Resumen de la Ponencia:
Este trabalho aborda as condições estabelecidas para as trabalhadoras domésticas no período de pandemia de Covid-19, na cidade de São Luís do Maranhão (Brasil), contando desde a declaração, no Brasil, em março de 2020, da situação de emergência sanitária, até o alargamento de uma pandemia sem precedentes nos dias atuais. A partir da perspectiva da antropologia da saúde e do aporte teórico do pensamento feminista negro e decolonial, aqui abordo como têm se dado as experiências desta categoria, historicamente vulnerabilizada, no contexto de convivência com uma doença contagiosa e de evolução incerta, que tem provocado inúmeros impactos na saúde e na organização da vida cotidiana das pessoas, embora que de modo diferenciado e intensidades igualmente distintas, pensando a temporalidade da pandemia com suas curvas de óbitos e novas infecções. Um dos campos de pesquisa que tenho acessado de modo presencial, é o Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Maranhão (Sindoméstico-MA). O sindicato, por sua vez, tem sido a porta de entrada para fazer o contato com as mulheres trabalhadoras domésticas e um dos campos privilegiados de observação e participação na pesquisa de mestrado em curso. A metodologia aplicada tem ocorrido através de visitas ao sindicato, participação em algumas das atividades propostas, e entrevistas semiestruturadas realizadas com as mulheres que guiam atualmente este espaço e trabalhadoras não sindicalizadas, mas que utilizam os serviços oferecidos pelo sindicato. O campo
online foi acionado, uma vez que pude acompanhar mesas redondas, campanhas e reuniões, através das redes sociais de organizações das trabalhadoras domésticas no Brasil e no exterior. Outros contatos realizados com as interlocutoras da pesquisa também foram mantidos através destas ferramentas, o que torna a metodologia desta pesquisa híbrida (
online+presencial). O estudo tem acessado questões relacionadas ao cotidiano do trabalho doméstico em meio à pandemia - contágio, risco, adoecimento e morte – indagando quais são as medidas e quem se responsabiliza pela vida e, ao mesmo tempo, pela seguridade social das trabalhadoras domésticas. A reivindicação pela garantia dos direitos trabalhistas têm surgido de modo evidente no campo. Com isso, observa-se de modo mais acentuado, no contexto pandêmico, a falta de acesso à seguridade social - conjunto de políticas públicas de iniciativa dos Poderes Públicos, que tem como dever assegurar acesso aos direitos relativos à saúde, previdência e assistência social -, que nos chama a atenção para pensarmos a precarização das condições de trabalho estabelecidas para as trabalhadoras domésticas no atual cenário. A pesquisa também tem possibilitado acessar a memória sobre as trajetórias, experiências e narrativas acerca da vida das trabalhadoras domésticas.