Resumen de la Ponencia:
O artigo apresentado é derivado de pesquisa sobre a gestão realizada pelo Governo Federal Brasileiro para atender ao fluxo migratório de venezuelanos na fronteira entre Brasil e Venezuela, no estado de Roraima, no período de 2017 a 2020. Os objetivos deste texto recaem para análise da indústria migratória no território de fronteira brasileira, no contexto das ações emergenciais ao fluxo migratório venezuelano. Foram utilizados múltiplos instrumentos de coleta de dados tais como:
site da Operação Acolhida, atas de reuniões do CFAE, planilhas das Agências da ONU e registro próprio da pesquisadora por meio de atividades de campo. Com o aumento dos fluxos migratórios de haitianos e venezuelanos, em especial com atuação da Operação Acolhida, passa-se, a registrar a presença de um número significativo de entidades que colaboram com as ações desenvolvidas no processo migratório venezuelano, especialmente nas estratégias de acolhimento institucional e interiorização. A atuação de um número intenso de pessoas, voluntárias ou não, associada ao conjunto de recursos financeiros empreendido na Operação Acolhida recolhem o véu que desvenda uma categoria em cena e que se posiciona como uma peça importante na engenharia dos fluxos migratórios, a chamada indústria migratória. Os resultados indicaram que de um conjunto de 213 instituições, empresas, entidades e outras organizações catalogadas e que possuem participação nas ações do fluxo migratório venezuelano, 65% são da sociedade civil e congênere, 14% são de entidades religiosas, 12% de outros (incluindo empresas do setor privado) e 6% compõem o serviço público da União. Em 2018, o Plano Regional de Resposta a Refugiados e Migrantes Venezuelanos (PRRM) – Plataforma Brasil continha cerca de 20 organizações em sua composição, 9 das quais eram parte do Sistema ONU no país (ACNUR, OIM, ONU Mulheres, PNUD, ONU Meio Ambiente, UNESCO, UNFPA, UNICEF e UNODC) e outras 11 eram da sociedade civil. O maior recurso empreendido no ano de 2018 foi do governo federal brasileiro (destinado em grande medida ao Ministério da Defesa) e nos anos seguintes, há uma tendência de queda no investimento desses recursos e, por outro lado, a ONU apresenta uma tendência de aumento de recursos. A Operação Acolhida inicialmente idealizada apenas como uma ação humanitária, passa a revelar a presença de diversas influências, sejam elas com viés mercantilista ou não, um cenário em que, além da conjuntura que apresenta o aprofundamento da refração do Estado com as políticas sociais brasileiras, sofre influências de entidades da sociedade civil, instituições religiosas, empresas privadas, organismos internacionais que orquestram a indústria da migração, a qual também é influenciada por questões geopolíticas em ambiente contraditório. Palavras-chave: Migração. Fluxo migratório. Política social. Indústria migratória.