Brasil -
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Resumen de la Ponencia:
REACIONARISMO EM PERSPECTIVA TEÓRICA: GUERRA CULTURAL NAS MÍDIAS TRADICIONAIS BRASILEIRAS
Mirela de jesus Gerônimo1
Graduada em Geografia licenciatura, pela universidade federal de Sergipe (UFS), mestranda em Sociologia pelo programa de pós-graduação em Sociologia -PPGS/UFS, Brasil, e-mail: mirellageronimo65@gmail.com
Bruno Silva Santana2
Graduado em Ciências Socias, pela universidade federal de Sergipe (UFS), mestrando em Sociologia pelo programa de pós-graduação em Sociologia -PPGS/UFS, Brasil, e-mail: brunosantanaufs@gmail.com
GT04–Estado, Legitimidad, Gobernabilidad y Democracia
O presente trabalho está vinculado ao projeto Guerra Cultural e a construção da nova direita brasileira, que almeja tecer um aprofundamento de leituras e notícias específicas sobre o Bolsonarismo, Guerra Cultural, Crise da Democracia e Marxismo Cultural. Com isso,tem a intensão de apresentar a história, a trajetória de seus principais membros e o posicionamento deles sobre a conjuntura política atual conservadora/reacionária que governa o país/Brasil. Como parte dessa estratégia resgatou-se a categoria Guerra Cultural,muito relevante nas mobilizações da nova direita nos EUA dos anos 1990-2000, e que passou também a ser utilizado pelos analistas que tentavam compreender as rupturas radicalizadas no Brasil.Em seguida, foi realizada uma análise de conteúdo, a partir do método proposto por Bardin, dos sites que abordassem o Bolsonarismo e a existência de guerra cultural com auxílio da ferramenta Iramuteq. A pesquisa trouxe um maior entendimento sobre a trajetória e atuações da aliança Bolsonarista e como influenciou no desenvolvimento da nova direita, ou seja, a compreensão da chegada de um presidente autoritário que faz defesa dos preceitos econômicos neoliberais os quais afetam os ideais democráticos. Assim, os sites, das distintas instituições, mostram confluências, há aqueles que apoiam a existência de guerra cultural e os que não demonstram apoia, assim, observa-se também a utilização de uma ideia de existência de Guerra Cultural no Brasil como uma ferramenta de adesão política aos grupos reacionários, que apostam na retórica de fragmentação da sociedade em duas vertentes o que são a favor e contra o Governo Bolsonaro e a compreensão de seu Papel para a chegada de Jair Messias Bolsonaro á presidência do Brasil .A importância do mesmo está vinculada á compreensão da infiltração da ideia de Guerra Cultural no debate público, somada a utilização dos meios mediáticos alternativos para a disseminação de informações, faz com que os indivíduos não consigam distinguir se as informações recebidas são verídicas, falsas ou alicerçadas em teorias conspiratórias.
Introducción:
1 Introdução
O trabalho a seguir está vinculado ao projeto Guerra Cultural e a construção da nova direita brasileira, que almeja mapear e fazer um aprofundamento de leituras e notícias específicas sobre o Bolsonarismo, Guerra Cultural e crise da democracia, mapeando a história, a trajetória de seus principais membros e o posicionamento deles sobre a conjuntura política atual conservadora/reacionária que governa o país. A ideia de existência de uma Guerra cultural no Brasil, que sofreu influência da nova direita brasileira, a qual gerou uma fragmentação da sociedade, assim, o conceito de guerra cultural passa a ser retomando na década de 1990, o mesmo pode ser considerado tanto fruto quanto criador das ideologias conservadoras estadunidenses, que influencia e dissemina a ideia de existência de uma crise cultural principalmente com relação a temas culturais.
Foram feitas análise em sites e jornais que abordam a infiltração da esquerda e da guerra cultural no Brasil, em que foram feitas análises acerca de seus posicionamentos sobre guerra cultural. Além disso, foram feitos mapeamentos da história e também os seus principais autores e referencias, com intuito de compreender as discussões que cercam o tema, e que demonstram a forma como suas ideologias são expostas na sociedade. Através delas, os indivíduos acreditam que guerra cultural seja a solução para a política brasileira com a infiltração da guerra cultural na direita, apresentara a população que se preocupam com as questões sociais, porém são embasados em seus interesses específicos e nos pressupostos neoliberais.
