Resumen de la Ponencia:
La noción y la mención de las denominadas teorías conspirativas ha estado teniendo una notoria tendencia en los últimos meses, en contraste con la dominancia de las verdades oficiales, por lo que su significación se ha relacionado casi en automático con una imagen predominantemente negativa. Estas teorías conspirativas son entendidas, generalmente, como aquellas que surgen por una distorsión intencionada de fuentes, o bien, por lo que en la actualidad se han venido a llamar las “fake news”. La pregunta epistemológica básica es: ¿cómo sabemos cuáles son esas fake news, o esas fuentes distorsionadas?Para dar respuesta a ello, es altamente clarificador el ejemplo de la época Covid, con su polarización radical entre las verdades oficiales y las verdades conspirativas, o, incluso, entre las otras verdades paralelas que generalmente se mantienen difusas, debido a la dominancia de las dos verdades anteriores. Por las verdades oficiales nos referimos a las versiones oficialistas sugeridas por las instituciones de los Estados (como el CDC, ECDC, o las dependencias de salud estatales), o bien, por los organismos internacionales (como la OMC o la OPS), presumidas como verdades científicas (oficiales y científicas). En cambio, por las verdades conspirativas nos referimos a aquellas posturas que contradicen a la verdad oficial, tornándola como una conspiración de control hacia la sociedad que, no obstante, carecen de una legitimidad desde la ciencia dominante.En este contexto, hemos de proponer un análisis epistemológico vinculado con los postulados popperianos de la “Teoría conspiracional de la ignorancia” y de la “Teoría de la verdad manifiesta”, así como en su definición de la verdad científica basada en los criterios de verificabilidad, refutabilidad y provisionalidad.¿La verdad oficialista o la verdad conspirativa permiten un diálogo? Esta pregunta es la clave para analizar epistemológicamente el periodo de la era Covid (2020-2022), es decir, cuáles han sido los procesos de acceso a tales verdades, ¿son verificables?, ¿son pretendidas como conocimientos invariables?, y, sobre todo, ¿son irrefutables? Me adelanto a las respuestas: no a la primera, y sí a las últimas dos.Ese problema epistemológico ha quedado siempre al margen en las verdades pretendidas en la era Covid (2020-2022), por lo que la ciencia desarrollada en esta era denota más un autoritarismo (incluso totalitarismo), simplismo y reduccionismo, que no ha permitido el diálogo, ya que es pretendido como un momento histórico de emergencia. Esta ponencia, por lo tanto, tratará de analizar ambas posturas encontradas, así como las posibilidades de ampliar las perspectivas a través del diálogo epistemológico, tomando en consideración las ya mencionadas categorías de análisis popperiano. Esta época de Covid ha sido una incesante muestra de la petrificación de la ciencia.Resumen de la Ponencia:
O trabalho de campo é uma etapa fundamental para a pesquisa. É ele que dá vida às reflexões inicialmente pensadas e possibilita as respostas das questões anteriormente formuladas. Esse texto se dedica a refletir sobre essa realidade em tempos de pandemia da Covid-19, decretada em março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nossa pesquisa objetiva resgatar a memória de professoras pioneiras no Serviço Social brasileiro na discussão de gênero e feminismos, no estado do Rio de Janeiro. Nesse sentido, o aprofundamento bibliográfico comum a toda pesquisa sempre fez parte de nosso percurso metodológico. Entretanto, uma pesquisa como essa pressupõe necessariamente um mergulho em fontes documentais, bem como a realização de entrevistas com essas pioneiras. É nesse momento que se inserem as preocupações e aprendizados que narramos a seguir.O período abrangido por nosso projeto de pesquisa são os anos de 1980 e 1990 quando os estudos de gênero surgem no Brasil, bem como existe uma intensificação dos movimentos feministas, possibilitados pelo período de abertura política que se iniciava então. Esses são tempos em que o papel ocupava um lugar de destaque e a existência de redes sociais era uma realidade distante. Nosso primeiro passo foi buscar conhecer o que se escrevia naqueles anos, quem escrevia, o que liam essas pioneiras. Para isso, realizamos uma pesquisa junto das principais revistas e encontros da categoria. E quase todas essas fontes estavam impressas. Assim, a pesquisa em bibliotecas se iniciou. A pandemia nos atingiu na parte final dessa etapa e nos levou a busca em acervos particulares.A realização de entrevistas, mesmo para nós, pesquisadoras, sempre significou um momento de encontro, de contatos face a face e pensar em realizar isso via a face de um computador, não se pode negar, causou estranhamento. E se pensarmos em nossas entrevistadas, hoje na faixa entre 60 e 80 anos de idade, esse estranhamento era ainda maior. Era a preocupação com a rede, o aprendizado de acessar esse instrumental, ensinar como acessar o microfone, o ícone da imagem – tudo isso significou problemas técnicos para a realização desses encontros. Por outro lado, foi um mecanismo fundamental para nossa pesquisa não parar depois de um primeiro momento onde todas nós (e o mundo) ficaram paradas frente à realidade da Covid-19. Continuar era preciso. E se a máquina “mecanizou” esse processo, por outro lado possibilitou a continuidade e o acesso a essas mulheres, a suas casas e jardins, a possibilidade de nos olharmos. Não temos dúvida da importância do contato face a face e que isso fez/faz falta. Mas não podemos negar o aprendizado – que acreditamos veio para ficar. Assim, esse texto busca pensar os efeitos, positivos e negativos decorrentes desse processo.
Introducción:
O trabalho de campo é uma etapa fundamental para a pesquisa. É ele que dá vida às reflexões inicialmente pensadas e possibilita as respostas das questões anteriormente formuladas. Esse texto se dedica a refletir sobre essa realidade em tempos de pandemia da Covid-19, decretada em março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Nossa pesquisa objetiva resgatar a memória de professoras pioneiras no Serviço Social brasileiro na discussão de gênero e feminismos, no estado do Rio de Janeiro. Uma pesquisa como essa pressupõe, necessariamente, um mergulho em fontes documentais, bem como a realização de entrevistas com essas pioneiras. Foi nesse momento que fomos surpreendidas com a pandemia da Covid-19 e daí surgem as preocupações e aprendizados que narramos a seguir.
Num primeiro momento, apresentamos rapidamente a pesquisa, seus objetivos e pressupostos epistemológicos. No segundo momento, refletimos mais especificamente sobre o tema dessa apresentação, ou seja, pensar a realização da pesquisa em tempos de pandemia e os efeitos que os limites trazidos por essa pandemia trouxe para o nosso dia-a-dia. Concluímos com algumas considerações que longe de serem conclusivas, querem pensar caminhos futuros.
