Resumen de la Ponencia:
O turfe, como esporte tradicional brasileiro, tem importante papel na promoção do esporte moderno, bem como na construção, estruturação e desenvolvimento de outras práticas esportivas. Diante de seu significado social e esportivo, qual a memória do Turfe no Brasil a partir de dois artigos, dissertações e teses publicados nas principais bases de dados científicas? O objetivo é identificar a memória do turfe nas dissertações, teses e artigos publicados nos últimos 11 anos no Brasil. Delimita-se como espaço de publicações às bases de dados Portal de Periódicos da CAPES, SCOPUS, SciELO e Catálogo de dissertações e teses da CAPES, tendo como recorte temporário 2010-2020. A princípio, limitou-se a pesquisa, excluindo artigos, teses e dissertações que não contivessem a palavra “turfe” Não o seu título ou palavras-chave. Depois de aplicar dois filtros, você obtém 12 artigos, 4 dissertações e 2 teses. Com a análise de dois resultados, verifica-se que os acadêmicos que buscarem material coletado no estado do conhecimento, tenderão a construir uma memória voltada principalmente para a história do esporte no Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Estado do conhecimento - Documentário memória histórica - Turf
Introducción:
INTRODUÇÃO: O turfe é um esporte tradicional brasileiro que teve um importante papel na impulsão do esporte moderno bem como na construção, estruturação e desenvolvimento de outras práticas esportivas (MELO; MAIA, 2006). O seu ápice em termos de popularidade no Brasil, aconteceu na cidade do Rio de Janeiro no séc. XIX, quando foram construídos os primeiros hipódromos próximos às residências da elite carioca, bem como da família real de Portugal (ROCHA, 2013). Mesmo que o público do turfe no seu ápice tenha sido elitizado, o universo de sujeitos envolvidos com a modalidade é grande e diversificado, sendo composto principalmente por torcedores, apostadores, criadores de cavalos, atletas, donos e gestores de jóqueis dentre outros agentes que influenciaram o rumo deste esporte, mas que ao mesmo tempo foram marcados por ele. É neste momento que a perspectiva da memória torna-se pertinente, afinal cada um destes agentes construiu alguma memória sobre o turfe, geralmente marcada pela maneira com que vivenciaram esta modalidade, um apostador não necessariamente pensa sobre o turfe do mesmo modo que o gestor de um clube de jóquei, mesmo que tenham o ambiente de apostas em comum. Autores como Jedlowski (2003) e Sá (2015), mapearam o campo da memória quando relacionado à perspectiva social. Foi através de uma análise de outros estudos envolvendo memória e perspectiva social que ambos chegaram à conclusão de que a memória trata-se de uma reconstrução do passado através de elementos do presente. Outro ponto interessante ressaltado por eles, refere-se ao fato de que a necessidade de vivenciar um acontecimento para que o mesmo pudesse vir a tornar-se uma memória deixou de ser obrigatória no campo da memória, ou seja, não é mais necessário vivenciar determinado acontecimento para que se possa construir uma memória sobre o mesmo (SÁ, 2015). É neste sentido que passa a existir uma relação entre memória, história e perspectiva social, para exemplificar, um grupo de alunos pode apresentar uma memória sobre a segunda guerra mundial sem que se quer estivessem vivos quando aconteceu. Isso é possível devido a uma interação direta e significativa com os livros de histórias, vídeos e filmes que retratam a segunda guerra mundial. Enquanto grupos dentro da sala de aula interagindo diretamente tenderiam a construir um tipo de memória, quando esses documentos sobre a segunda guerra mundial são consultados por pessoas que não interagem entre si, a memória passaria a apresentar outras características considerando as circunstâncias que a engendram. No segundo caso é mais difícil de se realizar uma análise da memória construída uma vez que a ausência de interação dos indivíduos dificulta a formação de consenso dentro do grupo. Se os documentos sobre determinados acontecimentos podem ser fonte de construção da memória, como isso poderia acontecer no meio acadêmico? Que tipo de memória os acadêmicos podem construir uma vez que acessam artigos, dissertações e teses sobre determinados assuntos, temas, temas ou acontecimentos? Com base nessas questões elaborou-se a seguinte pergunta de partida: qual a memória do Turfe no Brasil construída a partir dos artigos, dissertações e teses publicados nas principais bases de dados científicas? Para responder esta pergunta, a presente pesquisa detém como objetivo identificar a memória do turfe nas dissertações, teses e artigos publicados nos últimos 11 anos no Brasil. Com a intenção de atingir este objetivo foi elaborado um quadro metodológico, embasado nos referenciais teóricos sobre memória social bem como na metodologia exploratória conhecida como estado do conhecimento. O referencial teórico encontra-se discriminado no tópico mapeamento da memória social.
