Brasil -
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Resumen de la Ponencia:
No cenário brasileiro o avanço do neoliberalismo – advindo da crise de produção e reprodução social, iniciada em 2008 - promove profundos impactos a grupos já subalternizados, no caso, mulheres jovens universitárias e periféricas. Esta pesquisa buscou compreender como as mulheres jovens universitárias moradoras de periferia da cidade de São Carlos dos bairros Santa Felícia; CDHU/Vila Faria e Cidade Aracy experienciam e significam a desigualdade de gênero frente a este contexto, de que modo as experiências vividas transformam e/ou reproduzem percepções sobre a desigualdade de gênero. Ampara o objetivo geral a hipótese de que há uma contradição instaurada e alargada pela crise: por um lado o reforço do papel tradicional da mulher e consequentemente dos estereótipos gentrificados, por outro, as fissuras na ordem social provocado pelo avanço da luta feminista. Nossos objetivos específicos destinaram-se a i) estudar os efeitos do neoliberalismo nas relações de gênero; ii) compreender as experiências de mulheres periféricas em relação ao gênero a partir de suas histórias de vida; iii) compreender como significam suas experiências e quais episódios marcantes para as sujeitas; iv) compreender o diálogo existente entre percepção de gênero e contexto político nacional, analisando a pandemia de SARS-COV-2. Optamos pela abordagem qualitativa utilizando a história de vida como técnica de coleta de dados, devido a capacidade desta de captar percepções e significações em profundidade. Devido a pandemia de SARS-COV-2 o campo foi obstruído e as sessões de entrevista ocorreram virtualmente, sendo organizadas por eixos temáticos (trajetória e experiência de vida; trabalho, estudo e vida profissional; percepções sobre política e gênero; percepção sobre as especifidades do bairro no qual mora; relação com a pandemia). Dentro os resultados obtidos destacamos: i) a intensa precarização dos serviços essenciais à vida que ocorre no cenário de crise econômica e avanço neoliberal e da pandemia da Covid-19, assim como a pressão financeira para se auto-sustentar e/ou sustentar a família ocasionou um intenso adoecimento mental; ii) a experiência das mulheres jovens universitárias moradoras de periferia encontra-se tensionada entre o acesso aos debates feministas e por vezes a organização política e a ausência, neste momento, de organizações de mulheres no tocante aos bairros periféricos da cidade; iii) ocorrem conflitos geracionais entre mulheres jovens e mais velhas no interior das famílias sobre como se apreende a desigualdade de gênero, seja no âmbito privado ou no social; iv) a lógica do “empresário de si” se apresenta imersa na experiência destas mulheres, no sentido de uma lógica de sobrevivência frente à crise econômica e avanço neoliberal.
Introducción:
As últimas duas décadas representam um avanço do neoliberalismo, uma vez que a crise de produção de 2008 e consequentemente de reprodução social se intensificam, as contradições sociais e as precarizações em grupos já subalternizados se alargam. Esta pesquisa foi executada no ano de 2021 e buscou compreender como as mulheres jovens universitárias moradoras de periferia da cidade de São Carlos dos bairros Santa Felícia; CDHU/Vila Faria e Cidade Aracy experienciam e significam a desigualdade de gênero frente a este contexto, de que modo as experiências vividas transformam e/ou reproduzem percepções sobre a desigualdade de gênero. Esta pesquisa deu-se inicialmente como iniciação científica financiada pelo CNPQ e posteriormente como monografia.
Escolhemos o município de São Carlos por ser a cidade de residência da pesquisadora; além da cidade configura-se territorialmente de modos distintos em relação a periferias de cidades metropolitanas. Também histórico escravocrata do município e passado/presente de intensas lutas sociais.. Por fim, a inserção da própria pesquisadora em coletivos sociais contribuiu para formulação do problema de pesquisa, pois como coloca Mills (2009) vida e obra na prática artesanal sociológica mesclam-se Esta pesquisa inseriu-se no campo de debates atuais sobre crise neoliberal, nova direita, periferias e os debates de sexo/gênero.
