Descripción de la Publicación académica:
O livro
A mesa das autoridades: o comer e o poder no candomblé, trata das relações entre os ritos do comer e as relações de poder nas religiões afro-brasileiras. Resultado de pesquisa junto a terreiros e lideranças religiosas do candomblé em São Paulo, João Pessoa e Fortaleza, o livro traz ao centro da discussão o mundo das festas de candomblé e os banquetes servidos às visitas. Ao demonstrar que comida também serve para governar, o autor conduz o leitor e a leitora por uma sociologia da mesa das autoridades, mostrando o quanto no mundo dos terreiros, comer é um ato político e cozinhar um ato de poder. Trata-se de uma autêntica diplomacia da boca. O autor também demonstra o quanto as relações de poder, próprias ao mundo intra e interterreiros, passam por diferentes espaços, representados por cadeiras e mesas em torno das quais orbitam alianças políticas e rígidas etiquetas ligadas à hierarquia religiosa e ao tempo de iniciação. Nesse sentido, o lugar ocupado na mesa está diretamente relacionado com a posição ocupada no sistema religioso. Aqui a discussão vai além da especulação sobre a dieta das divindades e se concentra naquilo que as pessoas comem e como elas comem. Por outro lado, ao buscar compreender os sentidos do comer na sua interface com as redes de poder religioso, o autor demonstra o quanto as tradições afro-religiosas são dinâmicas, seja adaptando sua mesa às novas dietas alimentares que chegam aos terreiros através dos adeptos, seja criando novas tradições alimentares determinadas pelos orixás. O livro emerge como importante referência para se compreender as culturas alimentares afro-religiosas e as dinâmicas internas a este universo tão marcado pela diversidade de comidas e formas de comer. Da sua cadeira ou da sua mesa, babalorixás e ialorixás governam o microcosmo dos seus terreiros, através de um sistema de redistribuição alimentar e de uma endopolítica fundamentada na ideia de axé, também sinônimo de poder. E, como a comida é portadora de axé, comer se confunde com poder, já que ter poder também é poder comer o que se quer.