Resumen de la Ponencia:
Com as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), as dinâmicas de divulgação e de consumo de bens culturais vêm se transformando. Nesse cenário, vimos surgir um novo agente na esfera da mediação literária: o influenciador literário. Ao longo do tempo e de maneira incremental, ele foi ocupando diferentes plataformas nos ambientes digitais, como blogs, Youtube, Instagram, Tiktok. Sua existência se deve não só a esses espaços, mas a uma crescente audiência que o acompanha e que valida sua prática. A figura do influenciador (ou
influencer, no inglês) e, nesse caso, do influenciador literário, é uma das tantas características que separam o nosso mundo de hoje daquele mundo que não conhecia a internet. Por muito tempo, a atividade de falar de livros e de literatura esteve reservada aos professores, dentro das escolas, e aos críticos literários, nos jornais e revistas especializadas. O surgimento de outros atores, fora do campo estabelecido da crítica literária, é um atributo do agora. Essa contemporaneidade é marcada pelo papel estratégico desses mediadores, que se inserem nos fluxos tecnoculturais desse tempo (ALMEIDA, 2014). Se no passado a mediação cultural relacionada à literatura se restringia a agentes específicos e respaldados pelo campo da crítica especializada (CHARTIER, 1999), atualmente verificamos uma presença mais heterogênea de atores que abordam diversas temáticas dentro do universo das letras nas redes sociais. A presença desses atores e sua atuação em variados espaços (não só digitais, mas principalmente) despertam muitos debates, como a questionada propriedade dos influenciadores para falar de literatura (VIZIBELI, 2016) e mesmo se essa suposta heterogeneidade não está simplesmente reproduzindo estruturas sociais desiguais nas redes (DUFFY, 2020). Pensando nessa dinâmica como um campo de lutas (SAPIRO, 2019), este trabalho propõe investigar e analisar as relações de poder entre críticos literários e influenciadores literários a partir de um estudo de caso ocorrido em 2018 envolvendo um escritor brasileiro e uma booktuber também brasileira. As questões em torno desse acontecimento apontam para um campo de forças entre estabelecidos e outsiders (ELIAS & SCOTSON, 2000) que se dá em um contexto social de transformação das maneiras de circulação, legitimação e consumo de bens culturais.