Resumen de la Ponencia:
Este diagnóstico teórico reconhece a América Latina como um importante
lócus de enunciação cientifico. Tal ato é um movimento crítico de desnudar as “caixas de gaveta” do armário colossal da ciência que permite reorganizar uma descrença nas pretensões científicas atemporais e universalizantes. Ora, esta perplexidade profunda é capaz de perturbar e ser perturbada pelas relações outras de outras relações, outras histórias, outras culturas, outras tradições, outros povos, outros Estados, outros destinos.Aliado a isso, a crise de confiança no projeto moderno de ciência irrompe fissuras epistemológicas e, fundamentalmente, ontológicas. Resta-nos evidente que todo abalo sistêmico capaz de reorganizar os paradigmas continentais e universais tem uma origem tanto antiga quanto possa ser vislumbrada em uma geração de intelectuais. E isto é um problema pertinente para as propostas metodológicas do Grupo Modernidade/Colonialidade/Decolonialidade: em que medida sua proposta epistemológica de um giro decolonial não repõe questões provincianas do contexto europeu na extensividade ontológica latino-americana?Nossa tese é que o alcance fecundo da epistemologia/ontologia de(s)colonial, que se projeta como uma ciência em construção por distintos autores em contextos dispersos, potencializa a teoria social latino-americana, em especifico, a anticolonial. Para isso, recordamos três enunciados sociológicos específicos da América Latina:1. A constituição da ciência latino-americana assentou-se numa proposta eurocêntrica de modernidade e edificou suas instituições cientificas deste modo.2. As percepções sobre as promessas não cumpridas da modernidade seguiram o roteiro das teorias críticas europeias e elencaram os elementos característicos de um processo incompleto, periférico, insustentável, dependente ou incorreto.3. A teoria crítica latino-americana imprimiu uma mudança geopolítica na ciência que passou de uma visão sociográfica para uma visão sociológica e, com isso, produziu sua teoria social no embate com as teorias ocidentais hegemônicas Passo seguinte, organizada institucionalmente, logra rever estas teorias sob o aspecto temporal da originalidade e da vanguarda intelectual.Tais premissas são assentadas em um quadro temporal que situa a primeira geração dos intelectuais latino-americanos como a dos
fundadores/revolucionários antipositivistas, anticoloniais, anti-imperiais. Sua realização é se assumir no plano ontológico: somos latino-americanos. A esta geração
assumidora segue uma geração imediatamente posterior de
normalização teórica e afirmativa. Por fim, a terceira geração pauta-se na
autenticidade da teoria social latino-americano, embora situada em critérios rigorosos diversos.Neste sentido, retomaremos uma aproximação entre as concepções de ciência ocidental e as primeiras críticas ao provincialismo europeu observando as especificidades do
logos da razão, da fé imanente na lei natural, do universalismo subjetivo e das imperfeiçoes míticas. Na sequência, demonstraremos como a América Latina, criada para preencher um vazio no mapa, continua fervorosamente seu desejo de construção do real. Essa contextualidade atua como condicionante histórica da dialética dos conflitos sociopolíticos e busca permanentemente superar o
status quo dominante das heranças coloniais que se reproduzem nas estruturas sociais.