Resumen de la Ponencia:
No dia 25 de janeiro de 2019 rompeu a barragem de rejeitos de mineração do Córrego do Feijão em Brumadinho, Minas Gerais, Brasil, inundando a cidade com um “mar de lama” a 76 km/h, resultando em 272 mortes, além de causar danos extensos ambientais, sociais e econômicos. O desastre tecnológico envolveu a empresa mineradora Vale – responsável pela atividade mineradora na área, coloca em evidencia o modelo minerário neoextrativista que vem ganhando espaço, sobretudo a partir dos anos 2000. Destaca-se que não é o primeiro caso em Minas Gerais - recentemente, em 2015, ocorreu a ruptura da barragem em Mariana, comprometendo o Rio Doce, dentre outros impactos sociais e econômicos para a população da região, que inclui povos indígenas. Contribuem para a expansão do neoextratisvsmo, déficits de regulamentação relativos ao licenciamento da atividade mineradora e aos seus impactos no meio ambiente e nas comunidades, na maioria das vezes vulneráveis e violentamente afetadas. Diante dos danos e de dificuldades enfrentadas para a devida reparação por parte das empresas, em diversos territórios do país se configuram conflitos socioambientais, envolvendoambientalistas e comunidades atingidas em relação a grandes empreendimentos, com trajetórias diversas de luta, de organização de atores coletivos plurais e de emprego de diversos repertórios de ação.O trabalho parte uma breve discussão sobre o neoextrativismo, a atividade mineratória e os chamados desastres tecnológicos, para situar o caso de Brumadinho. Em seguida, realiza uma revisão no campo da participação social, focalizando as formas de organização da sociedade civil, abordando os movimentos sociais, as associações civis , destacando como chave analítica a noção de repertório de ação coletiva. Nesse contexto, o objetivo do trabalho é identificar e mapear - de forma não exaustiva- os atores coletivos que se constituem ou se reconfiguram no contexto pós-desastre tecnológico em Brumadinho, analisando seus repertórios de ação e possíveis desdobramentos, destacando-se no cenário subsequente de 2020 dificuldades em decorrência da pandemia. Para além de movimentos sociais que se articulam e atuam em nível nacional, despontaram atores coletivos locais, na busca de transformar o luto em luta, se mobilizando e reivindicando seus direitos ou atuando em solidariedade aos mais vulneráveis. Enquanto a relação com a Vale prevalece um caráter geralmente de confronto, as formas de relação com os atores governamentais desdobram-se em repertórios diversos. Para construção do trabalho, a metodologia utilizada envolveu levantamentos documentais e entrevistas semiestrturadas com atores-chave.