O plano de pesquisa inicial consistia em contatar interlocutoras através da participação no Grupo de Mulheres do CREAS (Centro de Referência e Atenção Psicossocial), importante serviço público que atende mulheres da cidade de São Carlos, entre elas, moradoras de bairros e regiões periféricas da cidade. Como alternativa ao primeiro percurso de alcance das interlocutoras, realizamos contato - em abril de 2021 - com o Banco Comunitário Nascente, cooperativa de economia solidária gestionada por mulheres do município de São Carlos situado no Jardim Gonzaga, bairro periférico da cidade. Porém a dinâmica pandêmica se acirrou profundamente, e ambos os caminhos foram impossibilitados, desta forma, reconfiguramos o desenho de pesquisa
Optamos por entrevistar mulheres jovens universitárias moradoras de periferia, o que nos implicou novos desdobramentos e reflexões (as quais, algumas permanecem em aberto), sobretudo acerca da juventude periférica e sua relação com a universidade. Diante disso, nosso objetivo central consistiu em compreender os impactos da crise nas mulheres periféricas jovens no município de São Carlos e suas experiências e percepções acerca da desigualdade de gênero, fenômeno social fortemente intensificado no atual contexto socioeconômico. A partir das redes nas quais a pesquisadora em questão estava inserida, a técnica de bola de neve foi empregada para alcançar novas interlocutores. Essa reconfiguração embora tenha surgido de impedimentos metodológicos nos possibilitou novos olhares à pesquisa, adequando um novo recorte de tempo e de perfil.
A presente pesquisa inscreve-se nos debates sobre crise neoliberal, desigualdades de gênero, mudanças nos territórios periféricos, bem como debates acerca da perpceção advinda de determinado sexo/gênero. Estruturamos nosso debate em alguns pontos: i) o debate da crise multifacetada focalizando impactos nas diferentes mulheres; ii) o debate acerca da percepção da experiência dada a partir de sujeitos específicos, tratando da técnica de história oral e debates concernentes a esta na América Latina; iii) a constituição dos sujeitos sociais através do olhar da interseccionalidade e consubstancialidade e por fim iv) o debate acerca das linhas interna do feminismo marxista utilizando comparativamente Cecília Toledo e Heleith Saffioti
Nosso roteiro se estruturou nos seguintes eixos: trajetória e experiência de vida; educação; religião e religiosidade; trabalho estudo e vida profissional; território; política e percepção de gênero; principais impactos da pandemia e por fim uma pergunta aberta à interlocutora, na qual esta poderia fazer considerações, vetar alguma fala, explanar dúvidas ou retomar questões levantadas nos eixos. Buscamos justamente utilizar a história oral como forma de fazer a escuta sensível (PORTELLI, 2016), das nossas interlocutoras.
Elencamos quatro objetivos específicos: i) estudar os efeitos do neoliberalismo nas relações de gênero; ii) compreender as experiências de mulheres periféricas em relação ao gênero a partir de suas histórias de vida; iii) compreender de que modo significam suas experiências de vida e quais episódios de vida são marcantes para estas mulheres e, por fim, iv) compreender como estes episódios dialogam com a questão da percepção da desigualdade de gênero e com o contexto político nacional, analisando também o contexto da pandemia do novo SARS-COV-2.
Desarrollo:
Enfoque teórico metodológico
A história oral tem se destacado nos últimos anos no campo das ciências humanas. Thomsom (2000) retoma o surgimento da história oral jogando à luz a tradição registrada pela North American Oral History Association que indica que tal metodologia começou a ser praticada nas primeiras décadas do século XX. O historiador Allan Nevis utilizava a história de vida para gravar narrativas de figuras públicas da sociedade americana nesse marco temporal. Nota-se o caráter fortemente arquivístico e elitizado de surgimento desta técnica bem como o enfoque na experiência e percepção dos sujeitos sociais acerca da realidade social à época.
Amplamente descredibilizada no contexto social em questão - dado o forte apelo positivista da época - a história oral torna-se alvo de diversas polêmicas sobre sua validação científica que entre muitas questões suscitou a necessidade de ”regras mais rígidas” para sua execução. Os historiadores orais deste período, discordaram de tais apontamentos dada a própria natureza da metodologia: o enquadramento de pressupostos positivistas não condizia a ambição teórico metodológico do instrumento, contudo, criou-se alguns conjuntos de aconselhamentos afim de profissionalizar e garantir mais credibilidade a esta (THOMSOM; 2000).
