Resumen de la Ponencia:
Intenciono aqui apresentar alguns dos atravessamentos ético teórico metodológicos, da pandemia de Covid-19, na feitura antropológica. Parto da pesquisa sobre experiências de adoecimento por Sars-Cov-2, entre mulheres domiciliadas em João Pessoa no estado da Paraíba/Brasil, que desenvolvi no mestrado acadêmico em Antropologia (PPGA/UFPB), e como pesquisadora da AntropoCovid; rede de investigação sobre a Covid-19 no Brasil. Em consequência do contexto pandêmico, foi por meio de telas, textos e áudios no
WhatsApp, que a pesquisa antropológica se nutriu, que buscou aprender, a partir de narrativas, sobre o modo como as interlocutoras de pesquisa viveram em meio à pandemia de Sars-Cov-2, viveram e vivem a doença, pensando o alongamento da doença na forma de “sequelas”, ou “Covid longa” como vem sendo nomeada. A esta feitura antropológica mediada por uma rede social acessada por dispositivos eletrônicos, soma-se o fato de que foi feita em casa, ao longo do ano de 2021, portanto, caseira, distante da presença física, sem um campo de pesquisa muito bem delimitado, prenhe de métodos científicos já consolidados, novos e reciclados. Sem situações do campo para onde olhar, a não ser a tela do celular com mensagens de texto, e de áudio, em sua grande maioria, questiono de que modo a passagem do
olhar e
ouvir, ao ouvir mediado por uma rede social, impacta o
métier do/a antropólogo/a, nesta pesquisa duplamente afetada pela pandemia de Covid-19, já que acontece em momento pandêmico, e tem como mote, um recorte sobre a própria pandemia, experiências de adoecimento por Sars-Cov-2. Até o presente momento, ainda não havia me feito a pergunta se seria ético fazer campo presencial. A reflexão aqui proposta, nos dá elementos para pensar sobre como o risco à vida posto na iminência da pandemia de Covid-19, trouxe esta entre tantas perguntas de difícil resolução ao nosso fazer antropológico. A ponto de ver-se ele próprio, contaminado pela Covid-19.