Resumen de la Ponencia:
A pandemia do novo coronavírus acelerou uma tendência de formas de participação social e política que já vinham em evidência na sociedade contemporânea, o ativismo digital ou o ciberativismo, em seus diferentes tipos e graus. Com as medidas de prevenção e controle à Covid-19, que visavam reduzir a circulação de pessoas nos centros urbanos, como as quarentenas, ativistas e movimentos sociais com forte presença off-line precisaram reinventar estratégias e formas de atuação on-line para se manterem ativos. Aqueles já totalmente consolidados nesse ambiente tiveram a chance de crescer e se por em evidência. É o caso do ativismo proposto pelos abaixo-assinados on-line, também chamados petições on-line. As redes sociais digitais têm sido bastante utilizadas por diversos grupos como meio de mobilizar e dar visibilidade a causas defendidas por ativistas no mundo todo. Com a pandemia, elas passaram a ser, praticamente, os únicos espaços para fazer protestos e manifestações e também têm sido o caminho utilizado para divulgação e busca de adesões das petições online. Em 2020 e 2021, protestos que aconteceriam exclusivamente nas ruas foram transferidos para a internet. As marchas virtuais se avolumaram, como a Marcha Mundial de Mulheres, a Marcha pela Ciência, promovida pela SBPC, ou as Paradas do Orgulho LGBT, entre tantos exemplos. É possível que, no pós-pandemia, muitos desses grupos continuem a utilizar essa forma de atuação, ainda que de maneira híbrida. Nesse ínterim, segundo a mídia, a pandemia representou um aumento de 160% na criação de abaixo-assinados em uma das plataformas que oferecem este serviço, a Change.Org, uma das maiores empresas desse ramo no mundo e presente no Brasil desde 2012. Essas petições são criadas por pessoas, coletivos e empresas, sobre as mais diversas causas, mas o tema político se sobressai no Brasil. Em 2021, esta plataforma somava um total de 66 petições pedindo o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (17 petições em 2019, 31 em 2020 e 18 só nos dois primeiros meses do ano de 2021). Este artigo analisa uma pesquisa quantitativa on-line, que realizamos com 125 participantes em março e abril de 2020, onde demonstraremos alguns aspectos importantes que representam a opinião e o perfil dos usuários desses abaixo-assinados on-line e que podem nos ajudar a entender como esta forma institucionalizada e não violenta de participação social e política vem se consolidando e crescendo num país com uma democracia jovem e frágil, para não dizer precária, como o Brasil, com processos de impeachment, golpes de Estado e instituições questionadas e desrespeitadas pelo próprio poder executivo. Os dados da pesquisa serão apresentados sob a forma de gráficos e tabelas e analisados à luz das teorias dos novos movimentos sociais e das influências das novas tecnologias de comunicação e informação.