Desarrollo:
MAPEAMENTO DA MEMÓRIA SOCIAL Os autores, Jedloswki (2003) e Sá (2015), formaram a base norteadora do referencial teórico sobre a memória social na presente pesquisa devido à significância e pertinência que suas obras possuem sobre a temática. Em termos de percepções e tipos de memórias na história, pode-se dizer que aconteceram de formas variadas e com características diferentes, uma vez que cada período da história da humanidade apresentou, contextos, conjunturas sociais e políticas distintas. No livro de estudos de psicologia social, Sá (2015) apresenta a memória social como um campo de estudos atual. Ele fez um mapeamento de recortes da memória social defendendo uma unidade de campo, o que é de grande importância para as pesquisas contemporâneas sobre a temática. O tema da memória ocupou uma parte considerável da reflexão artística, científica e filosófica do século XX. As razões dessa atenção são muitas, e seria muito arriscado reconduzi-las a uma única matriz, contudo é plausível considerar que todas elas tem uma raiz comum na peculiar constelação cultural e social fornecida pela modernidade: se, por um lado, ela provocou a manifestação de um mundo em perpétua mudança que subtrai valor às tradições e gera recorrentes descontinuidades, do outro forneceu documentos técnicos cada vez mais sofisticados que exteriorizam a faculdade humana de lembrar e colocam em questão o seu significado. (JEDLOSWKI, 2003, p. 217) Segundo Sá (2015), há uma falta de linguagem hegemônica no campo da memória social, o que promove uma zona de interseções múltiplas, provavelmente resultado das diferentes matrizes que deram origem ao tema da memória citada por Jedloswki (2003). Deste modo, uma unidade de campo surgiu como denominador comum nos variados usos da memória, em que deixa de ser pensada como uma simples reprodução do passado e passa a ser pensada como uma reconstrução do passado através de elementos do presente (SÁ, 2015). Dentro do mapeamento feito por Sá (2015) da memória social, encontra-se o que o autor chamou de memória histórica, o que em primeiro momento causa estranhamento, afinal o próprio autor cita o veto terminológico entre memória e história feito por Halbwachs, pois segundo ele a história começa a ser escrita quando a memória está acabando. Tratar sobre memória histórica se torna possível devido a expansão do campo da memória para além de Halbwachs sendo possível identificar a formação inclusive de uma memória da história, na qual pretende-se tomar como base teórica da presente pesquisa (SÁ, 2015). A memória da história, pode ser encontrada na memória histórico documental considerada como uma subcategoria que quer dar conta: […] daquilo que Jedlowski chamou de “memória social” e que consistiria nos mais variados registros e traços do passado que se encontram virtualmente disponíveis a qualquer membro de uma determinada sociedade, em museus e bibliotecas, sob a forma de monumentos antigos e assim por diante. (SÁ, 2015, p. 335) O autor continua, ao substituir o termo “social” pela noção histórica de documento, ampliando a concepção usada pelos historiadores, considerando agora todos os registros usados para as pessoas se lembrarem do passado, incluindo aquilo que elas não vivenciaram diretamente (SÁ, 2015). Nesse sentido, a memória histórica documental será usada para que se possa identificar qual a possível memória construída por acadêmicos através do que se tem produzido sobre o turfe digitalizado nas principais bases de dados científicas, em formato de artigos, dissertações e teses. O material levantado no estado do conhecimento será delimitado ao que estiver disponível digitalmente, deste modo o principal ponto em comum entre os sujeitos que possivelmente construírem uma memória histórica documental sobre o turfe será o uso do ciberespaço para acessarem o material. O ciberespaço (que também chamarei de "rede") é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos. (LEVY, 1999, p. 17) A expansão do ciberespaço concomitantemente com o avanço da tecnologia da comunicação e da informação, potencializa a formação da memória histórica documental a temas e assuntos antes restritos a bibliotecas físicas de escolas e universidades, o que significa que o público que acessar os artigos, dissertações ou teses