Resumen de la Ponencia:
ATTUAÇÃO DO ESTADO NA CONDUTA DA POLÍTICA DE HABITAÇÃO GT04: Estado, Legitimidade , Governança e Democracia Autor: Luísa Amanda Oliveira de SousaNa cidade de São Luís, Maranhão, Brasil, há conflitos causados pela forma como têm sido orientada a política habitacional (LIMA, 2009), onde se percebe que a posição do poder público está vinculada aos interesses do capital financeiro mundial e da economia neoliberal, através, localmente, do repasse do controle da expansão urbana para o setor imobiliário. A Comunidade do Maracanã, zona rural da cidade, vem sendo incorporada por empreendimentos imobiliários, por meio da construção de quatro conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) que têm reconfigurado o espaço. Nesse sentido, o objetivo do estudo é refletir sobre a atuação do Estado no processo de expansão urbana em relação às políticas habitacionais no contexto do PMCMV. A metodologia é baseada no modelo teórico de Walter Mignolo (2003), que consiste na estratégia de ouvir os discursos que produzem mudanças. A formação do Maracanã se dá no final do século XIX e apresenta uma rica diversidade de recursos naturais e culturais, dentre os quais se destacam os juçarais, bem como a Festa da Juçara que ocorre sempre no auge da colheita da juçara (MORAES, 2017). A partir da ameaça de degradação ambiental que o Maracanã sofria com as ações antrópicas, devido ao crescimento do Parque Industrial de São Luís, o governo estadual, por meio do Decreto Estadual 12.103 de outubro de 1991, criou a Área de Proteção Ambiental do Maracanã - APA (MARANHÃO, 1991). Com a instalação dos conjuntos PMCMV, visando maiores lucros e obtenção de maior rentabilidade, o poder público municipal o encaminhou à iniciativa privada, que fez a compra de terrenos mais baratos, localizados na zona rural da cidade. Segundo Castells (1983), o espaço urbano é construído sobre uma ideologia desenvolvimentista desigual, provocando o fortalecimento do neoliberalismo a partir do Estado, na forma de planejamento e gestão de acordo com o padrão de mercado. Desde então, o Maracanã vem sofrendo impactos socioambientais, como a devastação de florestas, a morte dos recursos hídricos, que agridem principalmente os juçarais, que são a principal fonte de renda e economia do Maracanã, impossibilitando o consumo água e peixes. Nessa conformação neodesenvolvimentista no contexto do PMCMV, o Estado determina o “preço social” e garante a demanda, tornando-a mais atrativa para a produção mais cara das piores terras. (GUERREIRO, 2017). Portanto, conclui-se que, a implantação do PMCMV no Maracanã, causou impactos para os antigos moradores, gerando transtornos de ordem política e ambiental. Diante disso, o Estado não vem garantindo as demandas desse grupo, tendendo a assegurar os interesses da parceria público-privada, baseada na expansão imobiliária voltada para o setor produtivo e o capital financeiro mundial.