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Resumen de la Ponencia:
O estudo que ora apresentamos faz parte de uma investigação mais abrangente sobre crianças amazônicas, não sendo um relato de crianças urbanas localizadas na segunda cidade mais populosa do Norte do Brasil. Seu objetivo é compreender a espetacularidade do puxão-educação no carnaval de uma escola de samba. O percurso teórico-metodológico está centrado em uma abordagem qualitativa com base na Etnocenologia, que é um método que busca compreender as Práticas e Comportamentos Humanos Organizados Espetaculares (PCHEO), fortemente presentes na Amazônia, ou que nos remetem a uma Etnocenologia Amazônica, a que respeitam os modos de vida dos dois amazônicos, suas histórias, seus saberes e suas culturas são valorizados. A etnocenologia traça a noção de espetacularidade entendida como um modo de ser, de se comportar, de se movimentar, de se deslocar no espaço, se emocione, converse, cante e decore. A compreensão das noções de infância urbana e infância saltitante, que não chega perto da discussão sobre carnaval e infância, foi importante para inserir a educação e educação urbana em outro patamar – ou de atores sociais. A pesquisa também se fundamenta nos estudos da Sociologia da Paternidade, numa perspectiva amazônica. Os colaboradores da pesquisa serão constituídos por 12 (doze) crianças na faixa etária de 5 a 12 anos, participantes ativos das agremiações da Associação Carnavalesca Bole-Bole, e 8 (oito) adultos, na faixa etária de 23 a 60 anos, que viverão a infância e terão experiências com crianças nas atividades desenvolvidas na Associação. Em conclusão, o estudo revelou que a espectacularidade, vivida pelas crianças, é consciente, cabelo ou cabelo observado pelos outros, Ou seja, cabelos que lembram uma cantiga carnavalesca, é uma alteridade. Nessa grande festa popular, observamos que as crianças tornam-se professoras de sala, porta-bandeiras, tocadores de tambor, tocadores de chuva, passistas, percussionistas, entre outros, na medida em que o jogo simbólico, por meio de dois países parceiros, não inclui o canto ; eles dão ou melhor de si mesmos; O corpo saltitante que desfila no carnaval é espetacular.
Introducción:
Um canto ecoa a beleza da cultura popular[1] - Introdução
Carnaval e infância se constituem em um estudo que buscou compreender como as crianças se estabelecem no contexto das culturas populares, sobretudo do carnaval, no bairro mais populoso, o Guamá, da cidade de Belém, capital do estado do Pará (Instituto Brasileiro de Geografia e Estátistica, 2019). Esse estudo abrange a espetacularidade, enquanto categoria de análise que buscou a compreensão das Práticas e Comportamentos Humanos Espetaculares Organizados (PCHEO) das crianças-brincantes do carnaval; deste modo, o que nos interessou foi entender como elas vivenciam essa grande festa popular que congrega a coletividade e que adentra a vida cotidiana corroborando para o que Bião (2009) chamou de respiração social. Assim, procuramos mostrar como a cultura popular se entrelaça com as culturas infantis construídas na cotidianidade, possibilitando a edificação de corpos etnocenológicos que vão se estabelecendo ao longo de toda a preparação para o desfile oficial das escolas de samba “numa diversidade de estilo de interpretação que compõem as [alas], as cenas e os personagens” (Santa Brígida, 2014, p. 49 – grifo nosso).
O estudo aborda duas noções que estão no cerne da discussão sobre as infâncias amazônicas e que dizem respeito a uma infância e a um grupo de crianças que não estão na floresta, nos rios e não vivem em comunidades tradicionais, mas estão no centro urbano de Belém-PA, na Amazônia paraense. As noções às quais nos referimos trata da infância urbana e da criança-brincante. Assim, trazemos, neste estudo, a singularidade da infância urbana e as crianças-brincantes do carnaval, presentes na cena cultural de uma escola de samba, situada em um bairro da capital paraense, que tem particularidades que as difere das demais infâncias e crianças de outros estudos já realizados por nós.
