Resumen de la Ponencia:
O presente trabalho tem como objetivo discutir o lugar do ativismo on-line nos itinerários de jovens lésbicas, principalmente durante a pandemia da Covid-19, como uma das formas de resistência à lesbofobia. Conforme Lorenzo (2012), a lesbofobia é uma construção cultural que opera como um mecanismo político de opressão às lésbicas na sociedade contemporânea, que pauta as relações erótico-afetivas dos sujeitos a partir da heteronormatividade. Nesse sentido, há a recusa da diferença, a desumanização, a violência e a exclusão de lésbicas. Paralelamente, é possível observar diferentes ações coletivas de enfrentamento a essa opressão, dentre elas o ativismo nas redes sociais virtuais, sobretudo entre jovens, que articula cotidiano, ciberespaço e narrações individualizadas. Deste modo, analisam-se as narrativas produzidas por cinco ativistas lésbicas, mediante registros etnográficos relativos a seus perfis na rede Instagram (Hine, 2004) e, também, a partir de entrevistas narrativas (Jovchelovitch e Bauer, 2002). As interlocutoras da pesquisa têm idades entre 23 e 33 anos, e foram escolhidas por tornarem visíveis pautas e debates sobre lesbianidade e lesbofobia. A partir das análises foi possível perceber que esse tipo de ativismo se iniciou – ou ganhou fôlego – durante a pandemia, no que tange a luta contra a lesbofobia, como uma estratégia de visibilidade às pautas e demandas lésbicas. Há uma tendência à singularização do ativismo, que pode ser observado através das narrativas autobiográficas textuais e imagéticas produzidas por elas, sem que isso signifique necessariamente distanciamento de vinculações políticas coletivas. De outra parte, desenvolve-se cotidianamente uma rede de trocas de informações e afetos com outras lésbicas e verbaliza-se a necessidade de produção de “narrativas outras”, ora como derivas da militância, ora como embate aos discursos hegemônicos e normativos. Neste sentido, o ciberespaço se coloca como uma arena de ação e identização (Melucci, 2001), porque media vetores interativos de integração-diferenciação (raça, classe, segmentações militantes, entre outros) e é utilizada de forma política por lésbicas como local de resistência e luta.