Resumen de la Ponencia:
A comunicação se propõe a apresentar elementos de pesquisa que parte do contexto de expropriação territorial vivido pelos Kaiowá e Guarani em Mato Grosso do Sul, Brasil, para entender suas concepções próprias de direito e suas dinâmicas de resistência e luta perante instituições do estado brasileiro. O estudo teve como objetivo olhar para as compreensões de direito próprias dos Kaiowá e Guarani a partir das Epistemologias do Sul, refletindo a respeito das relações de colonialismo colocadas para esses coletivos indígenas, bem como suas resistências e lutas, na busca de compreender e descrever como os sentidos de direito entre os Kaiowá e Guarani se entrelaçam com a categoria nativa de
teko porã (bem viver) e se relacionam a aspectos da vida social, como a concepção de pessoa, de educação, de gênero, de território e economia. E, ainda, como essas compreensões orientam práticas políticas internas e externas, especialmente a partir da Kunhangue Aty Guasu (Grande Assembleia de Mulheres Kaiowá e Guarani) e da presença dos integrantes desses coletivos na Universidade. O cenário de grave violação de direitos presente em Mato Grosso do Sul promove a necessidade de buscar seu contraponto, visando a superação das situações de violência vivenciadas pelo povo Kaiowá e Guarani. A produção da vida é fazedora de política e, a partir dos espaços que ocupamos, afetamos e somos afetadas por outros e outras. Nisto se inclui a busca por uma vida boa e bela - teko porã, na qual se formam redes de aliança e re-existências. Grande parte destas redes é formada por mulheres. Elas estão nas escolas, nas universidades, nas casas, atuando na saúde, nas casas de reza, nas retomadas, nas grandes assembleias (
Aty Guasu), nas ruas, no cerrado, na floresta, na cidade, na fronteira, nos grandes e pequenos movimentos; onde for preciso. Produzem ecologia de saberes e nos ensinam sobre corpo, artesanias, justiça, política e reciprocidade. Para o estudo se considerou o envolvimento com os vários
ára - categoria nativa que junta as dimensões de tempo e espaço, dos Kaiowá e Guarani; entretanto, o terreno principal foi a formação de professores e o movimento de mulheres – Kunhangue Aty Guasu. Embora essas sejam áreas vastas, elas emergiram no oguata – caminhada – em presença dos kaiowá e guarani na universidade. São elementos surgidos em uma ecologia de saberes, por característica multidimensional, que se aproximou das muitas experiências de luta desses coletivos, refletindo em vários ára (tempo/espaço) de con-vivências.