Desarrollo:
A PESQUISA: UM TRABALHO DE MULHERES FEITO POR MULHERES
É importante destacar desde o início a referência à epistemologia feminista que caracteriza nossos estudos e esse texto. A epistemologia feminista[1] se caracteriza pelo compromisso com uma ciência não neutra. Ao contrário, o posicionamento político é assumido ao nos dedicarmos explicitamente a ouvir as mulheres, a resgatar suas falas, compreendendo as mulheres como sujeito político, resistindo a uma ciência que se quer neutra, mas que é androcêntrica, dominante, branca, hetero e europeizante.
Por isso, nossa vontade de ouvir essas mulheres, regatar suas falas. Não se tratava de falar por essas mulheres, mas de ouvi-las. Partilhar uma história da qual nós também fazemos parte, hoje como professoras, antes como alunas.
Partimos da ideia de que nos anos de 1980 e 1990, ao vivermos a efervescência dos movimentos e lutas sociais, um dos movimentos importantes foi o feminista, e as assistentes sociais não estavam alheias a esse fenômeno[2]. Não se pode negar que o serviço social no Brasil a partir desses anos avançou muito no reconhecimento de si mesmo enquanto profissão e de seu lugar na sociedade. Mas esse avanço, que reconhecemos, também trouxe ausências. Adotar uma perspectiva de analise a partir da luta de classes se é positivo, por um lado, por outro, corre o risco de colocar outros sujeitos em segundo plano. Tal como aconteceu em vários lugares do mundo, sair de uma ditadura nos levou a adoção de uma leitura macro da profissão e da importância dos sujeitos coletivos, mas deixou em segunda mão outros sujeitos e suas especificidades, como as mulheres.
Sem desmerecer essa leitura, consideramos que os estudos feministas e de gênero ou de mulheres insuflam vida na história. A história do serviço social muitas vezes é contada numa espécie de samba de uma nota só onde as classes aparecem, mas os sujeitos que dão vida a essas classes não ocupam lugar de destaque. Uma profissão composta majoritariamente por mulheres que atende também majoritariamente mulheres e que não consegue inserir as mulheres nessa história como sujeitos. O século XXI trouxe o aprofundamento da perspectiva crítica no Serviço Social onde gênero e raça ganham outro estatuto. Ana Lole (2014) localiza o início desse processo na profissão na década de 2010, mas as vezes parece que essa história começou ontem. Queremos com nossa pesquisa resgatar e dar visibilidade a essas mulheres que iniciaram essa história. Pensar o serviço social como uma história de mulheres foi o caminho que imaginamos. A pesquisa “Por uma história do gênero/feminismo no Serviço Social” tem por objetivo resgatar a memória das mulheres pioneiras na discussão do gênero/feminismos no Serviço Social brasileiro, contribuindo, assim “para uma produção da história do gênero e feminismos no Serviço Social no Brasil, em especial no Rio de Janeiro, tendo como marco temporal os anos1980 e 1990” – anos em que os estudos de gênero chegam ao Brasil, bem como temos um renascimento dos movimentos feministas e o serviço social vive o chamado Movimento de Reconceituação[3].
Joan Scott (1992, p. 144) afirma que “reivindicar a importância das mulheres na história significa necessariamente ir contra definições de história e seus agentes já estabelecidos como ‘verdadeiros’, ou pelo menos, como reflexões acuradas sobre o que aconteceu (ou teve importância no passado)”. O Serviço Social tem sua história feita a partir de mãos femininas. Partir de uma análise macro nos permite compreender a conjuntura onde essa história acontece. É uma perspectiva fundamental em nossa compreensão, mas entendemos que precisa ser complexificada. A perspectiva feminista nos ajuda nesse processo ao possibilitar a inserção de importantes marcadores sociais, como gênero, raça, geração, sexualidades, territorialidades – entre outros. Não podemos pensar a história do serviço social desconsiderando as mulheres que são sujeitos nessa história. Por isso, a perspectiva feminista nos mostrou um importante olhar, um caminho para nossas análises.
Como afirma Ketzer (2014), não há uma metodologia especificamente feminista, mas a construção de um enfoque a partir do qual podemos utilizar diversos métodos, como entrevistas, grupo focal, análise documental e etnografia. Ao partir do enfoque feminista, trabalhamos na perspectiva de enfatizar as mulheres como sujeitos históricos, negando uma ciência neutra, objetiva e racional, normalmente escrita por homens, brancos, heterossexuais, ocidentais e ricos (Pereira; Santos, 2014; Freitas; Medeiros, 2021).
A necessidade apontada por Walter Benjamim (1994) de “escovar a história à contrapelo” sempre nos remete à afirmação de Audre Lorde (2019) de que “as ferramentas do senhor nunca derrubarão a Casa Grande”. A história hegemônica é construída a partir do silenciamento – muitas vezes violento – daqueles que não são os vencedores. Destruir esse silêncio, construir outras ferramentas, narrar outras histórias é uma forma de redimir aquelas e aqueles que foram silenciados.
Muitos desses silenciamentos foram produzidos a partir de perspectivas baseadas no racismo, sexismo, heteronormatividade e elitismo que marca nossa sociedade (e que atravessam mesmo uma profissão que hoje tem o compromisso assumido em seu código de ética com os sujeitos em situação de vulnerabilidade). Contudo, se esse silêncio é imposto, não se pode negar que a história nos mostra, igualmente, que resistências sempre ocorreram. Compreendemos que a existência dos feminismos contribuiu muito para essas resistências e continua contribuindo, a medida em que também o feminismo se repensou, especialmente a partir das contribuições do feminismo negro e latino-americano. Aproximamos nossa análise feminista da perspectiva interseccional por acreditar que essa complexifica o feminismo. Acreditamos que a ideia da interseccionalidade (Crenshaw, 2002; Collins, 2015; Akotirene, 2019) caudatária do feminismo negro é um excelente instrumento para a análise classista; é um potencial instrumento de análise para compreender os sujeitos que compõem essas classes e a complexidade dos processos sociais em que elas e eles estão mergulhados no âmbito da sociedade capitalista.
O que se quer enfatizar é que o feminismo em que acreditamos, como consta no manifesto assinada por Arruza, Bhattacharya e Fraser (2019), tem que ser necessariamente anti-racista, descolonial, anticapitalista, antiliberal, anti LGBTQIAfóbico, anti-heteronormativo e ecossocialista – e, portanto, também interdisciplinar (pois dialoga com os diversos saberes) e indisciplinar, pois vai de encontro aos cânones estabelecidos, trazendo novos temas, novos sujeitos de pesquisa e novas metodologias; ou novas formas de pensar os processos metodológicos (Santos, 2006).