Próximo aos anos 70, as diversas críticas – foram incorporadas como acréscimos teóricos/metodológicos: no lugar de compreender as distorções da memória como limites e falseamento do real, ou seu caráter ‘’pouco rígido’’ como impreciso cientificamente, historiadoras e historiadores orais optaram por compreender ‘’as peculiaridades da história oral’’ como ponto forte, isto é, através de uma apreensão da memória, da narrativa de si; da interlocução de diferentes elementos que atravessam o sujeito, apostar na história oral de modo a potencializar sua profundidade analítica; enfatizando o destaque a experiência particular e as possibilidades de horizontalidade na relação interlocutora/pesquisadora.
Segundo Schawezstein (2000), dada a relação próxima acadêmica e militância a história oral na América Latina é especialmente dificultosa, somado a isso as especificidades dos territórios dificultariam mais o cenário. Encaramos estes elementos como desafios, não como, necessariamente, empecilhos. Em território brasileiro Meihi (2000) elenca os principais entraves para se tratar da metodologia: i) de um lado, a autonomia e necessidade de formulações específicas, ii) de outro a prática de importação de métodos europeus para entender nossa realidade. Na outra ponta do debate, levanta potencialidades: i) a função social desta técnica no Brasil dado a importância da tradição oral, sobretudo quando retomamos o histórico escravocrata e os altos indíceis de analfatabetismo; ii) a possibilidade de verbalizar e ecoar a vozes de sujeitas e sujeitos subalternizados.
Para Joutard (2000) as limitações da história oral (sua imersão na memória; a tendência ao mito e a deformação assim como o silêncio e o esquecimento) são seus pontos fortes, pois ’’ elas nos introduzem no cerne das representações da realidade que cada um de nós se faz […] p.34). Piscitelli (2005) analisa a história de vida como ‘’nó’’ do macro e microssocial, uma vez que possibilita ‘’lugar de destaque à experiência vivida, em sentido longitudinal, e em possibilitar a integração de percepções individuais e pautas universais de relações humanas, através de articulações temporais.”. Na trilha de Portelli (1996), as fontes orais ofertam caminhos novos para a interpretação da realidade, nesse sentido, ‘’[…] a palavra chave aqui é possibilidade. No plano textual, a representatividade das fontes orais e das memórias se mede pela capacidade de abrir e delinear o campo das possibilidades expressivas.’’ (p. 8). Ainda neste sentido, acerca da relação entre as representações sociais e a concretude da realidade, Portelli (1996) traz contribuições valiosas, para o autor a história oral se dá num ponto circunscrito entre os limites da representação oral como também a autoridade narrativa de quem fala. Nem por isso desatrela-se da concretude pois há elos entre a experiência, ‘‘coerência com a realidade objetiva dos fatos’’ (p. 9).
Thompson (1981) define experiência como: ‘’resposta mental e emocional seja de um indivíduo ou de um grupo social a muitos acontecimentos inter-relacionados ou a muitas repetições do mesmo tipo de acontecimento (p. 15) ’’ ela é “[...] a experiência é válida e efetiva, mas dentro de determinados limites (idem)“ e ‘’[…] surge espontaneamente no ser social, mas não surge sem pensamento.’’ (p. 13). A experiência desta maneira, possui um elemento de continuum e um elemento de inescapável, na medida em que atravessa o ser social no seu caráter existencial objetivo e subjetivamente. Scott (1998) corrobora essa perspectiva contudo, destaca a possibilidade de contestação da político, dado que ela é sempre política e as identidades forjam-se em contextos políticos.
Devido a nossos objetivos direcionaram-se para observar a relação sujeito/estrutura num determinado quadro social, bem como analisar as significações feito pelas sujeitas sociais da desigualdade de gênero e mais centralmente, suas experiências e percepções sobre esta, optamos pela história oral como técnica de coleta. É fato que surgem dificuldades no quesito de análise, dificultando por exemplo, categorizações, contudo, a relação com a memória, com a experiência no mundo e com as percepções derivadas disto, destas renomeações do vivido (FORMAGGIO, 2019), processo pelo qual as e os sujeitos sociais se (re)elaboram, se posicionam novamente frente ao mundo dado um novo conjunto de ferramentas de experimentações adquiridas, sobretudo em contextos de associação política e contato com debates políticos caros a essas esses sujeitos.