A importância desse trabalho está vinculada na compreensão de um tema que está disposto na atualidade e na maneira como termos como direita e esquerda são utilizados constantemente na sociedade, mesmo que, muitos dos que os utilizam não detém conhecimento sobre eles. Com essa pesquisa temos a preocupação de desmitificar a visão que uma parcela da sociedade, ao mostrar que existe uma guerra cultural no Brasil. A sociedade em geral acredita na hegemonia de seus ideais, essa distinção do que, e até mesmo e em quem acreditar, gera conflitos, essas rivalidades são formas profundas e cada um possui características e formas de enxergar o mundo de formas diferentes, o que contribui na construção de sua moralidade de forma totalmente oposta.
Expor a influência que o Bolsonarismo tem sobre o pensamento da sociedade, e com a infiltração da guerra cultural juntamente com a utilização dos meios mediáticos para a disseminação de informações a todo o momento em que muitas das vezes os indivíduos não conseguem distinguir a informação verídica e a falsa, ou seja, muitas das vezes o que chamanos de fakes news, e acabam perdendo o senso de criticidade, e como consequência elevando a individualidade e abraçando a ideia de meritocracia como mérito próprio. Ao mesmo tempo para trazer reflexões acerca de uma eleição de um presidente autoritário e polemico, foi feita uma análise para compreender o que fez a sociedade elegê-lo, mesmo ele tendo pouquíssima proximidade com os ideais democráticos. E constantemente ser apontado como defensor de ideias preconceituosas por afirmar valores homofóbicos, racistas, defender a ditadura militar e o uso de armas de fogo. Assim, se busca mostrar qual foi o papel dessa guerra cultural para a candidatura e chegada à presidência de Bolsonaro.
Desarrollo:
2 Metodologia
A metodologia foi realizada em duas etapas, em um primeiro momento foi realizado uma rápida análise teórica acerca do debate sobre a ideia de Guerra Cultural nos Estados Unidos e como a mesma foi transposta ou traduzida para o debate brasileiro, indicando quais são suas influências na nova direita brasileira, assim como, se debateu como a ideia corrompimento da Cultura por setores da esquerda se tornou possível no Brasil. Por último será apresentado a presença do tema em alguns textos de sites/jornais/ entrevistas com o intuito de demonstrar que, embora a ideia da existência de Guerras Culturais seja contestada no debate intelectual, ela também conseguiu tomar conta do debate brasileiro. Para isso, será realizada uma análise de conteúdo, a partir do método proposto por Bardin (1977) com o auxílio no tratamento dos dados do programa Iramuteq, um software de análise textual.
3 Guerra Cultural.
Para alinhar esse debate, a pesquisa parte da categoria Guerra Cultural, de acordo com a leitura proposta por Souza (2014) que discute que as narrativas de Guerras Culturais, ao longo da história possuem como objetivo a mobilização política através de propostas radicais de transformação das diretrizes culturais de um país sob a argumentação (em muitos dos casos pautados em imagens conspiratórias) que existiriam dois eixos morais, totalmente opostos, em conflito pela hegemonia dos valores na sociedade. No caso brasileiro ela estaria associada a uma perspectiva, fomentada por atores reacionários[1], de que existiria uma predominância de uma ideologia marxista cultural nas instituições e na superestrutura do país, que teriam sido cooptadas pela esquerda a partir do processo de democratização. Contudo, ideias de Guerras Culturais vêm sendo apresentada ao longo de toda a história ao redor do mundo, sempre atreladas às tentativas de mobilização e consolidação de alianças políticas, que se solidificam dentro de uma narrativa de existência de uma crise moral, motivada por diferenças entre grupos religiosos, políticos e intelectuais, por disputas entre liberais e conservadores, etc.
