Resumen de la Ponencia:
Este Trabalho, em formato de relato de experiência é fruto da vivência de estágio estratégico durante a Residência Multiprofissional em Saúde da Família com Ênfase na População do Campo (RMSFC), realizado entre Julho e Agosto/2021, no território indígena do povo Tuxá Campos, localizado no município de Itacuruba, sertão de Pernambuco. O território do povo Tuxá Campos vem sofrendo diversos processos de expropriação ocasionados primeiramente pelo deslocamento compulsório na década de 1980, com a instalação da Usina Hidrelétrica de Itaparica; e atualmente é palco de nova investida dos empreendimentos energéticos na região, através do projeto de instalação da Usina Nuclear, no município de Itacuruba, sertão de Pernambuco. Desta forma, baseado nas anotações do diário de campo do estágio, este trabalho reflete sobre a dinâmica do povo Tuxá Campos, a partir dos megaprojetos; e visa apresentar os principais impactos provocados pela Usina Hidrelétrica de Itaparica, bem como analisar a conjuntura atual de ameaças com a instalação de uma usina nuclear. O processo investigativo aqui estabelecido busca evidenciar os processos de expropriação e resistência do Povo Tuxá Campos. A orientação teórico-metodológica dessa pesquisa contemplou o levantamento bibliográfico tanto de obras clássicas como contemporâneas, que tratam sobre capitalismo contemporâneo, expropriações, formação regional do Nordeste, comunidades e povos tradicionais, especificamente indígenas e quilombolas, lutas socioambientais e megaprojetos, assim como análise documental, dentre os documentos que foram base de nosso estudo estão documentos oficiais referentes aos megaprojetos em Itacuruba, matérias jornalísticas sobre o tema, o “Projeto Cartografia Social – Resistimos para existir: dizemos não à usina nuclear no São Francisco” (FIALHO, 2019) e materiais produzidos pela campanha “Usina Nuclear Não”. Estudar este território implica compreender o movimento ao longo do seu percurso histórico, observando o processo de apropriação privada à custa da subjugação dos povos e comunidades tradicionais, trabalhadores e da natureza, sempre impulsionado pelo capital privado. A exploração e expropriação sofridas, historicamente, pela população pobre da periferia do sistema capitalista tem se complexificado na contemporaneidade. Portanto, pensar sobre Itacuruba é fazer questionamentos sobre a conjuntura socioeconômica e política, repleta de existências de negações de direitos dos seus povos e comunidades tradicionais.