Concluindo, uma pesquisa feminista e ativista deve, neste sentido, partir de indagações feministas, buscando pesquisar e ouvir a voz das mulheres – saber quem fala, quem cala; quem pode falar e quem deve calar nos diz muito acerca daqueles que produzem conhecimento (Lorde, 2019; Kilomba, 2020). Sueli Carneiro (2020) reflete que a epistemologia define não apenas o que falar, mas quem pode falar. Uma profissão como a nossa não pode se furtar a olhar para si mesma e refletir quem são os sujeitos – as mulheres – que dão vida a essa profissão. Não se nega a importância da participação masculina nesse debate, mas não podemos silenciar acerca da experiência dessas que compõem massivamente essa profissão. Por isso, a necessidade metodológica de ouvir essas mulheres. Essa era nossa estratégia metodológica. Mas nem tudo saiu como imaginamos. A epidemia chegou. Vejamos isso no próximo item.
O CAMPO DA PESQUISA E A NECESSIDADE DE SE RE-INVENTAR
Nossa pesquisa tinha caminhos metodológicos muito bem traçados e factíveis. Nosso primeiro passo foi buscar conhecer o que se escrevia naqueles anos, quem escrevia, o que liam essas pioneiras. O segundo momento – e o mais aguardado – era a realização das entrevistas. Esse momento sempre significou, para nós, um momento de encontro, de contatos face a face.
Numa primeira fase, realizamos uma pesquisa junto das principais revistas e anais dos encontros da categoria. Muitas de nossas fontes estavam impressas. A análise documental[4] se debruça sobre os “materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa” (Gil, 2008, p. 45). A partir dessa análise buscamos não apenas compreender as conjunturas sociais, econômicas, históricas e políticas daquele momento, mas também extrair novos sentidos, contribuindo para o conhecimento científico.
Assim, a pesquisa em bibliotecas se iniciou. Como o período abrangido por nossa pesquisa eram os anos de 1980 e 1990, o papel ocupava um lugar de destaque e a existência de redes sociais era uma realidade distante. Iniciamos, assim, a busca dessas revistas e anais. A pandemia nos atingiu na parte final dessa etapa e nos levou a busca em acervos particulares – junto à núcleos de pesquisa e ao acervo nossos e de professores amigos que disponibilizaram esse material, muitas vezes digitalizando-os para nos enviar.
Foi o fato de recorrermos a esses acervos particulares e ao processo de digitalizar esses documentos que fez com que pudéssemos concluir essa primeira fase[5]. A pesquisa evidenciou a existência dos estudos de gênero/mulheres e feministas nas décadas de 1980-1990 na profissão, assim como as características desses estudos e importância para o início de uma tradição que, historicamente, teve pouca visibilidade no Serviço Social. Ainda que o tema das mulheres não figurasse entre as principais questões que norteavam debates e orientações para os rumos profissionais, surgiram relatos e reflexões nas principais produções do período.
Em seguida, era necessário avançarmos na pesquisa. O outro caminho que percorremos envolveu a escuta daquelas que intitulamos como pioneiras do serviço social nos estudos de mulheres, gênero e feminismos. Construímos um roteiro de questões e com ele nos aproximamos dessas mulheres. Como também integrantes dessa história, partimos do nosso próprio conhecimento ao mapear algumas docentes que a partir dos anos de 1980 participaram intensamente da militância feminista. Importante refletir um pouco mais sobre essa questão. Ou seja, o modo como nós, pesquisadoras, estamos implicadas no processo que buscamos investigar. É também a nossa história que investigamos ao analisar nossa história profissional. Nossas entrevistadas não partilham conosco apenas a escolha de uma profissão, ou o gênero e a classe social. Compartilham de muitos de nossos sonhos, partilhamos muitos cafés e risadas, assim como nos aproximamos em algumas questões e nos afastamos em outras ao discutir o serviço social. Mais do que nunca a necessidade de uma vigilância epistemológica se fez necessária. Estranhar o próximo, o familiar (Velho, 1994) foi um caminho fundamental para garantir os caminhos da pesquisa. Essa experiência nos trouxe desafios e aprendizados. E, não podemos negar, trouxe também momentos de prazer ao relembrar acontecimentos e momentos de tristeza quando percebemos as ausências. Mas foi um exercício que garantiu um caminhar promissor para os estudos. De certa maneira, a técnica de bola de neve esteve presente, pois uma professora entrevistada lembrava de outras e assim, íamos tecendo uma rede envolvendo essas mulheres[6].
A entrevista é entendida enquanto uma técnica de coleta de informações/dados a partir dos objetivos dos pesquisadores, que envolve um processo de interação/comunicação entre dois ou mais sujeitos[7] (Bauer; Gaskell, 2003). A história nunca é um processo encerrado. É sempre a partir do hoje que nos voltamos sobre o passado. Como afirma Ecléa Bosi (1995, p. 59), “os deslocamentos que realizamos em nossas vidas e o pertencimento a diferentes grupos faz com que evoquemos nossas lembranças mais significativas sob a ótica desse presente e os expliquemos à luz de nossa posição atual”. Por isso, foi e está sendo necessário ouvir estas mulheres que compreendemos como precursoras da discussão de gênero no Serviço Social.
Como já enfatizamos, a chegada da pandemia mundial do Covid trouxe impactos também para nossa pesquisa. Por um momento, um efeito paralisante em relação as entrevistas e a espera de que em breve conseguiríamos fazê-las. Depois, percebemos que aquela situação iria perdurar e tivemos que rever nossa metodologia e pensar alternativas. Relatos nesse sentido podem ser vistos em várias pesquisas desse período, como em Rafaella Musmanno Gonçalvex (2021) que utilizou como mecanismo de “escuta” a realização de “entrevistas” via email. Essa autora, também partindo de uma perspectiva feminista buscava conhecer o olhar das assistentes sociais sobre o tema famílias. A utilização de entrevistas via what zap e a participação em grupos de discussão na internet foram outras estratégias utilizadas.
A entrevista on line surgiu como uma necessidade e nos fez rever nossos instrumentos. E aprender a improvisar. Foi isso que fizemos. Tivemos que aprender a lidar com as plataformas que possibilitavam as entrevistas por meio virtual. Criar um ambiente acolhedor tendo como instrumento o computador não foi uma tarefa fácil. Acreditamos que estes tempos que estamos vivendo trouxeram para a maioria dos projetos uma ampliação em relação aos instrumentos utilizados.
A entrevista é normalmente vista como um instrumento de grande aproximação entre pesquisadoras e entrevistadas. A aproximação aconteceu, mas foi com uma câmera a nos separar. Ainda acreditamos que a presença física seja uma coisa importante, mas não podemos negar que nossa pesquisa só avançou graças ao desenvolvimento tecnológico que nos possibilitou encontrar as entrevistadas nos mais diferentes lugares.
