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Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação Profissional em Psicanálise e Políticas Públicas. Neste trabalho realizamos uma análise psicanaliticamente dirigida sobre a formação sócio-racial brasileira a partir da teoria lacaniana e dos estudos das relações raciais articuladas a filosofia, historiografia, sociologia, psicologia e a epistemologia afro-diaspórica. Consideramos os aspectos históricos da escravização e da colonização brasileira. Esta dissertação é, a rigor, fruto de um pensamento coletivo. Nosso objetivo foi localizar a singularidade da lógica do racismo no Brasil, seus efeitos na estrutura inconsciente, seus mecanismos de manutenção, e as resultantes subjetivas dessa experiência na estrutura social e na constituição do sujeito racializado. A metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica como recurso prioritário; tomada como método de interpretação da realidade, a pesquisa é assumida neste trabalho como uma tomada de posição implicada na realidade pesquisada. Trata-se de uma produção discursivo-textual de agência social que não comporta uma explicação causal unívoca. Ancorados na dialética hegeliana; na lógica psicanalítica e na epistemologia africana o texto está organizado em quatro capítulos. No primeiro capítulo, ressoando a denúncia que faz o movimento negro quanto ao apagamento epistêmico de autoras e autores negros ressaltamos que reconstruir e manter viva a memória de um povo é na verdade assegurar, no presente o seu lugar social. Afeto a concepção africana, sustentamos a partir do conceito de sankofa que não é tabu voltar atrás e procurar o que falta; No segundo capítulo realizamos um resgate histórico dos processos de invasão das Américas, do racismo ou sexismo, da colonização, da formação do eurocentrismo não imaginário moderno-colonial e da formação sócio-racial brasileira; No terceiro capítulo sustentamos que a classe dominante brasileira, amparada na incompreensão idílica e no mito da democracia racial, nega uma configuração social mediada pela raça que forme uma realidade perversa e cínica cuja ambigüidade pode ser caracterizada como moebiana; No quarto capítulo analisamos os impactos do racismo dentro das instituições de psicanálise. Apoiamos o necessário envolvimento público das instituições psicanalíticas e a auto-organização de duas psicanalistas negras e negras para as disputas institucionais no campo. Em conclusão, apresentamos uma síntese das informações que coletamos ao longo da pesquisa e postulamos o reconhecimento de um sujeito brasileiro, tanto para negros quanto para brancos, reconhecendo a emergência de um sujeito de incompreensão e de uma formação social rigorosamente ambígua, diverso e que foi historicamente barrado. Em um país de tantos psicanalistas e psicólogos, é urgente constituir uma psicologia e psicanálise autenticamente brasileira e envolvida em seus processos históricos e sócio-raciais marcados pela exclusão. Isso deve ser feito sem ignorar as relações concretas de poder e o papel da classe dominante nos processos de submissão racial e estratificação econômica. uma para negros e outra para brancos, reconhecendo a emergência de um sujeito de incompreensão e de uma formação social rigorosamente ambígua, diversa e historicamente barrada. Em um país de tantos psicanalistas e psicólogos, é urgente constituir uma psicologia e psicanálise autenticamente brasileira e envolvida em seus processos históricos e sócio-raciais marcados pela exclusão. Isso deve ser feito sem ignorar as relações concretas de poder e o papel da classe dominante nos processos de submissão racial e estratificação econômica. uma para negros e outra para brancos, reconhecendo a emergência de um sujeito de incompreensão e de uma formação social rigorosamente ambígua, diversa e historicamente barrada. Em um país de tantos psicanalistas e psicólogos, é urgente constituir uma psicologia e psicanálise autenticamente brasileira e envolvida em seus processos históricos e sócio-raciais marcados pela exclusão. Isso deve ser feito sem ignorar as relações concretas de poder e o papel da classe dominante nos processos de submissão racial e estratificação econômica. urge a necessária constituição de uma psicologia e psicanálise autenticamente brasileiras e envolvidas em seus processos históricos e sócio-raciais marcados pela exclusão. Isso deve ser feito sem ignorar as relações concretas de poder e o papel da classe dominante nos processos de submissão racial e estratificação econômica. urge a necessária constituição de uma psicologia e psicanálise autenticamente brasileiras e envolvidas em seus processos históricos e sócio-raciais marcados pela exclusão. Isso deve ser feito sem ignorar as relações concretas de poder e o papel da classe dominante nos processos de submissão racial e estratificação econômica.

Introducción:

O primeiro capítulo, História, memória e subjetividade teve por base um conceito renovado de história articulada pelo filósofo Vladimir Safatle (2015); uma descrição crítica destes conceitos em Descartes e a articulação destes em Hegel, Freud e Lacan, em diálogo com a concepção de história, memória e subjetividade elaborada pelo professor Muniz Sodré sobre a perspectiva africana dos povos de terreiro. 

No segundo capitulo, Coordenadas histórico-subjetivas da segregação, realizamos uma recuperação histórica elaborada pelos pensadores decoloniais Joaze Bernardino-Costa & Ramón Grosfoguel (2016). Associando ao estudo do sociólogo Antônio Sergio Guimarães (2020) e outros autores, demonstraremos que, no contexto de formação de uma economia mundo em que se dá a acumulação primitiva do capital, o genocídio/epistemicídio praticado contra mulheres indo-europeias, judeus, muçulmanos, ameríndios e africanos marca a formação do eurocentrismo no imaginário dominante do mundo moderno/colonial. Trata-se de uma lógica que construiu as bases para as noções modernas do antijudaísmo, do antissemitismo, do racismo/sexismo e demais formas de segregação que constituíram a formação social brasileira. 

De acordo com o professor Luiz Alfredo Garcia-Roza (2009), nesse contexto histórico de emergência do cogito e sua epistemologia, Descartes elabora uma subjetividade centrada no ego e forja uma noção de Eu apoiada em um dualismo, cujo espírito é “sem existência" (LACAN, 1998b, p.159). Autodeterminado pela certeza de si, o eu é solipsista e “exposto através da enunciação da transparência reflexiva do cogito” (SAFATLE, 2000, n.p). Esta formulação se tornou possível, como argumenta Dussel (2005), pela negação de outros povos e culturas não europeias. Lacan irá criticar essa figura dual e solipsista da racionalidade moderna pela localização de um ponto absolutamente irreflexivo, chamado sujeito (SAFATLE, 2000).

Avançaremos na análise da segregação e racismo no contexto da economia moderno-colonial e de sua influência na formação social brasileira, que passa de um periodo de segregação explicita a uma liberdade formal, ou seja, não relizada na prática. Destacaremos as contradições entre cor e status social na transição entre um regime estrito de segregação racial e a ordem econômica liberal, em que a cor como marcador da hierarquia social representa uma linha de separação, formalmente ausente, na experiência de uma “segregação” efetiva. Ao final deste capítulo, veremos que, para além da herança escravista, as desigualdades econômicas e sociais dos negros em relação aos brancos refletem a desvantagem negra nos ciclos acumulativos do capital material e simbólico. 

No terceiro capítulo, Uma formação social moebiana, sustentaremos que a classe dominante, apoiada na idílica miscigenação e no mito da democracia racial, denega uma configuração social mediada pela raça; uma realidade perversa e cínica, cuja ambiguidade pode ser caracterizada como moebiana. Ressaltaremos os aspectos ambíguos de nossa formação sócio-racial (Sodré, 2021), seus afetos e a constituição de padrões de clivagem racial inseridos no imaginário social brasileiro, nas estruturas e instituições do Estado, e nas práticas sociais cotidianas (Almeida, 2018) a partir da elaboração lacaniana da banda de Moebios (LACAN, 1998). 

