẽn – Alimentar-se” investiu-se em uma (n)etnografia de uma página de rede social chamada “Comidas típicas kanhgág [...]”, através de depoimentos, relatos e bibliografia fica exposto a preferência alimentar nos tópicos mais discutidos:
Ẽmῖ;
Mẽn-hu (pisé) e
Gãr. Estimativas[1] contam cinquenta mil
Kanhgág vivendo nos territórios de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Estados da região Sul do Brasil. Analisar a alimentação deste povo, ligado ao tronco linguístico jê meridional, revela-nos uma visão-de-mundo kanhgág e suas configurações em torno do fazer-se comendo. A alimentação, como objeto dentro das ciências humanas apresenta-se em polissemia, pois, trata do social, do biológico, do psicológico, do corte racista entre populações tratadas como atrasadas e das identidades. A etnologia e etnografia da alimentação dos
Kanhgág, também tratar-se-á de um campo polissêmico e multidisciplinar que converge na vida
kanhgág na forma de comidas típicas. Tipicamente comestível, apresenta-se na adaptação ambiental de ingredientes, técnicas e modos, pratos, preparações, que os
Kanhgág remetem como seus: comidas típicas
kanhgág. Para os Kanhgág do Sul do Brasil, seres e modos de fazer tornam-se símbolos para falar de “comidas típicas”, como classificam. A cozinha kanhgág trata-se de um espaço, articulador do simbólico e do material como nos propõe (Poulain, 2003, p. 252): “espaço do comestível é, portanto, a escolha que é operada pelo grupo humano no interior do conjunto de produtos vegetais e animais colocados à sua disposição pelo meio natural, ou que poderá ser implantada pela decisão do grupo” A categoria êmica “comidas típicas” enquadra essas práticas estéticas, éticas e dietéticas do comer
kanhgág. [1] O último censo realizado em 2010 apontou 35.000 indígenas da etnia kaingang vivendo no Sul do Brasil, com o passar do tempo a estimativa é que o número tenha acrescido.