Resumen de la Ponencia:
Neste
trabalho, a partir de etnografia realizada na Cidade Baixa, bairro de Porto Alegre, no Brasil, apresento como os lugares de lá foram praticados no decorrer da pandemia de COVID-19
. A Cidade Baixa é conhecida por sua intensa vida noturna, concentrando um grande número de bares, restaurantes e casas noturnas e atraindo milhares de pessoas de perfis diversificados. Em minha pesquisa, venho observando como, além dos estabelecimentos citados, as ruas também têm sido utilizadas como lugar de festa, em que aparecem práticas e sociabilidades que se distinguem do que acontece no entorno. Nas ruas, os jovens levam caixas de som e bebidas de casa, tendo como ritmo predominante o funk. Há também certo nomadismo interno na Cidade Baixa, em que as pessoas se deslocam e frequentam diferentes pontos do bairro em uma mesma noite, configurando um fluxo próprio de aglomerações. O fenômeno que chamo de
arruaça gera incômodos para parte da vizinhança, que mobiliza o poder público, sobretudo a policia, para conter aglomerações nas ruas. O isolamento social decorrente da pandemia trouxe, no entanto, um elemento novo ao cenário: as medidas de segurança sanitária passaram a determinar a relação das pessoas com os espaços públicos, de modo que a ocupação das ruas para festas passou a ser um problema não só pelo barulho que incomoda os vizinhos, mas também pela saúde pública. Meu objetivo aqui é demonstrar as mudanças, continuidades e adaptações que as dinâmicas noturnas da Cidade Baixa sofreram durante a pandemia, em conformidade com os diferentes graus de flexibilidade que regularam as possibilidades de aglomerações. Alguns estabelecimentos tiveram que fechar durante um período, outros fecharam definitivamente e ainda outros abriram, mesmo com o aparente cenário difícil para o entretenimento noturno, assim estimulando mudanças nos fluxos de ocupação das ruas do bairro, o que analiso a partir dos dados de observação participante e de diálogos que mantive com frequentadores da Cidade Baixa.