Resumen de la Ponencia:
Encontros on-line são, de alguma forma, tipos de comunidade. Entre as redes sociais digitais, o Facebook tem chamado a atenção pelas possibilidades de estruturação de novas conexões e amizades. Neste trabalho, em parte baseado em nossa tese de doutorado, o foco recai sobre uma das comunidades abrigadas no Facebook, o grupo Direitos Urbanos | Recife. Tal grupo foi um dos responsáveis pela articulação do Movimento Ocupe Estelita, que surgiu no rastro de outras ações coletivas que se espalharam pelo mundo nas últimas décadas, como a Primavera Árabe, os Indignados da Espanha e o Ocupe Wall Street. Todas utilizaram as redes sociais digitais para informar, organizar e mobilizar. Aqui, o grupo Direitos Urbanos | Recife é estudado como um fenômeno interativo/comunicacional, que, como comunidade on-line, orbita entre a lógica da rede e a experiência da comunidade. Constatamos que as comunidades do Facebook, apesar de estarem estruturadas em um site de redes sociais, ofereceriam um espaço coletivo onde é possível experimentar o diálogo, o entendimento mútuo, a dimensão participativa/deliberativa, a solidariedade. A rede viabiliza o “contágio”, mas é a experiência comunitária que possibilita a ação coletiva.
Introducción:
A ideia de que os encontros on-line são tipos de comunidade existe desde os primórdios da internet, após seu surgimento em 1969. Os antigos Bulletin Board Systems (BBS), sistemas como Usenet e Well, grupos de e-mail, fóruns, blogs, wikis, mundos virtuais, jogos on-line e as redes sociais digitais são exemplos de ferramentas capazes de criar lugares de comunidade e cultura, como já sugeria Howard Rheingold ao cunhar, em 1987, o termo comunidade on-line. Entre as diversas redes sociais digitais disponíveis na atualidade, o Facebook tem chamado a atenção pelas amplas possibilidades de estruturação de novas conexões e amizades. No mundo, são 2,9 bilhões de usuários (META, 2022).
Neste trabalho, em parte baseado em nossa tese de doutorado (Batista, 2015), o foco recai sobre uma das comunidades abrigadas no Facebook, o grupo Direitos Urbanos | Recife (DU). Tal grupo, que reúne pessoas interessadas em debater a questão urbana na cidade do Recife, Brasil, foi um dos responsáveis pela articulação do Movimento Ocupe Estelita, que entre os anos de 2012 e 2019 lutou contra a construção de um projeto imobiliário de luxo composto por 13 arranha-céus em área histórica – o projeto Novo Recife. O movimento surgiu no rastro de outras ações coletivas que se espalharam pelo mundo nas últimas décadas, como a Primavera Árabe, os Indignados da Espanha e o Ocupe Wall Street. Em comum, a utilização das redes sociais digitais para informar, organizar e mobilizar para ações off-line.
Aqui, o Facebook é estudado como uma esfera pública que dá suporte a diversas formas de sociabilidade, como um lugar de racionalidade estratégica e de individualismo, aspectos realçados pela modernidade, porém aberto ao agir comunicativo, modelo de ação proposto por Jürgen Habermas, no qual as pessoas interagem tendo a linguagem como meio possível de entendimento. Já o grupo Direitos Urbanos | Recife é estudado como um fenômeno interativo/comunicacional, que orbita entre a lógica da rede e a experiência da comunidade. Normalmente, esses movimentos costumam ser estudados muito sob o ponto de vista do ativismo/ciberativismo (por exemplo, HARVEY et al, 2012; CASTELLS, 2013; MARICATO et al, 2013; HARVEY, 2014), não aprofundando, ou mesmo negligenciando, a questão da comunicação, que é a base das redes sociais digitais.
Cada vez mais, a antiga suposição de que o crescimento do uso das novas tecnologias da informação e comunicação (TICs) diminuiria a interação social, presente em muitos dos primeiros trabalhos sobre sociabilidade na internet, vai ficando para trás. O recorte que apresentamos da pesquisa empírica mescla netnografia com observação participante e entrevistas em profundidade com o objetivo de investigar a força dos laços, a ordem e o controle social exercido em comunidades on-line como o DU. Até que ponto essas comunidades podem intensificar relações existentes e ajudar a criar novos laços? Debruçamo-nos, ainda, sobre a conversação entre os membros e o trabalho de moderação, no intuito de compreender como ocorre, na prática, a ação comunicativa no interior do grupo.
Constatamos que as comunidades do Facebook, apesar de estarem estruturadas em um site de redes sociais, ofereceriam um espaço coletivo onde é possível experimentar o diálogo, o entendimento mútuo, a dimensão participativa/deliberativa, a solidariedade. A rede viabiliza o “contágio”, mas é a experiência comunitária que possibilita a ação coletiva. Essa abertura à ação comunicativa que enxergamos nas comunidades on-line seria algo fundamental para se conseguir quebrar a rigidez do sistema tecnológico que, sob certos aspectos, usa-nos, vigia-nos e manipula-nos, elimina nossas subjetividades e reduz a comunicação a meros fluxos informacionais.
Desarrollo:
Marco teórico
Em uma concepção ampla, comunidades são grupos de pessoas que vivem em um território físico e partilham interesses e objetivos comuns, atividades e governança (Preece, 2000). Porém, Johnson (1997, p. 45) lembra que o termo comunidade pode assumir “numerosos significados, sociológicos e não sociológicos”. Pode ser um grupo de indivíduos com algo em comum, como, por exemplo, a comunidade hispânica, que partilha a língua espanhola; pode ser um senso de ligação com outras pessoas; ou, ainda, um grupo de pessoas com trabalhos relacionados, como em “comunidade acadêmica”, que podem ou não compartilhar um mesmo território geográfico. Quando falamos “comunidade judaica”, também estamos falando de grupos que não estão, necessariamente, compartilhando o mesmo espaço geográfico.
As comunidades on-line comportam a maioria dos atributos relacionados às comunidades off-line. Uma distinção é o território, que é sempre simbólico e as pessoas participam apenas virtualmente, isto é, desprovidas de seus corpos físicos. Entretanto, não possuir um espaço físico comum não diminui a importância desse tipo de comunidade. Segundo Haesbeart (2007, p. 20), o território possui essa dupla conotação, material e simbólica, desde sua origem. Significa dizer que território “não deve ser confundido com a simples materialidade do espaço socialmente construído” (Haesbeart & Limonad, 2007, p. 42). Quando apropriado socialmente, o espaço se torna território, apropriação que é tratada por Haesbeart como algo ligado não apenas ao poder tradicional, concreto, mas também ao poder simbólico.
Para Rheingold (2000, p. xx), comunidades virtuais são “agregações sociais que emergem da internet quando uma quantidade suficiente de pessoas leva adiante discussões públicas por tempo longo o suficiente, com suficiente sentimento humano, para formar teias de relações pessoais no ciberespaço”. Nesses espaços, as pessoas conversam, discutem, vendem coisas, jogam, trocam conhecimentos, compartilham apoio emocional, flertam, apaixonam-se, encontram e perdem amigos etc.
Kozinets (2012), a partir de Rheingold, infere que a quantidade mínima para que um grupo on-line passe a ser considerado uma comunidade seria de 20 pessoas, sendo que o máximo se situaria entre 150 e 200 integrantes, a fim de garantir a eficiência da comunicação. Além desse número, os grupos tendem naturalmente a se dividir, objetivando manter a atmosfera de proximidade de uma comunidade. Já a expressão “tempo longo o suficiente”, para Kozinets, pressupõe relações contínuas, com contatos interativos repetidos. Finalmente, a expressão “suficiente sentimento humano” teria relação com o sentido subjetivo de contato autêntico entre membros, incluindo questões emocionais como apoio recíproco e confiança.
Definimos comunidade como um grupo de pessoas que compartilham interesses, valores, afetos e compromisso mútuo, que é o que gera um sentimento de pertença (Batista, 2015). Já nosso conceito de comunidade on-line se refere a um grupo de pessoas que, na internet, compartilham interesses, valores, afetos e compromisso mútuo com intensidade e de forma contínua. Esse conjunto de coisas, ao longo do tempo, é o que vai gerar o sentimento de pertença.
