Resumen de la Ponencia:
Em razão da disputa em andamento entre a Federação Paulista de Judô (FPJudô) e a Confederação Brasileira de Judô (CBJudô), a história da modalidade do judô paulista está sendo marcada por uma crise. A revés dos ditames democráticos, um grupo que se perpetuou no poder por 30 anos, tem reiteradamente recusado a realização de novas eleições, o que já gerou, inclusive, intervenção judicial. Dado que o último mandato se encerrou em março de 2021 e o grupo da situação não deu espaço para que o processo democrático tivesse lugar, atualmente há uma série de questionamentos jurídicos em curso. Em razão disso, um movimento clamando por renovação e transparência (RenovaJudô) acionou o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) do judô para intervir e buscar a restauração da ética e da transparência da gestão da modalidade. Tomando por base os fatos acima narrados, interessa perceber o papel que o discurso de ódio desempenha nessa disputa, a partir da plataforma midiática (Revista Budô), utilizada pelo grupo da situação para perfilar ódio e ataques contra o grupo da oposição (RenovaJudô) em seu site. Por meio de um mapeamento do ano de 2021 na plataforma, verificam-se sete matérias veiculadas contra o movimento RenovaJudô. Dada a natureza ofensiva dos discursos articulados nesse veículo, os autores adotam como respaldo teórico, as definições sobre discurso de ódio cunhadas por Brugger (2007), Schafer, Leivas e Santos (2015), Rosenfeld (2001) e Brown (2017; 2018) que permitem trabalhar com três categorias empíricas: (i) efeitos imediatos (insultar, assediar e intimidar); (ii) marcar um inimigo; e (iii) alterar o estado das coisas. A análise de uma, dentre as sete matérias publicadas em 2021, deixou evidente o discurso de ódio perpetrado pela revista Budô em 2021 (Rocha; Motta; Erchov, 2022). Tal fato enseja a necessidade do aprofundamento do exame do discurso dessa plataforma, o que se pretende a partir dessa pesquisa, que tem como objetivo compreender a produção sistemática do discurso de ódio por parte da Revista Budô, ao longo de 2021. Para esse fim, elege-se como objeto empírico duas matérias, veiculadas nos dias 16 de fevereiro e 5 de maio de 2021, a serem examinadas a partir de uma categoria empírica específica: marcar um inimigo. Adota-se como itinerário teórico-metodológico, a Análise de Discurso de Linha Francesa (ADF). O estudo conclui pela reiteração do ódio no fazer discursivo da Revista Budô e revela que a oposição política ao movimento Renova Judô não se realiza por meio da via democrática, mas, ao contrário, solapa esta via ao articular discursivamente a construção de um inimigo. Demonstra como a revista Budô vem reiteradamente construindo uma narrativa discursiva para manutenção de uma situação que, na prática, se materializa em perdas irreparáveis para a gestão do judô paulista.