Resumen de la Ponencia:
Este trabalho tem por objetivo refletir acerca das possibilidades que espaços museológicos podem oferecer a pessoas com deficiência visual com vistas à construção da sua cidadania já que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010) mostra que 18,6% da população brasileira possui algum tipo de deficiência visual e deste total, 6,5 milhões apresentam deficiência visual severa. Mostra, ainda, que entre 12,5 milhões de brasileiros com deficiência, correspondente a 6,7% da população, a deficiência visual se mostra a mais recorrente, presente em 3,4% da população.
A partir destes dados e à luz dos Direitos Humanos, questões de inclusão de cidadãos com deficiência deveriam receber investimentos governamentais e educacionais, pois a utilização de tecnologias assistivas ou de apoio na criação de soluções de comunicação inclusiva são uma eficiente ferramenta de educação e inclusão nos mais diversos domínios da vida destas pessoas.
Este trabalho tem como objetivo apresentar uma exposição que foi realizada no Museu Nacional do Calçado (MNC) na cidade de Novo Hamburgo/RS/Brasil sobre a história da estilista brasileira Zuzu Angel para pessoas com deficiência visual e refletir acerca da utilização dos museus como espaços de acessibilidade e inclusão.
Introducción:
Este artigo tem como objetivo apresentar uma experiência pedagógica realizada na disciplina de História da Moda Brasileira, do curso de Moda da Univesidade Feevale (Novo Hamburgo/RS/Brasil) que aconteceu no Museu Nacional do Calçado (MNC) sobre a história da estilista brasileira Zuzu Angel para pessoas com deficiência visual e refletir acerca da utilização dos museus como espaços de acessibilidade e inclusão.
Esta atividade está vinculada ao projeto de pesquisa Moda e inclusão: design e indumentária para crianças cegas do Programa de Pós-Graduação Processos e Manifestações Culturais da Universidade Feevale.
Desarrollo:
O primeiro passo da atividade foi conhecer a história da estilista Zuzu Angel, que foi um dos nomes mais importantes da moda brasileira nos anos 1970 por se diferenciar através de uma linguagem muito pessoal que tinha como inspiração a peculiaridade dos materiais que transmitiam uma brasilidade nas suas roupas. Além disso, Zuzu, através de seu trabalho, representou ferrenha oposição ao regime militar brasileiro (SCHEMES, 2012; SILVA, 2006).
A atividade se desenvolveu da seguinte maneira: em primeiro lugar os alunos estudaram a história de Zuzu, depois, individualmente ou em duplas, escolheram um look da estilista que foi inspiração para a criação e desenvolvimento de uma peça de roupa para compor a mostra que seria realizada nas dependências do MNC. O desafio foi pensar em uma exposição acessível para deficientes visuais, portanto, as peças criadas deveriam ter texturas e detalhes, além de serem descritas em áudio (acionados por QR codes) e impressas em fonte ampliada (para quem tem baixa visão). Depois de desenvolvidos os looks sensoriais, os alunos escolheram modelos de calçados dos anos 70 do acervo do museu para compor cada look.
Este museu entende a inclusão como um processo social que procura oferecer oportunidades de ação aos sujeitos na perspectiva da constituição de igualdade dos direitos e da cidadania e busca aliar-se às práticas sociais transformadoras de uma realidade de exclusão. Assim, a proposta pedagógica da atividade previu a inclusão social como um processo de construção da igualdade de oportunidades, eliminação de preconceitos e a satisfação das necessidades daqueles que se encontram em desvantagem com relação a outros membros da sociedade (SCHEMES; PRODANOV; THÖN, 2007, 2010).
O projeto contou com vários setores da universidade, como o Laboratório de Inclusão e Ergonomia (LABIE) para a impressão das descrições em braille, o Centro de Design para a confecção de uma maquete em relevo do museu, da Agência Experimental de Comunicação (Agecom) que criou toda a identidade visual, as tags, cartazes e banner, além do próprio Museu Nacional do Calçado, que auxiliou na organização da exposição. É importante citar a participação de uma mulher deficiente visual, que realizou o pré-teste de alguns looks para validá-los.
Conclusiones:
A partir das análises sobre museu, acessibilidade e de recursos sensoriais para a construção da exposição, pode-se dizer que este o trabalho multidisciplinar contribuiu para o processo inclusivo dentro do espaço cultural. O museu exerce um papel social na sociedade na qual está inserido e pode ser considerado um subsídio de contribuição da educação fora dos ambientes escolares. Em vista disso, aponta-se que a definição de museu é superada atualmente, pois com a utilização de tecnologias, materiais sensoriais, exposições em multiformatos, torna-se um ambiente de conhecimento com pleno aproveitamento para uma única causa: a acessibilidade como política de construção da cidadania.
Com este trabalho pretendemos, não só proporcionar um momento de aprendizagem as pessoas com e sem deficiência visual, como também valorizar espaços museológicos e a sua utilização pela comunidade para atividades inclusivas que podem proporcionar um sentimento de pertencimento a eles ao mesmo tempo em que a cultura é democratizada.
Bibliografía:
SCHEMES, Claudia; ARAÚJO, Denise Castilhos de; PUHL, Paula Regina. As manifestações femininas na tela: Zuzu Angel e a moda-protesto. Polêm!ca, v. 11, n. 2 , abril/junho 2012.
SCHEMES, C.; PRODANOV, C.C.; THÖN, I.H. O museu como espaço de inclusão: o Museu Nacional do Calçado e o Projeto Mentes Coloridas. Revista Prâksis, Novo Hamburgo, ano 4, v.2, p.87-92, ago. 2007.
_______. O Museu Nacional do Calçado e a Escola de Aplicação como espaços de aprendizagem. Revista Prâksis. Novo Hamburgo, ano 7, v. 2, p.23-28, ago 2010.
SILVA, Priscila Andrade da. A moda de Zuzu Angel e o campo do design. Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro. Dissertação (Mestrado em Design) PUC-RJ, 2006.
Palabras clave:
Deficiência visual. Inclusão Social. Zuzu Angel. Museu Nacional do Calçado.