O modelo que se apresenta no Brasil aproxima-se discursivamente ao projeto Guerra Cultural que surgiu nos Estados Unidos na década de 1990, o mesmo pode ser considerado tanto fruto quanto criador de ideologias conservadoras/reacionárias, ao influenciar e disseminar a ideia de existência de uma crise cultural relacionadas a temas culturais associados ao avanço do multiculturalismo, do processo de globalização e do crescimento do secularismo.
A abordagem acerca de existência de Guerra Cultural no Brasil foi influenciada pela reformulação da nova direita que gerou fragmentação na sociedade. A ideia da existência de uma Guerra Cultural foi imprescindível para as mobilizações, na formulação e na atuação da nova direita na vida pública.
O conceito de Guerra Cultural é retomado na década de 1990, o mesmo pode ser considerado tanto fruto quanto criador das ideologias conservadoras estadunidenses, que influencia e dissemina a ideia de existência de uma crise cultural principalmente com relação a temas culturais.
A ideia da existência de Guerras Culturais aparece de uma maneira relativamente frequente na história mundial, tendo sua origem motivada por transformações sócio-históricas drásticas na estrutura da sociedade e por uma consequente e virtual ruptura entre lados extremados, que influenciariam o comportamento social por estarem dispostos a travar batalhas políticas e teóricas em torno de temas relacionados à cultura. Essa ruptura pode ser facilmente representada pelas oposições liberal e conservador, antigo e moderno, progressista e ortodoxo, secularista e religioso ou ainda pela disputa entre diferentes compreensões morais entre grupos religiosos. (SOUZA,2014, p.23-24).
A sociedade em geral acredita na hegemonia de seus ideais, essas distinções do que, e até mesmo e em quem acreditar, gera conflitos, essas rivalidades são formas profundas e cada um possui características e formas de enxergar o mundo de formas diferentes, o que contribui na construção de sua moralidade de forma totalmente oposta.
...a maneira como cada um desses grupos compreende o mundo é carregada de valores radicais, construídos sobre alicerces profundamente estáveis e inflexíveis, e que se refletem na forma como os seus membros se relacionam com a realidade. A força destes conjuntos morais é tão intensa que qualquer transformação na sociedade é concebida por seus membros como uma ameaça à destruição de seu modo de vida. (SOUZA,2014, p.24).
Na atualidade, nos Estados Unidos existe Guerra Cultural, possuindo em suas raízes disputas ideológicas que apenas contribui para a sua ascensão que transforma suas ideias constantemente, porém sem sofrer modificações drásticas nos últimos anos, sendo colocada em momentos como contraditória, exagerada, minimizada que pode ser polarizada na sociedade como uma explicação para a sociedade estadunidense.
O conceito de Guerra Cultural perpassa por base da batalha ideológica existente que pode obter novas discussões em suas ideias preexistentes, contribuindo diretamente para a exposição do tema fosse cada vez maior. Tanto no século XX quanto o XIX foram marcados por rivalidades entre religiosos como protestante e católicos que se estenderiam até os anos 1960.
Com essas disputas entre protestantes e católicos apenas elevaram a hierarquia dos defensores da igreja católica no país, que ocasionou em conflitos em massa, e começa a gerar medo entre a sociedade que percebe o aumento significativo entre os católicos e as constantes inquietações se sobressaem, como por exemplo como ficará a liberdade religiosa com isso.
O aumento da população católica no país e o crescimento do pluralismo religioso acabaram aproximando as religiões Católica, Protestante e o Judaísmo, pois, por maior que fosse a rivalidade histórica entre elas, elas possuíam muitas características em comum, sobretudo, quando comparadas com as novas formas de fé que cresciam no país. (SOUZA,2014, p.36).
A política estadunidense obteve um realinhamento desde a década de 1950, uma vez que, as religiões eram marcadas por uma constante rivalidade no espaço público, já no ano de 1960 surgiu uma fragmentação das religiões em parâmetros de ortodoxia e progressismo. Ou seja, os grupos religiosos começam as serem divididos entre ortodoxos e progressistas, que antes era chamados de protestantes, católicos e judeus. Nesse sentido, “o que fez com que aliados se tornassem rivais políticos e inimigos históricos passassem a perceber similaridades em sua maneira de ver o mundo”. (SOUZA,2014, p.36).
