Resumen de la Ponencia:
O presente trabalho toma como ponto de partida o processo de interiorização da universidade pública no Brasil, que teve sua maior expansão nos governos populares do Partido dos Trabalhadores. Com o acesso ao ensino superior estimulado pelas políticas afirmativas e pela desconcentração dos
Campi universitários apenas nas capitais do país, professoras(es) e estudantes intensificaram um processo de descolonização do conhecimento e promoveram um giro decolonial ao abandonar o
status de “objetos de estudo” para assumirem a condição de “sujeitos do conhecimento”, pressionando mudanças no tripé da educação superior: ensino-pesquisa-extensão. No tocante ao ensino, podemos citar a modificação das matrizes curriculares de diversos cursos, para incluir a discussão sobre as relações raciais no país, inicialmente de modo eletivo/optativo, mais tarde, alcançando um significativo índice de componentes curriculares obrigatórios abordando estas questões. No campo da extensão universitária, inúmeros projetos e ações ampliaram as pontes entre a universidade e a comunidade, trocando conhecimentos e consolidando saberes. E na pesquisa, a criação de Grupos de Estudos e de Pesquisa contribuíram para a formação de uma grande produção acadêmica que passou a valorizar temas que, em um primeiro momento, denunciavam o racismo, o machismo, o urbanocentrismo, a colonialidade do poder presente no arcabouço teórico hegemônico. Ao mesmo tempo, percebemos a produção de um outro arcabouço teórico de cunho antirracista, antipatriarcal, campesino e decolonial para servir de base à formação das novas gerações que foram impactadas por este contexto de transformações. Nesse sentido, tomamos como amostra, as produções do Grupo de Estudos Pós-coloniais e Teoria da Complexidade na educação do Centro Acadêmico do Agreste da Universidade Federal de Pernambuco, um grupo situado em um
Campus da interiorização, situado no território campesino de Caruaru, cidade do agreste pernambucano. Em seu décimo primeiro ano de atuação, o grupo já produziu 18 pesquisas de Iniciação Científica; 18 pesquisas de mestrado; 05 pesquisas de doutorado, inúmeros artigos publicados em revistas científicas nacionais e internacionais, livros e capítulos de livros, anais de eventos nacionais e internacionais, abordando as questões étnico-raciais, de gênero, da educação do campo, sob a perspectiva decolonial. Em pouco mais de uma década podemos perceber mudanças significativas nas vidas das pessoas que integram o grupo em relação à ascensão pessoal, acadêmica e profissional, que a partir de sua produção intelectual e praxiológica subsidiam as fissuras necessárias para romper com a hegemonia da colonialidade.