Ainda sobre a técnica, Saffioti (1985; 2013; 2015) observa a pertinência e naturalização da ideologia patriarcal no modo de produção capitalista-racista-patriacal, sendo esta naturalização fundamental a contínua reprodução de tais opressões, deste modo, fazendo parte do senso comum (GRAMSCI; 1999) e da experiência cotidiana (THOMPSON 1981; SCOTT; 1988). Para tratar de tal naturalização, acreditamos na pertinência de uma técnica que seja justamente um “nó” entre macro e microssocial (PISCITELLI, 2005)
Eixos de debate e análise das informações
As entrevistas compostas por mais de uma hora tratam-se da experiências dessas mulheres enquanto mulheres jovens universitárias moradoras de periferia; impactadas pelas dinâmicas de opressão racistas; patriarcais; e LGBTfóbicas posicionadas na estrutura social desta maneira inscritas também enquanto jovens trabalhadoras. Optamos por analisar as entrevistas a modo como Ecléa Bosi o fez em Memória e Sociedade: Lembranças de Velho (1994); no qual a autora busca escutar as entrevistas – e escutar refere-se aqui ao sentido psicanalítico de observação cuidado do sujeito -, realizar uma escuta interpretativa do que é dito e do que é silenciado, priorizando a voz das interlocutoras, mas nem por isso ausentando-se da discussão teórica; elaboração e reflexão.
Entrevistamos utilizando a técnica de história oral, três mulheres jovens da cidade de São Carlos. O perfil de nossas interlocutoras é um perfil jovem universitário, sendo seus respectivos cursos: biblioteconomia e processos gerenciais na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Instituto Federal do Estado de São Paulo (IFSP) . Moradoras de periferias da cidade de São Carlos, residem no Santa Fé (Santa Felícia) Aracy (Cidade Aracy) e Vila Faria. Todas essas interlocutoras ainda moram em periferias ou mudaram-se muito recentemente, como foi o caso de G que até os 16 anos morava com a família nas habitações do Minha Casa Minha Vida, CDHU. G e A são integrantes de organizações políticas, P não, porém participa do Centro Acadêmico (CA) de seu curso.
Elaboramos nossos pressupostos apostando que há uma contradição instaurada e alargada pela crise de produção e reprodução social e esta desdobra-se sob duas faces de uma mesma moeda: i) por um lado o reforço do papel tradicional da mulher e consequentemente estereótipos gentrificados; ii) e por outro as fissuras na ordem social provocado pelo avanço da luta das mulheres e da luta feminista. Outras duas hipóteses secundárias também foram levantadas no decorrer da pesquisa: i) há pelo menos duas interpretações antagônicas dentro das abordagens do feminismo marxista; a primeira ligada a intelectuais que fortalecem e defendem a necessidade de um feminismo referenciado ao marxismo (e o marxismo referenciado no feminismo) e a segunda que os interpreta como irreconciliáveis e por vezes opostos; ii) a racionalidade neoliberal (DARDOT & LAVAL, 2016) é um elemento central da percepção da desigualdade de gênero, em virtude de que operando na métrica do individualismo ofusca elementos estruturais do sistema patriarcal. Encaramos as hipóteses antes como bússolas teórico-metodológicas do que como descartes ou afirmações.
O debate em torno do feminismo marxista
O feminismo marxista não é uma teoria homogênea, nem acabada em suas elaborações. Embora importantes elaborações estejam presente em Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (1884), como também A Ideologia Alemã (1846), e O Manifesto Comunista (1848), Moraes (2000) assinala que o marxismo clássico não oferece todo o arcabouço teórico organizativo necessário a luta das mulheres. MITCHELL (1966) assinala o economicismo e mecanicismo de Engels ao afirmar que a opressão das mulheres pode ser explicada apenas por uma derivação da propriedade privada, como contraponto afirma que a opressão das mulheres se dá por uma estrutura sui generis.