Os encontros on-line seguem as regras básicas de funcionamento dos grupos que se encontram face a face, o que também inclui o desenvolvimento de normas internas e da identidade de grupo. Há, ainda, a afirmação de valores comunitários, episódios de conflito, hierarquias e modelos de poder (Hine, 2000). Já a anonimidade (poder usar pseudônimos e fotos não pessoais, por exemplo) e a acessibilidade seriam características exclusivas das comunidades on-line. Isso, para Kozinets (2012), pode criar oportunidades para que se estabeleça um estilo diferente de interação.
Tanto na literatura quanto na pesquisa de campo constatamos que é falsa a ideia de que a internet estimula apenas os laços fracos. Para Kozinets (2000), comunidades on-line podem não só intensificar relações existentes como também ajudar a criar e a manter novos relacionamentos. No entanto, acreditamos que a comunicação mediada pela tecnologia pode limitar as interações, podendo reduzir os processos interacionais a uma mera troca de informações. E trocar informações não é, exatamente, comunicar-se, principalmente quando consideramos que comunicar é partilhar algo por meio da linguagem, que é o que nos diferencia de outros seres vivos (Heidegger, 2005, p. 8). Máquinas, por exemplo, não se comunicam, apenas trocam informações.
O que perguntamos é em que medida podemos romper esses limites impostos pela tecnologia, apropriando-se dela e transformando-a em um instrumento para a agência coletiva, tendo na linguagem um meio possível de entendimento? Sabemos que o espaço de comunicação oferecido por plataformas de redes sociais como o Facebook é automatizado e sujeito a ruídos que podem comprometer a decodificação das informações e dos conteúdos simbólicos. Então, como tantos movimentos sociais, o DU entre eles, vêm conseguindo se apropriar desses espaços para articular e mobilizar milhares de pessoas em torno de uma causa comum?
Em sua Teoria da Ação Comunicativa (TAC), Habermas (2012a, 2012b), defende que o sujeito não pode ser mais compreendido sem que as relações com outros sujeitos sejam consideradas. A TAC propõe pensarmos em formas de solidariedade em que o diálogo pode se tornar a própria fonte e razão dos laços sociais. A ação comunicativa, uma alternativa à ação racional estratégica, seria uma opção pela interação simbolicamente mediada, uma das formas de emancipação do ser humano e também de transformação da realidade em que vivemos. De acordo com Habermas, a ação comunicativa
refere-se à interação de pelo menos dois sujeitos capazes de falar e agir que estabeleçam uma relação interpessoal (seja com meios verbais ou extraverbais). Os atores buscam um entendimento sobre uma situação da ação para, de maneira concordante, coordenar seus planos de ação e, com isso, suas ações. (Habermas, 2012a, p. 166)
A ação comunicativa proposta por Habermas também é racional, mas não instrumental. Diferentemente da ação racional e estratégica, regida por normas técnicas, ela se orienta por normas sociais e tem a linguagem como meio de entendimento. Para que esse tipo de ação se realize, é preciso que pelo menos dois sujeitos entendam e reconheçam essas normas. Para Habermas, a esfera pública, enquanto “rede adequada para a comunicação de conteúdos, tomadas de posição e opiniões” (Habermas, 1997, p. 92), seria o lugar privilegiado do agir comunicativo.
Neste sentido, pode-se dizer que o Facebook, enquanto esfera pública, fornece-nos essa rede para criação e circulação de conteúdos, posições e opiniões. Nas comunidades abrigadas nessa plataforma, parece haver um espaço, ainda que mínimo, para a democracia, a liberdade e a solidariedade, do contrário, como prosperariam?
Metodologia
Para compreender a dinâmica interacional existente na página do DU no Facebook, os fluxos comunicacionais e o comportamento dos membros utilizamos a abordagem qualitativa, optando pelo método netnográfico com observação participante. Assim como Kozinets (2012), preferimos utilizar o termo netnografia ao invés de etnografia virtual, webnografia ou etnografia digital por entendermos que é preciso considerar toda a experiência de indivíduos ou grupos, e não apenas a experiência on-line. Com a netnografia, compreendemos que os mundos sociais estão se tornando digitais, exigindo que a pesquisa etnográfica seja adaptada de modo a incluir a influência da internet, como um todo, no nosso cotidiano.
A observação participante foi feita entre novembro de 2013 e novembro de 2014 na página do DU no Facebook. Ao longo desse tempo, acompanhamos e participamos das discussões, identificamos quem eram os administradores da página, coletamos fotos e postagens para análise e fizemos entrevistas. Registramos as observações de maneira mais ou menos sistematizada em um diário de campo. Também pudemos nos familiarizar com as pautas, regras de moderação e eventos off-line realizados pelo grupo.
As entrevistas foram realizadas entre os meses de abril e agosto de 2014. Abordamos inicialmente onze membros do DU, selecionados a partir de análise de conteúdo e análise de redes sociais feitas em 40 postagens coletadas na página do grupo. Os atores selecionados foram aqueles que mais publicaram, os que mais receberam “curtidas” e comentários em seus posts e também os que mais “curtiram” e comentaram postagens de outros membros. Ao final, conseguimos entrevistar nove membros, dos quais seis eram administradores do grupo.
Segundo Poupart (2008, p. 216), a entrevista é um “instrumento privilegiado de acesso à experiência dos atores”, um jeito de explorar o mundo da vida dos informantes. Utilizamos um roteiro semiestruturado e as entrevistas foram realizadas pelo chat do próprio Facebook (Messenger), com duração variando entre 1h07 e 2h55 devido às peculiaridades do método baseado na comunicação (web-based), tendo a internet como ambiente de coleta de dados e utilizando um método de comunicação síncrono (Bryman, 2008). Aqui, as falas são transcritas em sua íntegra, mantendo inclusive os erros de digitação e de português.
Na análise das entrevistas foi utilizado um método misto de análise de conteúdo em sua dimensão semântica (Bauer, 2002, p. 192-193), momento em que observamos a relação entre as palavras e os sentidos denotativos e conotativos, e também análise de discurso. Na análise de discurso, procuramos identificar as práticas discursivas em seus níveis macro (intertextualidade e interdiscursividade) e micro (textos) e a prática social da qual o discurso é parte integrante (Fairclough, 2001, p. 282).
Análise e discussão de dados
No início do trabalho de campo, em novembro de 2013, a comunidade do DU possuía pouco mais de 14 mil membros e ela dobrou de tamanho ao longo de um ano, passando a contar com mais de 29,5 mil integrantes. Interpretamos essa evolução como um reflexo do aumento do interesse das pessoas na medida em que o grupo promovia, sozinho ou em conjunto com outros coletivos, ações off-line do Movimento Ocupe Estelita. Entre 2012 e 2014, foram realizados pelo menos 15 eventos do DU na cidade do Recife, envolvendo uma ampla mobilização pelas redes sociais digitais. O maior deles foi o Ocupe Estelita 2014, conhecido como “Ocupaço”, iniciado na noite em que começou a demolição dos armazéns do Cais José Estelita. Durante 50 dias (de 21 de maio a 10 de julho), manifestantes permaneceram no local, mesmo após a reintegração de posse do terreno, que envolveu uma ação violenta por parte da polícia militar.
Evidentemente, não há como manter um “clima de comunidade” com tanta gente, tenha o grupo 14 mil ou 30 mil integrantes. Como pontua Kozinets (2012), com mais de 150 ou 200 membros, o grupo tende a se dividir. No “grupão” do DU estão pessoas que apenas curtiram a página, mas não acompanham as discussões; possíveis “olheiros” (tanto por parte do poder público, que chancelou a construção do complexo imobiliário, quanto das empreiteiras); supostos perfis falsos etc. Com isso, assumimos que no DU predominam os laços fracos, ainda que os laços fortes também existam em menor número. Segundo Granovetter (1973), isso não é exatamente um problema, pois são os laços fracos que conectam os grupos e trazem sempre novidades, já que estão conectados a outras redes.