A noção de infância urbana, aqui tratada, se caracteriza pela concentração de crianças nas grandes cidades ou centros urbanos, que vivenciam um ambiente de mudanças sociais, culturais e econômicas extensas, com pouca ou sem nenhuma autonomia para tomar certas decisões a respeito de políticas públicas para o seu desenvolvimento, sendo delegada ao adulto a responsabilidade de fazer a assimilação de questões políticas pelas crianças, principalmente nas áreas como ambiente, segurança, políticas urbanistas e lazer, o que mostra o quanto as crianças são renegadas em seus posicionamentos políticos, no entanto, são imprescindíveis como atores sociais que têm todas as condições de conduzir ações mais ativas para a democratização social (Fernandes, 2018) e garantia de seus direitos básicos estabelecidos na Constituição Federal de 1988 e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei nº 8.069/1990, principalmente.
Criança-brincante foi um conceito que emergiu durante a pesquisa de campo ao observarmos como as crianças brincavam e demonstravam na cultura popular do carnaval, os saberes das culturas infantis ligadas ao seu tempo, por conseguinte conectadas às vivências do local onde residem, o Guamá. As culturas infantis propiciam “saberes que no momento do carnaval lhes são úteis pois as permitem se localizar em seu espaço e tempo social e facilita para elas a busca do brincar com os elementos de sua cultura e seu transitar em meio a diversos saberes comunitários” (Aires Neto, 2016, p. 96). Portanto, crianças-brincantes, consideradas nesse estudo, são aquelas que participam ativamente das ações da escola de samba, e que, mesmo levadas pelos responsáveis, vivenciam com alegria, dedicação e entusiasmo os ensaios, as festas, os arrastões, experimentam as fantasias, aprendem e cantam o samba enredo, “compartilham seus afetos, emoções, frustrações, desejos, saberes” (Idem, p. 20) e se divertem brincando, dançando, imitando e interagindo com seus pares e a comunidade em geral.
[1] Todos os subtítulos contidos no texto são fragmentos dos sambas enredos da Associação Carnavalesca Bole-Bole dos anos 2019 (GuamÁfrica) e 2020 (Guamá: o rio que chove poesia), ambos de autoria de Herivelto Martins e Silva (Vetinho), que foram ajustados especificamente para esse texto.
Desarrollo:
GUAMÁFRICA, no Bole-Bole vou cantar tua raiz – Percurso Teórico- Metodológico
O estudo se deu por meio de uma abordagem qualitativa, por considerarmos ser esta a que melhor nos dá base para nos aproximar da compreensão do fenômeno aqui estudado – a espetacularidade da criança-brincante na cena carnavalesca.
A pesquisa qualitativa “trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes” (Minayo, 2012, p. 21) que se constituem elementos da realidade social, portanto, o ser humano que vivencia esses turbilhões de experiências age, pensa e interpreta seus modos de vida e vai além do factual ao partilhar com o seu semelhante as ações dentro e a partir da realidade vivida. Tais aspectos são o que o distingue dos demais seres do universo visível.
O estudo centrado na abordagem qualitativa desenvolveu-se mediante fundamentos da Etnocenologia[1] “vertente das etnociências[2] de caráter essencialmente transdisciplinar, que privilegia a inteligência do discurso indissociado da fonte que o gerou, abrindo um novo caminho para a análise dos fenômenos espetaculares” (Santa Brígida, 2007, p. 199).
O pilar epistemológico, principal eixo norteador das pesquisas realizadas nas Artes Cênicas, concebido desde os primórdios da criação da disciplina Etnocenologia em 1995, com a publicação do “Manifesto da Etnocenologia”, denomina-se de Práticas e Comportamentos Humanos Espetaculares Organizados (PCHEO), que tem como um de seus princípios basilares avalizar a heterogeneidade de fenômenos sociais; é nesse contexto que se encontra o carnaval, e nele as crianças-brincantes e suas espetacularidades. Deste modo, o corpo etnocenológico (Santa Brígida, 2014) é o que edifica a Etnocenologia enquanto base epistemológica e metodológica deste estudo.