Dessa forma, fomos obrigadas a conhecer as Plataforma Zoom, Meet, etc.. Nossas entrevistas foram realizadas a partir dessas plataformas sem o encontro pessoal que tanto nos acostumamos, sem tomarmos o tradicional cafezinho, e sem o lanchinho ao final. Foi um aprendizado para nós e um desafio. Também o foi para nossas entrevistadas. Poucas de nós estavam totalmente adaptadas para esse estranho mundo novo digital. E muitas dessas pioneiras estão na faixa dos 80 anos e dominar essas ferramentas não era fácil. Mas não podemos negar que o desejo e a disponibilidade que todas demonstraram fez esse momento ficar mais leve. O fato de contarmos na equipe com uma pesquisadora mais jovem, “antenada” e competente nessa tecnologia foi um outro fator determinante. Todas as entrevistas foram gravadas com o consentimento das entrevistadas e se torna também um modo de preservar suas memórias, falas e imagens
Frases/fatos como “a rede caiu”; “ela não nos ouve” ou “nós não estamos te ouvindo” ou “não estamos vendo” fez muitas vezes o início das entrevistas ser muito tenso. Mas depois, sanadas todas as complicações, conseguimos avançar para o encontro e a escuta dessas mulheres – o fato que para nós diferencia nosso projeto. Conhecemos de certa maneira, suas casas, jardins, esconderijos para onde foram para fugir da pandemia.
É importante destacar também a receptividade delas para nossa pesquisa e como destacaram a possibilidade de revisitar essas memórias. As entrevistadas em Freitas et al. (2018) também destacaram essa mesma dimensão. Isso ratifica a importância dessa escuta. Estamos agora na fase de análise dessas entrevistas, embora ainda não tenhamos terminado todas. A partir dos descritores utilizados para analisar a produção das revistas, estamos também analisando suas falas buscando conhecer o momento histórico em estudo e o modo como essas pioneiras a partir da inserção em movimentos sociais (especialmente o feminista), a participação em sala de aula, bem como em projetos de pesquisa e extensão foram, pouco a pouco, possibilitando a construção de um diálogo fecundo entre os feminismos e o serviço social.
O feminismo tem sido nosso fio condutor ao buscarmos trazer a tona a voz dessas mulheres. Se hoje, o gênero e a perspectiva feminista se faz mais presente no cotidiano do serviço social, isso se deve a essas pioneiras. Acreditamos que a história é feita por sujeitos, dentro das condições socialmente existentes. Mas esses sujeitos têm uma vida, inserção de classe, gênero, cor, geração, necessidades específicas, territorialidades e tantas outras dimensões que poderíamos considerar. É a história dessas mulheres que buscamos analisar.
Por fim, é importante atentar que a devolução dos dados é entendida enquanto uma necessidade de toda produção acadêmica e entende-se a devolução não apenas na participação de eventos científicos (fundamentais para a divulgação e o estabelecimento de diálogos), mas também na construção de disciplinas e na organização de seminários para debater a temática em questão.
[1] Ver Freitas e Medeiros (2021), Ketzer (2014), Louro (1997) entre outras.
[2] Utilizamos assistentes sociais no feminino porque consideramos que a profissão é majoritariamente composta por mulheres. Nada mais justo, considerando que partimos de um olhar feminista, destacar essa dimensão. Não se quer invisibilizar os homens assistentes sociais, mas reconhecer o protagonismo das mulheres nessa profissão.
[3] O movimento de Reconceituação significou um momento repensar os caminhos da profissão de forma crítica. Percorre a América Latina nos anos de 1960, chegando ao Brasil tardiamente em virtude da ditadura militar que o país viveu a partir de 1964.
[4] Compreende-se como documento tudo aquilo que serve como prova, textos escritos, fotos, filmes, documentários, registro governamentais, leis, entrevistas, anotações, documentos públicos e privados, entre outros (Cellard, 2008).
[5] Nosso inventário considerou os seguintes descritores: gênero; feminismo; história do Serviço Social; mulheres; identidade feminina; movimentos de mulheres e feminista; divisão sexual do trabalho; trabalho e gênero; trabalho feminino.
[6] Como se pode ver, o trabalho com fontes orais foi fundamental em nossa pesquisa. Acerca da história oral, ver: Bosi (1995); Alberti (2005); Ferreira & Amado (1996); Bourdieu (1997) e Portelli (1996 e 2010). O trabalho com a oralidade nos permitiu o resgate de uma história contada a partir das próprias experiências vividas pelas pessoas, nos permitindo captar as diferentes falas, recuperar os acontecimentos vividos a partir do olhar das próprias mulheres.
[7] Bourdieu enfatiza a necessidade de compreender a entrevista enquanto uma relação social que (necessariamente) exerce efeitos sobre os resultados obtidos: “o sonho positivista de uma perfeita inocência epistemológica oculta na verdade que a diferença não é entre a ciência que realiza uma construção e aquela que não o faz, mas entre aquela que o faz sem o saber e aquela que, sabendo, se esforça para conhecer e dominar o mais completamente possível seus atos, inevitáveis, de construção e os efeitos que eles produzem também inevitavelmente.” (Bourdieu, 1997, p. 694-695).
Conclusiones:
CONCLUSÕES
Refletir sobre o Serviço Social a partir dessas lembranças nos leva, necessariamente, a uma reflexão sobre a história das mulheres, de seus poderes, de suas conquistas, seus dilemas e de suas resistências. Não podemos negar que realizar isso via a face de um computador, nos causou estranhamento. E se pensarmos em nossas entrevistadas, hoje na faixa entre 60 e 80 anos de idade, esse estranhamento era ainda maior. Era a preocupação com a rede, o aprendizado de acessar esse instrumental, ensinar como acessar o microfone, o ícone da imagem – tudo isso significou problemas técnicos para a realização desses encontros.
Mas a tecnologia não proporcionou apenas o encontro com essas mulheres. Manter remotamente reuniões mensais com todas as pesquisadoras e bolsistas foi um momento de relaxamento nesses tempos, mas ajudou também a “não deixar a bola cair”. Foi importante para nos aproximarmos e nos fortalecer. E isso fez também a pesquisa continuar.
A utilização de entrevistas remotamente foi um mecanismo fundamental para nossa pesquisa não parar depois de um primeiro momento em que todas nós (e o mundo) ficaram paradas frente à realidade da Covid-19. Continuar era preciso. E se a máquina “mecanizou” esse processo, por outro lado possibilitou a continuidade e o acesso a essas mulheres, a suas casas e jardins, a possibilidade de nos olharmos.