Já os laços fortes são aqueles que, de acordo com o autor, apresentam duração no tempo e intensidade na ligação. Mas como identificá-los em um grupo tão grande e heterogêneo como o DU? Recorremos às entrevistas na tentativa de identificar membros do DU que conheciam outros membros pessoalmente antes da formação do grupo. Um dos entrevistados revelou que o DU possui uma espécie de “núcleo duro”, responsável pela concepção e operacionalização das ações e reuniões públicas, formado por cerca de 50 pessoas. Uma parte desse núcleo também responde pela moderação na comunidade (no início da pesquisa eram 13 administradores, número que subiu para 20 ao final da coleta de dados). Haveria, ainda, um grupo mais amplo, de cerca de 200 pessoas, que são os membros que participam mais ativamente das ações off-line, como os ocupes, e que frequentam as reuniões. Aparentemente, os membros desse “núcleo duro ampliado” se conhecem pessoalmente.
RudRa: sou moderador do grupo e conheço os demais,mas não se resume a isso.as ações e reuniões públicas tb propiciaram esses encontros. acho q conhecia só 2 pessoas q atuam mais no operacional do grupo,hj devo conhecer quase todos (que deve ser na faixa de uns 50) e do grupo como um todo dou um chute de 200
Outro aspecto que a fala de RudRa deixa transparecer é que a comunidade on-line funciona como um suporte para as discussões e divulgação das atividades do grupo. Muitos encontros (inclusive aqueles em que decisões são tomadas) são realizados off-line. Isso propicia que as pessoas se conheçam face a face, interajam, criem e fortaleçam laços de forma ainda mais intensa.
Para tentar entender a força dos laços existentes no DU, indagamos aos entrevistados se eles conheciam outros membros pessoalmente antes da formação do grupo e se a participação na comunidade on-line os aproximou ou distanciou mais. Três dos nove entrevistados se conheciam pessoalmente antes do momento fundacional do grupo (uma audiência pública realizada no dia 22 de março de 2012). À primeira vista, essas relações parecem ter se fortalecido a partir do DU, como mostram os depoimentos abaixo:
AnaPaP: aproximou, sim, trouxe novos assuntos para as conversas, identificamos mais interesses comuns e nos encontramos mais, nas atividades do DU.
EdiAl: eu conhecia antes 4 pessoas do DU. mas a minha relação com elas ficou mais próxima depois do DU.
MarSo: Aproximou sim. Pessoas que já conhecia do passado, mas que estava distante. De repente, nos aproximamos de novo. Não viraram meus melhores amigos, mas são pessoas que sempre encontra em bares. Sempre rola uma conversa boa e uma camaradagem.
Os demais entrevistados contaram ter conhecido o DU em outros momentos, seja através de outros membros, porque ouviram falar ou porque leram alguma postagem compartilhada por algum contato no Facebook. Após a entrada no grupo, algumas das novas relações que foram surgindo também parecem ter ganhado consistência ou, pelo menos, apresentam potencial para tanto.
AnaPaP: Construí novas relações de amizade tão verdadeiras e profundas quanto às anteriores, há um vínculo bem forte entre nós, muito afetuoso. Compartilhamos muito a vida nesses três últimos anos. Esse é um dos grandes ganhos do DU, ao qual nos referimos como o componente do amor: pela cidade, pelas pessoas e uns pelos outros, entre nós.
EdiAl: considero que fiz amigos sim. alguns têm potencial pra vir a ser
Falas como a de AnaPaP dão um pouco de sentido ao que postula Maffesoli (2006): que estamos testemunhando um declínio do individualismo e a ascensão de formas mais empáticas de sociabilidade, fundadas no sentimento de pertença, no afeto, no prazer de estar junto. É neste sentido que podemos pensar o DU como uma família ampliada, mesmo que de modo fluido, pontual e que se mantenha coesa em função de determinados interesses, que são as questões urbanas da cidade do Recife. Mesmo que o individualismo e a racionalidade estratégica sejam a essência das redes sociais, cujas bases foram lançadas por Georg Simmel (Batista, 2015).
Na “família” Direitos Urbanos, como em outras comunidades, há direitos e deveres, regras e rituais, cujo objetivo é garantir que os interesses individuais não se sobreponham aos do grupo (Simmel, 1964). Também há consensos, dissensos e disputas pelo poder. Mas existe uma pauta a ser seguida, daí a importância do papel desempenhado pelos moderadores. Eles agem como patrocinadores de um possível consenso a fim de manter o controle e a ordem (Smith & Kollock, 1999). Consenso que raramente chega, uma vez que a tensão está presente na maioria das situações. Recordemos que, de acordo com Habermas (1981; 1989), nem sempre existe a possibilidade de consenso. No caso das comunidades on-line, o processo de compreensão e interpretação também acaba prejudicado pelos ruídos característicos da comunicação mediada pela tecnologia.
No DU, verificamos que o dissenso, muitas vezes provocado por esses ruídos, não deixa de ser um elemento importante para a manutenção da coesão da comunidade. O grupo não se mantém coeso apesar dos dissensos, mas com os dissensos. É no dissenso que algumas pautas são colocadas em suspenso, enquanto outras são expurgadas, ajudando a fomentar coalizões e a fortalecer o discurso hegemônico do grupo. Quando olhamos mais de perto, percebemos tensões, ironias, xingamentos, mal-entendidos, preconceitos, intolerância, desinformação e muitas críticas, algumas à gestão da cidade, mas outras também à atuação do próprio DU. Toda essa movimentação é acompanhada de perto pelos moderadores e moderadoras.
Já dissemos que o grupo do DU no Facebook funciona como um suporte para as discussões e divulgação das ações off-line. As decisões são tomadas em outros lugares, tanto em encontros face a face quanto em mensagens trocadas reservadamente pelos administradores e administradoras. Este foi o segundo indicativo de que a ferramenta de grupos dessa rede social é importante para o DU, porém insuficiente. O primeiro indicativo foi a criação de um blog (www.direitosurbanos.wordress.com) que tem a função de organizar melhor as discussões e hospedar arquivos, armazenando informações que precisam ser retidas para utilização posterior, como artigos, documentos e estudos.
A existência concomitante de ações e relações on e off-line indica que há, no DU, uma alternância entre o espaço de fluxos e o espaço de lugares (Castells, 1999), ou seja, a utilização tanto da internet quanto de encontros face a face, de forma complementar. Essa alternância não deixa de ser percebida pelos administradores, como avalia este entrevistado:
LeoCi: [o DU] é uma comunidade, mas aí não exatamente o DU-espaço-de-discussão-no-facebook e sim o movimento como um todo, nas suas dimensões online e offline. tem uma troca de vivência e de conhecimento que é fundamental..
O mesmo entrevistado também confirma a existência de conversas reservadas entre os moderadores para deliberar sobre as ações do grupo, evidenciando que, por mais que se coloque como uma comunidade horizontal, existe, sim, hierarquia dentro do DU.
LeoCi: tem conversa permanente dos moderadores. algumas ações são articuladas em grupos fechados antes de sair pro mundo, como os Ocupes, p.ex.
Em outros depoimentos percebemos que não deixa de haver uma tensão entre o que é discutir em um fórum virtual e conseguir tirar as ideias da tela, isto é, conseguir influenciar concreta e positivamente no cotidiano da cidade. O ingresso de ações na justiça e pedidos de informações junto a órgãos públicos por parte do DU enquanto coletivo são considerados avanços, possibilitando conquistas como o impedimento da construção de viadutos na avenida Agamenon Magalhães; o tombamento da Fábrica da Torre; e o próprio atraso de mais de três anos na construção do projeto Novo Recife, além da conscientização de um grupo maior de pessoas sobre o direito à cidade. É sair do sofá e provocar mudanças concretas. Como bem coloca Castells (2008, p. 80), movimentos sociais urbanos acabam sempre produzindo algum significado não apenas para os atores envolvidos, mas para toda a comunidade. Vejamos:
LeoCi: este debate sobre a cidade tem essa possibilidade de virar realidade, de sair da mera discussão, de mudar alguma coisa, nem que seja, por baixo, sua vivência da cidade (passar a andar de bicicleta, p.ex)
MarSo: [o principal ganho foi] Trazer a consciência das pessoas que elas têm o direito à cidade e de decidir os caminhos para ela, mesmo que a aliança poder público iniciativa privada seja contra.