Nessas dimensões, o corpo é o fenômeno de interesse da Etnocenologia, uma palavra que se estrutura em três bases da língua e da cultura grega, quais sejam: etno, ceno e logia, que foram estabelecidas no Manifesto da Etnocenologia[3] publicado em 1995, no qual os termos são assim definidos:
Etno, significando o que é pertinente a um grupo social, um povo, uma nação; ceno, cobrindo um grande conjunto de significados, simultaneamente os sentidos de abrigo provisório, templo, cena teatral, local coberto onde os atores punham suas máscaras, banquete sob uma tenda, corpo humano, mímicos, malabaristas e acrobatas apresentando-se em barracas provisórias em momentos de festa – todos esses sentidos remetem à ideia de ceno na palavra etnocenologia; e logia, naturalmente, designa a proposição de estudos sistemáticos (Bião, 2009, 133).
Nesse sentido, a Etnocenologia tem propiciado discussões e debates acerca do seu objeto, que reside especialmente nos “espetáculos, rituais, cerimônias e interações sociais em geral” (Bião, 1998, p. 17); seguindo este raciocínio, o carnaval se faz presente como um ritual nacional que se fundamenta na condição “de dramatizar valores globais, críticos e abrangentes da nossa sociedade” (Damatta, 1997, p. 45). Tem contribuído também para o alargamento das visões teóricas da pesquisa científica e artística, de maneira integral, e, de maneira mais particular, para o trabalho dos pesquisadores que se debruçam às artes do espetáculo (Bião, 2009).
A Etnocenologia enquanto disciplina e método científico se consolida no espaço amazônico com especificidades próprias e culturas singulares que emergem de todos os locais da região “marcada por grandes linhas de forças como a natureza, as [comunidades] indígenas e sua cultura, as manifestações de arte popular, a arte plumária, a cerâmica, as embarcações, as casas, os rios, as ruas” (Loureiro, 2002, p. 133 – grifo nosso), dando origem a uma Etnocenologia Amazônica (Santa Brígida, 2015; Carvalho, 2014).
A investigação foi realizada no bairro do Guamá, espaço geográfico exaltado nos enredos da Associação Carnavalesca Bole-Bole, lócus de vários estudos científicos[4], local de resistência sociopolítica e também de explosão da cultura popular, sobretudo na passagem Pedreirinha, onde se concentram vários ambientes que desenvolvem ações culturais de cunho religioso, artístico, recreativo e lúdico, também é nesta via que se localiza a sede da escola de samba[5].
No Guamá, embora seja considerado de grande vulnerabilidade social, as manifestações culturais afloram na cotidianidade da comunidade; neste sentido, Modesto (2017) ressalta o esforço e luta dos guamaenses para manter de pé
[...] seus bois-bumbás, cordões de pássaro e pássaros junino, escolas de samba, cantigas de ladainha, festividades culturais, afrorreligiosas e religiosas, quadrilhas juninas, instituições religiosas e afrorreligiosas, que se constituem em espaços de agregação de cultura antiviolência para os que vivem no bairro (Modesto, 2017, p. 73).
Nessa cotidianidade, Talles Miléo[6] enfatiza a importância que a cultura tem no bairro como mecanismo de enfrentamento dos problemas sociais existentes. É por meio dela que as crianças e jovens têm a possibilidade de mudar o curso de suas vidas, tão penalizadas pela pobreza, violência de toda ordem, especialmente pelos homicídios de pessoas jovens na faixa etária de 16 e 17 anos, preconceito racial (Modesto, 2017), entre outros. Na entrevista conversada Talles dispara que a arte e a cultura são ecos que reverberam a voz da liberdade; segundo ele,
E a arte num contexto geral, ela te oportuniza criar, ela te dá voz. Então através da cultura, através do carnaval, eu percebo que as pessoas podem gritar e dizer: não! Eu não sou isso. Eu não quero ser isso. O meu mundo não se restringe a números de violência, a casos de agressão, a uma história que já aconteceu. Ah! O bairro do Guamá tem muita violência. Tem muita violência, mas também é um bairro hoje, que se você for parar pra pesquisar, é um dos que mais têm grupos folclóricos e parafolclóricos no estado do Pará e talvez no Brasil. E então você percebe que isso são os gritos de: não, eu não quero isso pra mim. Eu não quero ser estigmatizado, eu não quero sofrer com algo que alguém me disse. Eu quero ter a minha própria voz (Talles Miléo, Entrevista 20/01/2020).
