Resumen de la Ponencia:
Este trabalho tem o objetivo de discutir alguns entendimentos sobre o conceito de memória, suas possibilidades coletivas e pós-coloniais, um diálogo teórico-epistemológico entrelaçado a partir das produções artísticas
“Memorial to 418 palestinian villages destroyed depopulated and occupied by Israel in 1948” (2001) e
“Where we came from” (2001-2003) de Emily Jacir, juntamente à instalação “Tempo Presente” (1996) de Mona Hatoum, a fim de pensar sobre as memórias da diáspora do povo palestino, este que resiste à invasão territorial pelo movimento sionista. Trata-se de uma análise de obras artísticas, partindo da memória como conceito analítico, por ser fruto do trabalho final do Curso Internacional
que compõe a Especialização em “Epistemologias do Sul” do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais, o referencial teórico utilizado está centrado nas aulas:
“Memórias, patrimônios, passados: Reflexões poscoloniais” de Mario Rufer,
“Colonialismo y estéticas feministas (pos) descoloniales frente a la nueva razón imperial moderna” de Karina Bidaseca e
“Compreender Palestina - Israel desde uma perspectiva decolonial” de Jorge Ramos Tolosa. A ciência moderna reconheceu a existência do colonialismo histórico estabelecido com a invasão colonial de territórios estrangeiros no além mar, mas não reconheceu o colonialismo como parte fundante de uma sociabilidade patriarcal e capitalista, esta que não terminou e segue em permanente manutenção e nos impõe hoje um dos momentos mais destrutivos compartilhados em nossa história recente. Inseridos neste sistema global, há não só a violência exploratória sob a natureza, mas também há a violência contínua exercida sobre os corpos de pessoas consideradas inferiores e até não humanas. Essa temporalidade linear e homogênea instaurada pelo Estado moderno assentado em uma lógica de dominação é constantemente desafiada por narrativas que pensam de outra forma a memória e sua transmissão. Nesse sentido, tais narrativas acabam por ser desejadas por órgãos reguladores de narrativas hegemônicas, que de algum modo empenham-se em reprimir, frustrar e violentar tais povos, deslegitimando seus saberes. Como consequência percebemos que instrumentos institucionais coloniais de uma forma estratégica tem sempre colocado a memória em um lugar de uma abstração narrativa sobre o passado, mas nunca como produções históricas feitas no presente de um povo. Deste modo, a fim de estabelecer uma análise mais ampla da memória, à luz da crítica pós-colonial, recorreremos a outras formas metodológicas e conceituais de compreender e analisar o mundo, nas quais a arte é uma possibilidade. Sendo assim percebe-se como Emily Jacir e Mona Hatoum realizam apropriações contra hegemônicas de espaços museais, urbanos e dispositivos estatais para realizar trabalhos artísticos e políticos, nos iluminando sobre o quanto pensar acerca da memória não se faz apenas como um trabalho de rememoração, mas também, de conexão por meio de registros sensíveis que possam abrir novas compreensões do tempo presente.