O avanço tecnológico é um dos fatores preponderantes para a fragmentação da sociedade religiosa que constantemente é exposta diversidade de opiniões e visões que afetam a perspectiva de realidade. Cada indivíduo possuía seus ideais ditos como verdades, com isso determina se algo é bom ou ruim, se é aceitável e inaceitável. Em vez que, as pessoas possuem critérios distintos para julgar ao próximo, ou seja, um julgamento moral individualmente. As visões distintas do mundo que intensifica a guerra cultural.
O conceito de Guerra Cultural é original a partir de conflitos preexistentes sobre as autoridades morais e a esfera pública. Nesse sentido a cultura privada é distinta da cultura pública.
Partindo da ideia de que a primeira é uma área de atividade simbólica constituída de significados e experiências com base nos conhecimentos pessoais, enquanto, a segunda fundou-se de símbolos que ordenariam a vida da comunidade ou região (na atualidade isso seria construído sobre a experiência coletiva de Estado Nação e seriam representados pelos símbolos que construíram a identidade nacional, pelas noções de virtudes cívicas e pelas ideias comuns de bem público (HUNTER, 1991, p. apud SOUZA, 2014, p. 39).
Nessa perspectiva, surge grupos distintos devido ao surgimento de instituições como, por exemplo, os de milícia, movimentos de direita religiosa e liberais, os quais surgem a partir da fragmentação da classe média, ou seja,
A primeira marcada por uma elite social defensora de valores como o sonho da realização pessoal, da segurança e da mobilidade como resultados do sucesso do sistema e de outro lado, com o apelo feito por movimentos como a direita cristã que se construiu a partir da ideia de nacionalismo, da defesa das tradições, do trabalho, da moral e da ética familiar. (SOUZA, 2014, p.48).
Segundo Souza (2014) quando se fala em analisar as ideias de Guerra cultural e os movimentos conservadores nos EUA encontra-se uma grande pluralidade de movimentos, e a perda de sua funcionalidade por conta das polêmicas culturais que ocorreu de forma constantes, e no de 2012 as ideias de guerra cultural perderam força na sociedade e na política, e a mesma com objetivo de mobilizar o maior de número de adeptos e muitas vezes debates agressivos que fragmentam a sociedade o que gera empatias entre os mesmos.
Com isso, pode-se dizer, portanto, que no Brasil na atualidade existe a ideia de Guerra Cultural com a eleição e candidatura de Bolsonaro cria-se a fragmentação da sociedade em duas vertentes, o que apoiam e os que não apoiam o seu Governo, começa se disseminar crises polemicas culturais, onde cada indivíduo escolhe sua posição e ao mesmo tempo começa as críticas e exposição de ideologias, ou seja, uma ideia de controle da sociedade e descriminalização dos grupos minoritários, passa a ter o que manipula o pensamento da população que começa a não distinguir informações verídicas e as não verídicas. A sexualidade e a religiosidade é uns dos principais debates acerca de guerra cultural, e nessa vertente surge as discussões e” guerras’ entre ser e não ser a favor, e com isso só estimula a fragmentação da sociedade.
3.2 A Guerra Cultural domína o espaço público brasileiro.
A proposta e leituras desse trabalho consistem em fazer uma análise dos sites e jornais que abordam a infiltração da esquerda e abordam a guerra cultural como forma de fragmentação da sociedade, e em que medida essa ideologia se insere no pensamento da sociedade o ódio ao governo de esquerda e alicerçaram a candidatura de Jair Bolsonaro, o que fragmentam a sociedade. A primeira etapa do processo da análise é a seleção dos textos para serem analisados, com isso foi feita a leitura de um total de 25 textos ao todo, em que, desses foram selecionados 10 para a análise. Essa escolha foi embasada no critério de homogeneidade do material nos que mais se adequam a proposta de estudo, ou seja, foram selecionados comentários, notícias e textos que abordem a ideia conspiratória de instauração de uma dominação da esquerda nas instituições e na cultura, assim como, os que afirmem ou dialoguem com a ideia de existência de uma guerra cultural, sua relação com a direita e suas formas de atuação sobre a sociedade e benefícios a administração Bolsonaro. Em um primeiro contato com o material os sites e jornais os colunistas se mostram com um posicionamento claramente favorável a existência de guerra cultural no Brasil e sua importância para a candidatura de Bolsonaro.