A mudança de comportamento também pode ser constatada nos depoimentos dos próprios membros da comunidade. Outros enxergam na atuação do DU uma oportunidade de lutar pelo bem comum sem esperar mais pela política tradicional, reivindicando mais transparência e mais mecanismos de participação popular. Lévy (1993; 1999) é um dos autores que acreditam que as TICs podem ampliar a participação política, o contato social e o empoderamento, aspecto que é ressaltado no depoimento a seguir:
ClaTaM: participar do du e do movimento#OcupeEstelita me confirmou o sentimento e de que a gente pode se empoderar, como comunidade, coletivo e lutar pelo bem comum sem esperar mais pela política institucional e tradicional para resolver nossos problemas. não contamos mais com as eleições, nem apenas em votar e ficar de braços cruzados esperando que resolvam nossos problemas. a gente agora faz acontecer, ao menos tentamos, exercer a democracia direta - buscando transparencia e mais mecanismos de participação popular.
Sem dúvida, as redes sociais digitais amplificaram o alcance dessas lutas. Ainda que não sejam espaços 100% autônomos, são espaços importantes. De uma maneira geral, as falas realçam a importância dessas ferramentas, embora também fique claro que, para produzir mudanças no mundo off-line, é necessário ir além. Ao não se encerrar no virtual, a ação de grupos como o DU ultrapassa a ideia neoliberal do “ativismo de sofá”, essencialmente individualista. Traz consequências concretas para o cotidiano da cidade, posto que é, fundamentalmente, uma ação coletiva e, ao mesmo tempo, comunicativa.
Conclusiones:
Partindo da experiência de comunidades on-line como o grupo Direitos Urbanos | Recife, observamos a convivência do individualismo e da racionalidade estratégica, que formam a base das redes sociais, com formas de sociabilidade mais próximas da empatia, da solidariedade, do prazer de estar junto. A comunicação viabiliza essa convivência, tornando possível a interação social, ainda que a tecnologia imponha seus limites. Constatamos, assim, que as comunidades não desapareceram completamente, elas subsistem e convivem com outros arranjos sociais, ainda que sejam arranjos fluidos e momentâneos.
Enquanto comunidade, o DU intensificou alguns laços que já existiam no mundo off-line a ajudou a criar e manter novos laços entre seus membros, principalmente quando pensamos em um “núcleo duro”, formado por cerca de 50 integrantes. Ou mesmo nesse núcleo mais ampliado, composto por aproximadamente 200 pessoas, que são aquelas que ajudam a pensar e articular as ações off-line do movimento, caracterizadas sobretudo por ocupações de espaços públicos, com formas de mobilização muito semelhantes àquelas utilizadas por outros movimentos urbanos recentes ao redor do mundo.
É isso que nos leva a refletir sobre a necessidade de repensarmos a dimensão comunitária da vida. Não conseguimos viver mais sem as redes, mas a comunidade faz parte do mundo da vida e dela não podemos prescindir, tampouco menosprezar sua relevância para as sociedades contemporâneas. Do ponto de vista da comunicação, percebemos mal-entendidos, desinformação e tensões, muitas delas provocadas pela própria tecnologia. Porém, percebe-se também um esforço por parte dos membros do DU no sentido de buscar um entendimento, compartilhar e aprender coisas, o que evidencia a importância do modelo de ação comunicativa defendido por Habermas para os estudos de comunidade, incluindo sua versão on-line.
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Palabras clave:
Redes Sociais; Facebook; Comunidades on-line
Resumen de la Ponencia:
La humanidad está atravesando dos procesos que caracterizan a la ciudadanía contemporánea: el crecimiento asimétrico de la población, sobrepoblando las ciudades y; la revolución digital, que propicia la difusión del uso de las nuevas Tecnologías de la Información y de la Comunicación (TIC). El rápido crecimiento poblacional ha sido acompañado de la aparición de una ciudadanía más informada que demanda mayor participación en distintos ámbitos. En este contexto, los gobiernos tradicionales han sufrido una crisis de legitimidad, resultado necesario abrir la Administración al ciudadano a través de una participación más activa. Sin embargo, involucrar a la ciudadanía no es sencillo, puede resultar costoso y requerir mucho tiempo; de esta forma, las TIC se destacan como herramientas que podrían facilitar la transición de la forma de gobierno tradicional a nuevas formas de relación de gobierno. La instrumentación de las TIC en las ciudades permite evolucionar hacia ciudades inteligentes, generando mejores soluciones en términos de eficiencia, sostenibilidad y participación. El presente trabajo presenta los principales lineamientos del proyecto PIP (Proyecto de Investigación Plurianual) del CONICET, cuyo propósito es el de evaluar el nivel de participación ciudadana a través de las nuevas TIC en las ciudades de Argentina y, estudiar cómo una ciudad puede promover y/o facilitar la participación de los ciudadanos para convertirse en una Ciudad Inteligente. Para lograr el objetivo, se planea analizar y comparar las ciudades capitales de provincias argentinas y; CABA y Bahía Blanca, debido a su alto nivel de transparencia. Se realizará una encuesta a la ciudadanía en el caso de Bahía Blanca. Posteriormente, se analizarán los municipios de Argentina con más de 300 mil habitantes mediante fuentes secundarias. Se busca contrastar la hipótesis de que las ciudades que poseen rasgos de ciudades inteligentes tienen un nivel de participación ciudadana más alto que el resto. Además, se espera que la participación ciudadana esté correlacionada tanto con el nivel de uso de las TIC, como con el nivel educativo y de involucramiento de la población. El proyecto pretende otorgar lineamientos en torno al futuro de la participación ciudadana y la relación entre gobierno y ciudadanos en ciudades de Argentina, así como comparar con las políticas regionales.Entre los resultados preliminares del trabajo, se advierte que la información comparada de participación ciudadana es escasa y los datos son heterogéneos e idiosincráticos. Las investigaciones disponibles se limitan a estudios de caso municipales en los que se describe las iniciativas innovadoras de participación ciudadana y aplicación de nuevas tecnologías. Además, el foco de atención de las ciudades se ha puesto en las mejoras tecnológicas y no en los resultados ni desempeño de la participación de los ciudadanos en el diseño, implementación y evaluación de las iniciativas o proyectos de ciudad inteligente.
Introducción:
La humanidad está atravesando dos procesos que caracterizan a la ciudadanía contemporánea: el crecimiento asimétrico de la población, sobrepoblando las ciudades y; la revolución digital, que propicia la difusión del uso de las nuevas Tecnologías de la Información y de la Comunicación (TIC). El rápido crecimiento poblacional ha sido acompañado de la aparición de una ciudadanía más informada que demanda mayor participación en distintos ámbitos. En este contexto, los gobiernos tradicionales han sufrido una crisis de legitimidad, resultando necesario abrir la Administración al ciudadano a través de una participación más activa. Sin embargo, involucrar a la ciudadanía no es sencillo, puede resultar costoso y requerir mucho tiempo; de esta forma, las TIC se destacan como herramientas que podrían facilitar la transición de la forma de gobierno tradicional a nuevas formas de relación de gobierno. La instrumentación de las TIC en las ciudades permite evolucionar hacia ciudades inteligentes, generando mejores soluciones en términos de eficiencia, sostenibilidad y participación.
El actual escenario de creciente difusión de las TIC tanto a nivel ciudadano como gubernamental, plantea como objetivo general evaluar el nivel de participación ciudadana a través de las nuevas Tecnologías de la Información y de la Comunicación (TIC) en las ciudades de Argentina y, estudiar cómo una ciudad puede promover y/o facilitar la participación de los ciudadanos para convertirse en una Ciudad Inteligente. Existen ciudades que ya iniciaron un proceso de apertura en términos de participación ciudadana y digitalización de sus canales de información, algunas de ellas ya tienen un amplio recorrido y otras con avances aislados. En este sentido, se pretende comparar entre ciudades y analizar si las ciudades con rasgos de una ciudad inteligente son más propensas a la participación ciudadana que el resto de las ciudades. En ese caso, es importante analizar cuáles son las condiciones o factores estructurales que conducen a una ciudad a ser más inteligente que otras. Por último, el proyecto pretende otorgar algunos lineamientos en torno al futuro de la participación ciudadana y a la relación entre gobierno y gobernantes en ciudades de Argentina, así como comparar con las políticas regionales.
Como objetivos específicos del proyecto se encuentran: a) examinar el rol que ocupan las TIC para definir iniciativas de participación ciudadana; b) explorar las mejores prácticas o casos exitosos de participación ciudadana en ciudades de Argentina y de la región; c) proponer indicadores y modelos que permitan explicar y evaluar la participación ciudadana en una Ciudad Inteligente y comparar entre ciudades, d) identificar los factores que explican las experiencias más exitosas en términos de participación ciudadana en ciudades inteligentes; e) contribuir a la literatura sobre las iniciativas de participación ciudadana, como uno de los pilares del paradigma de gobierno abierto, y en particular, como una de las dimensiones de análisis para la definición de una Ciudad Inteligente.