Nessa ótica percebe-se que o Guamá se coloca como espaço de sociabilidade, aquele “espaço humilde onde se exprimem tantas alegrias e desapontamentos, aí, nesse espaço onde se joga tanto afeto e onde têm lugar tantas conversas, constitui-se pouco a pouco a sólida trama social” (Maffesoli, 2001, p. 92), que tem a aparência, a expressão, o cheiro e o jeito dos elementos e sujeitos que compõem este lugar.
O estudo teve a participação de 12 (doze) crianças, na faixa-etária de 5 a 12 anos, atuantes nas atividades da Associação Carnavalesca Bole-Bole (ensaio coletivo, arrastão cultural, ensaio de ala, escolha de figurino, estudo e apresentação do samba-enredo, entre outros), dos quais 83,3% moram no bairro do Guamá e as demais em bairros limítrofes, na sua maioria estudantes de escolas públicas, cerca 91,6%. Quando nos referimos à atuação direta, estamos falando das crianças-brincantes que estiveram presentes desde o início da investigação participando ativamente das ações propostas e estavam na Bole-Bole em grande parte dos eventos realizados
A pesquisa também contou com a participação de 8 (oito) adultos, na faixa etária de 23 a 60 anos, pessoas que viveram suas infâncias na Bole-Bole e ou que desenvolveram alguma experiência com as crianças no carnaval na escola, como ex-integrantes de projetos sociais, dirigentes e ex-dirigentes, pais, brincantes e envolvidos com algumas alas da escola. Com este grupo realizamos conversa informal e entrevista conversada que serviu para complementar nossa compreensão daquilo que vivenciamos durante dois anos de pesquisa sobre carnaval e infância na Associação.
Fantasias verdadeiras da Menina Guajarina: a espetacularidade da criança-brincante na cena carnavalesca
Durante o carnaval, nos arrastões culturais e nos desfiles oficiais a presença do grupo “Meninos do Pandeiro do Guamá”, composto por adultos e crianças, se destacou realizando movimentos acrobáticos, exibindo suas espetacularidades. O corpo dos tocadores de pandeiros é um corpo lúdico que atrai gritos, palmas e muitos olhares. Os artistas “levam para a rua seus conhecimentos [...] apresentados como brincadeiras, que para eles significam uma prática cultural comunitária” (Gomes, 2007, p. 61).
O grupo organiza ações corporais criadoras, desconstrói os arquétipos e práticas comuns, apostando num novo ou em outras formas que saiam da rotina cotidiana e se estabeleçam em outro patamar, o da extracotidianidade, como bem observado na imagem a seguir, destacando a figura de Francisco de Xavier de Lima Neto, 12 anos, componente do grupo:
Imagem 1 – Grupo Meninos do Pandeiro do Guamá, o destaque são as crianças realizando tocando e acrobacias.


Fonte: Simei Andrade, 2019 e Josué Jastézio Rúbio, 2020.
O entusiasmo dos Meninos do Pandeiro do Guamá aumenta à medida que percebem que estão sendo ovacionados; quando isso ocorre, as apresentações acontecem num tempo menor, aumentando assim as variações dos movimentos que refletem “a alegria, o protesto político, o deboche, a crítica social” (Gomes, 2007, p. 62).
Nas ações da escola, como ensaios e arrastões culturais, as crianças eram presença certa, com seus corpos em fase de crescimento; o esforço para segurar um instrumento como o surdo, de dimensões avantajadas, provocava desequilíbrio e alguma dificuldade para movimentar-se, porém, nada disso tirava delas, das crianças-brincantes, a vontade de estar no meio da folia com os adultos. No período em que estivemos acompanhando a escola observamos que na bateria a “criança e o adolescente vêm pra dentro da escola pra ele aprender não só a música, mas [...] pra ele aprender a respeitar o próximo e ter compaixão com o próximo. Isso aí já é uma coisa que contribui demais no seu desenvolvimento” (Entrevista conversada, 30/01/2020), ressalta Mestre Mini[7].