Considerando a luta sufragista na França do século XX como um marco fundamental para o que atualmente denominamos de “feminismo”, Bonnet (2020) salienta as diversas disputas em torno deste debate, destacamos alguns pontos: o movimento sufragista francês não representava completamente a luta das mulheres daquela época no sentido de haver, para além da identificação de gênero grupos que carregavam em si identificações de classe e eram profundamente interligados dado ao Partido Comunista Francês.
Dessa forma, a corrente da ‘’história das mulheres ‘’ que cumpriu papel fundamental em focalizar as mulheres como sujeitas históricas também é a mesma corrente que hegemonizou a percepção história da época, construindo a luta de classe e de gênero de modo irreconciliável, como destaca a autora. Sem pretensões de esgotar o debate, Bonnet (2020) contribui para demonstrar o quanto este campo historiográfico ainda carece de mais investigações e ressalta a “necessidade de prosseguir na reconstrução e na legitimação de uma narrativa da história do feminismo marxista à luz da crítica da “história das mulheres” (BONNET, 2020, p. 32)
Antes de se elaborar uma teoria que posteriormente seria denominada de feminismo, já havia luta e resistência das mulheres. Dizemos isso porque mesmo a nomenclatura ‘’feminismo’’ para nomear a luta das mulheres por vezes não é um consenso, para Zirbel (2007) o feminismo é mais que só teoria, mas também postura pessoal e movimento político-social. Os avanços da luta das mulheres e do feminismo anticapitalista problematizam e desvela as estruturas capitalistas-patriarcais-racistas não apenas no Brasil, mas em movimentações globais (ARRUZA; BATTACHARYA; FRASER, 2019). Construídas em cima de um forte senso comum (GRAMSCI, 1999) fruto da ideologia capitalista e elaboradas como biologicamente naturais a opressão-dominação dos homens pelas mulheres é questionada desde a existência do patriarcado, mesmo que não no capitalismo (SAFFIOTI, 2013).
Saffioti (2013) reconstituiu o debate sobre o feminismo marxista a luz de sua pesquisa sobre violência de gênero em São Paulo. Para a autora, gênero e patriarcado não são conceitos excludentes, contudo, analisa o quão danoso é o não uso do termo patriarcado para se referir a realidade social e as estruturas que compõe o capitalismo. O patriarcado desenvolve-se historicamente e apoia-se no poder e no não poder entre homens e mulheres desenvolvido historicamente e o reproduz como parte essencial do sistema, implementado lento e gradualmente produziu desequilíbrios nas hierarquias e estruturas de poder, garantindo a primazia masculina e o monopólio do poder dos homens ante as mulheres (SAFFIOTI, 2013, p.39 e 60).
Saffioti (1985; 2013; 2015) destaca as divergências com a categoria de gênero: trata-se de uma categoria ontológica; especialmente válida pela sua abrangência, contudo, imprecisa para tratar de estruturas e ineficaz para desvelar a exploração-dominação por não deixar claro a desigualdade entre homens e mulheres, já o patriarcado caracteriza-se por i) não se tratar de uma relação privada; mas civil; ii) dar direitos sexuais aos homens perante as mulheres, praticamente sem restrições; iii) configura-se como tipo hierárquico da relação que invade sem exceção, todos os espaços da sociedade; iv) possui base material; v) corporifica-se; vi) representa uma estrutura de poder baseado tanto na ideologia como na violência (SAFFIOTI, 2013. p.60). Cabe por fim salientar que a autora sinaliza a importância de usar de ambas as categorias como importantes ferramentas analíticas, contudo, guardam diferenças profundas e não se pode substituir uma pela a outra.
Cecília Toledo (2017), contemporânea de Saffioti também contribuiu ao debate do feminismo marxista. Porém, identificamos contradições centrais que direcionam as duas autoras para caminhos opostos apesar de ambas serem filiadas à tradição marxiana. Toledo (2017) analisa a estrutura do capitalismo tentando dialeticamente tratar da questão de gênero e de classe, discorrendo sobre a origem da opressão, a religião como ferramenta de opressão, a inserção da mulher no trabalho, o feminismo marxista em si e o papel da mulher na emancipação da classe trabalhadora elabora diversos aspectos da questão patriarcal ante o capitalismo. A autora, contudo, a nosso ver, deixa-se levar por uma ortodoxia e um marxismo mecânico, com pouca envergadura teórica e potencial explicativo.