 Neste sentido, relacionaremos o capitalismo neoliberal – modelo econômico e forma de vida – aos processos de segregação racial que se originam no século XV, atravessam todo o período moderno-colonial e alcançam os nossos dias. Buscaremos ressaltar que o aspecto comum de uma vida mediada pelos mercados pasteuriza e homogeneíza as relações sociais, tencionando processos de exclusão e de negação das diferenças. 

Veremos que, conforme aponta Martins (2020) que Bicudo (1945) aponta que os “fatores psicológicos do preconceito racial na sociedade brasileira” (MARTINS, 2020, p. 43) sequer puderam ser elaborados em aspectos da estrutura do sujeito como o ódio e a repulsa ao outro. As relações entre brancos e negros é baseada no recalcamento de hostilidades que persistem. Este processo pode ser percebido nas atitudes de submissão do preto em relação ao branco em razão do temor às reações do grupo dominante (MARTINS, 2020, p. 44). Por um lado, os processos e as práticas de dominação racial e econômica perpetrados pela classe dominante são evidentes. O ódio ao pobre e ao não branco são explícitos, apesar de não legalmente instituídos. Por outro lado, o subalternizado, capturado na malha ideológica do dominante, tende a manifestar essa hostilidade recalcada, identificando-se com o ideal da brancura, situação em que pode agir, no jogo social, assumindo posturas contra si mesmo e seus interesses de grupo. Neste sentido, demonstraremos que as hostilidades recalcadas estruturam uma política velada de ódio.

No quarto capítulo, Uma demanda historicamente construída: analistas negros para analisantes negros, trabalhamos uma questão de caráter “profissional” que consideramos relevante pela atualidade do problema e sua inserção no contexto deste Programa de Pós-graduação que relaciona Psicanálise e Políticas Públicas. De certo modo, os aspectos históricos e conceituais de nossa formação social e sua estrutura racializada, que percorreremos no primeiro, segundo e terceiro capítulos, assumirão uma elaboração prática. 

A partir da elaboração de Rosa (2004) e Brousse (2003), analisaremos a relevância da psicanálise na leitura crítica das questões sociais; a ética e a política da psicanálise; os limites entre a neutralidade e o compromisso do analista. Por fim, seguiremos a argumentação de Dunker (2015) para evidenciar a responsabilidade pública da psicanálise diante das contradições sociais. Neste contexto veremos que, também no interior da psicanálise, confirma-se a ambiguidade e contradição de sujeitos enredados duplamente no contexto da psicanálise e da militância negra organizada. 

Por fim, apresentaremos na conclusão uma síntese das informações que colhemos ao longo do trabalho. 

[1] Este é o período de formação de um novo sistema histórico denominado por Wallerstein como o moderno sistema-mundo, ou a economia-mundo europeia ou a economia-mundo capitalista. O processo histórico que formou esse novo sistema cobriu os 200 anos do longo século XVI (GROSFOGUEL, 2016, p. 26). 

Desarrollo:

Freud e Lacan atribuíram grande importância aos conceitos de história e memória, articulando seus efeitos na produção da subjetividade. Para Lacan, a história não é mais o passado ou o que pode ser historicizado não é o presente. Trata-se menos do que pode ser nomeado e mais do que o sujeito pode reconstruir. Segundo Garcia-Roza (2009), no início da Carta 52 (1896) dirigido a Wilhelm Fliess, Freud caracteriza fundamentalmente o "aparelho psíquico como um aparelho de memória" (GARCIA-ROZA, 2009, p.199). Na mesma direção, Lacan, seguindo Freud, considera que "o Outro é o lugar da memória" (LACAN, 1988h, p.581). Essa concepção psicanalítica em muitos aspectos se aproxima da epistemologia africana. Elaborada no contexto ritualístico, a memória não significa mera repetição, mas um processo de atualização em que não há contradição entre mito e história. Nessa temporalidade, importa muito pouco aos dados, pouquíssimo ou obsessivo realismo de dois fatos, e é a narrativa de uma experiência existencial veiculada por famílias, amigos, conhecidos, todas as pessoas vinculadas a uma comunidade (SODRÉ, 2017, p.74). 

Conclusiones:

Ao negar a alteridade dos outros povos, os europeus eligiram a si mesmos como raça superior, uma construção fictícia na perseguição de suas próprias intenções. A dominação cultural começou no próprio instante em que o espanhol pisou a América e após ele, o português, o holandês, o inglês, o francês e o estadunidense seguiram no mesmo caminho. No entanto, a diacronia unilinear Grécia-Roma-Europa é apenas um invento ideológico do romantismo alemão de fins do século XVIII; uma manipulação conceitual do modelo ariano que se inicia no século XVI e marca a formação do eurocentrismo no imaginário dominante do mundo moderno/colonial. Trata-se de uma forma de legitimação e exploração dos povos não europeus apoiados na concepção do outro como destituído de religião, escrita e história, e, portanto, atrasados e inferiores em relação à Europa.

Da parte dos colonizadores, havia a necessidade objetiva de submeter os grupos dominados a uma hierarquia social definida por seus marcadores “ontológicos”. Daí porque no mesmo momento em que se estabelece o homem como abstração máxima da espécie, reificam-se antigas formas de classificação social determinadas pela raça. No entanto este não foi um processo que começou com a emergência do cogito expresso na forma Ergo Sum. Antes que Descartes pudesse enunciar o eu sou como entidade superior e universal, representante do homem, branco, cristão e capitalista, processos históricos de dominação e extermínio se realizaram com base no que Dussel nomeia Ergo Conquiro. Na base, estava um processo de genocídio/epistemicídio praticado desde o século XV contra judeus, muçulmanos, indígenas, africanos e pela acusação de “heresia” às mulheres indo-europeias acusadas de bruxaria. 

A partir do século XVII, O Iluminismo e a Revolução Francesa modificaram a concepção totalizante da natureza humana. No quadro do racismo científico e do direito positivo, a afirmação dos direitos universais da pessoa humana – de todos iguais perante a lei –, exigiu a acomodação da assimetria das condições reais de desigualdade. A segregação, no interior dos discursos biológico-racistas e da regeneração da raça, fez com que pouco a pouco a luta entre as raças se constituísse em racismo de Estado. Com este “novo” aparato de tecnologia disciplinar do corpo, o controle biopolítico da população apela à eliminação das “raças inferiores”, das “sub-raças”, dos “indivíduos anormais”, dos ditos “loucos” e dos chamados “degenerados”. No Brasil, os colonizadores desenvolveram certo temor em relação aos negros, em parte pelo medo das insurreições, mas sobretudo porque temiam que a mestiçagem apagasse os marcadores de diferenciação e hierarquização das estruturas sociais. Na relação entre escravizados e a classe senhorial havia permanente conflito, resistência da parte dos escravizados e, apesar da brutalidade da escravidão, a sujeição não era total: o escravizado não perdia sua condição de sujeito ativo; mesmo configurado no ordenamento jurídico como propriedade, permanecia no escravizado a luta. 

Ao lado da luta, e mesmo dentro do regime estrito de segregação, havia no Brasil um nível significativo de interpenetração entre brancos e negros. Obviamente em grau muito menor que os brancos, a população negra acumulara algumas propriedades materiais e simbólicas e constituíra uma relevante rede de apoio social e familiar. A partir de meados do século XIX, estas estruturas de apoio e permeabilidade social que se desenvolviam com a resistência explícita da classe senhorial foram fortemente abaladas com a aprovação da lei de terras a partir de 1850 e a opção pelo embranquecimento da população através da imigração de trabalhadores europeus. A classe senhorial optou por uma mudança lenta e gradual do sistema escravista e com a aprovação da referida lei, impediu o acesso de negros alforriados a um pedaço de terra pondo em curso a construção de inúmeras legislações que criminalizaram e estigmatizaram o negro livre. 