Na batera Audaciosa, como alguns denominam a bateria da escola, a espetacularidade dos ritmistas crianças se mostram nos “efeitos e gestos [...] envolvidos pelo padrão cultural (ethos) que suscita as formas de sua sensibilidade, a gestualidade, as atividades perceptivas, e desenha assim o estilo de sua relação com o mundo” (Le Breton, 2012, p. 8), corroborando para a compreensão da espetacularidade como única de cada criança-brincante, ou melhor, a relação que os sujeitos estabelecem com o mundo é exclusiva, o que implica na maneira como a espetacularidade emerge em cada corpo, como podemos comprovar nas imagem que se seguem.
Imagens 2 – Crianças e adolescentes, ritmistas da Bateria Audaciosa da Bole-Bole.


Fonte: Simei Andrade, 2019/2020.
O ritmo pulsante que a bateria de uma escola de samba produz e leva para a rua estimula as crianças a participarem ativamente do carnaval. Handrei Serrão Barbosa, 11 anos, ritmista da escola, afirma que toda a movimentação que o carnaval provoca no bairro dá “um ânimo pra sair na avenida” (Conversa informal, 6/02/2020). Corroborando com a afirmação de Handrei Serrão, Vetinho Martins[1] assevera que “aqui tem aquela coisa das crianças ficarem maravilhadas com o ritmo, com o grupo. Eles ficam, será que eu posso? Aí de repente o instrutor, o Fabrício, diz: pode! Aí pega esse chocalho aqui e bora vê, a gente vai ensinando” (Entrevista conversada, 20/03/20202). Esse conjunto de ideias, das pessoas que fazem a Bole-Bole, reafirma o que Maffesoli (1996) anuncia que o espetáculo, no nosso caso o carnaval, assegura uma função de comunhão, todos compartilham seus saberes e unem forças para mudança social do bairro do Guamá.
Durante a pesquisa de campo observamos que crianças menores de 5 anos, nas imagens que se segue temos Lívia Sophia Lima Alencar, 4 anos e Aylla dos Santos Silva, 4 anos, que não faziam parte da bateria da Bole-Bole, se encantavam com os instrumentos e com o som provocado pelas batidas, principalmente do surdo. Bastava os instrumentos serem colocados à vista de seus olhos para que corressem para perto deles. Seus corpos tão pequenos se tornavam ainda menores diante do tamanho dos instrumentos, o sorriso estampado era o primeiro sinal indicativo de estarem participando do carnaval, as mãos iniciavam a descoberta do objeto, em pouco tempo deles se apropriavam e o corpo, na sua totalidade, exibia um percussionista com muitas habilidades; “este participar alimenta a sensação de pertencimento e também instrumentaliza a criança para que em outro momento possa utilizar estes saberes em outras ocasiões” (Aires Neto, 2016, p. 111). As imagens a seguir alicerçam nossos argumentos.
Imagens 2 – O encantamento das crianças, Lívia Sophia Alencar e Aylla dos Santos pelos instrumentos de percussão.


Fonte: Simei Andrade, 2019.
A bateria, como uma das alas mais concorridas pelas crianças, tem suas singularidades e particularidades que arrebatam as crianças-brincantes, mesmo aquelas que não estão oficialmente na bateria. Segundo normas de proteção à criança, não é permitida a presença de menores de 12 anos no desfile na avenida do samba, o que gera certa frustração nessas crianças, como explica Guida Gordo[1]: “a gente tem, por exemplo, um problema sério, todo ano com a bateria, que é pegar autorização pra menor, tudo isso é empecilho, por que a autorização é a partir de 12 anos, a gente já deixou crianças frustradas aqui, chorando por que não ia desfilar na Bole-Bole.” (Entrevista conversada 30/01/2020).
Mesmo que não possam participar oficialmente, encontraram outra forma de “fazerem parte” da bateria da Bole-Bole. Acompanhavam a escola, nos arrastões e ensaios na sede com seus instrumentos, os tamborins, se colocando sempre ao lado do grupo, fora da ala. Elas seguiam os comandos do mestre de bateria, aprenderam os compassos e executavam o samba enredo com maestria.
