Resumen de la Ponencia:
O artigo apresenta os resultados parciais de um projeto de pesquisa de mestrado, iniciado em março de 2021, que tem como objeto de estudo as estratégias de resistência protagonizadas por três organizações indígenas Munduruku do alto Tapajós/Pa/Brasil: Conselho Indígena Munduruku do alto Tapajós/CIMAT, a Associação DA’UK e a Associação de Mulheres Munduruku WAKOBORUM contra o avanço do garimpo ilegal e instalação de hidrelétricas em seus territórios. O estudo se insere no campo da etnopolítica e cosmopolítica. Os termos abarcam tanto o estudo da micropolítica (as relações de poder internas às instituições e grupos sociais, bem como as regiões não exclusivamente políticas, como parentesco e cosmologia), da cosmopolítica (ou da atividade que, sem lentes etnográficas, seria invisível, de resistência e conflitualidade dos grupos em face das estruturas de poder) e do nível local da política e (das redes de instituições e poderes estatais e coloniais integrantes de um sistema mundial) (FERREIRA, 2017). A pesquisa de cunho qualitativo está sendo realizada fora da Terra Indígena Munduruku. Os dados socializados neste texto resultaram de coleta de informações de fontes documentais e de entrevistas realizadas com as lideranças dessas organizações, via plataformas digitais, no período de agosto de 2021 a abril de 2022. As frentes de luta do povo Munduruku da região do médio e alto Tapajós, no estado do Pará, no norte do Brasil, são diversas, mas contra inimigos comuns: os Munduruku da TI Sawré Muybu, localizada nos municípios de Itaituba e Trairão, médio Tapajós, sudoeste do Pará, lutam para regularização de seus territórios; já os Munduruku do alto Tapajós (região acima do município de Jacareacanga/PA), cujas terras estão devidamente regularizadas, lutam contra grandes mineradoras e o governo federal, que pretende liberar a mineração em seu território. As duas regiões, médio e alto Tapajós, estão gravemente ameaçadas por essas duas forças. Neste texto, apresentamos a historiografia de constituição dessas três organizações, desvelamos o processo de constituição do movimento criado e liderado por elas, descrevemos as estratégias etno e cosmopolíticas que elas têm engendrado para assegurar a resistência, construir alianças, fortalecer a luta e dar visibilidade à causa, a partir do diálogo com Mignolo (1999, 2008) Quijano (2007), Santos (2007, 2010), Spivak (2010), Ballestrin (2013) e Santos e Baumgarten (2016).