Neste processo, a marca da cor é reforçada como fiadora da estratificação econômica e da hierarquia sócio-racial como um projeto de país. Os marcadores raciais definem os lugares sociais, ao mesmo tempo em que se fortalece a ilusão de que os descendentes de africanos e indígenas poderiam ascender socialmente. Primeiramente temida, a miscigenação passará a ser um instrumento de dominação desde que fosse controlada intencionalmente pela classe dominante branca. A miscigenação, assim, promoveria o embranquecimento do país que se realizaria pelo aporte de contingentes imigrantes europeus brancos, e seria a via da ascensão social. 

Há, por um lado, um aspecto real da miscigenação como fator decisivo da formação social brasileira que não pode ser desprezado. Por outro lado, há um discurso em que estes processos são retratados de modo idílico. Se o postulado freyriano da democracia racial em 1932 representava o fim da narrativa racista e eugênica da intelectualidade que vigeu até os anos 1920, por outro criava uma áurea mística em torno da miscigenação, que pecava por não enfrentar as desigualdades reais sociais e econômicas. 

Gilberto Freyre e outros autores buscaram enfrentar as questões do racismo atribuindo a condição de marginalização do contingente negro à herança do período escravista e colonial. Autores como Carlos Hasenbalg apontaram em outra direção, destacando a relação atual entre a exploração capitalista de classe e a permanência do racismo brasileiro. Contra a tese dos mitos fundadores nacionais, Hasenbalg explica a situação de exclusão da população negra por fatores estruturais contemporâneos da sociedade de classe, na qual o negro é submetido a processos que dificultam no presente seu acesso aos meios de desenvolvimento socioeconômico. O autor não relega a questão racial a segundo plano mas associa a afirmação da identidade étnico-racial à mobilização do contingente negro para luta de classe.

Entre 1930 e a formação do Estado Novo em 1937, o Brasil vive anos de inclinação autoritária; viés nacionalista e racista. A Ação Integralista Brasileira, cujo principal nome era Plínio Salgado, defendia abertamente práticas eugênicas como política de Estado. Na constituição de 1934 essa influência se fez sentir no texto constitucional onde está explicito que a educação deveria seguir um princípio eugenista.  No entanto, a ideologia nazifascista no Brasil não se limitou a grupos brancos de direita e extrema direita. Figuras importantes da nacionalidade como Vinícius de Moraes e Abdias do Nascimento perfilaram-se na AIB na juventude, bem como frações importantes do movimento negro de direita, como a Frente Negra Brasileira. 

Até 1964, a democracia racial representou um ideal de integração do negro na sociedade de classe. Durante o regime civil-militar de 1964 romperam-se os compromissos de inclusão: a democracia racial foi propalada como um dado já constituído da formação brasileira, e nos anos 1980 foi retomada pelo Movimento Negro Unificado como mito a ser denunciado. Enquanto foi discurso social hegemônico, até os anos 1980, a democracia racial produziu no Brasil um tipo de cisão da consciência. O racismo vivenciado na prática era negado no discurso dominante.

Partindo da constatação dos duplos miscigenação (temida e manipulada), democracia racial (como projeto real e como ideologia), segregação e interpenetração, Gilberto Freyre e Guerreiro Ramos sustentam o postulado da ambiguidade como traço fulcral das relações sociais e raciais no Brasil. Historicamente, essa ambiguidade é associada por Gilberto Freyre às raízes ibéricas de nossa cultura, posto que o ethos da formação social espanhola e portuguesa teria origem na África, na dupla gênese oriental/ocidental presente na Península Ibérica. Elide Bastos sustenta que, desde os anos 1920, Freyre tornava positiva a miscigenação do Brasil, filho de três raças, dois climas e dois tempos históricos. No entanto, ela ressalva que esta relação produziu uma civilização baseada em relações mórbidas – sadistas-masoquistas – e que inverteu a relação senhor-escravo, introduzindo o papel civilizador do negro na sociedade brasileira.

Esta abordagem nos permitiu a hipótese de que a formação social brasileira é homologa à topologia da banda de Moebios. A banda de moebius é uma estrutura de apenas um lado, nela não há lado de dentro nem de fora; não é possível isolar-se nela numa ou noutra parte, a separação existe e inexiste simultaneamente. Esta figura topológica foi tomada por Lacan como metáfora do aparelho psíquico, uma forma de demonstrar que que não há uma cisão radical entre o psíquico e o social. Se a banda pode servir de metáfora de nosso sistema de pertencimento e relações sócio-raciais ambíguas, a rigor, apenas de modo artificial se pode alegar a cisão étnico-racial da sociedade brasileira. 

Segundo a elaboração de Lacan, algo do exterior precede a interiorização da imagem do eu antes que este possa distinguir entre o eu e o não-eu, o dentro e o fora. A relação entre exterioridade/interioridade; indivíduo e social é de interpenetração. Segundo Guerreiro Ramos, os polos de uma polaridade podem se transformar nos termos de uma ambiguidade. Subjaz aqui o conceito hegeliano da dialética em que sujeito e objeto se alteram sucessivamente numa espiral. A mestiçagem e a interpenetração das culturas africana, indígena e europeia, característica predominante da configuração social brasileira, é o corte que constitui o elemento temporal que permite situar o ponto que funda o ethos nacional, no sentido moebiano, dessa formação.

Conforme indica Sodré, a classe dominante brasileira produz um idioleto, uma linguagem privada que se “coloniza” os extratos subalternizados da população e que atua na forma de um Supereu sádico. Nesta função a classe dirigente emula no imaginário social brasileiro a velha forma escravista. A psicologia do racismo é engendrada artificialmente através de técnicas de controle social racionalmente calculadas que determinam o laço social em geral e as funções econômicas/libidinais particulares do indivíduo. É concebível falar em racismo estrutural como mote político, mas, conceitualmente, trata-se de um racismo para-estrutural, “difuso, sutil, evasivo, camuflado, silenciado em suas expressões e manifestações, porém eficiente em seus objetivos” (MUNAGA, 2017, p.17). Um racismo que, como argumenta Almeida, é uma ideologia que molda o inconsciente por padrões de clivagem racial inseridos no imaginário e em práticas sociais cotidianas. 

É notável, a partir daí, a homologia entre o papel do Supereu como instancia psíquica que “comanda o jogo de relações de que depende toda a relação a outrem” (LACAN, 2009) e a elaboração de Sodré de que a classe dominante, na configuração social brasileira, assume uma posição análoga a um Supereu sádico (SODRÉ, 2021, n.p). Supereu e gozo, no sentido lacaniano, estariam estruturalmente relacionados: “gozar não é uma maneira de seguir nossas tendências espontâneas, é antes algo que fazemos como um tipo de dever ético estranho e distorcido” (ZIZEK, 2010, p. 99). O discurso social sobre o negro, no contexto atual, emerge de modo ambivalente revelando o caráter insensato no puro gozo perverso da classe dominante, “na destruição incessante dos objetos, que nada mais faz do que atualizar um excedente de gozo” (IBIDEM, p. 22,23).

Também o subalternizado submetido ao racismo participa de alguma maneira neste jogo, numa espécie de gozo masoquista.  Não são suas disposições psicológicas que causam o processo; pelo contrário, a classe dominante na posição de Supereu sádico, define os termos desta relação por razões de interesse próprio que são completamente não psicológicas. O sádico atua como mandatário de poderosos interesses econômicos e políticos. É neste sentido que a lei estabelece as coordenadas do desejo do masoquista. Como nos lembra Adorno, o motivo subjetivo deste processo de submissão é o medo da exclusão e das sansões sociais vinculadas a raça e a classe. Sedimentado no indivíduo, transforma-se em uma segunda natureza pela valorização do outro, branco, rico, homem, europeu, e a negação de si mesmo.