levantadas neste estado do conhecimento é possivelmente maior. No tópico metodologia, encontra-se o relato do caminho seguido para a coleta, análise e discussão dos dados. METODOLOGIA: Esta pesquisa possui natureza quanti-qualitativa, pois envolve o uso de metodologias objetivas, mais numéricas e quantitativas em algumas etapas do estado do conhecimento como a categorização, levantamento e inferências básicas, bem como envolve o uso de metodologias que exigem maior profundidade e elementos subjetivos em etapas do estado do conhecimento quando associado a memória histórico documental. A metodologia do estado do conhecimento exige pesquisas exploratórias fundamentais em qualquer pesquisa, pois permite levantar o que foi produzido sobre a temática estudada, mas no caso da presente pesquisa será usado para ir mais além do que conhecer os estudos atuais sobre um tema, sendo que a produção fará parte do objeto de pesquisa, analisado a partir de uma perspectiva da memória histórico documental. Em linhas gerais, o estado do conhecimento pode ser definido como a: "[...] é identificação, registro, categorização que levem à reflexão e síntese sobre a produção científica de uma determinada área, em um determinado espaço de tempo, congregando periódicos, teses, dissertações e livros sobre uma temática específica. Uma característica a destacar é a sua contribuição para a presença do novo na monografia." (MOROSINI; FERNANDES, 2014, p. 155) Diferentemente do estado da arte que exige o levantamento de toda a produção acadêmica sobre o tema, o estado do conhecimento permite uma delimitação, a qual pode seguir parâmetros territoriais, de formato de relatório de pesquisa, temporais, periódico ou base de dados em que foi publicada dentre outras possibilidades. O que irá determinar qual a delimitação escolhida é o objetivo pelo qual o pesquisador optou por realizar o estado do conhecimento, em outras palavras, de que forma o estado do conhecimento irá contribuir para responder a pergunta de partida. Delimitou-se como espaço de publicações as bases de dados portal de periódicos da CAPES e Catálogo de dissertações e teses da CAPES, tendo como recorte temporal 2010-2020, período equivalente aos últimos 11 anos de publicações. Em um primeiro momento os trabalhos selecionados foram delimitados, sendo excluídos artigos, teses e dissertações que não continham a palavra "turfe" no seu título ou palavras chaves. Na sequência, para a identificação da memória produzida sobre o turfe nestes trabalhos, foram considerados o título, objetivo, metodologia e conclusões dos trabalhos, sendo que a priori delimitou-se como categoria teórica a memória histórica documental mapeada por Celso Pereira de Sá no livro “Estudos de Psicologia Social”. Depois da etapa de levantamento, para a realização da etapa seguinte de categorização estipulou-se um quadro contendo os seguintes elementos: Identificação: qual o título da obra, nome dos autores, data de publicação, formato de publicação? Área de pesquisa: Em que área foi publicada? Período do turfe: A que época do turfe a obra retrata ou trás como pano de fundo? Turfe patrimônio: O turfe ou algum elemento envolvendo este esporte é caracterizado como patrimônio? Pano de fundo: Em que contexto empírico o turfe é discutido? Categorias teóricas: Qual a fundamentação teórica usada para tratar sobre o turfe? Público: Qual o público que acessa este material? Algumas destas categorias são comumente usadas no estado do conhecimento como a identificação por exemplo, no entanto outras como período do turfe e turfe patrimônio, são mais específicas da presente pesquisa e foram determinadas por contribuir para a análise da produção sobre o turfe a partir de uma perspectiva da memória histórico documental. RESULTADOS E DISCUSSÕES: Após a aplicação dos filtros previamente definidos, obteve-se 13 artigos nas bases de dados Portal de periódicos da CAPES, bem como 6 dissertações e 5 teses no Catálogo de dissertações e teses da CAPES. Os artigos foram previamente classificados alfa-numericamente no quadro 1. QUADRO 1 - Classificação alfanumérica dos artigos encontrados no estado do conhecimento (continua) CLASSIFICAÇÃO TÍTULO DO ARTIGO A1 Ação de capacitação de boas práticas de manejo e bem-estar animal aos profissionais do turfe do jockey