09:00 - 11:00
GT_08- Desigualdad, Pobreza y Exclusión Social
Grupos vulnerables, relaciones sociales de dominación y procesos de exclusión social: Coordina: Irene Lungo
#00057 |
APARTADAS, INTERMITENTES, DESENGAJADAS: Um panorama sobre os papeis, realidades e dificuldades encontradas pelas mulheres deslocadas internas nos campos de refugiados
GUILHERME VIEIRA BARBOSA1
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CARLOS EDUARDO DE ABREU BOUCAULT
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Num mundo globalizado onde há o conflito entre valores gerados por sistemas que pregam conceitos distintos, há uma minoria que se encontra vulnerável e à mercê de quaisquer direitos efetivos, os deslocados internos, que são todo grupo numeroso de pessoas que foram forçadas, de forma súbita ou inesperada, a desenraizar-se e a abandonar as suas casas, fixando-se em locais diferentes no seu país, em razão de perseguições por razões diversas, mas que acabam não cruzando fronteiras, o que por si só gera graves e acentuados problemas, já que acabam se submetendo a condições de vida degradantes nos locais onde lhes são permitidos sobreviver. A situação se agrava ainda mais tendo em vista que os deslocados internos estão inseridos num contexto onde inexiste uma organização internacional específica para sua proteção, e pior, onde o próprio Estado de tais migrantes geralmente é o grande (ou único) propulsor e gerador dessas migrações internas de pessoas observadas dentro de suas fronteiras, o que o torna, na maioria das vezes, como o principal agente potencializador de resultados e agravamentos de violência, opressão e perseguição à situação já complicada desses grupos. A partir do levantamento bibliográfico e do método dedutivo, observa-se o panorama jurídico-social desses migrantes que fogem para sobreviver, mas em vez de encontrar respaldo no novo local que os acolhe, acabam encarando entraves, às vezes, ainda piores. Ademais, partindo da mesma premissa e metodologia, focar-se-á em analisar e expor os principais conceitos, questões e propostas que abarcam o panorama dessas pessoas reféns e vulneráveis de sua própria lamentável situação, e mais especificamente de grupos minoritários de direitos inseridos no âmbito já precário das migrações forçadas, como as mulheres deslocadas internas, existentes nas estranhas desse fenômeno migratório, já que as dificuldades que se levantam diariamente para efetivação dos direitos a elas inerentes fogem do controle e ultrapassam todo limite admissível de razão e bom senso, já que tais minorias frágeis lutam por preceitos basilares e direitos mínimos existenciais, tal como a ruptura do dogma de sujeito único e universal de direitos pautado em estereótipos e condições extremamente divergente das suas, o que acabam por acarretar em imensuráveis dificuldades de se desenvolverem e se inserirem no seu contexto social de maneira digna e formal, além de garantir e efetivar o seu direito de ter direitos como marco de tolerância e respeito à dignidade humana independente de estereótipos, como, os que causaram suas perseguições e migrações.
#00125 |
Privaciones multidimensionales: el origen de la pobreza y la exclusión social. Un estudio para Argentina
Milena Poggiese1
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Maria Maria Ibañez Martin
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1 - Universidad Nacional del Sur.2 - Universidad Nacional del Sur - Instituto de Investigaciones Económicas y Sociales del Sur.