Um dos eventos da Bole-Bole que acompanhamos foi o desfile oficial em 2019, na Aldeia Amazônica, noite que foi marcada por um acontecimento de suma importância para este estudo, que trata da espetacularidade da criança na cena carnavalesca, sendo necessário o registro neste ensaio.
As crianças-brincantes estão sempre ávidas a conhecer e interagir com pessoas e objetos, desde que lhes chame a atenção, não importando em que lugar, em que momento ou a quem pertença, elas vão buscar conhecer, sentir, ver, ouvir. Na imagem a seguir, várias crianças, entre 4 e 7 anos, em plena avenida do samba, no momento da concentração, em que alguns integrantes da bateria da Bole-Bole iniciam a afinação dos instrumentos, crianças se deslocam de vários pontos e observam concentradas os acordes da bateria.
Após esse breve ensaio, os instrumentos são deixados na via até que de fato o desfile comece; nesse momento as crianças vão se aproximando dos instrumentos de maneira tímida, talvez receosas de serem repreendidas; aos poucos vão se chegando e se concentram em um instrumento musical, o surdo, aquele que foi deixado no chão e não há ninguém cuidando dele. As pequenas mãos começam a sentir, a acariciar o instrumento, à medida que percebem que nenhum adulto os repreendeu por estarem ali, as cinco crianças se sentem à vontade para manusear aquele objeto. Elas dão batidas leves e fortes, com cada uma tendo sua vez de bater no instrumento; conseguem conversar entre si, depois todas juntas produzem um som só, como se estivessem criando outra música, que só elas podiam ouvir e compreender. “O corpo se organiza para o espetáculo por meio de um sistema de signos que define as possibilidades expressivas do corpo nas manifestações culturais” (Gomes, 2007, p. 175).
Os corpos das crianças se movimentam em todos os sentidos, as mãos freneticamente sobem e descem, os pés marcam a batida no chão, é “a junção de corpo e instrumento” (Aires Neto, 2016, p. 114). Considera ainda o autor que o corpo da criança-brincante é um “instrumento de aprendizagem e comunicação” (Idem, p. 130).
Observa-se que as crianças, com exceção de uma que se veste de super-herói, não estão caracterizadas com roupas que lembrem carnaval, embora estejam num ambiente, dentro do espaço da bateria, em que todos vestem uma fantasia, mas nem por isso se sentem envergonhadas ou tímidas, pelo contrário, a imagem mostra a interação do grupo. Neste sentido, Del Priore (2000, p. 73) destaca que “a infância é expectadora dos festejos, mas neles entra também como protagonista”.
Imagem 4 – Crianças na avenida do samba, junção de corpo e instrumento.

Fonte: Simei Andrade 2019.
As crianças criam outras lógicas para viverem as infâncias, são capazes de (re)criarem outros mundos, da fantasia, da imaginação, do brincar... que dão sentido à vida.
Na Bole-Bole, as crianças-brincantes estão presentes em todos os espaços, incluindo aquele à frente da bateria da escola de samba, como rainha. É neste lugar que encontramos Tharcylla Caroline Matos Monteiro, uma menina de 6 anos, participante dos eventos e ações da Bole-Bole, filha e neta de pessoas envolvidas nos trabalhos da sede e do barracão; é uma brincante simpática, risonha, falante, e ao som dos primeiros acordes dos tambores seu corpo se mexe num frenesi só. Observamos que Tharcylla Caroline imprime em seus movimentos gestos que imitam os da rainha da bateria. Nos arrastões culturais, momento dos ensaios, em que a bateria da escola puxa uma multidão de pessoas, ela sempre ficava próximo à rainha, que a convidava, algumas vezes, a dançarem conjuntamente na frente da bateria.
