Resumen de la Ponencia:
Nas últimas décadas, os debates sobre desenvolvimento rural na América Latina e no Brasil caracterizaram-se pela intensa mobilização da dimensão territorial enquanto espaço intermediário de ação entre o local e o global (BERDEGUÉ; FAVARETO, 2020). Se no início do século XXI os territórios emergiram como os novos espaços de deliberação, negociação e implementação de políticas públicas rurais, especialmente voltadas à diminuição da pobreza das famílias via estímulo às estratégias intersetoriais; na última década houve um refluxo de tais abordagens (FAVARETO, 2010). Dentre os principais motivos para isso se encontra a dificuldade do campo normativo em integrar a diversidade de atores rurais (quilombolas, indígenas, assentados, ribeirinhos) nos processos de negociação e deliberação das políticas públicas agrárias (PIRAUX; CANIELLO, 2019).Destarte, esse trabalho tem como objetivo traçar o perfil socioeconômico dos assentamentos rurais de reforma agrária localizados nos territórios dos estados do Maranhão e do Piauí. Tais estados, proporcionalmente, são considerados aqueles com maior percentual de habitantes vivendo em áreas rurais no país, representando 36,92% e 34,26% das suas populações totais, respectivamente (IBGE, 2011). Frente a essa realidade, analisam-se um conjunto de variáveis de infraestrutura, características de produção, trabalho e acesso aos mercados dos assentamentos de reforma agrária de ambos os estados.Os dados apresentados fazem parte de pesquisa
realizada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária e a Universidade Federal Fluminense. Através da aplicação de
surveys, foram levantados dados de um conjunto de 7.134 famílias assentadas no Maranhão e 8.714 no Piauí que fazem parte do Programa Nacional de Reforma Agrária e ainda não possuem a titulação definitiva da terra. A partir desses dados, realiza-se uma análise exploratória utilizando-se técnicas de análise multivariada e de geoprocessamento. Os resultados nos territórios analisados aliado a mapas temáticos são subsídios para entender as dinâmicas territoriais e socioeconômicas dos assentados e desenvolver futuras políticas públicas.ReferênciasBERDEGUÉ, J.A; FAVARETO, A. Desarrollo Territorial Rural en América Latina y el Caribe. 2030 - Alimentación, agricultura y desarrollo rural en América Latina y el Caribe, Santiago de Chile, n. 32. FAO, 2019. Disponível em: https://favaretoufabc.files.wordpress.com/2019/10/2019_berdegue_favareto_dtr_seriefaoagenda2030. pdf. Acesso em: 20/03/2020.FAVARETO, A (2010). A abordagem territorial do desenvolvimento rural - mudança institucional ou inovação por adição? Estudos Avançados (USP), v. 24, p. 299-319, 2010.PIRAUX, M., CANIELLO, M. Reflexões retrospectivas e prospectivas sobre a governança territorial para o desenvolvimento rural no Brasil. Raízes: 39(2), p. 359-379, 2019.IBGE.
Sinopse do Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro. 2011.