club de pelotas A2 O vício inerente: fronteiras materiais, simbólicas e morais nas apostas do turfe A3 Práticas equestres de corrida no rio grande do sul: configurações e redes de interdependência QUADRO 1 - Classificação alfanumérica dos artigos encontrados no estado do conhecimento (conclusão) CLASSIFICAÇÃO TÍTULO DO ARTIGO A4 A pureza do sangue híbrido: os bastidores do turfe para a produção de cavalos e homens de corrida A5 Corridas de cavalos em campinas: das ruas e dos quilombos ao hipódromo (1870-1898) A6 Revista do globo: as mulheres porto-alegrenses nas práticas equestres A7 Embates na sociedade fluminense: a experiência do prado guarany (1884-1890) A8 Um hipódromo suburbano: a experiência do club de corridas santa cruz (rio de janeiro — 1912/1918) A9 Uma arqueologia do esporte: a paisagem do prado guarany (1884-1890) A10 Forjando a capital: as experiências dos primeiros clubes de turfe e remo de niterói (décadas de 1870-1880) A11 A dívida galopante: a economia das apostas e os significados dos usos do dinheiro no turfe A12 Na pata do cavalo: um estudo etnográfico com apostadores do turfe em agências credenciadas do jockey club brasileiro A13 Dupla carreira para estudantes atletas do turfe: entendendo a dedicação à escola e ao esporte Fonte: os autores Pelos títulos dos artigos percebe-se uma tendência de produção de pesquisas com temas variados, no entanto percebe-se que alguns temas aparecem mesmo que de modo diferente no título de mais de um artigo, como “corridas de cavalos”, “Hipódromo”, “Prado” e “Apostas”. Mesmo que um título tenha em média no máximo três linhas, sua importância é significativa e fundamental para o leitor. A palavra “título”, etimologicamente, vem do latim titulus. O título surge em primeiro lugar como anúncio ou mesmo um rótulo. Ele não surge por si só, mas para se referir a algo que lhe é exterior. Normalmente, o título deve exprimir a temática específica que determina o texto. O título é frequentemente destacado e citado, não sendo raros os casos em que ele é o único “pedaço” da obra que a maioria conhece. (IMBELLONI, 2012, p. 140) No caso da presente pesquisa, é possível identificar no título possivelmente o elemento central da memória construída pelos acadêmicos que consultarem o material levantado no estado do conhecimento, ou pelo menos o que os farão consultar o material como um todo. No quadro 2 encontra-se exposto a área de concentração em que os artigos foram publicados, o que permite identificar o público que apresenta maior tendência a acessar os artigos publicados. QUADRO 2 - Categorização dos artigos encontrados no estado do conhecimento por área de concentração: CLASSIFICAÇÃO ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO A1 Medicina Veterinária A2 Antropologia A3 Educação Física A4 Antropologia A5 Educação Física A6 Educação Física A7 História A8 História A9 Arqueologia do Esporte A10 História A11 História A12 Antropologia A13 Educação Fonte: os autores No quadro 2, percebe-se que algumas áreas de concentração apareceram mais do que outras, proporcionalmente a área de história foi a mais encontrada fazendo parte da perspectiva de 30% (4/13) dos artigos, seguida da educação física 23% (3/13) e antropologia 23% (3/13). Denota-se com estes dados, que há maior tendência de historiadores e acadêmicos de história, antropólogos, profissionais e acadêmicos de educação física, buscarem pelos artigos levantados no estado do conhecimento, podendo construir uma memória de cunho histórico documental sobre o turfe. Quanto a qual memória sobre o turfe os sujeitos construíram a partir dos artigos, o gráfico 1 e o quadro 2 apresentam elementos importantes. No gráfico 1, constam quais períodos do turfe foram investigados. Fonte: os autores Em nenhuma das pesquisas percebe-se estudos que consideraram períodos acima de dez anos do turfe, sendo dado enfoque em diferentes períodos desta modalidade esportiva em cada artigo, alguns mais recentes como os artigos A1, A2, A4, A11 e A12 que investigaram o turfe a partir do séc. XXI, enquanto outros pegaram o início do turfe como os artigos A3, A5, A7, A9 e A10, que investigaram o turfe no séc. XIX. Apenas dois artigos investigaram o turfe no séc. XX. Deste modo, infere-se que há uma tendência nos últimos doze anos de publicações sobre o