Foi neste contexto de colonialismo, segregação e ambiguidade, por vezes não sabida, que no Brasil se estabeleceu a psicanálise, e se confrontou (e conformou) não apenas com essa formação social, mas também com as variações históricas do movimento negro e das negras psicanalistas. A aproximação entre a psicanálise e os movimentos sociais das maiorias subalternizadas, em especial do movimento negro, não se deu alheia ao contexto histórico-social. Setores conservadores da psicanálise tenderam a etiquetar demandas de reconhecimento da população negra, das feministas, de pessoas trans e LGBTQIA+ de modo geral, reduzindo-as ao identitarismo. 

No entanto, parecem convergir a psicanálise e o movimento negro neste momento – 2022 – quanto à noção de parcialidade do sujeito e do objeto. Neste sentido, rebaixar a identificação como identidade fechada ou identitarismo, a psicanálise, na leitura das demandas raciais, limita o uso do significante identidade como expressão contrária à dimensão não-toda e portanto faltosa do sujeito e do objeto. E, o que é mais grave do ponto de vista analítico, transpõem ao campo dos estudos das relações raciais um enunciado cuja enunciação deve ser tomada com rigor no interior da psicanálise, carecendo de mediações outras quando aplicado a outros campos. 

Na teoria psicanalítica, identidade parece remeter a imagem fixa de uma construção especular, algo de um eu cartesiano, imaginário. No entanto, nos estudos das relações raciais, especificamente sobre a comunidade negra, sua enunciação é diversa. Daí porque Domingos ao conceituar o significante negritude escrever que,

[...] no Brasil, negritude passou a ser um conceito dinâmico, o qual tem um caráter político, ideológico e cultural. No terreno político, negritude serve de subsídio para a ação do movimento negro organizado. No campo ideológico, negritude pode ser entendida como processo de aquisição de uma consciência racial. Já na esfera cultural, negritude é a tendência de valorização de toda manifestação cultural de matriz africana. (DOMINGUES, 2005, p. 194[3]). 

Neste sentido, identidade negra deve ser lida pelo vetor do conceito de negritude que no contexto brasileiro explícita seu modo de abertura. Na mesma direção cabe ressaltar o posicionamento político de algumas lideranças do movimento negro no Primeiro Encontro Internacional da Coalizão Negra por Direitos, realizado em 2019. Neste sentido, a militantes do MNU, Monica Oliveira e Edson França falam de um projeto da identidade negra para o Brasil e não para os pretos: 

Foi dentro do [Movimento Negro Unificado] MNU que nos anos 90, na primeira metade dos anos 90, que eu ouvi falar sobre um projeto político do povo negro para o Brasil. Foi o MNU que trouxe essa discussão do projeto político do povo negro para o Brasil pela primeira vez. É importante que a gente diga isso, o movimento negro não está chegando agora na discussão de um projeto político para esse país. E sempre foi dito, que não é um projeto de um Brasil para pretos é um projeto do povo negro para o Brasil. (OLIVEIRA, 2019, n.p.) [...]Nós não vemos possibilidade, de avançar no processo de libertação da população negra, de construção da nossa dignidade social política e econômica, se a gente abandonar a luta de classes, se a gente não olhar e pensar nos desígnios da nação, se a gente não tiver um projeto para o Brasil. (FRANÇA, 2019, n.p.).

De fato, os campos da negritude e da psicanálise possuem especificidades e mesmo questões políticas e epistemológicas de natureza irredutíveis. No entanto, é possível encontrar convergências. Asad (2019) chama a atenção para o aspecto estratégico do uso da identidade, que pode ser útil no sentido de favorecer estrategicamente a identidade étnico-racial como ponto de ancoragem inicial no processo de transferência entre analistas e analisantes, quando evocado por parte dos analisantes. Para Vargas (2020), a categoria analítica “racismo” não é suficiente para analisar as experiências de pessoas negras, seja no Brasil ou na diáspora mundial:

É inegável o poder que essa perspectiva analítica tem de aglutinar grupos sociais oprimidos díspares. Ao tornar as condições das vidas de mulheres negras comensuráveis às das mulheres não brancas, ou de cor (asiáticas, latinas, indígenas e outras), o manifesto abre a possibilidade da formação de blocos políticos multirraciais, que lutam contra as formas articuladas de opressão. Esses blocos políticos têm como base analítica e ética o reconhecimento de que tais opressões são o resultado da supremacia branca global. As opressões que cada grupo sofre não são necessariamente as mesmas, mas elas são comparáveis e traduzíveis umas às outras porque provêm de uma mesma fonte, qual seja, a supremacia branca cis-heteronormativa patriarcal e capitalista. E da comparação e reconhecimento das várias opressões sofridas por grupos não brancos diversamente categorizados (simultaneamente pela classe social, raça, gênero, sexualidade, entre outras variá-veis) resultam denominadores comuns, os quais ressaltam experiências compartilhadas (VARGAS, 2020, p.17-18).

De certo modo a proposição de Vargas se comunica com teoria lacaniana que situa o sujeito do desejo como o que deve ser reconhecido, mas cujo reconhecimento não é dado por uma outra consciência. No entanto, ao se opor ao conceito de autoidentidade da consciência, a psicanálise não pode se transformar na hipóstase da diferença e das expectativas de reconhecimento (SAFATLE, 2006). O verdadeiro desafio posto à psicanálise não está em defender a desintegração do sujeito, mas de encontrar a potência própria às experiências de não-identidade; quebrar o círculo narcísico do Eu e as trocas intersubjetivas previamente estruturadas. Trata-se de uma experiência que implica em articular uma definição não totalizante do horizonte formal de síntese do sujeito que sustentaria processos de reconhecimento contrários a identidades fixas. No quadro das análises que articulam a teoria psicanalítica e os estudos das relações raciais, isso implicaria em afirmar moebianamente, que branco também é negro sem deixar de ser branco; que negro também é branco sem reduzir-se à brancura. Para que esse real da constituição de um “sujeito brasileiro” possa emergir, há que se afirmar um para além do negro e para além do branco, reconhecendo a emergência de um sujeito da miscigenação e uma formação social que a rigor é ambígua e diversa, mas que foi historicamente barrada. Há que se fazê-lo sem ignorar as relações de poder e o papel da classe dominante nos processos de submissão racial e estratificação econômica. 

[1] Língua da família banta, falada em Angola pelos ambundos.

[2] Grupo étnico banto que vive em Angola.

[3] https://www.revistas.usp.br/africa/article/view/74041/77683

Bibliografía:

SOUZA MONTEIRO, Pierre. Segregação e Laço Social: articulações entre psicanálise e relações raciais. 2022. Dissertação de Mestrado em Psicanálise e Políticas Públicas – Instituto de Psicologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2022. Disponível em: https://www.bdtd.uerj.br:8443/bitstream/1/18133/5/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20-%20Pierre%20de%20Souza%20Monteiro%20-%202022%20-%20Completa.pdf. 