Por fim, queremos também a importância do cruzamento dessas metodologias porque suas histórias nem sempre se expressam em textos e publicações. Algumas dessas mulheres podem não ter tido uma grande publicação, mas tinham uma militância feminista intensa, assim como uma presença em sala de aula e atividades de pesquisa e extensão envolvendo – e formando – diversas alunas e alunos.
Não temos dúvida da importância do contato face a face e que isso fez/faz falta. Esse é um aspecto profundamente negativo dessa metodologia. Assim como as dificuldades tecnológicas que também são geracionais, causando dificuldades até mesmo para nós pesquisadoras e professoras em atividade. Ter um equipamento bom não está ao alcance de todas as pesquisadoras e também não nas casas e cotidianos onde adentramos. A questão geracional, afinal entrevistamos mulheres velhas, impacta diretamente aqui. Mas não podemos negar o aprendizado – que acreditamos veio para ficar. Assim, esse texto buscou pensar os efeitos, positivos e negativos decorrentes desse processo.
Bibliografía:
REFERÊNCIAS
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Palabras clave:
Pandemia da Covid-19. Epistemologia feminista. Serviço Social.
Resumen de la Ponencia:
Este trabajo busca contribuir al desarrollo de metodologías desde la percepción corporal de material etnográfico visual. La investigación empírica se centra en las expresiones corporales, en los vídeos dancísticos de la danza K-pop con el fin de mostrar que dichos videos tienen un sentido más allá de la mera reproducción de movimientos detrás de una cámara. Busco explicar las cualidades estético-creativas considerando las actuaciones de danza como una articulación multisensorial, que a la vez son narrativas socioculturales, y que interpreto como corpografías urbanas. Para lograr una comprensión más amplia, aplico una metodología específica en forma de un análisis multisensorial en relación con la corporalidad. Sostengo que el significado de la videodanza va más allá de meros aspectos visuales.
Introducción:
Considerando la situación contemporánea, la era digital y los dos últimos años de la pandemia de COVID-19, esto requiere un replanteamiento de los métodos antropológicos, aplicando nuevas estrategias y tecnologías para la investigación, pero también para comprender la creciente complejidad de la producción visual y las redes sociales. Las visualidades digitales y la interacción virtual se han vuelto omnipresentes como base de la comunicación entre los actores sociales, un hecho que se me hizo imprescindible procurar nuevas metodologías para el análisis en el marco de mis investigaciones transdisciplinares en culturas populares y articulaciones dancísticas. Sostengo mis planteos a partir de los aportes teóricos para la etnografía e investigación visual digital de Pink (2011), Pink et al. (2016), Banks & Ruby (2011), Banks & Zeitlyn (2016), y Gómez Cruz, Sumartojo & Pink (2017).
En esta ponencia desarrollo una estrategia que aplico para el análisis de videos grabados por bailarines amateur de danza K-pop en diferentes países latinoamericanos como participantes del concurso 'Cover Dance BTS' organizado por el Centro Cultural Coreano en Buenos Aires, Argentina. Presto particular atención a los cuerpos danzantes como formas visuales de expresiones comunicativas para explorar cómo la danza y la representación visual de cada espacio crean nuevos significados y conocimiento corporal. Doy cuenta que este tipo de investigación conlleva retos teóricos y prácticos, ya que es necesario reconocer las experiencias encarnadas y los enfoques multisensoriales que incluyen también la experiencia subjetiva del investigador. Por eso, en este trabajo busco desarrollar destrezas en relación a la visualidad háptica (Marks, 2002) y un enfoque crítico que hace hincapié en pensar de forma más táctil que visual, entender los cuerpos y asumir un compromiso intensamente físico y sensual, en el momento de apreciar, por ejemplo, obras de arte, el movimiento o las imágenes. Los vídeos analizados, como en este caso, u otros medios visuales no sólo enriquecen nuestra comprensión y experiencia corporal, sino que también se alejan de la mera visualización. Esta subjetividad dinámica añade otro componente para el análisis de material visual, ya que el tema suele abordarse desde los textos o la categoría de representación. Además, considero el uso de los medios digitales y de las redes sociales como una forma múltiple de conformar significados, prácticas y relaciones entre diferentes actores sociales en el mundo global.
Desarrollo:
Registros corporales para la etnografía
La metodología aquí utilizada subraya los procesos teóricos y creativos en conjunto para revelar los resultados de una investigación acerca de las danzas populares e invita a pensar investigaciones transdisciplinares en relación a los cuerpos en diferentes tiempos y espacios (Koeltzsch y Cruz, 2022). En trabajos anteriores, también he señalado la necesidad de construir fuentes etnográficas y autoetnográficas que remiten particularmente a cuestiones del cuerpo (Koeltzsch, 2019 y 2021), como las experiencias corporales-sensoriales del paso y presente. Esto es importante, ya que, al trabajar cuestiones sensibles, del cuerpo y emociones es necesaria la auto vigilancia y reconocer que la etnografía es una práctica corporizada. Así podemos considerar el cuerpo como sitio de producción de conocimiento (Conquergood, 2002). Esto también implica utilizar el propio cuerpo del/la investigador/a, y así construyendo “una sociología no sólo del cuerpo en sentido de objeto (of the body) sino a partir del cuerpo como herramienta de investigación y vector de conocimiento (from the body)” (Wacquant, 2006, p. 16).
A la vez contribuye a un discurso crítico autorreflexivo poniendo énfasis en la intersección de las personas y la cultura a través de la aprobación interna de la identidad que siempre es migratoria (Spry, 2001). Aquí presento un avance de este modelo elaborado para la teorización metodológica (véase Tabla 1) tomando como base las fases de estructuración del esquema corporal desde la psicología (Berruezo, 2000).
Tabla 1. Esquema para los registros corporales. Fuente: Elaboración propia
En este caso concreto, analizo las actuaciones de la danza K-pop y los cuerpos danzantes en los vídeos como formas visuales de expresiones comunicativas para explorar cómo la danza como articulación y la representación visual de cada espacio crean significado. Las grabaciones de los vídeos se realizaron mayormente en espacios públicos, así también a veces aparecen participantes involuntarios. Argumento que la reproducción creativa de coreografías de K-pop en diferentes localizaciones latinoamericanas realizadas por bailarines amateurs crea una especie de corpografía virtual a través de sus cuerpos bailarines y no bailarines, ya que a veces otras personas pasan por allí durante la grabación. Sugiero leer el conjunto de vídeos producidos por los participantes amateurs del concurso 'Cover Dance BTS' como una narrativa latinoamericana de corpografías urbanas, "un tipo de cartografía realizada por y en el cuerpo" (Jaques, 2008).
