Resumen de la Ponencia:
A presente proposta de trabalho investiga os efeitos do desastre ocorrido na bacia do rio Doce, no dia 05 de novembro de 2015, para a governança, bem como para a gestão das águas. Nesse sentido, toma-se como lócus de análise a participação do Comitê de Bacia Hidrográfica do rio Doce (CBH-Doce) nos processos de construção das políticas de reparação. Vale ressaltar que, o desastre levou à assinatura de um Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC), firmado entre governos e empresas para dar resposta aos danos causados. O TTAC teve dentre suas disposições, a criação de duas novas instituições: Comitê Interfederativo (CIF) e a Fundação Renova. Engendrando, assim, um sistema de ‘governança do desastre’. Nesse primeiro momento, o termo excluiu o CBH-Doce do processo decisório. Gerando, com isso, uma série de mobilizações e reivindicações, por parte do comitê, em busca do reconhecimento do papel que é dado pelo Sistema Nacional de Gestão Integrada de Recursos Hídricos (SINGREH) aos Comitês de bacia, ou seja: o de principais instâncias governança das águas. Após tais manifestações, o comitê consegue assento, tanto nas câmaras técnicas do CIF, como conselho consultivo da Fundação Renova. Este trabalho busca mapear as interações entre o comitê de bacia hidrográfica do rio Doce e o “Sistema de Governança do Desastre” (Câmaras Técnicas do CIF -Câmara Técnica de Segurança Hídrica e Qualidade da Água- CT-SHQA, Câmara Técnica Restauração Florestal e Produção de Água- CT-FLOR, Câmara Técnica de Conservação e Biodiversidade- CTBIO, Câmara Técnica de Gestão de Rejeitos e Segurança Ambiental-CT-GRSA, Câmara Técnica de Comunicação, Participação, Diálogo e Controle Social- (CT-CPDCS) e Câmara Técnica de Reconstrução e Recuperação de Infraestrutura- CT-Infra- e Fundação Renova). Para tanto, reporta-se à análise das atas das câmaras técnicas do CIF conselho consultivo da Fundação Renova, no período de 2017 a 2021. Observa-se que a criação de um sistema de gestão do desastre, em um primeiro momento, alheio à gestão de recursos hídricos da bacia do rio Doce, além de conflitos e mobilizações, trouxe impactos e mudanças sobre a gestão da bacia. Sendo assim, pretende-se, aqui, entender como se dá participação do Comitê de Bacia Hidrográfica do rio Doce na produção das políticas de reparação, e em que medida ela é capaz de resposta aos danos causados pelo desastre?