Resumen de la Ponencia:
O turismo é uma atividade extremamente ambígua quando não bem desenvolvida: pode ser instrumento de exaltação e proteção cultural, geração de renda e manutenção de uma comunidade e, por outro lado, tem a capacidade de desempenhar papel de segregação, exploração e descaracterização de culturas. Frente a esta dicotomia, se faz necessário evidenciar as situações em que uma população se encontra à margem das decisões e dos resultados turísticos em seu território.A cidade de Pelotas, situada no extremo sul do Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, desenvolveu-se no final do século XIX a partir da produção, em grande escala, do charque. Com a riqueza proveniente da indústria saladeril, o seu desenvolvimento urbano se deu de forma privilegiada frente às demais cidades da província. No entanto, o seu diferenciado planejamento urbano, não foi suficiente para atender satisfatoriamente ao crescimento populacional da época, visto que atendia somente uma pequena parcela da população. Como resultado, surgiram na cidade, espaços de moradias periféricos e desqualificados, totalmente distintos do núcleo urbano.Após a quebra da indústria, no final do século XIX, os terrenos que outrora produziam o charque, tornaram-se grandes porções de terras inutilizadas. Com o tempo, novos usos foram dados a estes locais: a construção de um aeroporto, hipódromo, condomínios residenciais para famílias de baixa renda (MEDVEDOVSKI, 1998) e outros, foram ocupados pelas populações que buscavam construir suas moradias, mesmo que estes não possuíssem qualquer tipo de infraestrutura. E é neste contexto, que então, surge a Vila da Palha. Localizada entre duas das principais charqueadas, hoje utilizadas como atrativos turísticos do município, se encontra o pequeno vilarejo. Nele existem cerca de 200 casas nas quais residem famílias de baixa renda e que se estabeleceram ali aproximadamente no ano de 1938. Sua formação foi ainda pouco estudada, tendo em vista que existem esparsos registros públicos que relatem sua história. Esta população, que ainda permanece com sua identidade inexplorada, observa diariamente o vai e vem de turistas interessados na cultura de suas atrativas vizinhas: as charqueadas. Como pode ser esta comunidade “invisível” aos transeuntes curiosos que vêm em busca de história e cultura, e esta pequena vila não chamar sua atenção? É isto que o turismo produz quando seu desenvolvimento acontece sem levar em consideração todo o território em que está inserido.E assim, no desejo de tornar esta comunidade visível aos olhos dos turistas, é que se desenvolve este trabalho. Será através da proposta do uso do turismo comunitário, viabilizado por meio de uma pesquisa-ação, que se oportunizará que esta comunidade construa sua identidade, conte sua história, se envolva nas decisões e nos resultados econômicos provenientes do turismo.