Los registros empíricos realicé a partir del análisis de los videos de los 10 finalistas (Véase tabla 1 y 2). Está escrito en idioma inglés por una publicación que surgió a partir de este trabajo (Koeltzsch, 2022).
Tabla 2 y 3 Categorías de observación para el análisis de la videodanza (elaboración propia).
Por otro lado, hice registros personales durante los eventos de la danza K-pop para experimentar la situación y vincular diversos aspectos sensoriales, en este caso vinculo una imagen con un registro audio. (Véase imagen 1 y el enlace) Esta metodología permite establecer una relación corporal entre el espectador y la imagen creando una subjetividad dinámica (Marks, 2000), lo que añade otro componente para el análisis del material visual, ya que el tema suele abordarse desde los textos, o la categoría de representación. Además, considero el uso de los medios digitales y las redes sociales como una forma múltiple de configurar significados, interpretar prácticas y relaciones entre diferentes actores sociales de todo el mundo.
Imagen 1 Preselección para el K-pop Contest 2022 en Salta, Argentina. Observación participante, 15 de abril de 2022. (Foto: GKK).
Acceso archivo audio: https://drive.google.com/file/d/1I5WEj5ZMyo53_soe7dXmeSZHwMMMD67o/view?usp=sharing
Cabe recordar que la videodanza a partir de la cual los jóvenes bailarines materializan la coreografía es una experiencia kinestésica que crea una interconexión entre los cuerpos, pero también entre culturas y medios visuales, ya que las coreografías se aprenden a través de videos de los originales de Corea. O sea, en el sentido de Laura Marks (2002) quien trata de vincular el uso de un medio visual para transmitir este sentido físico de lugar y cultura. Es la conexión entre el video y una elevada sensibilidad corporizada.
Esto nos invita a pensar en términos de una visualidad háptica (haptic visuality) concepto propuesto por Laura Marks (2002, p. 3) y de que la visualidad háptica enfatiza la inclinación del espectador a percibir hápticamente, ya que la imagen o una obra en sí misma ofrece imágenes hápticas. Se trata de un enfoque crítico con énfasis de pensar más en lo táctil que lo visual, entender los cuerpos y asumir un compromiso intensamente físico y sensual al pensar y apreciar, por ejemplo, obras de arte o imágenes como aquí presentado en los montajes. Estos medios visuales enriquecen nuestra comprensión y experiencia corporal, así abogo también por un enfoque lejos de en una mera visualización, sino en esta visualización háptica.
El análisis de los datos
Las diez performances realizadas en 10 espacios latinoamericanos diferentes, en total comprenden 67 participantes danzantes que pudieron articularse sin decir una sola palabra.
Volviendo a mi enfoque metodológico, hay factores sensuales y emocionales que influyeron en mi interpretación. Durante el proceso de observación, se produjo una conexión emocional más fuerte cuando la actuación tuvo lugar en un lugar en el que yo había estado o visitado. Esto fue el caso de la actuación del grupo "Rabbitz" de Guadalajara (México). He estado en el Museo Cabañas, recordaba el ambiente de la ciudad y disfruté mucho de mi visita junto con un colega y amiga de Guadalajara, donde me adentré en la vida cotidiana de la ciudad. Durante la actuación del vídeo, puede observarse que pasaban otras personas, lo que criticaron los jueces del concurso, pero para mí era exactamente la representación de este espacio. Esto muestra cómo la danza K-pop forma parte de la vida cotidiana en nuestras ciudades latinoamericanas, ya que mayormente se practica en espacios públicos y no en estudios de baile cerrados, limpios y anónimos donde la gente que paga por una clase de baile. Hay otros videos con observadores espontáneos que aparecen involuntariamente, y no se corta ni se rehace la grabación. Esta es la situación habitual, a veces incluso los perros suben al escenario durante concursos al aire libre, y los participantes no se molestan. Observo esto con frecuencia durante los eventos en Salta (Argentina), donde los concursos suelen celebrarse en un espacio llamado "Usina Cultural". Esto significa que la danza K-pop amateur entabla una relación con diferentes cuerpos hasta inclusive con cuerpos no humanos.
Otro lugar familiar para mí es la ciudad de Lima (Perú), donde el grupo "Wolves" interpretó "Black Swan", que fue profundamente conmovedor por varias razones. En primer lugar, la coreografía es una de las más líricas y emotivas de todas las obras de danza de BTS. En segundo lugar, remite de algún modo a "El lago de los cisnes", una pieza de ballet clásico estrenada por el Ballet Bolshoi de San Petersburgo en 1877, que conozco muy bien debido a mi educación en Europa del Este. La pieza " Black Swan" es un ejemplo interesante de reconfiguración del tiempo, el espacio y el género a través de la videodanza, teniendo en cuenta la historia y las bailarinas principales de un ballet clásico. En el vídeo de BTS, los siete artistas masculinos de Corea interpretan su versión en el Teatro de Los Ángeles, y en el concurso latinoamericano de K-pop, siete bailarines peruanos reproducen la coreografía frente al palacio de gobierno de Lima. Por último, el impresionante espectáculo de danza es simbólico en este espacio con diversas culturas precoloniales, influencia colonial española, pero también inmigración; por ejemplo, Perú tiene la segunda mayor población étnica japonesa de Sudamérica. Además, el país está marcado por constantes procesos migratorios en su interior y la búsqueda de una identidad nacional peruana. Todo esto hay que tenerlo en cuenta para el análisis de una actuación sobresaliente de estos jóvenes bailarines amateur que quedaron en segundo lugar del concurso, sólo por detrás del grupo de Ecuador, otro país andino.
En algunos casos, aunque no conozca el lugar exacto, los fondos en los videos como parques públicos con equipamiento deportivo, caso del vídeo de "Drømmer" de Colombia, o "Gwiyomi Queens" de Bolivia, me resultan familiares, ya que el paisaje es muy similar al de Salta (Argentina), donde vivo. Establecí una relación virtual con estos lugares ya que con frecuencia comparto otros similares con gente que hace deporte o baila. Hay factores sociales relacionados con los espacios, al ver estos videos, y de repente lo ajeno se vuelve familiar. En este caso, escuchando una canción en coreano, unos aficionados interpretan una coreografía creada por artistas coreanos, pero todo esto sucede en un espacio latinoamericano común y corriente, en cualquier ciudad.