Na representação fotográfica, Tharcylla Caroline se mostra com a espetacularidade de uma rainha coroada, como demonstra sua postura corporal: tronco levemente para frente, braços abertos, pés em posição de quem está pronta para o samba e com um leve sorriso que demonstra que aquele lugar lhe faz bem. O mais interessante é que esta criança-brincante está no meio da bateria, no meio dos instrumentos, portanto, no espaço da animação, de levar alegremente o samba, não deixando o compasso cair; neste sentido “o corpo é aqui o veículo, a estrutura para a experimentação da criança” (Aires Neto, 2016, p. 111). A ludicidade está aí presente, nos modos de brincar e experimentar o carnaval, nos saberes que as crianças vão incorporando e ressignificando, como podemos observar a seguir:
Imagem 5 – Rainha de Bateria, Tharcylla Caroline, um mundo aos seus pés.

Fonte: Simei Andrade, 2020.
As crianças-brincantes produzem formas de comportamentos espetaculares que “expressam a maneira de ser, de se comportar, de se apresentar de forma distinta do cotidiano’ (Gomes, 2007, p. 61), o que se constitui numa espetacularidade associada ao mundo lúdico das crianças nas tradições culturais.
[1] Margarida do Espírito Santo Cunha Gordo, 48 anos, Profª da EAUFPA, faz parte da direção da Bole-Bole. Está na escola desde 1993.
[1] Herivelto Martins e Silva, conhecido por Vetinho, é compositor e diretor da Bole-Bole.
[1] Considerado um campo de estudo epistemológico e metodológico (Bião, 1998), a “Etnocenologia surgiu no século XX, em Paris no ano de 1995 a partir da Universidade Paris 8 Saint-Denis, UNESCO, Maison des Cultures du Monde presidida pelo sociólogo Jean Duvignaud, instituições articuladas para a realização do Colóquio de Fundação do Centro Internacional de Etnocenologia, tendo como principal propositor Jean-Marie Pradier, autor do Manifesto da Etnocenologia” (Santa Brígida, 2016, P. 136).
[2] A Etnociência se constitui num campo multidisciplinar de pesquisa científica que admite e respeita a diversidade cultural humana (Bião, 2009). “Posiciona-se como caminho alternativo à rigidez científica, sem menosprezar nenhuma das metodologias construídas pela ciência ocidental, mas utilizando-se delas como ferramentas para releituras que propiciem compreensão mais adequada e respeitosa da relação entre humanidade e natureza. [...]. A Etnociência[s] em sua significação literal é a ciência do outro” (Wieczorkowki; Pesovento; Téchio, 2018, p. 154 - grifo nosso), nesse campo estão incluídas a Etnopsicologia, a Etnomusicologia, a Etnolinguística, a Etnobotânica, a Etnohistória, a Etnopsiquiatria, a Etnoculinária, a Etnomátemática e a Etonocenologia, entre outras. A afirmação da Etnociência como campo de pesquisa em diversas áreas de conhecimento “revela a consolidação de um paradigma científico baseado no conceito de alteridade e na afirmação do multiculturalismo” (Bião, 2009, p. 96); o autor ainda destaca que o prefixo etno incorporados “a essas disciplinas serviu para explicitar uma perspectiva epistemológica e metodológica (Idem, p.97).
[3] O Manifesto da Etnocenologia é um documento que foi “redigido pelo Centro Nacional de Etnocenologia em 17 de fevereiro de 1995, na França. Tal manifesto é resultado de uma parceria entre a Maison de Cultures du Monde presidida na época por Jean Duvignaud –, a Unesco – então coordenada por Chérik Khaznadar – e o Laboratório Interdisciplinar de Práticas Espetaculares da Paris 8-Saint Denis – então coordenado pelo professor Jean-Marie Pradier” (Barreto, 2014, p. 43). Parte deste documento foi traduzida para a língua portuguesa, disponível no livro: Teixeira, João Gabriel L. C. (Org.). Performáticos, performance e sociedade. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1996.
[4] Podemos destacar os estudos de Ramos (2002), Dias Júnior (2009), Ferreira (2012), Palheta (2012), Gordo (2015) e Modesto (2017).
[5] A sede da Associação Carnavalesca Bole-Bole está localizada na Avenida José Bonifácio, passagem Pedreirinha, 143, Guamá.