Para cumplir con los objetivos, en primera instancia, se planea analizar y comparar las ciudades capitales de provincias argentinas y; CABA y Bahía Blanca, debido a su alto nivel de transparencia. Así como también los municipios de Argentina con más de 300 mil habitantes mediante fuentes secundarias. Lo que se busca contrastar, así, es la hipótesis de que las ciudades que poseen rasgos de ciudades inteligentes tienen un nivel de participación ciudadana más alto que el resto. Por otra parte, se realizará una encuesta a la ciudadanía en el caso de Bahía Blanca. Además, se espera que la participación ciudadana esté correlacionada tanto con el nivel de uso de las TIC, como con el nivel educativo y de involucramiento de la población.
El presente trabajo presenta los principales lineamientos del proyecto PIP (Proyecto de Investigación Plurianual) del CONICET, titulado “Participación ciudadana para la construcción de Ciudades Inteligentes en Argentina” (2021-2023), a cargo de la Dra. María Verónica Alderete (IIESS, CONICET-UNS). El mismo se encuentra en desarrollo por lo que nos limitaremos a mencionar los principales avances.
Desarrollo:
Según la ONU (2018), la población urbana mundial crecerá aproximadamente un 60% entre 2015 y 2050. Teniendo en cuenta este crecimiento de las ciudades y de la población urbana, es de esperar que se busque aminorar o explorar soluciones para enfrentar los problemas de la ciudadanía contemporánea. La aplicación de las TIC ha transformado las zonas urbanas económica, social y espacialmente (Florida, 2003). En este sentido, la implementación de las TIC permite evolucionar hacia ciudades inteligentes que pueden generar las mejores soluciones en términos de participación y colaboración ciudadana.
El gran crecimiento demográfico y la rápida urbanización que caracterizan la realidad actual, han incentivado la ejecución de proyectos que pretenden coordinar las antiguas infraestructuras con las nuevas TIC, que permitan mejorar la gobernanza y los mecanismos de participación ciudadana; como así también se encuentren soluciones inteligentes que permitan crear ciudades sostenibles a través de la coordinación entre los diferentes actores (Tadili y Fasly, 2019; Polanco Sierra, 2015).
¿Qué se entiende por Participación Ciudadana?
La palabra “participación” tiene su origen del latín pars y capio, que significa “tomar parte”. Dicha acción puede realizarse respecto de cualquier hecho colectivo, es decir, con la presencia de más de un individuo ya se puede empezar a hablar de participación. La cual remite a la idea de “se siente uno parte de”, “se es arte de” un colectivo o comunidad que está formado por diferentes partes (Pindado, 2009:125).
En particular, el concepto de participación ciudadana está integrado por dos términos, por un lado, el de participación, que deriva del verbo participar, y que en este caso se lo identifica con la intervención del ciudadano en los intereses públicos, en donde este tiene motivos que le son comunes o que le pertenece. Por el otro lado, el término ciudadanía que ha sido construido como resultado de un largo proceso histórico y que es entendido como la cualidad y derecho de ciudadano, y conjunto de los ciudadanos de un pueblo o nación (Sánchez Ramos, 2009).
Sin embargo, en la basta bibliografía sobre la temática existe un consenso de que la participación ciudadana se caracteriza por ser un concepto polisémico y no neutral, es decir, es interpretada desde múltiples miradas mediadas por diferentes sistemas de normas, valores y objetivos o intereses, por lo que se pueden encontrar múltiples definiciones. Entre las más reconocidas, se destaca la que presenta Cunill (1991:38)[1] quien considera que la misma es un tipo de práctica social y política que supone la intervención de la sociedad civil en la esfera de lo público, es decir, es aquella que permite la interrelación entre ciudadanos y el Estado en la definición de las acciones públicas. Es decir, la autora la considera como “una estrategia que busca que lo público no se agote en lo estatal”, como la intermediara entre lo estatal y lo privado, que busca fortalecer a la sociedad civil, “implicando incluso la transferencia a ésta de funciones o decisiones que habían permanecido tradicionalmente en manos del Estado”.
En la misma línea, Font y Blanco (2003) definen a la participación ciudadana como cualquier tipo de actividad dirigida a influir directa o indirectamente en las políticas, asociado a un instrumento para influir en la realidad. De manera restrictiva, el BID (2004: 2) la define como “el conjunto de procesos mediante los cuales los ciudadanos, a través de los gobiernos o directamente, ejercen influencia en el proceso de toma de decisiones sobre dichas actividades y objetivos”.
La participación explica el funcionamiento de la democracia en el sentido de que se participa, fundamentalmente para “corregir los defectos de la representación política que supone la democracia, pero también para influir en las decisiones de quienes nos representan y para asegurar que esas decisiones realmente obedezcan a las demandas, las carencias y las expectativas de los que integran el pueblo” (Guillén, et.al., 2009). En este sentido, la participación ciudadana hace referencia a la actividad del ciudadano es su rol de miembro con derechos reconocidos por el Estado y, que entonces, puede participar en y con éste en la definición de las decisiones en los asuntos públicos, que tendrán impacto en su vida cotidiana (Sánchez Ramos, 2009). De esta forma se intenta que la ciudadanía no sea ejercida únicamente a través del derecho político al voto y en la posterior delegación en la toma de decisiones a los representantes electos, sino que también pueda involucrarse en diferentes grados y etapas en la agenda gubernamental, con la idea de darle mayor eficacia a las decisiones públicas.
Asimismo, Ziccardi (2004: 246) señala que “la participación ciudadana es la inclusión de la ciudadanía en los procesos decisorios incorporando intereses particulares (no individuales), pero para que esto sea posible se deben abrir espacios de participación con reglas claras, las cuales deben regir las relaciones de los actores involucrados en estos procesos”. La autora distingue que la participación puede ser institucionalizada, es decir, contenida en el marco legal y normativo; o autónoma, cuando es organizada desde la propia sociedad y no desde las instituciones gubernamentales. También, formula tres funciones principales de la participación ciudadana: “otorgar legitimidad al gobierno; promover una cultura democrática; hacer más eficaces la decisión y la gestión públicas” (Ziccardi, 2004:250).
Dentro del paradigma de Gobierno Abierto, la participación ciudadana aparece como un elemento clave mediante la cual el ciudadano deja de ser un actor pasivo receptor de bienes y servicios o sujeto de regulación, para transformarse en un activo protagonista de procesos y toma de decisiones frente a las necesidades de la sociedad. En consecuencia, hacer participar a los ciudadanos constituye uno de los pilares de todo “buen gobierno” y para ello, resulta necesario establecer canales de comunicación y espacios de debate para que efectivamente la sociedad sea parte de los asuntos públicos (Sánchez González, 2015).
Entre las razones por las que resulta necesario fortalecer la participación ciudadana se halla la posibilidad de proporcionar a la administración pública una mejor base para la elaboración de políticas públicas y por lo tanto una implementación mucho más eficaz de las mismas; también se destaca que una mayor participación de la sociedad fortalece las relaciones entre gobierno y gobernados aumentando la confianza y legitimidad del primero; y además incentiva a una ciudadanía más activa y una democracia más fuerte (Guillén, et.al., 2009).
En una realidad actual cambiante, permeable, se requiere de un Estado activo que fomente tal participación ciudadana, frente a una sociedad cada vez más exigente y demandante, con individuos que buscan ser escuchados y poder brindar sus puntos de vista para la consecución de soluciones que beneficie a la mayor cantidad de personas de una comunidad.
El concepto de Gobierno Electrónico
A lo largo de los últimos años, en todo el mundo se han vivido transformaciones muy profundas a nivel tecnológico que han impactado tanto en las cuestiones económicas, como también en las sociales, políticas y culturales de las sociedades, acentuándose particularmente en la última década. En tal sentido, se ha ido consolidando un proceso de grandes posibilidades en el sector publico donde se fue creando un nuevo modelo de cultura y gestión, que permite cumplir con las nuevas necesidades de los ciudadanos e ir en busca de la máxima eficacia y eficiencia de los Estados. Paralelamente, gracias a la incorporación de las Tecnologías de la Información y de la Comunicación (TIC) se ha permitido optimizar la gestión y la gobernanza publica, fortaleciendo la transparencia institucional (Ramió, 2019).