Palabras clave:

psic. Relações raciais. Memória, história e subjetividade

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En la actualidad México está viviendo una emergencia sanitaria por obesidad y diabetes, provocada por el elevado porcentaje de personas que las padecen. Casi el 80% de la población adulta en México presenta sobrepeso y/o obesidad, y al menos el 14% sufre de Diabetes.  Existe un elevado costo derivado de ello a las finanzas públicas. El Sistema Nacional de Salud en México está planeado para atender y curar enfermos y no para prevenir la enfermedad y promocionar la salud. En este libro se presenta una nueva estructura y organización funcional para la promoción de la salud y la prevención de obesidad y enfermedades crónicas no transmisibles basado en un Modelo de gobernanza territorial multinivel interactivo y colaborativo. Una nueva estructura y organización para la administración pública municipal, en el sector salud, que evitaría la duplicidad de funciones y la precisa asignación de los recursos a este fin. El modelo surge como producto final de una investigación cuyo objeto de estudio fue el análisis de la funcionalidad de la estructura y organización de la gestión pública en el sector salud (período 2013-2018), enfocado en los programas de promoción de la salud, prevención y control de obesidad y enfermedades crónicas no transmisibles desde lo federal a lo municipal (eficacia, efectividad, eficiencia y economía de los programas). El libro cuenta con siete capítulos, introducción y  conclusiones, los capítulos se dividen de la siguiente forma: 1) Situación epidemiológica de enfermedades crónicas no transmisibles en México. Magnitud del problema. 2) Estudio de caso: Política pública de promoción de la salud y de prevención de obesidad y diabetes en la Administración Pública Federal, período 2013 a 2018. 3) Marco legal que sustenta el modelo. 4) Bases conceptuales del Modelo: la gobernanza. 5) Modelo de Gobernanza territorial, multinivel, interactivo y participativo apoyado en las nuevas tecnologías de la información (TIC). 6) Promoción de la Salud. En el sexto capítulo se presenta una metodología denominada “El Prisma Hexagonal para Promoción de la Salud” que explica el concepto de promocionar la salud, enfocado en la educación participativa y el trabajo con la comunidad y los elementos clave que ésta debe incluir para hacerla en forma efectiva. 7) Mercadotecnia Social: Elementos clave para hacer campañas de comunicación social exitosas. Análisis de la Campaña “Chécate, mídete y muévete”, que se llevó a cabo en el período 2013-2018.El libro se enfoca en hacer de forma más eficaz la promoción de la salud a nivel local, buscando hacer más eficiente el sistema en la administración pública.

Introducción:

El tema de la gobernanza ha surgido como una nueva forma de gobernar y como los nuevos sistemas de la administración pública del presente siglo. En algunos países de America Latina, y en especial de la Unión Europea, utilizan a la gobernanza como método para la solución de algunos problemas sociales; mediante la asociación, colaboración y cooperación del gobierno con la sociedad civil organizada, en especial enfocados a la atención de los problemas sociales, y en el tema de la salud. 

La Gobernanza para la salud requiere de un conjunto sinérgico de políticas, muchas de las cuales residen en sectores distintos al de la salud por lo que necesitan del desarrollo de nuevas estructuras y mecanismos que faciliten la colaboración entre los participantes, el gobierno y los actores no gubernamentales.

El éxito de una política pública en promoción de salud, prevención y diagnóstico oportuno de las enfermedades, sólo será posible con la participación activa y conjunta de los ciudadanos y el gobierno. El carácter multidimensional y multicausal de la compleja problemática de salud que se está viviendo en el México de hoy, hace necesaria una respuesta integrada a través de hacer de la salud un objetivo común del gobierno y la sociedad.

En la actualidad, son múltiples los esfuerzos en el campo de la promoción de la salud y la prevención de la obesidad y las enfermedades crónicas no transmisibles en México, en su mayoría desarrolladas por el gobierno federal y los gobiernos locales. Otras iniciativas también han sido desarrolladas por la sociedad civil organizada, por centros de investigación de la salud, por fundaciones, por el sector empresarial, entre otros actores. Encuentro, que si bien hay abundancia de información, esfuerzos y programas, éstos se encuentran aislados, en forma independiente, de manera dispersa, por lo que no existe una coordinación de dichas acciones, teniendo como resultado, en algunos casos duplicidad de esfuerzos por la falta de comunicación entre estos actores y aumento del costo de los mismos. 

Por otro lado, lo más importante, dichas acciones no alcanzan a tener un impacto efectivo en la promoción de la salud y la prevención de las enfermedades. Lo anterior se ve reflejado en los resultados de la Encuesta Nacional de Salud y Nutrición 2021, recién publicados en julio de 2022. Estos revelan que el sobrepeso y obesidad a nivel nacional han aumentado; de igual manera los casos de diabetes, enfermedades cardiovasculares e hipertensión. En noviembre de 2016, por primera vez en la historia de México, la Secretaría de Salud Federal declaró una emergencia sanitaria por dos enfermedades no contagiosas: obesidad y diabetes.Se está viviendo una situación de emergencia por la gran cantidad de personas con obesidad, diabetes, enfermedades del corazón e hipertensión, entre otras enfermedades que en la mayoría de los casos pueden ser prevenibles. 

Existe un elevado costo de la obesidad y la diabetes a las finanzas públicas. Considerando la transición epidemiológica y el cambio demográfico, una investigación del Centro de Investigación Económica y Presupuestaria (2018) estima que el gasto en salud aumentará a un ritmo de 4.2% anual y que las enfermedades crónico-degenerativas representarían el 90% de las estimaciones del gasto, por lo que resulta necesario incentivar políticas de prevención y promoción de salud que contengan los niveles proyectados de incidencia de enfermedades crónicas.

La forma para poder conectar y coordinar a los distintos actores para lograr una promoción de salud más eficaz, así como la prevención primaria de las enfermedades con mayor éxito será a través del desarrollo de un sistema de gobernanza.

 El objeto de este libro es presentar un Modelo de gobernanza territorial multinivel para la promoción de la salud y la prevención de obesidad y enfermedades crónicas no transmisibles, donde se promueve una colaboración, asociación y corresponsabilidad entre los tres ordenes de gobierno (federal, local y municipal) y los diferentes actores de la sociedad civil, dividida en sector privado o empresarial, académico, social (Organizaciones de la Sociedad Civil), junto con las comunidades presentes en un territorio. 

Por medio de este Modelo para la administración pública en los tres ordenes de gobierno se puede tener una línea de acción que va desde el municipio a la federación y viceversa, evitando así la fragmentación y la dispersión de las acciones, con lo que se puede tener un sistema más funcional y menos complejo desde la parte operativa. Así como la inclusión de los actores no gubernamentales colaborando y cooperando en acciones conjuntas con el sector público en corresponsabilidad por la protección y mantenimiento de la salud de la población, y procurando el desarrollo sostenible.

El Sistema Nacional de Salud en México está planeado para atender y curar enfermos y no para prevenir la enfermedad y promocionar la salud (PS). La prevención de enfermedades, el diagnóstico oportuno y la PS es costo efectivo, y está implícita en el desarrollo sostenible (Objetivo de Desarrollo Sostenible 3: “Garantizar una vida sana y promover el bienestar de todos a todas las edades” (ONU 2015, Cepal 2018), que implica eficientar los recursos y no comprometer con las acciones de hoy a las generaciones futuras, por lo que es crucial enfocar y concretar acciones hacia este camino en la administración pública con el objeto de buscar la sostenibilidad del sistema.

Desarrollo:

Se realizó un trabajo de investigación cuyo objeto de estudio fue analizar la funcionalidad de la estructura y organización de la Administración Pública en el sector salud, enfocado en los programas de la promoción de la salud, prevención de obesidad y enfermedades crónicas no transmisibles desde lo federal a lo municipal/local en el período 2013-2018.

1.1 Administración Pública: 

El análisis se inició desde el Plan Nacional de Desarrollo (2013-2018), el Programa Sectorial de Salud, y se eligieron 8 de los 35 Programas de Acción Específica (PAEs)[1] de la Secretaría de Salud (SS) que se enfocaban en Promoción de Salud (PS) y prevención y control de obesidad y enfermedades crónicas no transmisibles (ECNT), y 3 Programas presupuestarios[2] que otorgan los recursos públicos a los PAEs seleccionados. 

Algunos hallazgos relevantes, entre otros se mencionan a continuación:

En base a los hallazgos obtenidos de la investigación, y buscando solucionar la problemática encontrada, el objetivo principal del trabajo fue la de desarrollar una estructura y una organización funcional integral de gestión pública, bajo la modalidad de gobernanza.