turfe no formato de artigo, tendo como pano de fundo o séc. XIX e o séc. XXI, o turfe no esporte antigo e o turfe no esporte moderno, tendo menos pesquisas no desenvolvimento do turfe no séc. XX. A significativa quantidade de pesquisas voltadas ao séc. XIX, reflete a força da modalidade no período, pois foi quando aconteceu o ápice da popularidade do turfe no Brasil (ROCHA, 2013). Depois de considerar o período em que o turfe foi investigado nos artigos, optou-se por analisar o pano de fundo e categorias básicas que o envolveram enquanto objeto de análise. Nesse sentido foi elaborado o quadro 3. QUADRO 3 - Contextualização do turfe nos artigos levantados no estado do conhecimento (continua) CLA SSI FIC AÇÃ O CATEGORIAS BÁSICAS PANO DE FUNDO A1 Bem estar animal saúde, manejo e bem-estar animal, através da capacitação de profissionais que atuam com os cuidados e manejo de animais de corrida. A2 Turfe, vício, jogo, apostas, estigm a Os limites morais empregados pelos próprios jogadores reproduzem a dualidade entre o lazer lúdico e o vício em potencial, inserindo duas faces representativas na mesma atividade. A3 História. Esporte. Turfe. Carreiras de cancha reta. A pesquisa trata de uma análise das corridas de cavalos como práticas equestres que estabeleceram configurações culturais e esportivas no estado do Rio Grande do Sul. A4 Jogo. Cavalo. Domesticação. Turfe. Apostas. Análise reflexiva referente à relação estabelecida entre os cavalos da raça Puro Sangue Inglês (PSI) e as práticas do esporte de corridas denominado de turfe. A5 Corrida de cavalos Natureza. Turfe. Analisa o surgimento e o desenvolvimento inicial das corridas de cavalos em Campinas, entre 1870 e 1898. A6 Esporte; Turfe; Hipismo; História; Mulheres Identificar que representações das mulheres nas práticas equestres em Porto Alegre foram produzidas pela Revista do Globo no período de sua publicação QUADRO 3 - Contextualização do turfe nos artigos levantados no estado do conhecimento (conclusão) CLA SSI FIC AÇÃ O CATEGORIAS BÁSICAS PANO DE FUNDO A7 Motivações e repercussões na construção de memórias da cidade. Discutir a experiência do Prado Guarany, no Rio de Janeiro do século XIX, ativo entre os anos de 1884 e 1890. motivações e repercussões na construção de memórias da cidade. A8 Estigmas e problemas operacionais Discutir a experiência do Club de Corridas Santa Cruz (Rio de Janeiro), uma sociedade de turfe que se manteve ativa entre os anos de 1912 e 1918. A9 Urbanização e processos seletivos da memória Objetivo prospectar a possível localização do Prado Guarany, um dos hipódromos que houve no Rio de Janeiro do século XIX, A10 Capitalidade da cidade Discutir as experiências dos primeiros clubes de turfe e remo estruturados em Niterói (décadas de 1870-1880). A11 Mercado de jogos e apostas Neste trabalho discuto a imbricada relação dessa atividade com o dinheiro produzindo uma economia específica de trocas entre seus jogadores. Aqui, proponho discutir o que está efetivamente sendo jogado. A12 Mercado de jogos e apostas, campos de disputas Pesquisa etnográfica realizada no âmbito do mercado de jogos de apostas situados na cidade do Rio de Janeiro. Neste sentido, o material baseia-se em séries de questões vinculadas ao campo econômico/urbano inserido no contexto das grandes cidades. A13 Educação e formação de atletas Entender como os estudantes-atletas de turfe administram as rotinas de treinamento e competições desse esporte com as horas destinadas à escolarização Fonte: os autores Ao analisar os dados presentes no quadro 3, percebe-se nas categorias básicas que o foco dado aos temas identificados nos títulos dos artigos foi diferente, apresentando no entanto, as categorias “apostas”, “história”, “esporte” e “corridas” como elementos em comum no tema geral. O pano de fundo dos artigos apresenta aspectos econômicos, históricos, sociais, éticos, culturais, esportivos e de lazer envolvendo o turfe, o que indica que não se trata apenas de um esporte, mas de um fenômeno com diferentes facetas. É importante ressaltar que: O esporte desempenha um importante papel na formação do homem e da vida em sociedade, como matriz de socialização e transmissão de valores, forma de sociabilidade moderna, instrumento de educação e saúde, ligado às expressões artísticas e, ao mesmo