Desde la segunda mitad de la década de los noventa y con mayor impulso en los últimos años con la aceleración de los cambios tecnológicos, se ha venido desarrollando el concepto de Gobierno Electrónico (GE). Para el cual existe una diversidad de definiciones, pero que, sin embargo, se encuentra un cierto consenso en que el término se relaciona con el uso de las TIC, particularmente internet, como una herramienta para alcanzar un mejor gobierno, es decir mejorando la eficiencia, efectividad y transparencia (Naser, 2011). En la mayoría de las definiciones que se encuentran se alude al cambio en la forma en que se gestiona la Administración Pública, indicando que es un medio y no un fin en sí mismo (Vargas Díaz, 2011) y que principal objetivo del GE es el de es construir un sistema digital entorno para proporcionar a los ciudadanos servicios electrónicos e información que necesiten, mediante las herramientas TIC (Al-Jamal y Abu- Shanab, 2015)
Son múltiples las ventajas o beneficios que surgen de la aplicación del gobierno electrónico, no sólo para la administración pública sino para la ciudadanía en general. Por un lado, porque permite disminuir el tiempo de las diferentes operaciones que realizan los ciudadanos con el Estado, ya que con la implementación de plataformas que brindan servicios electrónicamente, la administración gestiona de una manera más eficiente y eficaz los recursos, y además se reduce la burocratización de los procesos y se genera una mayor transparencia de los mismos. Por otra parte, se fomenta un acceso y flujo de la información pública de manera más continua entre los ciudadanos y el gobierno, gracias a la utilización de las TIC, generando un mayor acercamiento y la posibilidad de crear intercambios y espacios virtuales para el diálogo público (Urquiza y Suarez, 2011).
Finalmente, en el marco de un sistema de democracia representativa donde se busca que la relación entre representantes-representados sea cualitativamente cada vez mejor, encuentra en el ámbito local las mayores posibilidades de diseñar las formas y lo Ciudades Inteligentes
El gran crecimiento de las ciudades, al que Nahmias & Hellier (2012) identifican con el fenómeno geoeconómico de la metropolización, no sólo tiene un impacto sobre el entorno urbano, sino que también transforma las condiciones y los modelos de gobernanza a diferentes escalas, con especial impacto en el nivel local. En este proceso de transformación, con distintos factores influyentes, se ve una competencia interurbana por la atracción de personas y de actividades, nuevos modelos de intervención público-privado y una sociedad civil que, con una creciente organización, ve incrementado su poder en las reivindicaciones. Es decir, a medida que la ciudad se va transformando, también lo hacen los modelos de gobernanza, surgiendo una puja por conseguir un lugar en la agenda urbana; en la cual los objetivos de las instituciones urbanas y habitantes entran en tensión. (Nahmias & Hellier, 2012).
Por otro lado, esta transformación del espacio urbano viene impulsada por la posibilidad que brindan las TIC a la comunicación e intercambio de información entre los distintos actores de la sociedad y, por la aparición de una ciudadanía culturalmente más preparada y sofisticada, que es capaz de hacer uso de dichas herramientas TIC y demanda mayor participación en distintos ámbitos. En este sentido, la aplicación de las TIC ha transformado las zonas urbanas económica, social y espacialmente (Florida, 2003). Es justamente esta implementación de las TIC, por parte de las administraciones locales, y la utilización de las mismas por parte de un sector de la ciudadanía, lo que permite a las ciudades evolucionar hacia ciudades inteligentes que generen mejores soluciones en términos de eficiencia, sostenibilidad y participación, con una mayor calidad de vida para sus habitantes (Tomàs & Cegarra, 2016). En este sentido, el término Smart City, entendida en su sentido amplio, toma especial relevancia como un modelo de ciudad donde la tecnología está al servicio de las personas y de la mejora de su calidad de vida y economía local (Lazaroiu & Roscia, 2012).
La construcción de ciudades inteligentes puede ser analizada como un proceso de innovación abierta y, asociada a una implementación muy compleja, en cuanto demanda la participación de múltiples actores y, requiere principalmente de la participación ciudadana (Finquelievich, 2011; Saxena, 2005; Teicher et al., 2002). Este concepto amplio de ciudad inteligente traslada el énfasis de la tecnología a las personas y, particularmente, en cómo las mismas pueden participar de manera significativa en la determinación de aspiraciones y prioridades colectivas para el presente y futuro de su ciudad (Joss, 2018).
El concepto de Smart City no es reciente, sino que se ha generado a partir del movimiento “Smart growth” de los años noventa en Estados Unidos, mediante el cual se apoyaba las soluciones impulsadas por la comunidad para resolver problemas urbanos. El concepto aparece por primera vez en el libro The Technopolis Phenomenon: Smart cities, fast systems, global networks (Gibson et al., 1992), aunque el mismo resulta ser ambiguo y no encuentra una única definición, así como tampoco hay acuerdo claros en cuanto a los elementos claves y límites del mismo, ya que ha sido abordado desde diferentes disciplinas (Lupiañez Villanueva & Faulí, 2017).
A pesar de no poseer una definición ampliamente aceptada, Mora, Bolici, & Deakin (2017), mediante un análisis bibliométrico sobre Ciudades Inteligentes, pudieron diferenciar entre dos enfoques. Si bien ambos señalan el rol fundamental que tienen de las TIC, el primero realiza una interpretación tecnocéntrica de las ciudades inteligentes, limitándose a hacer hincapié en el uso de las TIC para aumentar la eficiencia en respuesta a las demandas ciudadanas (principalmente servicios). Mientras que el segundo enfoque tiene una concepción más amplia, que puede definirse como holística, el cual incorpora el concepto de sostenibilidad. Este segundo enfoque, se basa en la publicación de Giffinger et al (2007), en la cual se aleja el concepto de ciudad inteligente de una perspectiva excesivamente tecnológica, argumentando que la simple implementación y difusión/uso de las TIC es condición necesaria pero no suficiente para resolver problemas, mejorar la eficiencia y desarrollar la calidad de vida de los ciudadanos (Jolías & Prince, 2016).
Teniendo en cuenta los enfoques mencionados anteriormente, surgen los conceptos de Ciudad Digital y Ciudad Inteligente, según los cuales se constata que el camino evolutivo desde una Ciudad Digital (Ciudad con Inteligencia) a una Ciudad Inteligente se vuelve muy complejo, ya que requiere la participación y el compromiso de toda la ciudadanía la cual, a su vez, debe ser capaz de acceder a las TIC y desarrollar las habilidades digitales necesarias (Matus Ruiz & Ramírez Autrán, 2016). Como plantea Cortés Cediel (2018), para transformarse en una comunidad inteligente es necesario que la comunidad haya aprendido a formarse, adaptarse e innovar; empoderándose mediante el uso de la tecnología, algo que requiere habilidades digitales. En este sentido, uno de los desafíos del gobierno de una ciudad que pretende ser inteligente es la innovación y la habilidad de utilizar las TIC eficientemente para mejorar la coordinación interinstitucional y promover políticas públicas inclusivas (Álvarez & Alderete, 2019; Alderete, 2018).
Este equipo de trabajo ha realizado distintos trabajos que abordaron las temáticas mencionadas anteriormente y que han servido de insumo para seguir profundizando la investigación que pretende el proyecto que este escrito presenta (Álvarez y Alderete, 2019; Alderete, 2019a; Alderete y Díaz, 2020; Alderete, 2019b)
No obstante, un primer antecedente directo de la investigación que actualmente está realizando el equipo lo conforma el trabajo de Alderete et.al. (2020) en el cual se analiza la transparencia pasiva, que refiere a proporcionar información directamente al solicitante de la misma (“a demanda”) y es uno de los principios fundamentales del gobierno abierto. Con el fin de realizar comparaciones sobre el nivel de uso del derecho de acceso a la información pública por parte de la ciudadanía, se exploran los portales de solicitudes de información de los ciudadanos en el período 2017-2018. Se toma como unidad de análisis a las capitales de provincia de Argentina que cumplen con el principio de transparencia pasiva, junto con CABA y la ciudad de Bahía Blanca. Se utilizan como referencia los criterios de agregación por temas de la Cuidad de Buenos Aires-CABA y se adaptan a éstos el del resto de los municipios. A su vez, se comparan los municipios de acuerdo a indicadores de transparencia pasiva desde el punto de vista del gobierno. Se encuentran reducidos casos de capitales de provincia que ejerzan el cumplimiento de este principio entre ellas Córdoba, Santa Fé además de CABA y el municipio de Bahía Blanca. De estos, el municipio mejor situado es CABA seguido por Bahía Blanca, Córdoba y Santa Fe.