[6] Tem 23 anos, é advogado, diretor de bateria da Associação Cultural Recreativa e Carnavalesca Império de Samba Quem São Eles. Viveu sua infância nas dependências da Bole-Bole, participando das ações desenvolvidas para crianças e jovens do bairro do Guamá, em Belém/PA (em entrevista concedida no dia 11/01/2020).
[7] José Fabrício Oliveira Meireles, conhecido popularmente como Mestre Mini, 41 anos, nasceu e vive até hoje no Guamá, na passagem Pedreirinha. É Mestre de Bateria da Bole-Bole, participou das primeiras oficinas na escola, posteriormente se tornou monitor na escola de samba e em outras instituições educativas do bairro. Aos 12 anos de idade se tornou o primeiro chefe de bateria mirim de Belém.
Conclusiones:
No Bole-Bole em fantasia eu vou renascer: conclusões do estudo
O estudo teve por objetivo compreender a espetacularidade da criança-brincante na cena carnavalesca em Belém do Pará. Neste sentido, as conclusões a que esta investigação chegou foram para além da espetacularidade das crianças-brincantes na cena carnavalesca, pois buscou trazer para este contexto científico as relações que elas estabelecem com o meio ambiente, com seus pares, com os adultos, com a família e com seus brincares, dando outro sentido à cultura popular e às culturas infantis.
Os resultados mostram que a Etnocenologia se constitui num método de pesquisa que respondeu com maior efeito às nossas expectativas no sentido de compreender a maneira como as crianças expressam suas vivências corporais e trazê-las a outro patamar – o de atores sociais que (re)constroem suas histórias, inseridos numa dada cultura que influenciam e pela qual são influenciadas. Na pesquisa com crianças, a Etnocenologia se mostrou um método que se abre para analogias, aproximação de ideias e noções, o que possibilitou a percepção de que no carnaval existem os saberes que as crianças trazem do convívio social e outros são apreendidos nos encontros dos quais elas participavam na Bole-Bole, saberes sobre ritmo, sobre dança, sobre o corpo, sobre amizade, sobre respeito, sobre ética, sobre política, sobre a vida que se traduz nas espetacularidades que as crianças-brincantes mostram no carnaval e que são incorporados na sua existência de sujeito amazônida, que vivencia uma infância urbana no bairro mais populoso da capital paraense.
Outro ponto importante que o estudo mostrou está relacionado ao espaço que as crianças-brincantes ocupam na cultura popular do bairro do Guamá. Apresentam-se não apenas como brincantes, mas fazem parte, de alguma forma, da organização desses eventos, embora seu trabalho seja quase imperceptível aos olhos dos adultos. Elas opinam de forma tímida, dão ideias sobre os assuntos que chamam a atenção, como o figurino, uma batida diferente para dar ao som do samba, uma pegada mais intimista; disponibilizam tempo para ensinar o que já aprenderam àqueles que ainda estão no estágio inicial da aprendizagem dos instrumentos musicais, mostrando a batida do som e como isso reverbera no corpo, na espetacularidade.
Apesar de exercerem funções estratégicas nessa estrutura gigantesca que é o carnaval, os adultos limitam suas participações ativas e na maioria das vezes, não levam em conta suas opiniões, escolhas, desejos e seus modos brincantes e espetaculares; ainda assim as crianças-brincantes conseguem subverter a ordem de que nada sabem. Por meio de suas culturais infantis associadas às culturas populares elas mostram que têm muito a nos ensinar, principalmente como ser protagonista da sua própria história que se agrega às culturas por elas vivenciadas em determinados espaços geográficos; mesmo sendo criança em um universo adulto que pouco valoriza e respeita as culturas infantis elas subvertem a lógica adultocêntrica e de maneira sábia colocam em prática seus modos de SER e ESTAR no mundo, ressignificando seus modos de vida e dando outros sentidos à cultura popular e (re)criando as culturas infantis.
Bibliografía:
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Barreto, T. D. M. (2014). Ausências: criação de dança a partir de um olhar para as mulheres em dois grupos de cavalo marinho da Zona da Mata Norte de Pernambuco. Dissertação de mestrado, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil.
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Palabras clave:
Etnocenologia. espetacular. Aumento ou polimento.