De acordo com as análises feitas nos sites e jornais, o processo de seleção dos textos eram explicitamente os que abordassem temas correlacionados a existência de guerra cultural no Brasil, porém, nos sites e jornais não foi observada dificuldade acerca de encontrar publicações que falassem diretamente do tema que estava sendo buscado.
Após a seleção dos textos que mais se adequavam ao objeto de pesquisa, foi feito o corpus textual dos sites e jornais. Assim foi gerado com o auxílio do software Iramuteq, instrumento importante para a análise, os primeiros resultados que são as palavras-chave dos corpus textuais. Esses resultados irão direcionar a pesquisa de forma direta. Com isso, foi feita esse primeiro processo de análise que apresentou os seguintes resultados sobre o guerra cultural e infiltração da esquerda, a palavra “não” 236, “Guerra” 130, “cultural” 117, “governo” 81, “Bolsonaro” 61 e entre outras que podem ser observada na tabela a seguir:
Frequência de Palavras Corpus textual sites e jornais
Palavras
Frequência
Não
236
Guerra
130
Cultural
117
Governo
81
Bolsonaro
61
Politica
53
Brasil
43
Uma das publicações que foi selecionado do jornal extra classe foi a seguinte “O MEC, a guerra cultural e o fracasso na gestão da educação do país”. Do colunista Marcelo Menna Barreto. A publicação aborda a presença de uma guerra cultural olavista, que acabou sendo um fracasso para a educação brasileira, a mesma durou apenas três meses:
“As idas e vindas no MEC demonstram que o Governo Federal tem como “política educacional” a guerra cultural olavista. Como a guerra cultural olavista não consegue de fato gerar uma política educacional concreta, pautada no direito à educação, ela acaba sendo um fracasso em termos de gestão pública”, registra. (EXTRA CLASSE,2020).
Nesse momento, sob vários vetores de pressão, que também inclui “ultra-liberais calçados pelo Paulo Guedes”, segundo Daniel Cara, só existe uma certeza: “Qualquer nome que assuma a pasta não vai ser um nome que, de fato, se preocupe com o direito à educação. Bolsonaro, na verdade, quer fazer do Ministério uma caixa de ressonância pra guerra cultural olavista que foi uma das grandes responsáveis pela sua eleição”. (EXTRA CLASSE,2020).
Em outra publicação “A guerra cultural da direita não é mais uma manobra diversionista da política- ela é a própria política’, do site carta maior, da colunista Nesrine Mailk, a mesma faz uma abordagem acerca dos conservadores estarem vencendo eleições, expondo supostas ameaças a cultura brasileira, a inserção constante de partido conservadores na política brasileira, e com isso a crueldade da direita que utiliza de armadilhas da guerra cultural:
A razão pela qual essas mentiras preocupam jornalistas, políticos e o público é que as batalhas da guerra cultural não são mais um espetáculo diversionista de nossa política – elas são a política. Eles são a forma como as perspectivas eleitorais da direita avançam hoje; não por meio de políticas ou promessas de uma vida melhor, mas fomentando um sentimento de ameaça, uma fantasia de que algo profundamente puro e britânico está em permanente risco de extinção. O que os políticos mais bem-sucedidos entendem é o apetite público insaciável por essas falsificações, o desejo de que essas mentiras sejam verdades – de que a Grã-Bretanha seja uma preciosa donzela em apuros e não um país deteriorado e empobrecido pela incompetência de sua classe governante. (CARTA MAIOR, 2020).
O principal desafio que qualquer força progressista enfrenta nos próximos anos não é convencer o eleitorado da desonestidade ou incompetência do Partido Conservador, mas expor o vasto complexo de mentiras que está sendo vendido todos os dias, e aqueles que o vendem. Podemos fazer isso ou continuar a cair, por credulidade ou covardia, em armadilhas da guerra cultural, enquanto eles pavimentam o caminho para a próxima vitória eleitoral da direita. (CARTA MAIOR, 2020).
