Resumen de la Ponencia:
No Brasil contemporâneo, em que o neoliberalismo avança sobre todas as esferas da vida social, como não poderia deixar de ser por tratar-se de um processo totalizante, trabalho e sindicato vêm enfrentando, destacadamente após o Golpe de 2016, uma série de ataques articulados. Para os sindicatos, isso se deu sob diferentes aspectos, desde a repressão violenta, passando pela crise financeira provocada pelos ataques às fontes tradicionais de financiamento até a busca pela adequação de suas práticas de modo a neutralizar seu potencial emancipatório.A partir de uma pesquisa bibliográfica sistemática realizada nas bases de dados SCIELO e CAPES periódicos, identificamos nas análises sobre o tema, o foco nas contradições da atuação dos sindicatos frente às transformações da classe trabalhadora ao levar em conta que os sindicatos estariam realizando um movimento de aproximação e afastamento em relação ao capital e ao trabalho, respectivamente. Isto estaria se dando a partir da entrada dos sindicatos em espaços próprios do mercado como agentes que interagem e interferem neles, do abandono da conflitualidade entre capital e trabalho, da perda de representatividade em relação a classe trabalhadora tanto pela diminuição absoluta de trabalhadores sindicalizados quanto pela atuação cada vez mais fragmentada e competitiva e a consequente descaracterização de seu caráter classista.Assim, sob o âmbito organizacional, tais mudanças refletem a incorporação do gerencialismo pelos sindicatos como meio de contornar a crise provocada pelos ataques sofridos. Por sua vez, o gerencialismo, como braço operacional do neoliberalismo voltado para o disciplinamento dos trabalhadores, é uma ideologia pois vincula-se às determinações sociais reais, como técnica, por mediação do trabalho, e afasta-se dessas determinações sociais reais, constituindo-se num universo sistemático, organizado, refletindo deformadamente o real, enquanto ideologia. Em um sentido operacional, o gerencialismo tem a função de elemento mediador entre macrossociedade e microorganização (TRAGTENBERG, 1971).Como consequência, ocorre um deslocamento do foco das disputas para antagonismos que não são a origem dos conflitos sociais. Deixa-se, assim, de enfrentar as contradições fundantes pelo seu ofuscamento. Para os sindicatos, ao incorporar técnicas, modos e modelos organizacionais ligados ao gerencialismo (incluindo seu financiamento), o fazem sob uma falsa percepção de que, sob o aspecto organizacional, esses movimentos ocorrem em um campo neutro, no qual se deve empregar a melhor técnica para o bom desenvolvimento das finalidades da organização, como se a disputa a se fazer fosse a busca da eficiência no nível da gestão. Para o gerencialismo, atuar nessa área é o meio mais eficiente de neutralizar os sindicatos, já que afeta diretamente a organização da luta dos trabalhadores.ReferênciasTRAGTENBERG, Maurício. A teoria geral da administração é uma ideologia? Revista Administração de Empresas, São Paulo , v. 11, n. 4, p. 7-21, 1971.