A experiência e a crise multifacetada
O ano de 2008 é um ano emblemático. Após a falência do Lemon Brothers, banco americano internacionalmente reconhecido, um processo de crise do capitalismo financeiro já em curso tornou-se mais nítido. Com o objetivo de retomar taxas de lucro e reestruturar o sistema de modo a acentuar a relação centro/periferia; a divisão internacional do trabalho se acirra, aprofundando as relações de dependência do capitalismo (OLIVEIRA 2003). Na medida em que os EUA passam a impor políticas de austeridade econômica há diversos países da América Latina, as condições para reprodução da vida social são tensionadas ao limite (ARRUZA; BATTACHARYA & FRASER, 2019; & FEDERICI, 2017 & FRASER; 2017; 2019; 2020). A Reforma Trabalhista (KREIN, 2018), e a Reforma da Previdência PEC 6/2019 (aprovada em 22 de Outubro de 2019), precarizam dois pilares centrais da juventude: a possibilidade de emprego digno e a possibilidade de aposentadoria, ainda mais severo quando notamos que 201 dispositivos da “CLT” foram alterados, sendo excluídos dispositivos de proteção a gestante e a maternidade.
Maricato (2013) analisa o cenário que se desdobra em 2013 no Brasil como profundamente ligado às próprias condições de vida, objetivas e subjetivas da cidade. Elaborando importantes críticas a políticas urbanas dos governos do Partido dos Trabalhadores PT (2002 - 2016) a autora retoma a crise de 2008, destacando a centralidade das cidades para compreensão da atual conjuntura, estas que compreendidas como mercadoria, são alvo da especulação imobiliária que atinge mais centralmente mulheres residentes de periferias. Tatatiga e Galvão (2019) mapeiam o intenso período de manifestações compreendidas entre 2011 a 2016. Segundo as autoras surgem novos atores no que tange a coletivos, tanto a esquerda como atores ligados à nova direita. A eclosão de protestos massivos feministas ou da luta das mulheres ocorreu nos anos de 2012 e 2013.
Hollanda (2018) em Explosão Feminista, lança luz sobre manifestações centrais das mulheres, como os atos nacionais pelo ‘’Fora Cunha de 2015’’; a Primeira Marcha das Mulheres Negras contou com 50 mil participantes; a quinta Marcha das Margaridas, reunindo 70 mil ativistas em agosto do mesmo ano na cidade de Brasília, cabe por fim, salientar as ocupações secundaristas, nomeadas pela autora de Primavera Feminista. Também os atos #EleNão marcam a organização das mulheres e a cisão de gênero nas eleições, elemento inédito da realidade brasileira. A crise multifacetada aprofundou-se com a pandemia de SARS-COV-2 - presente no Brasil desde Março de 2020 -, especialmente em grupos subalternizados. Emblematicamente a primeira vítima registrada do vírus no Brasil trata-se de uma mulher negra idosa, que trabalhava como empregada doméstica
Este contexto de precarização atravessou nossas interlocutoras, que após o início da pandemia, viram-se em intensa situação de intenso desamparo social e perda de fonte de renda, bem como demissões, o caso de P.
