Resumen de la Ponencia:
A crise financeira global de 2008 desencadeou uma grande recessão e representou, de acordo com Dumenil e Levy (2014), uma crise do próprio capitalismo neoliberal. Assim, a necessidade de se realizar transformações nas políticas econômicas e no capitalismo neoliberal mostrou-se incontornável. As crises capitalistas se confirmaram cíclicas em 2008. Em decorrência disto, a destinação de parcela significativa dos investimentos públicos nas áreas sociais para o setor financeiro intensificou-se (BALANCO; NASCIMENTO, 2021). Essas turbulências refletem-se nos processos de integração regional. Acompanhando as tendências globais, as trocas econômicas, as taxas de investimento e circulação de capital, como preveem os estudos, se contraíram, em consequência das incertezas na economia mundial. Com a pandemia do Sars-Cov2, a crise se agravou ainda mais, sobretudo, nas periferias e semiperiferias do sistema global. Com a criação de novas vacinas e a imunização da população, ainda que de forma desigual, a recuperação mundial tende a ser lenta. E com as reformas orientadas pelo mercado e a redução da proteção social através das políticas de austeridade, a realidade social de muitas nações torna-se ainda mais severa(BLYTH, 2018). Feitas estas considerações, este estudo se propõe a analisar os desdobramentos da crise de 2008, da pandemia do coronavírus, o lugar do capital financeiro no aprofundamento das desigualdades globais e sua interface com a integração regional, sendo este o tema do estudo
. Para isso, utilizaremos o Mercado Comum do Sul como objeto, em especial, Argentina e Brasil.O problema de pesquisa é: Em um cenário de crise do capitalismo neoliberal agravada pela pandemia e expansão das desigualdades globais, como a integração regional pode contribuir no enfrentamento das crises argentina e brasileira? Partimos da hipótese que transformações na natureza do capitalismo, inevitavelmente afetarão os processos de cooperação, integração e os assuntos internos das nações.O objetivo geral é analisar os impactos socioeconômicos da crise do capitalismo neoliberal, da pandemia e das desigualdades globais no MERCOSUL. Os objetivos específicos são: 1) averiguar como o MERCOSUL incide atualmente nos interesses e projetos de recuperação de Brasil e Argentina, e; 2) analisar como a integração regional contribui ou não para o enfrentamento das desigualdades.Trata de uma pesquisa qualitativa, exploratória e o marco teórico a ser trabalhado é o de(s)colonial e as abordagens críticas do estruturalismo latino-americano e da teoria da dependência. Como justificativa, este estudo é aplicável ao GT 24. Também, a integração faz parte das estratégias de desenvolvimento e inserção internacional dos países do MERCOSUL, assim como é uma estratégia de combate ao subdesenvolvimento e isolamento econômico, conforme preceitos da CEPAL. Soma-se a isto que o relatório da CEPAL (ONU, 2022) mostra que a desigualdade na América Latina tem sido subestimada. Por fim, a crise sistêmica completará 14 anos em 2022, evidenciando sua complexidade.