Resumen de la Ponencia:
A informalidade e a precarização do trabalho foram dominantes nos países capitalistas periféricos junto às experiências do trabalho regulado por novas conquistas de proteção legal. Um e outro apresentaram formas de resistência à mercantilização e a degradação do trabalho (Antunes, R.2020) e reinventaram estratégias a partir de diferentes matizes do sofrimento comum.Em 2020 assistimos a primeira Paralização Nacional dos Entregadores de Aplicativos no Brasil. As grandes
empresas-plataforma do capital corporativo viram os trabalhadores brasileiros unirem-se a uma luta internacional por direitos. Nas várias capitais do país as reinvindicações e denúncias sobre o pagamento de taxas de entrega injustas, as longas jornadas extenuantes para compensar os gastos com seus meios de trabalho, a falsa ideia de autonomia e parceria pautadas numa relação de
autogerenciamento subordinado (Abilio, L. 2019), a lógica dos algoritmos que efetivam a tecnologia do controle por aplicativos na manutenção da superexploração, a clareza de que os acidentes e adoecimentos – físico e mental – são fruto deste modelo de trabalho e da ausência de garantias de proteção à saúde, tomaram força nas ruas. Durante a pandemia as desigualdades de classe, raça e gênero, são escancaradas em nossa sociedade. Os trabalhadores
uberizados aparecem como uma das principais categorias atingidas mortalmente. Evidencia-se aí a lógica do capitalismo de plataforma na sua perversa racionalidade do descarte humano. Nas duas últimas duas décadas assistimos o aprofundamento das formas de exploração dos trabalhadores no mundo, destacadamente no chamado
sul global, com o avanço neoliberal aliançado à projetos de governos privatizantes e de representações golpista, militares ou não, junto a uma burguesia nacional subalterna ao capital empresarial e financeiro internacional. Se por um lado acelerou-se a destruição dos direitos trabalhistas, enfraquecendo o modelo de luta sindical, o aprofundamento contínuo das contradições entre capital e trabalho, expresso nas novas formas de exploração e controle através das tecnologias digitais, não impediu as
agitações dos trabalhadores urbanos. Situadas no contínuo fazer-se e refazer-se da classe trabalhadora, os trabalhadores foram capazes de manter os elos geracionais das lutas. A classe como fenômeno histórico é capaz de unir experiências comuns concretas e processos de consciência de classe que surgem da
mesma forma em tempos e lugares diferentes, mas nunca exatamente da mesma forma (E. P. Thompson, 1987) A Invenção de estratégias criativas onde as tecnologias da internet servem à organização da luta, as organizações independentes e o cooperativismo, ligam-se às greves e as redes de solidariedade entre os trabalhadores. De diferentes modos, as formas atuais de enfrentamento das trabalhadoras e trabalhadores nos permitem enxergar a
universalidade da luta (Van der Linden,M. 2013). Esta comunicação pretende discutir centralmente as questões em torno da internacionalização da luta por direitos dos trabalhadores entregadores por aplicativos no Brasil e no mundo.