‘’P: minha família não tem como me bancar, minha mãe que estava segurando as pontas o ano inteiro. Eu comecei a pandemia com estágio, só que era na saúde, no administrativo. [Mas ai] caos, pandemia, cortaram o estágio por ser alto risco de contaminação, não tinha como trabalhar em casa, então eu acabei perdendo o meu estágio, eu fiquei desempregada minha mãe teve que me ajudar. Em casa somos eu minha mãe, meu padrasto, meu irmão, outro irmão, que agora também graças a Deus conseguiu emprego e já foi.. arrumou o cantinho dele. Não ter um emprego estava me dando crises de ansiedade. É complicado, sabe? Apertou as coisas aqui em casa, então... tinha meu carro pra pagar’’
Como coloca Maricato (2013), a cidade tornou-se uma importante fonte de mercadoria para o capitalismo financeiro. Nesta ótica, o transporte, a locomoção, o direito à cidade, tornam-se pautas políticas, e além de pautas, preocupações cotidianas, sobretudo as mulheres jovens
‘’A: Sobre morar longe do centro, que é a questão que você traz, essas questões de procurar trabalho, pra mim é só virtual, porque eu não tenho condição de sair da minha casa e ir no centro e ficar entregando currículo, andando de cima pra baixo. E perto da minha casa não tem, coisa de bairro mesmo. Ai isso dá uma dificultada. […] mas esse lugar que eu moro é bem bom [...] É um bairro bom, mas é bem perigoso.” A insegurança pública também direciona-se de modo mais exacerbado as mulheres residentes de periferia, A nos conta sobre a perseguição que sofreu andando na rua a noite, quando solicitada ajuda a policiais militares, foi questionado se sua integridade estava mesmo em risco.
“A: Ele estava me perseguindo, eu desviei totalmente do caminho da minha casa, teve uma hora que eu saí correndo. Passou uma viatura, e aí eu falei ‘’oh, moço’’, - eu estava há duas quadras da minha casa, - falei ‘’moço, eu acho que tem um homem me seguindo, você não pode descer comigo até a minha casa?’’ dai ele falou assim ‘’mas que homem que é esse?’’ [...]. A interlocutora conta que, por fim, buscou se refugiar com conhecidos do crime organizado, os quais a acolheram.
Quando nossas interlocutoras foram questionadas sobre os desafios acerca da pandemia, a alteração na dinâmica doméstica e a saúde mental ganharam destaque. Além disso, outros elementos da desigualdade de gênero, provenientes da estrutura capitalista-patriarcal-racista (SAFFIOTI 1985, 2013, 2015) como a desigualdade salarial, o reconhecimento da competência profissional, e pressões por enquadramento em padrões estéticos específicos, tomam forma:
P:: ‘’é muita cobrança pra gente, tem que fazer as coisas em casa, tem que trabalhar, tem que estudar, tem que dar conta de ficar bonita também. Então assim, essa questão da beleza, nossa. Não era nem pra eu tá ligando pra minha aparência pra eu trabalhar no home office, mas eu ligo, quero tá bonita pra mim […] Nossa, e é muito louco, a gente reflete algumas situações a gente vê o quanto que a gente tem que ralar mais para conseguir se equiparar a um homem que não faz quase nada, só porque é um homem. [...] o quanto eles são mais protegido não só na sociedade, mas até no escopo familiar’’
Já G, focaliza a retirada de direitos sobre o trabalho:
‘’G: A pandemia começou com uma mulher negra e doméstica morrendo. Isso é muito substancial, né? Pra gente ver de forma geral que o povo negro ainda morre e mulheres negras estão nesse jogo. E são mulheres negras que têm filhos, mulheres negras que tem suas carreiras ou não, que estão desempregadas e que sofrem com as consequências da pandemia. E mulheres brancas trabalhadoras também. Acho que o peso mesmo de estar nesse momento é mais envolto nisso. Eu sofro também, né, porque eu me arrisco pra ir trabalhar; me arrisco pra ir no mercado; pegar um ônibus e algumas pessoas, mulheres também. Mulheres trans, que não podemos excluir nem desconsiderar elas. As (mulheres trans) que eu conheço tão dentro da prostituição nos momentos da pandemia, não são contratadas, nem chamadas pra entrevistas, não tem acesso a coisas que possibilitariam oportunidades, que possibilitariam que elas prestassem uma universidade.”