tempo, palco de violência. Possui papel destacado nas mídias e, às vezes, é fonte de discriminação, local amplo de atuação de trabalho e tem parte de sua estrutura ancorada na mercantilização das práticas corporais. Enfim, um fenômeno múltiplo que também contribui para a valorização do movimento e a busca de qualidade de vida dos praticantes. (ALMEIDA; ROSE JUNIOR, 2010, p. 11) Quando as categorias se repetem no pano de fundo dos artigos, a perspectiva usada é diferente, deste modo quem ler todos os artigos sobre o turfe levantados no estado do conhecimento da presente pesquisa, terá a tendência de formar uma memória histórica documental com perspectiva interdisciplinar sobre o turfe. Com relação às pesquisas mais densas, das 6 dissertações e 5 teses, estão disponíveis para consulta digital 4 dissertações e 2 teses. Como o objetivo é identificar a memória do turfe nas dissertações, teses e artigos produzidos em acadêmicos que têm como característica em comum consultar as pesquisas através de bancos digitais, optou-se por concentrar a análise dos resultados somente no material disponível para acesso digital. As dissertações foram classificadas alfa-numericamente, sendo assim D1 (Panorama do esporte em manaus), D2 (As práticas equestres em porto alegre: percorrendo o processo de esportivização), D3 (Fatores não genéticos e desempenho de cavalos puro sangue inglês no brasil) e D4 (A escola de jóquei a escolha da carreira do aluno atleta) representam as 4 dissertações disponíveis, enquanto T1 (Na pata do cavalo) e T2 (Configurações sociohistóricas da equitação no rio grande do sul:) representam as 2 teses. No segundo momento de categorização, foram consideradas as áreas de concentração em cada pesquisa, o que permite identificar por qual perspectiva mais ampla o turfe foi analisado e discutido em cada dissertação e em cada tese. A relação entre as áreas de concentração e o formato de pesquisa desenvolvido, encontra-se exposto no quadro 4. QUADRO 4 - Categorização das áreas de pesquisas dos estudos realizados sobre o turfe ÁREA DE CONCENTRAÇÃO FORMATO DE PESQUISA Ciências do movimento Dissertação Zootecnia Dissertação Educação Dissertação Estudos do lazer Dissertação Antropologia Tese Ciências do movimento humano Tese Fonte: os autores. Através do quadro 4 é possível perceber que o público acadêmico que se interessa por pesquisas mais densas relacionadas ao turfe possui diferentes perspectivas de pesquisa, não somente aquelas que possuem maior contato com o Turfe enquanto esporte (áreas voltadas a educação física) ou enquanto prática equestre (áreas voltadas à Zootecnia). A presença de áreas como antropologia, lazer e educação nas pesquisas já publicadas indicam que o público que a acessou não é necessariamente específico e limitado a uma única categoria de interesse. Se comparado os resultados expostos no quadro 4 sobre as teses e dissertações com o quadro 2 sobre os artigos, identifica-se uma variação menor de áreas de concentração, o que é natural ao considerar que foram encontrados através do estado do conhecimento em artigos o equivalente ao dobro do total de dissertações e teses juntas. No gráfico 2, encontram-se discriminados os primeiros elementos sobre o contexto do turfe dentro das dissertações e teses levantadas no estado do conhecimento, sendo o período do turfe um importante elemento de pano de fundo pelo qual o turfe foi analisado. Fonte: os autores Na maioria das pesquisas o turfe foi estudado por um período curto de tempo, a não ser pela T2, na qual foi realizado um estudo considerando o contexto de todo o século XX do Turfe no Rio Grande do Sul. Se for considerado todo o período de turfe pesquisado, tem-se um período de 119 anos, dentro do qual o Turfe passou por diversas transformações. Com a análise destes dados é possível inferir que o Turfe apresentado aos acadêmicos que acessarem o material levantado no estado do conhecimento, compreende toda a transformação do esporte, desde seu surgimento no Brasil, seu ápice em termos de popularidade até a sua modernização, quando já não detinha mais a mesma popularidade, dando lugar ao ciclismo, que por sua vez deu lugar ao futebol de hoje (JEUKEN, 2017). Para analisar a natureza das pesquisas, em que sentido e contexto o turfe é apresentado aos acadêmicos que