Resumen de la Ponencia:
Atualmente a Pan Amazônia possuí uma das maiores capacidades de fornecimento de recursos hídricos do planeta; logo, estima-se que mais ou menos 12% da quantidade água doce do mundo se encontra nesse território. Apesar desse fenômeno natural inusitado, contraditoriamente o Brasil se encontra numa súbita crise de fornecimento de recursos hídricos, que possuem como pilares de origem: i) as reformas institucionais recentes; ii) a histórica pressão antrópica exercida na Floresta, manifestada diretamente pelo desmatamento e pelas queimadas; e como consequência direta dos dois últimos fatores, iii) a redução pluviométrica dos rios voadores, associada a estrutural mudança climática no mundo. No mito da energia “limpa” por ser energia renovável, ao longo das últimas décadas o governo federal investiu e subsidiou em grande escala a execução de megaprojetos hidrelétricos, ocasionando que sua matriz elétrica tenha se constituído num patamar de 63,8% de energia proveniente de fontes hidráulicas. Dessarte, os grandes reservatórios das hidrelétricas dependem dos recursos hídricos das bacias hidrográficas e da sazonalidade das chuvas provocadas pelo trajeto dos rios voadores. Os rios voadores, por meio da evapotranspiração da Floresta e demais fontes externas são os responsáveis pela reciclagem das bacias, e também responsáveis pela magnitude e qualidade de recursos hídricos disponíveis em cada bioma. Indaga-se, então, até que ponto a pressão antrópica, manifesta no fenômeno das queimadas e na intensificação do desmatamento florestal, originárias do aumento de poder de mercado do agronegócio, podem ampliar a degradação (redução pluviométrica) dos rios flutuantes (em termos de impacto ambiental), e consequentemente, desencadear uma crise de longo prazo (crise essa possivelmente irreversível) para o atual modelo de geração de energia elétrica no Brasil? Apesar da literatura registrar modelos meteorológicos, como SLURP e SMAP, a metodologia presente para avaliar esse impacto se pauta na utilização da modelagem estatística econométrica múltipla linear, que relaciona a produção agrícola (crescimento econômico), o uso da terra, grau de concentração de renda e a sazonalidade pluviométrica dos rios voadores. O corte temporal desse trabalho varia no intervalo de 2008 a 2021 (13 anos), sendo um período de longo prazo, onde 2008 demonstra, dentro do histórico de comportamento de algumas variáveis, uma mudança de
pitch, ao qual a taxa de desmatamento obtém uma queda de 41,86%, e a partir de então, uma tendência de decréscimo progressiva, até sua retomada de crescimento em 2014.