2. Bases Conceptuales del Modelo: Gobernanza para la Salud

La Gobernanza para la Salud es la participación de distintos actores, tanto gubernamentales como no gubernamentales con el fin de preservar y cuidar la salud de las personas, ya sea desde la atención primaria, que incluye la promoción de la salud y la prevención de las enfermedades, así como la atención médica familiar.

Kirckbusch (2011) define a la gobernanza en el contexto de la salud como “los esfuerzos de los gobiernos y otros actores para dirigir a las comunidades, al país, a la búsqueda de la salud y el bienestar como una meta colectiva”. En la actualidad, la mayoría de los gobiernos se comprometen a dar los servicios necesarios a las personas para cuidar y preservar la salud de sus poblaciones.

3. Propuesta para la Administración Pública Sostenible: Enfoque Gobernanza.

México requiere una Política de Estado en Promoción de la salud y prevención primaria del sobrepeso, obesidad y enfermedades crónicas no transmisibles. De allí la propuesta del siguiente Modelo que presenta una nueva estructura y organización funcional para la administración pública a través de un sistema de gobernanza, que incluye cuatro partes fundamentales que se explican a continuación.

3.1  Red de Gobernanza para la promoción de la salud

            En los tres ordenes de gobierno, se debe ubicar a los actores de los distintos sectores (social, académico y privado, además del público) que participarán en la red de gobernanza.

Para lograr un trabajo de promoción de salud eficaz y eficiente es necesaria la participación dichos actores. La metodología que permite identificar quiénes son los actores clave y conocer su influencia e intereses en el desarrollo y resultados de una intervención se conoce como el “análisis de actores”, y es un instrumento indispensable para comprender el contexto social e institucional de la intervención, así como conocer a las instituciones, organizaciones, individuos y grupos que están directa e indirectamente involucrados en la promoción de la salud; también es necesario evaluar el grado de influencia o poder de los actores, control de recursos estratégicos, influencia informal y relación con los otros involucrados, importancia o prioridad del proyecto. Lo más importante del análisis de actores es hacerlo a nivel local, en el municipio, además de los actores a nivel nacional que pudiesen participar con los ayuntamientos.

Al orden federal le correspondería desarrollar la Plataforma Digital Web 2.0 que será la herramienta de coordinación y comunicación entre actores y multinivel, así como el repositorio de los contenidos. 

La promoción de la salud supera las acciones del sector salud, por lo que por lo que necesariamente se requiere involucrar a los otros sectores responsables de las condiciones de vida y de desarrollo de la sociedad, con el fin de lograr una mayor equidad en salud. Tanto a nivel federal como local se debe involucrar a las entidades gubernamentales que deben apoyar a la concreción de acciones para facilitar a los ciudadanos un estilo de vida saludable, como sería la secretaría de salud, de educación, del trabajo, de desarrollo social, de infraestructura, entre otras.

En los ordenes local y municipal será de gran importancia la identificación de actores locales entre los distintos sectores, así como la formación de los Consejos Ciudadanos de Salud, con representantes de los mismos. En este sentido se resalta la importancia de la participación de representantes de la comunidad y de las Organizaciones de la Sociedad Civil (OSC), ya que pueden funcionar como detonadores para la cohesión social y la promoción de la salud en la localidad. 

3.2  Concurrencia y coordinación de los tres ordenes de gobierno para la implementación del Programa Nacional, intersectorial y participativo en promoción de salud y prevención primaria de obesidad y ECNT.

El programa se adecua a cada uno de los territorios o localidades, según sus necesidades y características, pero lo importante es que es un solo programa conformado por “subprogramas” (probados con evidencia científica y avalados por los actores participantes en la red de gobernanza) y que cuenta con cinco áreas básicas en donde se trabaja, fundamentadas en el concepto de promoción de la salud, las cuales son:

3.3 . Unidades Administrativas responsables del Programa en tres ordenes de gobierno.

Es de suma importancia, que se cuente con unidades administrativas correspondientes en los tres ordenes de gobierno responsables de la implementación del programa mencionado. 

3.3.1 Gobernanza territorial para promocionar la salud a nivel municipal: Mapeo de actores 

Como primer paso para conformar un sistema de gobernanza territorial en el municipio, se debe de hacer un mapeo de los actores locales que pudieran participar, incluyendo a las organizaciones de la sociedad civil presentes en el municipio, asociaciones y grupos de interés, fundaciones, empresas e iniciativa privada de la zona, comercios, restaurantes, sector académico como universidades, academias, institutos (de no existir en el lugar, se buscarían los más cercanos al municipio). 

3.3.2 Estructura o tejido administrativo en el municipio, es decir, “los espacios” para la realización del programa, como:  centros de salud, centros comunitarios, escuelas públicas, privadas, centros laborales, entre otros. Programas existentes y vigentes. También se debe identificar a los líderes comunitarios.

3.3.3 Creación del Consejo Ciudadano para promoción de la salud: Con base en el mapeo de actores se conformará el Consejo Ciudadano de Promoción de la Salud, donde se encuentren representados actores de los diferentes sectores (público, privado, social y académico, actores de la comunidad). En dicho consejo se realizará la planeación estratégica: ordenará y planificará las acciones de promoción de salud para las cinco áreas (entornos laboral, escolar, comunitario, ambiental y centros de salud). Se tomarán decisiones conjuntas para fijar los objetivos y las metas que se desea alcanzar, así como se corresponsabilizará a los actores con su participación activa en la resolución de la problemática común. Se fijan las responsabilidades sectoriales y se identifican las intersectoriales y las comunitarias (corresponsabilidad en salud). El nivel de intervención será el de promoción (factores protectores) y el de prevención (factores de riesgo).

Debe identificarse los recursos humanos requeridos para abarcar todas las áreas programadas para la intervención; a su vez se identifica con los que se cuenta, los miembros de la comunidad que participarán y los recursos humanos de la unidad administración central del programa de la Entidad Federativa que capacitará a los recursos humanos locales. Se planifican las actividades de capacitación, supervisión, control y evaluación del programa. 

[1] PAEs seleccionados para su análisis durante la investigación: Alimentación y Actividad Física, Entornos y Comunidades Saludables, Promoción de la Salud y Determinantes Sociales, Prevención y Control de Obesidad y Riesgo Cardiovascular, Prevención y Control de la Diabetes, Atención al Envejecimiento, Salud para la Infancia y la Adolescencia y Sistema Nacional de Vigilancia Epidemiológica.

[2] U008 Prevención y Control de Sobrepeso, Obesidad y Diabetes. P018 Prevención y Control de enfermedades y U009 Vigilancia epidemiológica.

Conclusiones:

Una nueva estructura y organización para la administración pública basado en un sistema de gobernanza para la salud, evitaría la duplicidad de funciones y precisaría la asignación de los recursos a este fin, lo que lograría un ahorro sustancial en las finanzas públicas. Además, si se enfocan los esfuerzos hacia la prevención de la enfermedad y no a la cura de las mismas, tendríamos una administración pública tendiente a la sostenibilidad, más eficiente y eficaz, ya que disminuiría el gasto en atención médica eficientando los recursos.

Conformar redes de gobernanza, a través de los consejos locales, estatales y nacionales de salud (donde participarían los diferentes sectores) y las tecnologías de la información, sería la estrategia para enfocar esfuerzos, crear colaboraciones, cooperación, coproducción, diálogo e intercambio de recursos y de información; especialmente, serviría como herramienta de coordinación entre distintos actores gubernamentales y de la sociedad civil. 