Na publicação titulada de “Guerra cultural, diálogo e volta às aulas: como pensa o novo ministro da Educação” do site gazeta do povo, do colunista Isabelle Barone. Faz uma abordagem na perpectiva de compreensão de guerra cultural vinculada a educação, em entrevista Milton Ribeiro fala sobre “O povo escolheu Bolsonaro, por voto, porque queria alguma coisa diferente”.
Nomeado em 10 de julho, Milton Ribeiro, ministro da Educação, tem fugido dos holofotes. O quarto a chefiar a pasta sob a gestão Bolsonaro, Ribeiro chegou ao MEC com a promessa de pacificar ânimos exaltados, e garante que assim tem sido: “Não sou o dono da verdade, vou ouvir a todos”. ( GAZETA DO POVO, 2020).
Em suas colocações sempre impondo que o problema da educação não é do MEC, e muito menos dele, críticas constantes a educação pública, que é uma situação que tem que ser resolvida e que está na busca por educação de qualidade:
Alunos egressos da escola pública sofrem muito pela maneira como eles têm sido ensinados. Há estudantes que, com nove anos, são analfabetos. Pelo último Pisa, descobrimos que há meninos de 15 anos que não sabem fazer uma regra de três simples e são analfabetos funcionais.”. (GAZETA DO POVO, 2020).
Logo nas minhas primeiras decisões, fui elogiado por representantes da educação, recebi vários e-mails. Eles precisam ser ouvidos. Uma das minhas primeiras reuniões foi com a Andifes, por exemplo, que reúne, em grande parte, representantes de esquerda. Ficou claro que não iríamos concordar com tudo e que minha visão de mundo é diferente. Mas em uma coisa concordamos: todos querem o melhor para a educação.”. (GAZETA DO POVO, 2020).
No texto analisado em sequência, “A guerra cultural da extrema-direita é só vontade de manter nosso apartheid”, do site ecoa uol, que faz uma abrangência acerca da existência de uma guerra cultural no Brasil diz Olavo de Carvalho, segundo ecoa uol (2020) “Publicado pela Record, uma das maiores editoras do Brasil, Olavo (autointitulado ex-comunista) inspirou-se em sua interpretação paranoica de Gramsci para proclamar que o Brasil está em guerra. Uma guerra cultural”.
Ainda sobre a mesma publicação Olavo de Carvalho faz a defesa da guerra cultural, como a única forma de manter o direito ao discurso nas mãos dos que detém o poder, segundo ecoa uol (2020) “a guerra cultural da extrema-direita, que não é uma batalha de esquerda vs direita, mas um ataque dos 0,1% de homens brancos ricos contra a maioria da população brasileira”:
Nossa elite branca. Sim, aquele 0,1%, herdeiros dos bandidos que invadiram o Brasil, em 1500, dizimando milhões de povos nativos, realizando estupros em massa, trazendo como escravizados outros milhões de seres humanos e mantendo o país sob um violento apartheid gasoso. Nesse sistema a aparência é democrática, mas a realidade traz grande parte da população vivendo aterrorizada em guetos, que chamamos de favelas, sob tortura, assassinato e autoritarismo militar. (ECOA UOL,2020).
Na mesma publicação aborda o bolsonarismo como fenômeno que precisa ser cada vez mais estudado por sua complexidade, impondo que a vitória de Bolsonaro é reflexo da introdução de uma guerra cultural,
Me parece convincente a interpretação de alguns analistas que entendem a "guerra cultural" como característica definidora do que o bolsonarismo tem sido até aqui. Esta característica possui força e debilidade específicas, e esta ambivalência parece assumir crescentemente a forma de uma contradição política do bolsonarismo: a contradição entre 1) a força mobilizadora específica da tática de "guerra cultural" e 2) seus limites para a condução do governo e das políticas públicas. (ENTENDENDO BOLSONARO,2020).
