Resumen de la Ponencia:
A
“saída” para o trabalho no Norte de Minas Gerais tem sido marcada por um processo migratório forçado, caracterizado pela expulsão de trabalhadores do seu local de origem pela falta de emprego, de políticas públicas, de escolaridade, dentre outros aspectos, que demonstram um desenvolvimento regional que não ocorreu de forma homogênea, o que acarretou em fenômenos “históricos na relação capital/trabalho” e ainda vêm se apresentando nos dias atuais. Nesse sentido, uma grande parcela de trabalhadores, em na maioria, homens, do município de São Francisco, migram para o trabalho em empresas agrícolas, chamadas por eles de “Firmas” para a plantação e colheita de leguminosas (batata e cebola), especificamente para o município de Niquelândia, no estado de Goiás. Tal fenômeno têm se caracterizado como uma “alternativa” para a reprodução da vida, bem como, um movimento cíclico que ocorre durante todo o ano, apresentando-se sob perspectivas diferenciadas através de seus sujeitos. Este presente trabalho tem como objetivo principal relatar a experiência da migração de trabalhadores do município de São Francisco, Norte de Minas Gerais, para o interior do município de Niquelândia, no estado de Goiás, para o trabalho rural em empresa agroindustrial de plantio e colheita de leguminosas, tendo como principal produção, a batata, que é exportada para vários estados do Brasil e até para países da América do Sul, como a Argentina. O
“sair” em busca do trabalho implica para o migrante, na maioria das vezes, a única forma de sobrevivência e manutenção da sua lógica de vida, de sua família e de sua casa. No município de origem ele não encontra possibilidades de trabalho e remuneração, vendo na saída a oportunidade de realização pessoal e profissional. Nos vários relatos dos nossos interlocutores, o
“ficar” é sempre o desejado, mas como não encontram perspectivas de ganhos financeiros para o custeio das suas despesas pessoais e familiares e também para o financiamento de sonhos, eles abraçam a oportunidade do trabalho na lavoura do plantio e da colheita da batata, como único caminho possível. O dia-a-dia e o trabalho na lavoura é muito pesado, mas isso não intimida os trabalhares migrantes, uns com pouca idade, geralmente vinte e poucos anos, outros já com alguns anos de experiência de vida e de trabalho, sonham em um dia em
“não mais migrar”, desejam voltar para a cidade de origem, comprar suas casas próprias, seus veículos e almejam dar uma vida melhor para as suas famílias. Assim, tentaremos ao longo deste trabalho relatar a trajetória destes migrantes, desde o lugar e origem até o lugar de destino, formando uma verdadeira teia ou rede migratória do trabalho.