En resumen, el grupo de trabajo ha analizado el principio de transparencia de gobierno abierto, así como el gobierno electrónico, pero no se ha enfocado en la participación ciudadana, salvo los trabajos a nivel de ciudades globales. Este proyecto, entonces, busca indagar en dicho concepto no sólo como principio de gobierno abierto sino como una de las dimensiones para el desarrollo de las ciudades inteligentes, las cuales, si bien cuentan con herramientas capaces de generar canales de participación ciudadana, éstos son condición necesaria pero no suficiente para su desarrollo.
Entre los resultados esperados del proyecto se aguarda poder identificar un grupo de ciudades como casos exitosos de participación ciudadana mediada por las TIC en Argentina. El proyecto brindará un conjunto de indicadores que permitirán evaluar si el caso es exitoso. De esta manera, será posible también colaborar con la medición de ciudades inteligentes en Argentina a través de un índice de participación ciudadana, siendo el smart governance una de sus dimensiones.
Asimismo, será posible distinguir aquellos municipios cuyos ciudadanos sean más participativos, y clasificarlos. A su vez, se investigará sobre los factores determinantes de tales niveles de participación, tales como las TIC utilizadas, el rol de las partes interesadas, el tipo de relación entre gobierno y ciudadanos, entre otros, lo que permitirá definir algunas propuestas de política.
Por último, el proyecto se plantea algunas hipótesis que buscara contrastar, entre ellas se encuentra la referida a que la forma en que los ciudadanos utilizan la tecnología, y no necesariamente el acceso a las TIC, es lo que convierte a las ciudades en inteligentes. Es decir, pueden existir municipios con buena infraestructura, gran número de puntos wifi por ejemplo, pero con reducida participación ciudadana, lo que los aleja de la definición de ciudad inteligente.
También se considera que la estrategia de convertirse en una Ciudad Inteligente depende positivamente del tamaño de la ciudad y de la necesidad de proteger el medio ambiente.
Por otra parte, se busca comprobar si el nivel educativo y de engagement de los ciudadanos está relacionado positivamente con mayores índices de participación ciudadana. Así como verificar si las ciudades con mayor participación ciudadana son generalmente las ciudades más inteligentes.
[1]Cunill, N. (1991) Participación ciudadana. Dilemas y perspectivas para la democratización de los Estados latinoamericanos. Centro Latinoamericano de Administración para el Desarrollo. Caracas
Conclusiones:
En línea con los resultados preliminares del equipo de investigación, se sugiere que la información comparada respecto de participación ciudadana es escasa y que los datos de aquellos municipios de los que se tiene información son heterogéneos e idiosincráticos. Además, se observa que el foco de atención se ha puesto en las mejoras tecnológicas de las ciudades y no tanto en los resultados ni en el desempeño en la participación de los ciudadanos para el diseño, implementación y evaluación de las iniciativas o proyectos de ciudad inteligente. En general, lo que se puede encontrar son estudios de caso municipales en los que se describe las iniciativas innovadoras de participación ciudadana y aplicación de nuevas tecnologías, pero no hay estudios en los que se evalúe en perspectiva comparada. Adicionalmente, no se dispone de un índice “de ciudad inteligente” en el nivel municipal en Argentina, con lo cual se está abordando un terreno inexplorado.
Actualmente, el equipo de trabajo se encuentra trabajando en uno de los primeros objetivos planteados, referido a medir el nivel de participación ciudadana mediada por las TIC (PC digital) en un grupo de municipios de Argentina. Se espera poder identificar un grupo de ciudades como casos exitosos de participación ciudadana mediada por las TIC en Argentina. Para ello, se está realizando una exploración de forma personal, sin uso de ningún software, de las páginas web oficiales, así como las redes sociales (Facebook, Instagram y Twitter) oficiales de los municipios capitales de provincia de Argentina junto municipios de la Provincia de Buenos Aires de mayor tamaño, CABA y municipio de Bahía Blanca los municipios, debido a su alto nivel de transparencia. Además, se busca información en los sitios web de los Consejos Deliberantes de cada localidad.Por otro lado, se hizo un relevamiento de transparencia pasiva de los municipios capitales de provincias de Argentina y los que tienen más de 300.000 habitantes. Para ello, se relevó y analizó las páginas web municipales oficiales (municipalidad y concejo deliberante) respecto de participación ciudadana. De esta exploración surgieron distintos aspectos relevantes, considerados para un índice de participación ciudadana digital. Se encontraron tres dimensiones en las que se agrupan las características presentadas de participación ciudadana en los municipios: (1) Información sobre participación ciudadana; (2) Web (SIMOLI); (3) Redes sociales (Bonson).
A su vez, se elaboró una encuesta sobre participación ciudadana en Bahía Blanca con el objetivo de ser distribuida a los ciudadanos de la ciudad vía internet con ayuda del Municipio de Bahía Blanca para la difusión de la misma, aunque la misma no ha sido distribuida aún.
La encuesta consta de 27 preguntas, tiene una duración estimada de 10 minutos y busca relevar la percepción que tienen los ciudadanos sobre la participación ciudadana en la ciudad de Bahía Blanca. La estructura está compuesta por 3 secciones:
Perfil del encuestado; datos sociodemográficos básicos.Participación Ciudadana (en general); qué entiende el ciudadano por participación ciudadana, experiencias de participación, percepción de la misma y su opinión respecto al rol del municipio en el fomento de la participación ciudadana.Participación Ciudadana Digital; busca capturar la relación del ciudadano con el municipio a través de sus redes sociales y la página web municipal.
De esta forma, el proyecto en pleno desarrollo busca brindar un conjunto de indicadores que permitirán evaluar si la participación ciudadana municipal es un caso exitoso. Ya sea a través de los canales presenciales tradicionales o a través de los nuevos medios digitales. También será posible colaborar con la medición de ciudades inteligentes en Argentina a través de un índice de participación ciudadana, siendo el smart governance una de sus dimensiones.
Asimismo, será posible distinguir aquellos municipios cuyos ciudadanos sean más participativos, y clasificarlos. A su vez, se investigará sobre los factores determinantes de tales niveles de participación, tales como las TIC utilizadas, el rol de las partes interesadas, el tipo de relación entre gobierno y ciudadanos, entre otros, lo que permitirá definir algunas propuestas de política.