Conclusiones:
Hirata (2014) analisa que as e os sujeitos só podem ser compreendidos em dimensões mais complexas quando observados os atravessamentos que os constituem. A teoria da interseccionalidade, busca então, apreender e compreender - sem hierarquizar as opressões e as diferenças - as dinâmicas constituintes da subjetividade. Suas críticas mais assertivas tratam da necessidade de expansão do eixo de análise classe-gênero-raça para que não seja produzida uma “cartografia estática” das subjetividades (KERGOAT 2012). Observar através deste prima, nos permitiu investigar diferentes dinâmicas de opressão, como um “nó frouxo que se movimenta” (SAFFIOTI 1985, 2013, 2015) tais eixos operam contingenciamento nas experiências (THOMPSON 1981; SCOTT 1988), ora saltando a luz alguma categoria de diferença específica, ora outra, porém, jamais existindo autonomamente. Nos parece oportuna a sugestão teórico-metodológico de Brah (2006) que indica a possibilidade de compreender a relação entre sujeitas e sujeitos a partir da interseccionalidade buscando construir não hierarquias, mas pontos de convergências das experiências.
O feminismo marxista não é uma teoria homogênea, Cecília Toledo ([2017]) e Heleith Saffioti (1985, 2013, 2015) são bons exemplos desta afirmação. Para a primeira a categoria de gênero trata-se somente de uma esfera simbólica, ou seja, não há materialidade concreta nesta categoria, a opressão das mulheres deriva-se apenas e unicamente da opressão de classe, ou seja o gênero é absolutamente determinado pela classe ([TOLEDO, 2017)]. De postura equivocada e imprecisa uma vez que historicamente o processo de configuração do capitalismo não aparta-se de sujeitos específicos que são oprimidos. Tampouco o modo de produção capitalista encerra em si todas as opressões, dado que já existia patriarcado antes de existir capitalismo (SAFFIOTI, 1985; 2014; 2015 et all), portanto, a opressão pelo sexo não é novidade do modo de produção capitalista. Esta é apenas uma das divergências, há tantas outras, contudo, apostamos nessa teoria como ainda funcional, sobretudo as clivagens da teoria da reprodução social, BONNET (2020) ressalta a ‘’necessidade de prosseguir na reconstrução e na legitimação de uma narrativa da história do feminismo marxista à luz da crítica da “história das mulheres” (p. 32).
A crise econômica de 2008 tornou-se multifacetada; como comenta BOITO (2012) tal investida política restaura a direita neoliberal e os desdobramentos da crise aprofundam e intensificam problemas estruturais da realidade brasileira, bem como instagram uma crise da reprodução social, com a precarização essenciais a vida (ARRUZA, Cynthia; BHATHACHARYA, Tithi; FRASER, Nancy, 2019). As mulheres jovens residentes de periferia, em especial as mulheres negras lidam com pressões mais intensas relacionadas ao futuro e ao auto sustendo. Gemma; Lima e Bergstrom (2021) apontam não mais jornadas de trabalho as mulheres durante a pandemia, mas ‘’um fluxo contínuo de atividades que se sobrepõe e concorrem entre si, causando sofrimento psíquico e sobrecarga de trabalho […] (p. 10)
Sob o governo neofascista (BOITO, 2020) de Bolsonaro Mourão grupos já subalternizados foram alvo de violências, desamparos estatais e perca intensa da dignidade de vida. Nesse contexto, a lógica de sobrevivência acaba por tornar-se a do empreendedor de si mesmo (DARDOT; LAVAL, 2019), porém esta lógica encontra-se imersa nas experiências (THOMPSON, 1981, SCOTT 1988) e é intensamente tensionada por experiências e percepções mais coletivas, como é o caso de nossas interlocutoras ao ressaltarem a importância da organização política e mesmo de se informar diante de debates, ou até a reconfiguração e redivisão de trabalhos domésticos no auge da pandemia. Estes elementos ainda precisam ser melhor tratados por nós, constituindo um limite da presente pesquisa a compreensão das micro resistências.
Mostrou-se que não basta compreender as desigualdades de gênero, há que existir alternativa política presente no cotidiana destas sujeitas. Cabe destacar que nossas interlocutoras, sendo universitárias, tiveram maior acesso aos debates do feminismo, dessa forma, havendo maiores possibilidades de renomeação do vivido (FORMAGGIO 2019.) Porém, num cenário de severos agravamentos das condições das mulheres, a organização coletiva, embora seja uma saída amplamente construída, também torna-se mais difícil. As Interlocutoras destacaram a ausência de movimento de mulheres, e certo desalento em não encontrar canalização numa luta mais ampla e contínua.
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Palabras clave:
percepção; desigualdade de gênero; neoliberalismo