Descripción de la Publicación académica:
O livro apresenta pesquisa sobre o processo pedagógico de mediação de leitura de literatura infantil negra no contexto da formação do leitor e da educação das relações étnico-raciais nos anos iniciais do ensino fundamental do Brasil, em abordagem qualitativa. O estudo se justifica pelo fato de, após 19 anos de promulgação da Lei 10.639/2003, que obriga o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, pesquisas apontam para seu baixo nível de implementação. No ensino de literatura infantil, a escola corre o risco de promover o primeiro contato dos aprendizes com representações distorcidas de si e de seu legado étnico-cultural, contribuindo com a alienação que sedimenta o domínio de umas etnias sobre outras. O trabalho objetivou investigar possibilidade de trabalho com obras de literatura infantil negra para a construção afirmativa das identidades negras e o combate ao racismo nos anos iniciais do ensino fundamental. Implementou-se uma pesquisa-ação, com observação participante e intervenção pedagógica junto a uma turma do 3º ano de uma escola pública de Natal-Brasil. Incluiu uma etapa de formação junto à professora e o planejamento e a implementação de 13 sessões de leitura de 6 obras: Um safari na Tanzânia (KREBS,CAIRS,2007); O presente de Ossanha (SANTOS,VENEZA,2006); Kofi e o menino de foto (LOPES, MOREAU,2008); Bruna e a galinha d’Angola (ALMEIDA, SARAIVA,2011); As panquecas de Mama Panya (CHAMBERLIN, CAIRNS, 2005); Anansi, o velho sábio (KALEKI, GÖTTING,2007). O corpus foi composto de 17 sujeitos, com faixa etária entre 7 a 9 anos. Os dados foram coletados por meio de registro em áudio e vídeo, entrevista semiestruturada e diário de campo. Fundamentam o estudo Hall (2000;2006); Candau (2008);Vygostky ( 1999); Souza (2009); Amarilha (2012); Graves & Graves (1995);Yunes (2015); Iser (1999); Cuti (2010); Alves (2012); Freitas (2005). Os resultados das análises das sessões de leitura apontam para a diversidade de respostas dos sujeitos aos textos devido à complexidade do problema da identidade étnica, configurado em processos histórico-sociais e psicológicos que atualizam o racismo, o que representa grande desafio aos mediadores, que por sua vez, têm na literatura campo promissor para seu enfrentamento, conforme indica esta pesquisa.