En la práctica de K-pop cotidiana puede observarse un ambiente amistoso entre los participantes que establece una identificación con una comunidad K-pop, tal vez es esto que hace que la nacionalidad pase a un segundo plano. Un comentario en YouTube sobre los participantes del concurso una persona dice: "Soy de Guatemala, pero me quito el sombrero ante el grupo CUBANO, son perfectos, se merecen el premio". Hubo varios comentarios cortos y felicitaciones especialmente para el grupo cubano Mix2, aunque no siempre mencionan su país de origen, los cubanos tuvieron un gran apoyo por parte de todos los fans, sin embargo, no fueron seleccionados para los premios por los jueces argentinos. Sostengo que, los fans de estas prácticas corporales transculturales desdibujan las líneas de las formas tradicionales de interpretación. La corporalidad se convierte en un espacio de la propia historia e identidad, y, al mismo tiempo, traspasa las fronteras nacionales. Sin duda, la industria cultural moviliza a las masas, y éste es uno de los pilares importantes del fenómeno K-pop, además del apoyo económico y político del Estado surcoreano, que forma parte de este movimiento Hallyu.
Lo que denominé "base coreográfica temática" está relacionado con el carácter de la canción y el vídeo que identifiqué a partir de las performances presentadas. Los titulé simbólico, basado en la acción, dramático y experiencial-urbano. Con este último me refiero a ciertas expresiones corporales que reflejan especialmente la experiencia urbana de los jóvenes bailarines. Los movimientos en sí no son tan difíciles, es más, parecen coreografiados por los propios bailarines. Transmiten la vida cotidiana, y las luchas diarias, pero también la alegría del movimiento, en definitiva, todo aquello que sucede cada día en nuestras ciudades latinoamericanas. Hay una relación entre la base coreográfica, la estética y la articulación corporal. Observé los diferentes estilos, materiales y utilería utilizados, pero también una creatividad diversa cuando a veces ni siquiera se utiliza vestimenta especial. Por ejemplo, uno de los jueces critica que el único chico del grupo boliviano "Gwiyomi Queens" usa medias negras, y las demás (chicas) usan medias blancas. Podemos interpretar esto como la visibilización de la realidad latinoamericana donde muchas veces los recursos son escasos, a veces impagables, o, las cosas no están disponibles en un momento determinado, pero esto no impide que la gente sea creativa, articule con el cuerpo y siga bailando.
Las coreografías son a menudo complejas, y los bailarines utilizan un amplio espacio para las representaciones, cambiando de posiciones, con movimientos bidimensionales e incluso tridimensionales, o figuras, en algunos casos, incluso tienen pleno contacto corporal con el suelo, lo que es más difícil en la ejecución, requiere agilidad, y una alta preparación física. Este fue el caso del grupo "SWAT" de Ecuador. Siete bailarines presentaron una conmovedora interpretación de la pieza "Blood, Sweat & Tears", interpretando desde su perspectiva subjetividades masculinas activas y pasivas, estableciendo una relación entre el sujeto y el entorno (un edificio antiguo), creando sensualidad y suspenso. Crean su propia estética a través de la ropa y los efectos visuales, los gestos y, al final, incluso incluyen un significado simbólico bailando con los ojos vendados con pañuelos negros. Se trata de una representación compleja del cuerpo vivido en un sentido fenomenológico basado en la experiencia cotidiana de los bailarines que utilizan la danza como metáfora para explorar la vida a través de los sentidos y los movimientos. Todo el conjunto de articulaciones me hizo establecer una empatía kinestésica con los bailarines y comprender el espacio, a pesar de que sólo tuve un contacto virtual.
Por último, considerando todas las performances como narraciones y que los bailarines amateur latinoamericanos han demostrado su capacidad y creatividad al ponerse en escena de la videodanza. Mi interpretación es que los bailarines cubanos combinaron una actuación completa que demuestra poder, fuerza, creatividad, estética propia, sentimiento artístico, alta condición física, tanto de los bailarines como de las bailarinas, interacción igualitaria de géneros, educación artística, alta calidad de movimientos, agencia de la generación joven, sentimientos humanos, y, por último, pero no menos importante, es una comunidad del mundo global. Esto es lo que pueden imaginar para su vida. Como he reconocido, hay subjetividades que no se pueden negar, diferentes antecedentes culturales y el gusto individual influyen en nuestra interpretación.
Conclusiones:
En este trabajo me centré en abordar la danza K-pop desde una metodología visual-somática, utilizando grabaciones de vídeo producidas por los propios actores sociales. Como resultado, interpreto que la práctica de la danza en diferentes espacios públicos, se comparte virtualmente con una amplia audiencia y permite comprender la relación viva y receptiva entre los cuerpos. Los diez diferentes grupos latinoamericanos reproducen creativamente diversas coreografías del grupo de ídolos coreanos BTS, y, al mismo tiempo, llevan al público a un viaje por sus ciudades locales, transmitiendo sus preocupaciones, alegría, conocimientos e ideas sobre las relaciones de género, creando una especie de corpografía urbana, virtual y social de América Latina.
Quiero destacar la necesidad de ampliar las estrategias de investigación en danza, especialmente en relación a las danzas populares, aplicando nuevos enfoques metodológicos siendo conscientes de las subjetividades, de que el cuerpo es epistémico, y en el contexto histórico contemporáneo, los medios tecnológicos deben ser incluidos en la investigación en danza como herramienta para percibir las relaciones corporales. Argumento que los cuerpos danzantes en los videos se rehacen en el cuerpo del observador, lo que sentí en mi cuerpo (observador-investigador), percibiendo la narrativa de los jóvenes bailarines, en relación a mi memoria corporal.
Finalmente, la propuesta metodológica pretende aplicar métodos creativos para el análisis del material visual, que incluyan sentimientos y emociones, con el fin de liberarnos de discursos preestablecidos, y “reactualizar la memoria de la experiencia como un todo indisoluble, en el que se funden los sentidos corporales y mentales” (Rivera Cusicanqui, 2015, p. 23). Logrando así una comprensión integral de los sentidos, y de los cuerpos que habitan un mundo global. En este sentido, las imágenes hápticas “fomentan una relación corporal entre el espectador y la imagen” y crean una “subjetividad dinámica” (Marks, 2002, p. 3) que establece una potente metodología para los estudios socio-culturales.