La promoción de la salud, en la función pública municipal y en las comisiones o consejos de participación ciudadana, tiene insuficiente atención; sin embargo, en toda Ley Orgánica Municipal se otorga la facultad de crear las unidades administrativas necesarias para el adecuado funcionamiento de la administración pública en este orden de gobierno, fortaleciendo los reglamentos y normas administrativas que desarrollen políticas públicas locales saludables. 

La red conformada desde los municipios debe incluir a los diferentes actores participantes en el sistema de gobernanza para la promoción de la salud y prevención de la obesidad y ECNT: cada actor podrá aportar elementos valiosos, ya sean conocimientos e información, recursos humanos, financieros, físicos, entre otros, con lo que se enriquecerá y potenciará el producto colectivo. El sector social, las organizaciones de la sociedad civil de la localidad o municipio, juegan un papel fundamental en el desarrollo de la promoción de la salud, y mientras más organizaciones de la sociedad civil se involucren en el tema de la gobernanza se logrará un mejor resultado en la corresponsabilidad de la comunidad en este ámbito. 

Bibliografía:

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CEPAL (2018) La Agenda 2030 y los Objetivos de Desarrollo Sostenible Una oportunidad para América Latina y el Caribe, accesado el 30 de agosto de 2022 en: 

https://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/40155/24/S1801141_es.pdf

Constitución Política de los Estados Unidos Mexicanos. Diario Oficial de la Federación el 5 de febrero de 1917. TEXTO VIGENTE Última reforma publicada DOF 28-05-2021. Accesado el 30 de agosto de 2022en: https://www.diputados.gob.mx/LeyesBiblio/pdf/CPEUM.pdf

Encuesta Nacional de Salud y Nutrición 2021sobre Covid19. Resultados Nacionales (ENSANUT 2021), Instituto Nacional de Salud Pública, México.

Farinos Dasi, J. (2015). Desarrollo Territorial y Gobernanza: Refinando significados desde el debate teórico pensando en la práctica. Un intento de aproximación fronética.Revista electronica Drd- Desenvolvimiento Regional en Debate (ISSNe 2237-9029) v.5, n. 2, p.4-24, jul/dez. Universidad de Valencia España.

INEGI, Estadísticas de Defunciones Registradas, 2021P. https://www.inegi.org.mx/contenidos/saladeprensa/boletines/2022/dr/dr2021_07.pdf

Kickbusch I., Gleicher D. (2014), Smart Governance for Health and well-being: the evidence. World Health Organization.

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Nissán Schoenfeld E. (2020); Gobernanza para la Promoción de la salud: Hacia una Administración Pública Sostenible. INAP México.

OCDE (2019), La Pesada Carga de la Obesidad, 2019. Accesado en: https://www.oecd.org/mexico/Heavy-burden-of-obesity-Media-country-note-MEXICO-In-Spanish.pdf el 11 de enero 2020. 

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Secretaría de salud. CENAPRECE-DG-12058-2016. Declaratoria de Emergencia Epidemiológica de Diabetes EE-4-2016.

World Health Organization; Governance for Health in the 21st Century (2012); The regional Office for Europe.

Palabras clave:

Gobernanza para la salud, gobernanza territorial, administración pública, promoción de la salud.

Descripción de la Publicación académica:

Resumen de la Ponencia:

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Descripción de la Publicación académica:

Cinco Extraordinarias Mujeres Mexicanas es un libro de ensayos sobre: Teresa Urrea (1872-1906); Nahui Olin (1893-1978); Frida Khalo (1907-1954); Leonora Carrington (1917-2011); y Elena Poniatowska (1932-). Son ensayos escritos en diferentes momentos y hasta cierto punto de lectura independiente, tres de ellos publicados en la Revista Educ@ de la Universidad Pedagógica Nacional: Leonora Novia del Viento y Novia del Tiempo en 2011; La Frida Enseñante en 2013; y Las Enseñanzas de Elena en 2017. Vale mencionar qué a dichos ensayos, he realizado lo que se conoce como adenda, al caso, se trata de la ampliación de información de contexto, de comentarios y datos de precisión, comparados con los originales no sólo son distintos, sino que han mejorado cualitativamente. Los ensayos restantes: ¿Teresa Urrea precursora de la Revolución Mexicana?; y Una joven llamada Nahui Olin, aun sin publicar los integra para tener un conjunto de personalidades cuyas formas de ser individuales y colectivas son significativas.

Introducción:

Introducción

Compartiré con ustedes experiencias como autor, específicamente del e-book que comentaremos. 

En primer lugar, compruebo que como habitante de la Ciudad de México experimento no sólo las condiciones materiales y de vida cotidiana, sino situaciones de trabajador académico, ya que soy profesor investigador que me permite producir artículos, ensayos, libros, y en este caso del e-book que reseñaremos. 

Vivir en la Ciudad de México y trabajar como sociólogo, me han permitido conocer e investigar a las cinco mujeres que forman parte de mi e-book, es lo que llamo, personajes que forman parte significativa de “mis narrativas de vida personal y académica”. 

Como ustedes pueden identificar el texto trata de cinco mujeres mexicanas que me son notables, pero antes de charlar acerca de ellas, quisiera hablar de las condiciones de trabajo en las cuales me muevo desde hace tiempo y platicar de los contratiempos que se presentaron en esta publicación en particular.

Las cinco narrativas que configuran el libro me llevaron a invertir años de trabajo, arrancó hace años cuando laboré en el noroeste del país y me enteré de la existencia de Teresa Urrea “La Santa de Cabora”, luego pasaron años y me publicaron el artículo de Leonora: La Novia del Viento y Novia del Tiempo (2011), después me publicaron la Frida Enseñante (2013) y más tarde Las enseñanzas de Elena (2017), “Una joven llama Nahui Olin” la inicié y se mantuvo sin publicarse. 

Desarrollo:

¿Cómo me interesé en ellas? 

Mi interés por ellas fue producto de mis personales vivencias cotidianas, por cierto, cada una de las mujeres aparecieron aleatoriamente en el transcurso de mi vida. Claro que mi conexión con ellas fue a través de libros, artículos, videos y visitas a museos. 

Frida Kahlo surgió de manera natural durante mi juventud porque estudié en la Prepa 6 de Coyoacán y como ustedes saben la Casa Azul está en ese lugar. 

Estudie en la Prepa 6 de Coyoacán por allá de los años 60 del siglo pasado, puedo afirmar que mi vínculo con Frida fue dado de manera natural, porque debido a mis cotidianas actividades de estudiante, me permitió conocer la Casa Azul muchas veces, incluso ahora sigo visitándola, por ejemplo, colaboro en el Programa Delfín, que significa recibir a estudiantes de diferentes universidades del país, en lo que se llama estancias en el Verano de la Investigación, cuando atiendo a estudiantes los llevo a visitar la Casa Azul, por cierto, es algo que les agrada. 

Una anécdota más en mis iniciales visitas a la Casa Azul fue el descubrir allá por los 70 del siglo pasado, un manuscrito de Frida en donde narraba vivencias infantiles. Lo recuerdo muy bien, porque era una fotografía de un párrafo escrito por ella y que colgaba en un cuadro en una de las paredes de la Casa Azul, en donde en su imaginario quedo el recuerdo de salir por la ventana hacía el establo Pinzón y allí convivir con una niña de su edad, para mí fue impactante leer el manuscrito in situ.

Muchos años después se publicó el Diario de Frida y allí identifique lo que yo había leído originalmente en los 70, luego me publicaron un artículo Frida que fue la base del ensayo de ella, para a su vez, reelaborarlo como parte del libro que comento para ustedes. En dichas publicaciones recupero la narrativa de la Frida niña, que aún me sigue impactando. 

Lo anterior me parece significativo porque me permitió preguntarme acerca de la originalidad y brillante personalidad de ella, claro de las restantes mujeres igual. 