Como enfatiza João César Castro Rocha, a "guerra cultural" também parece ser o próprio eixo do governo Bolsonaro. A tentativa de definir o governo como composto por diferentes eixos (militares, equipe econômica, ala ideológica, lavajatismo) mostrou-se insuficiente, pois não levou em conta que Bolsonaro iria impor a "guerra cultural" como orientação principal, inclusive como tática para tirar o foco dos problemas econômicos e sociais, para negar responsabilidade política em relação e eles ou para conduzir os conflitos inerentes ao nosso presidencialismo. (ENTENDENDO BOLSONARO,2020).
Já com relação as palavras que mais se repetem são não, Guerra, cultural, governo e Bolsonaro, são os principais resultados (Iramutec) frequência das palavras, as mesmas são importantes para compreender como o termo Guerra cultural vem sendo adotados por colunistas/sites/jornais para compreender as estratégias de atuação do governo Bolsonaro. Essas publicações refletem que a postura e a forma de administrar belicista do presidente e seus aliados motivam o fortalecimento de uma polarização radicalizada que nega a possibilidade da política e reforçam a sensação de crise democrática.
[1] A partir do conceito proposto por Lilla (2018) que considera diferenças entre o conceito de conservador e de reacionário, uma vez que, o conservador compreenderia a existência de transformações trazidas pela modernidade e deseja que elas ocorram lentamente, combatendo as possibilidades revolucionárias e, por outro lado, o reacionário proporia que o mundo estaria corrompido e existiria a necessidade de uma revolução para trás que trouxesse a volta para um passado mítico.
Conclusiones:
Diante de todas as discussões que foram desenvolvidas é evidente a influência da guerra cultural na formulação da nova direita brasileira e suas formas de manipulação do pensamento da sociedade, que argumentam sobre liberdades individuais, contudo toleram ideologias autoritárias em nome da liberdade do mercado. Esse problema estimula os seguidores a aceitarem os “pecados” do presidente, assim o mesmo impõe suas ideias como dominantes.
Segundo Souza (2014) quando se fala em analisar as ideias de Guerra cultural e os movimentos conservadores nos EUA encontra-se uma grande pluralidade de movimentos, e a perda de sua funcionalidade por conta das polêmicas culturais que ocorreu de forma constantes, e no de 2012 as ideias de guerra cultural perderam força na sociedade e na política, e a mesma com objetivo de mobilizar o maior de número de adeptos e muitas vezes debates agressivos que fragmentam a sociedade o que gera empatias entre os mesmos.
Com isso, pode-se dizer, portanto, que no Brasil na atualidade existe a ideia de Guerra Cultural com a eleição e candidatura de Bolsonaro cria-se a fragmentação da sociedade em duas vertentes, o que apoiam e os que não apoiam o seu Governo, começa se disseminar crises polemicas culturais, onde cada indivíduo escolhe sua posição e ao mesmo tempo começa as críticas e exposição de ideologias, ou seja, uma ideia de controle da sociedade e descriminalização dos grupos minoritários, passa a ter o que manipula o pensamento da população que começa a não distinguir informações verídicas e as não verídicas. A sexualidade e a religiosidade é uns dos principais debates acerca de guerra cultural, e nessa vertente surge as discussões e” guerras’ entre ser e não ser a favor, e com isso só estimula a fragmentação da sociedade.
Um presidente que faz defesa de discursos preconceituosos e de ideologias que não atendem a grande população brasileira, mas a uma minoria que compõe a elite, e que afeta diretamente a sociedade com suas colocações antidemocráticas. Assim, observa-se também a utilização de uma ideia Guerra Cultural no Brasil como uma ferramenta de adesão política aos grupos reacionários, que apostam na retórica de fragmentação da sociedade em duas vertentes o que são a favor e contra o Governo Bolsonaro.
As publicações nos sites apesar de comporem páginas de instituições diferentes, demonstraram confluências entre alguns colunistas, os que apoiam a existência de guerra cultural no Brasil e os que não demostra apoia, ou seja, de forma independente.
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Palabras clave:
Palavras-chave: Crise da Cultura. Guerra Cultural. Nova Direita. Reacionários.