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- Vargas Díaz, C. (2011): Gobierno Electrónico o e-Gobierno. Trabajo en base al “Desarrollo y E-Gobierno en Latinoamérica: responsabilidad y transparencia de la información económico financiera en la Gestión Pública”. Tesis de doctorado. Universidad de Jaén con la Universidad de Granada
- Ziccardi, A. (2004) Participación ciudadana y políticas sociales del ámbito local. Instituto de Desarrollo Social Consejo Mexicano de Ciencias Sociales. Universidad Nacional Autónoma de México
Palabras clave:
Participación ciudadana, Ciudades Inteligentes, TIC
Resumen de la Ponencia:
La pandemia Covid-19 ha tenido el efecto de hacernos más dependientes de la mediación digital en los servicios públicos y más conscientes de cómo estos afectan nuestras vidas. La utilización de aplicaciones y plataformas se ha hecho habitual en todos los ámbitos de la vida cotidiana. Al mismo tiempo, ha crecido la conciencia pública de la importancia de los datos en estos sistemas, así como el conocimiento del impacto del uso de los datos en diferentes servicios. El marco dominante para la regulación de los datos en el mundo occidental se basa en la noción de privacidad personal. Las leyes de protección de datos personales han tendido a lograr un equilibrio entre las necesidades comerciales de las empresas tecnológicas, que quieren acceder a los datos para impulsar las innovaciones en logística y publicidad, y los derechos de privacidad de la ciudadanía, que participan en los procesos datificados. Aunque estas leyes son importantes, se basan en los derechos individuales del consentimiento, la privacidad, la seguridad y el derecho al olvido que surgieron principalmente a través de los debates que tuvieron lugar en Europa y Norteamérica. Dado este encuadre, los/as ciudadanos/as pueden, en teoría, aprovechar las leyes de protección de datos para proteger sus derechos. Hacerlo es difícil. De hecho, debería ser tarea del Estado vigilar las obligaciones legales de las empresas. Las leyes de privacidad y los acuerdos de términos de servicio dejan a la ciudadanía con la sensación de que no tienen otra opción que aceptar la creciente informatización de nuestro mundo. Mientras que para algunas personas la datificación y la plataformización ofrecen nuevas e interesantes posibilidades y oportunidades; para otras, estas leyes, y las aplicaciones empresariales de las tecnologías que apoyan pueden ir en detrimento de las comunidades, los colectivos, la conectividad humana, las poblaciones en situación de vulnerabilidad o la formación de identidades.Bajo este marco, en esta ponencia presentaremos los resultados de la investigación “Auditorías ciudadanas de datos” donde se abordó la datificación desde la óptica de las personas que la experimentan en su vida cotidiana. Entendiendo sus perspectivas, valores, necesidades, deseos y experiencias a partir de los resultados con 5 colectivos en 5 países de América Latina.Nuestros hallazgos sugieren diferentes maneras en que las personas piensan los datos, más allá de lo "personal"; incorporando cómo los valores, deseos y criterios de los individuos reflejan los contextos políticos, económicos y culturales locales respecto a los sistemas de información de los actores corporativos y los proveedores de servicios públicos; revelando esto cómo el uso de datos en AL está afectando, desde su punto de vista, a la prestación de servicios a poblaciones locales específicas.Resumen de la Ponencia:
La presente ponencia se inscribe dentro de la investigación llevada a cabo en el marco de la realización de mi tesis de Maestría en Comunicación y Cultura (FSOC-UBA), donde el objetivo principal fue analizar, comprender e interpretar las acciones colectivas animalistas en Argentina. Se escogieron como unidades de análisis a tres organizaciones que intervienen de distintas maneras en defensa de los animales no humanos. Ellas son: Asociación Animalista Libera, #Sin Zoo y Animal Libre. Las unidades de análisis fueron dos: una individual referida a sus activistas, y una colectiva referida a las organizaciones.En esta oportunidad se presentan algunos de los principales hallazgos obtenidos, focalizando especialmente: en la caracterización sociodemográfica de les activistas que se identifican como parte del movimiento animalista en Argentina, en la posesión y uso de tecnologías digitales por parte de activistas y organizaciones, y en la hibridación entre la acción colectiva que llevan adelante las organizaciones animalistas analizadas con las tecnologías digitales y en el continuum que existe entre las prácticas que desenvuelven en el ciberespacio (espacio digital y online) y el espacio físico (espacio offline). La metodología combinó: entrevistas semiestructuradas a referentes clave, entrevistas informales con activistas, una encuesta online autoadministrada, observación de las intervenciones realizadas en los espacios públicos y observación de sus producciones y acciones digitales.Resumen de la Ponencia:
En México existe una fuerte percepción de que la difusión de la ciencia y el conocimiento están a cargo de centros de investigación especializados, los cuales usualmente se encuentran dentro de las universidades, o también de ciertas instituciones del estado encargados de hacer llegar la información y los resultados de los hallazgos científicos, humanísticos y tecnológicos que crecen a grandes velocidades día con día. La divulgación de la ciencia y el conocimiento no sólo promueven mejores elecciones de vida, sociedad, política y consumo, sino que son elementales para fortalecer los sistemas democráticos, para así beneficiar tanto a minorías que buscan integrarse al tejido social, como a las mayorías que buscan mejores oportunidades en diversos ámbitos. Los esfuerzos que actualmente existen por promover la divulgación científica siguen fuertemente anclados a los medios tradicionales: revistas especializadas, artículos científicos, solemnes conferencias con ponentes cuya perfección del lenguaje técnico los aleja de los posibles interesados; así como algunos contados esfuerzos que podemos hallar en la TV y la radio. Ante este desolador panorama, es menester replantearse las formas en que la ciencia llega a todas las audiencias y no solo a la comunidad académica y científica. Es necesario repensar r cómo podemos hacer llegar el conocimiento científico al mayor número posible de personas en la sociedad y voltear a ver cuáles son las herramientas de las que podemos echar mano para generar acercamientos innovadores en formatos más precisos, atractivos y al alcance de toda la población. La pandemia COVID 19 aceleró múltiples cambios tecnológicos y sociales. Las maneras en que hoy trabajamos difieren de muchas maneras a cómo lo hacíamos hace 20 años. Los medios de comunicación tradicionales comenzaron a perder audiencias, las cuales se volcaron hacia diversas plataformas y formatos. Plataformas digitales como YouTube, Tik-Tok, Instagram, Spotify, Apple podcast, SoundCloud, Anchor, MixCloud, entre muchas otras, ofrecen un amplio número de opciones al alcance de cualquiera persona, de manera gratuita. Sin embargo, sus lenguajes han cambiado, no son los mismos que las opciones tradicionales ofrecen. Los contenidos, los formatos, las palabras mismas se han hecho más cercanas a audiencias que buscan entretenimiento e información y que pueden muchas veces encontrarlo en estas diversas plataformas con tan solo unos clicks. Este texto muestra un acercamiento, mediante la investigación documental (considerando los podcasts como documentos de partida) a través de la revisión de diversas propuestas en este formato, con la finalidad de analizarlas para identificar estructuras y elementos que integren un programa ideal de difusión y divulgación. Los resultados esperados apuntan a reconocer modelos de referencia con determinados elementos clave necesarios para diseñar y producir podcasts de difusión y divulgación de la ciencia y el conocimiento que puedan generar un verdadero engagement con las audiencias.Resumen de la Ponencia:
CIUDADANÍA DIGITAL.PERCEPCIONES DE LOS Y LAS JÓVENES UNIVERSITARIOS SOBRE LA PARTICIPACIÓN POLÍTICA EN LAS REDES SOCIALES. Ivón González Mario Cervantes GT01 – Ciencias, Innovación y Tecnologías digitales La presente investigación parte de la observación social, jurídica y política sobre las nuevas formas de ejercer los derechos políticos, en específico la Participación Política No Convencional (PPNC), es decir aquella participación que no está regulada en los cuerpos jurídicos, pero la juventud si la considera participación política, desde sus propias condiciones que representa ser joven en México esta nueva era medida por las Tecnologías de la Información y la Comunicación (TIC). Asimismo, nace del interés de conocer, entender y explicar las percepciones que las jóvenes universitarias y universitarios tienen acerca de la participación política no convencional en específicamente la Ciudadanía Digital (CD). Lo que se presenta son avances de investigación ya que forma parte de una tesis doctoral en derechos humanos. Se parte de la pregunta ¿Cuáles son las percepciones que tienen las y los jóvenes universitarios/as acerca de la participación política no convencional en las redes sociales? como supuesto se tiene que las y los jóvenes universitarios/as prefieren participar políticamente en las redes sociales ya que tienen mayor libertad de expresión, son espacios más volátiles e inmediatos y más atractivos para las y los jóvenes. Por el tipo de pregunta la metodología empleada es la cualitativa, como método inductivo, así como el análisis del discurso; se pretende una triangulación metodológica con entrevistas semiestructuradas, grupo focal y observación etnográfica virtualizada. Los sujetos de investigación son estudiantes del nivel superior de la Universidad de Guadalajara. En referentes teóricos destacan las aportaciones de Reguillo (2017), sobre la participación no convencional de las y los jóvenes en la política, así como, Gómez Tagle (2018 y 2021), pionera de los estudios en cultura política juvenil en México, junto con Almond & Verba (1963), el cual abordan la cultura y la participación política. Sobre ciudadanía digital nos apoyamos en Natal (2014), sobre la democracia y su relación con los derechos humanos consultamos a Serrano(2013), y a Villaseñor (2015) , en cuanto a democracia, en Sartori (2006) y Dahl (1999). De las tres técnicas de investigación que se programan utilizar, presentamos los avances del Focus Group realizado a estudiantes del Centro Universitario de Ciencias Sociales y Humanidades de la Universidad de Guadalajara.