Cómo educadores trabajamos alrededor de conceptos clave uno de ellos es la educación. Al respecto existen dos palabras muy antiguas que asocié a las notables mujeres mexicanas. 

Me refiero a educare y exducere. 

Una significa la educación que viene de fuera de la persona, la otra la educación que viene de dentro de sí misma. 

Pero no abundo sobre ello, porque está señalado en el texto que les invito a leer.

En resumen, Frida forma parte de mi cotidiano, además las publicaciones respecto son muy abundantes e incluso siguen propagándose. Lo que yo hago es llamar la atención sobre el educare y exducere y algunos aspectos que los complementan.

El caso de Teresa Urrea “La Santa de Cábora, es producto de mi estancia laboral en la Universidad Autónoma de Baja California (UABC), por allá de fines de los 70s, principios de los 80s del siglo pasado. Laborando en la UABC, me acostumbre a leer y escuchar hechos históricos regionales, además es algo que me gusta mucho en mis estadías provinciales. Leer y escuchar acerca de hechos, noticias y narraciones de los lugares que visito y de los personajes que descubro en esos espacios es algo que me agrada. 

Algo que me llamó la atención de Teresa Urrea es que históricamente puede ser identificada como precursora de la Revolución Mexicana de manera suí géneris, porque Teresa no perteneció a grupos políticos revolucionarios, aunque fue contemporánea de Francisco I. Madero, jamás cruzaron palabra, fue por así decirlo, su condición de “mística” influyó en la percepción de la gente de aquel tiempo y de aquellas regiones, por sus dotes “naturales de curandera”. Ella fue una joven “curandera” que ofreciendo y dando sus servicios estuvo muy cerca de la miserias y enfermedades de la gente que habitó los parajes de Sonora y Chihuahua. Ella fue testigo de las necesidades materiales y sanitarias de las comunidades norteñas y por supuesto conoció las miserias e injusticias de las poblaciones en donde habito.

Es un personaje de leyenda que raya en un misticismo singular. Literalmente inspiró uno de los primeros movimientos sociales en contra de Porfirio Díaz, me refiero al levantamiento de Tomochic, pueblo serrano de Chihuahua, cuyos habitantes opusieron resistencia contra el poder regional del Porfirismo. La causa de ello fue un robo de una imagen de la Iglesia del pueblo serrano, que luego derivo en una lucha armada contra las fuerzas federales que fueron vencidos dos ocasiones, para luego desatar una brutal represión, despareciendo prácticamente a todos los habitantes de Tomochic. La Santa de Cábora fue adoptada por los pobladores serranos, entre otras cosas, porque sufrieron una enfermedad que fue curada por Teresa Urrea a distancia.  

Por cierto, existe una película en You Tube titulada Longitud de Guerra en donde se trata el tema de las injusticias conocidas por ella y el apoyo a la gente de Tomochic, igual aquí me detengo, no sigo comentando al respecto, porque les reitero la invitación a leer el libro.

Nahui Olin fue producto de mis lecturas tardías acerca de ella, fue por allá del año del 2018 que compre una crónica de un periodista italiano que publico material, que luego fue señalado como plagio, a la fecha no se ha vuelto a publicar. 

Lo anterior me permite hablar acerca de la Leyenda Nahui Olin, porque me inicié tardíamente en conocimiento de Carmen Mondragón, de Nahui Olin y de la mujer de los gatos, es decir, tres etapas de la trayectoria de vida de este personaje de mito, al caso fue mediante un libro de un periodista italiano como conocí y me interesé por Nahui Olin. Cabe señalar, qué si bien es cierto, que en el texto hay datos de hechos y personajes reales, la interpretación, incluso diría la sobreinterpetación del periodista italiano mitifica aspectos de la vida de Nahui. 

Por supuesto que leí el texto de Adriana Malvido titulado simplemente Nahui Olin, que nos llena de información e imágenes de una mujer que a través del tiempo ejerce lo que Malvido dice durante y después de investigarla: el enahuzamiento. 

Estoy de acuerdo con Malvido, que se experimenta una especie de embrujamiento porque la mujer no sólo es paradigmática, sino poseedora de una singular belleza y más aún es una mujer que reta a las fracciones conservadoras de la sociedad mexicana de la época e incluso desafía la emergencia del arte revolucionario.

La visita a la Exposición Nahui Olin La mirada infinita montada en el Museo Nacional del Arte en el año del 2018, fue una experiencia única en donde se desplegaron imágenes de Nahui en sus diversas facetas de pintora, poeta ensayista, modelo, mujer disruptiva con sus desnudos en medio de una sociedad revolucionaria y conservadora. Igual no hago más comentarios, nuevamente les invito a leer el texto.

Leonora: Novia del Viento y Novia del Tiempo es un escrito muy querido por mí, no sólo porque me acerco a la obra de la pintora, escultora, ensayista, dramaturga, etcétera. En corto, conocí una excepcional mexicana, bajo una situación triste.

El artículo me fue publicado en agosto del 2011 que giraba en torno a los siguientes acontecimientos. En febrero del ese año, se publicó Leonora de Elena Poniastowska, lo leí con interés y gusto, luego platiqué con el editor de la revista electrónica Educa, quién al escucharme, me sugirió reseñar el libro, cuando empezaba a darle forma al escrito, en mayo del 2011 sobrevino la partida de Leonora del mundo de los vivos, lo cual me entristeció y motivó a seguir escribiendo acerca de ella. En lo personal Leonora me parece una personaje fascinante y disruptivo, mágico y onírico, pero nuevamente corto aquí mi intervención e invito a que lean el libro.

Elena Poniatowska me significa una especie de compañía desde los años 70, porque a raíz de los sucesos del 68, cuando estudiaba en la Prepa 6, prácticamente viví el Movimiento Estudiantil y me indigno que el mismo 2 e octubre y los sucesivos días, la prensa mexicana omitiera o minimizara lo sucedido en la Plaza de las Tres Culturas, lo cual fue recuperado por Elena en el consabido libro de La Noche de Tlatelolco.

Desde entonces leo a Elena y ahora me correspondió escribir acerca de ella, no toda la obra por supuesto, sino que para efectos de la publicación seleccioné algunos textos y seguí noticias acerca de sus intervenciones, sobre todo el Premio Cervantes 2013.

Me parece que aquí me detengo e invito a ustedes a leer el e-book Ensayos sociohistóricos de cinco notables mujeres mexicanas: Teresa Urrea, Nahui Olin, Frida Kahlo, Leonora Carrington y Elena Poniatowska.

Conclusiones:

¿A PRIORI DE INVESTIGACION?

“No estudio por saber más, sino por ignorar menos”: Sor Juana Inés de la Cruz.

Desde mi experiencia toda narrativa sea oral o escrita se basa en el a priori de transmitir algo a alguien, pero algo interesante de compartirlo.

Se habla y escribe con una intencionalidad, puede ser la mera curiosidad de saber algo acerca de alguien, esto sucede en la vida cotidiana.

En cambio el hablar sobre lo escrito en este e-book, no sólo representa la curiosidad de saber algo interesante acerca de cinco notables mujeres, sino la identificación, sistematización e investigación de ellas a través de cuatro a priori sociológicos: 1) Lo sociohistórico; 2) La sociología de la educación; 3) La sociología del conocimiento; y 4) La sociología cultural. 

Bibliografía:

Ensayos sociohistóricos de cinco notables mujeres mexicana: Teresa Urrea, Nahui OLin, FridaKahlo, Leonora Carrington y Elena Poniatowska. htps//doi.org/10.52501/cc.023

Palabras clave:

Condiciones sociales, Mujeres, Teresa Urrea, Nahui Olin, Frida Kahlo, Leonora Carrington y Elena Poniatowska

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