Resumen de la Ponencia:
Até cinco décadas atrás, a feminização das migrações era um tema pouco discutido nos campos de pesquisas e literaturas, pois predominava-se um modelo patriarcal de família, mulheres dependentes dos seus maridos e os homens responsáveis pelo sustento do lar. O perfil feminino não predominava no mercado de trabalho, bem como eram consideradas economicamente inativas, assim tal contexto influenciava nas teorias migratórias. Teorias migratórias onde o fluxo, majoritariamente, masculino acontecia em razão que as mulheres eram relegadas para o espaço privado da casa, sua contribuição econômica era largamente ignorada e sua participação em fluxos migratórios aconteciam na figura enquanto esposa, mãe ou filha de um migrante masculino. Nos anos de 1970, com a implementação das políticas migratórias na Europa trouxe não só o aumento do número de mulheres migrantes, mas também uma aceitação da mulher migrante. Assim, no ano de 2015, o estado de Roraima - por estabelecer fronteira com a cidade de Santa Elena do Uairén, na Venezuela - tem sido via de ingresso de mulheres venezuelanas em busca de refúgio devido à crise econômica, política e social que aflige o país bolivariano. Contudo, mudanças significativas precisam ser efetuadas para que se acolha, de forma digna, um alto contingente migratório, visto que venezuelanas refugiadas enfrentam desafios diários como adquirir moradia, alimentação, vestimentas, trabalho e acesso a serviços de saúde. Desse modo, percebe-se a necessidade de ser estudado tal fenômeno a partir da percepção da refugiada venezuelana no extremo norte do Brasil. É notório que o refúgio também mobiliza aspectos psicossociais, afetivos, culturais e linguísticos que carecem ser entendidos. Assim, o presente trabalho fruto de uma dissertação em andamento tem por objetivo compreender a afetividade, sentimentos e emoções de venezuelanas refugiadas na capital do estado de Roraima, Boa Vista. Enquanto categoria de análise na Psicologia Social, a afetividade compõe o psiquismo humano e, assim como as emoções e sentimentos, é mediadora na integração da realidade social. O caráter ético-político da afetividade apresenta uma dimensão emancipadora para a transformação da sociedade frente às desigualdades sociais, da mesma maneira como podem ser vivenciadas pelas mulheres venezuelanas no estado de Roraima frente às suas vulnerabilidades sociais. Para isto, esta pesquisa utilizará de observação participante, diário de campo e o Instrumento Gerador de Mapas Afetivos (IGMA). As informações serão tratadas e, posteriormente, analisadas sob a perspectiva da Análise de Conteúdo. Com os resultados desta pesquisa, além de promover um maior aprofundamento sobre a temática apresentada, proporcionará reflexões para profissionais de diferentes áreas que se dedicam à questão da mulher e refúgio internacional. Desta forma, poderá oferecer suporte na criação de ações que atendam este público e proporcionar melhores condições de vida em outro país.