acessaram as dissertações e teses levantadas neste estado do conhecimento, elaborou-se o quadro 2, onde foram categorizados o pano de fundo e categorias básicas usadas. QUADRO 5 - Contextualização do turfe nas dissertações e teses levantadas no estado do conhecimento: Pesqu isas Categorias Básicas Pano de Fundo D1 História do esporte; Esporte; Impressa; Organização esportiva da cidade de Manaus. D2 História cultural; Esportivização; Lazer e esporte; Esportivização de práticas equestres. D3 História do turfe no brasil; Desempenho de cavalos; Genética e cavalos Desempenho e genética de cavalos. D4 Projeto individual; Comportamento/motivação; Escolha racional; Profissionalização do turfe em idade escolar. T1 Etnologia; Corridas de cavalos; Mercado de jogos de apostas. T2 História do esporte; Equitação; Hipismo; Configurações das práticas equestres do rio grande do sul. Fonte: os autores Mesmo com a distinção de áreas de concentração nas pesquisas, as categorias básicas foram centralizadas em aspectos históricos e esportivos do turfe. Por outro lado as pesquisas apresentaram categorias únicas que diferenciam o foco dado nos trabalhos como imprensa, lazer, desempenho e genética de cavalos, comportamento e equitação. No pano de fundo de cada dissertação e tese, é possível perceber a presença das categorias básicas, desta vez com os aspectos históricos e esportivos presentes conjuntamente, como na esportivização e na organização esportiva. Além dos aspectos históricos e esportivos, identifica-se aspectos econômicos (mercado de jogos de apostas) bem como a presença de dois “atletas”, o jóquei no âmbito da profissionalização e o cavalo em termos de desempenho ligado à genética. Apesar de não ser o foco deste trabalho identificar lacunas nem possibilidades de pesquisas futuras como um estado do conhecimento comumente resulta (MOROSINI; FERNANDES, 2014), é no mínimo pertinente entender a dicotomia do termo atleta no turfe, e como diz respeito a universos totalmente diferentes, o que se encontraria como resultados quando colocado o atleta jóquei e o atleta cavalo como objeto de análise em uma pesquisa comparativa? Quais seriam as principais aproximações e distanciamento entre os dois atletas?
Conclusiones:
O artigo científico vem apresentando um crescimento exponencial em termos de acesso na comunidade científica brasileira, no portal de periódicos da CAPES por exemplo, só do ano de 2019 para o ano de 2020, ocorreu um crescimento de aproximadamente 2 milhões de acessos segundo o Ministério de Educação. (BRASIL, 2020). Esses dados contribuem para responder porque foi encontrado o dobro de artigos do que dissertações e teses juntas envolvendo o tema turfe. Sendo assim, há uma tendência maior do público interessado no turfe em acessar mais artigos do que dissertações e teses sobre o tema. Quanto a este público, se consultar apenas os artigos, tenderá a construir uma memória histórica documental do turfe centrada na história, no esporte, nas apostas e corridas envolvendo este esporte, tendo a possibilidade de entender relações econômicas, sociais, históricas, de esporte, de lazer e de ética com o turfe. Com a análise e interpretação dos resultados encontrados nas dissertações e teses, os acadêmicos que consultarem efetivamente e usarem estes materiais, poderão construir uma memória histórica documental do turfe enquanto um esporte que a muito tempo está presente no cenário brasileiro, que passou por diversas mudanças detendo não só importância na constituição do esporte moderno, como também sendo inserido em uma nova conjuntura agora moderna do esporte sofrendo influência da mesma. Além disso, os acadêmicos poderão perceber a importância central da história e do esporte nas discussões em torno do turfe, bem como de outras categorias significativas como o papel da mídia, do mercado de apostas, da genética e profissionalização dos jóqueis desde cedo na idade escolar. Também poderá fazer parte desta memória, o atual momento da modalidade, bem como as novas perspectivas sobre o turfe dos acadêmicos uma vez que usarem o que encontraram nas dissertações e teses em seus próprios objetos de pesquisa.
Bibliografía:
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Palabras clave:
Estado do conhecimento - Memória histórico documental - Turfe