Bibliografía:
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Palabras clave:
multisensorialidad, lenguajes, videodanza
Resumen de la Ponencia:
La ponencia presentada tiene por propósito exponer la importancia epistemológica y metodológica de la sociología visual y cómo la imagen visual ayuda a reconstruir el trabajo sociológico y sus problemáticas actuales, así como dimensionar las texturas visibles de la vida cotidiana y la subjetividad contemporánea en la era del Internet, para dar visibilidad a aquellos procesos sociales que pasan desapercibidos ante nuestros ojos. Se explica de este modo el “hecho social visual” como un dispositivo teórico y técnico que funciona a través de las percepciones, sentidos y experiencias de quienes tienen el poder de “ver” y de aquellos donde recaen las miradas, en otras palabras, el mundo social y perceptivo de quienes son “vistos”. Utilizamos como ejemplo dos trabajos visuales de los autores (la reclusión en el ámbito doméstico de mujeres excarceladas y la escenificación de jóvenes de sectores populares más allá de la porno-violencia). En estas investigaciones empíricas, la fotografía y la cámara sirve a la interacción con, desde y para los informantes y desentraña un conocimiento de cómo pueden mirar y ser mirados.Resumen de la Ponencia:
Las medidas empleadas para la contención y reducción de la transmisión del virus causante de la pandemia de COVID-19 tuvieron importantes impactos en todos los ámbitos de la vida del ser humano. Se trasformaron la forma de interactuar, de trabajar, de ir a la escuela e, incluso, de realizar investigaciones científicas. Ante esta situación, las personas buscaron las mejores formas de adaptarse y responder. Las herramientas digitales se posicionaron como el principal medio para subsanar las problemáticas presentadas. En lo que respecta al quehacer científico, plataformas como Zoom, Google Forms o las redes sociales, se convirtieron en elementos indispensables para continuar con los trabajos de investigación. En el caso de la investigación de quien suscribe, la plataforma Zoom se empleó para la realización de entrevistas a profundidad; Google Forrms para la aplicación de encuestas y la red sociodigital Facebook sirvió como espacio sobre el que se llevó a cabo una etnografía digital. Sin embargo, el empleo de estas herramientas digitales modificó la forma en que se desarrollaron las técnicas de investigación e implicó tomar en cuenta aspectos metodológicos que tradicionalmente no se tienen en consideración. Tuvieron que desarrollarse estrategias que permitieran garantizar que las respuestas obtenidas por medio de Google Forms correspondieran únicamente a personas que habitaran la zona en estudio y que formaran parte de la población en análisis; por ejemplo, el muestreo de tipo “bola de nieve” tuvo que valerse del uso de grupos de Facebook donde los usuarios mencionaran que pertenecían a la población en estudio. En el caso de la etnografía digital, debió separarse “lo digital” del punto central de la investigación: la experiencia y conductas de las personas. El empleo de Facebook también permitió contar con datos adicionales que enriquecieron el estudio, como el uso de las “reacciones”, a través de las cuales los usuarios pueden expresar una gama de sentimientos, como enojo, diversión, tristeza, asombro, entre otros; o datos sobre la cantidad de personas que visualizaban e interactuaban con una publicación, y los grupos de edad a los que pertenecían.Las herramientas que se utilizaron como una forma de continuar con la investigación a pesar de las medidas implementadas por el COVID-19 se transformaron en nuevas maneras de implementar y desarrollar las técnicas de investigación y recolección de información. Su uso permite contar con datos con los que regularmente no se cuenta y, además, abre la puerta para realizar estudios en condiciones bajo las que, de manera tradicional, no podrían llevarse a cabo, como en zonas con altos índices de delincuencia o violencia. El objetivo de la ponencia es compartir la experiencia de caso y revisar las implicaciones metodológicas del uso de las tecnologías en las técnicas de investigación mencionadas.Resumen de la Ponencia:
¿De la Pandemia al Pandemónium?: desafíos para la academia.Resumen: ¿Qué impacto a mediano y largo plazo tendrá la Pandemia sobre nuestra sociedad contemporánea?, ¿y cómo afrontaremos las encrucijadas del presente y el futuro desde las universidades públicas? Las respuestas a estas dos interrogantes implican, a nuestro juicio, un proceso de innovación pedagógica y también en las áreas de la investigación y la producción académica en acorde con la misión propia de sistemas universitarios que no laboran por lucro sino teniendo como misión fundamental el servicio altruista al bienestar del conjunto de la sociedad y al interés nacional y regional latinoamericano. El Centro de Estudios Generales de la Universidad Nacional de Costa Rica, desde hace muchos años ha seguido una línea de docencia, investigación, extensión y producción guiada por los principios y propósitos del pensamiento y la acción humanista en este siglo, y el desarrollo de nuevas propuestas para avanzar el trabajo interdisciplinario para el estudio de sistemas complejos e hipercomplejos, en una nueva perspectiva epistemológica iniciada por los epistemólogos Rolando García y Jean Piaget en una serie de obras fundacionales. Consideramos que los nuevos elementos críticos introducidos a nivel de la sociedad y la economía global por la Pandemia del Covid-19, han tornado la urgencia y validez de nuestros enfoques y conceptos definidos en los últimos siete años de trabajo con libros y artículos publicados al respecto, dos cátedras, y un proyecto de investigación interdisciplinaria sobre el tema quemante del auge del universo delictual y carcelario en Costa Rica y América Latina.Este breve ensayo se desarrollará en tres partes principales: 1. Un diagnóstico conjetural de la situación global pre y post Pandemia; 2. La importancia en ambas situaciones generales (pero enfatizando los nuevos fenómenos agravantes en la etapa postpandemia que hoy vivimos) de un trabajo académico en todas las áreas fundamentales del quehacer de las universidades públicas; 3. Bosquejo de nuevos lineamientos humanistas e interdisciplinarios para contribuir con nuestra actividad académica en estos tiempos tan convulsos como hipercomplejos. Dr. Juan Diego Gómez Navarro Dr. Miguel Baraona Cockerell Centro de Estudios Generales de la Universidad Nacional de Costa Rica.Resumen de la Ponencia:
Algunos sociólogos de la región suelen describir a su ciencia como “crítica”, “diversa” y “sentipensante”. Sin embargo, a diferencia de otras disciplinas, la mayor parte de la investigación sociológica en América Latina se publica como tesis. ¿Qué indican ellas sobre el estado actual de la sociología? ¿Hacen estas honor a tales calificativos? Y, ¿cuáles son sus diferencias reales frente a tesis premiadas de países productores de ciencia? Realizamos una revisión sistemática de 85 tesis de sociología publicadas en el año 2018 en cerca de 10 países en la región, incluyendo 5 tesis premiadas por la ASA de Estados Unidos como muestra comparativa. Elaboramos una base de datos con los principales repositorios de tesis de las dos principales universidades de cada país en la región. Luego realizamos un conteo y un muestreo probabilístico estratificado al 10% por país de las tesis producidas por la carrera de sociología en el año 2018. Después de depurar datos, diseñamos y probamos colaborativamente un checklist de calidad para tesis y tabulamos los diseños de investigación de cada una. Analizamos los datos con estadística exploratoria y los interpretamos a la luz de lo hallado en tesis norteamericanas y frente a las aseveraciones más comunes de autores muy citados de la región. Esta es una investigación en curso, pues nuestro siguiente paso será desentrañar las lógicas explicativas de la sociología en la región, sobre lo cual ya tenemos algunos resultados.