Los fenómenos sociales de pobreza y exclusión social son ampliamente estudiados desde diversas disciplinas. La pandemia por COVID-19 ha puesto en relevancia ambas problemáticas sociales, debido al fuerte impacto que la situación sanitaria ha tenido sobre las economías y sus poblaciones. Adicionalmente, la consecuente crisis ha evidenciado la desigualdad social intrínseca de los países latinoamericanos. Argentina, producto de la pandemia y las medidas tomadas en consecuencia, presentó una fuerte caída en el nivel de actividad económica acompañada por un aumento del desempleo y de la pobreza. Los estudios previos y posteriores a la pandemia han demostrado cierta confusión en tratamiento de los términos de pobreza y exclusión social. Sin embargo, estos no son sinónimos sino que refieren a problemáticas sociales distintas, con características y consecuencias diferentes para la sociedad que las padece. Esta ambigüedad podría fundamentarse en que tienen como punto de partida situaciones de privación. Conocer el grado de pobreza y exclusión social de una economía se vuelve un aspecto clave para la programación de políticas, más aún en una situación de crisis como la ocurrida en el marco de la pandemia por COVID-19. El presente trabajo presenta una discusión teórica sobre la pobreza y la exclusión social y, a su vez, debido a su origen compartido, mensurar las privaciones multidimensionales en Argentina antes y después de la medida de Aislamiento Social Preventivo y Obligatorio establecido en el marco de la crisis sanitaria. Para cumplimentar el objetivo se esboza una exhaustiva revisión conceptual-teórica y se estima el indicador de privaciones multidimensionales agregado propuesto por Ibáñez Martín (2018) para los años 2019 y 2021. Adicionalmente, se analiza si las privaciones multidimensionales se distribuyen de forma desigual en función del género y de la región en la que habitan las personas, teniendo en cuenta que vasta literatura los considera como factores que propician la generación de situaciones de exclusión social. Los resultados preliminares permiten sostener que la pandemia por COVID-19 ha agudizado las situaciones de privación en Argentina en múltiples esferas. A su vez, esta crisis ha profundizado las diferencias entre grupos sociales con relaciones de dominación. Este trabajo constituye el punto de partida para realizar un análisis sobre la situación de exclusión generada como consecuencia de la crisis sanitaria vivida en 2020; para poder concluirlo se debe contar con un periodo temporal más extenso post pandemia que permita darle el dinamismo que caracteriza al fenómeno de la exclusión.
#00231 |
Neoliberalismo e o Sucateamento das Políticas Públicas no Brasil: aumento das vulnerabilidades da população brasileira frente à pandemia
Partindo do princípio de que a desigualdade social é um processo existente dentro das relações da sociedade capitalista, pode-se destacar algumas características de consenso no debate sobre a exclusão social: ela engloba a pobreza, porém vai mais além, pois se define como a impossibilidade inserção social; exclusão social é um fenômeno multifatorial e multidimensional, englobando às questões econômico-ocupacionais, isolamento dos indivíduos, abalo do sentimento de pertencimento social, anomia, crise de vínculos sociais e de coesão social. Na lógica da experiência do Estado de Bem Estar Social, as políticas públicas correspondem aos direitos assegurados constitucionalmente ou que se afirmam graças ao reconhecimento por parte da sociedade e/ou pelos poderes públicos. Neste sentido, as políticas públicas são fundamentais para minimizar as desigualdades sociais e promover a inclusão social dos mais vulneráveis. De forma geral, a inclusividade como horizonte propõe uma sociedade onde as pessoas, todas elas cidadãs e cidadãos de pleno direito, possam ter acesso a aqueles mecanismos de desenvolvimento humano e inserção em redes sociais que lhes permitam desenvolver seus projetos vitais em condição de máxima liberdade e igualdade, na ausência de relações sociais de dominação, em um contexto gerador de autonomia e de reconhecimento da diversidade. Nenhum sentido contrário , ou o neoliberalismo justifica a livre circulação de dois capitais e a diminuição da interferência do Estado na economia e nas questões sociais. Há ainda uma perspectiva individualista, ou um mercado sério, portanto, de acordo com a concepção epistemológica neoliberal, ou o único fator racional na organização da sociedade e sua organização econômica, bem como o sistema ótimo de alocação de recursos. Dessa forma, os neoliberais explicam a desigualdade social pela meritocracia e a superação da exclusão depende unicamente do esforço individual de cada um. A incorporação de ideias neoliberais no governo Bolsonaro desmantelou e/ou prejudicou a implementação do sistema de proteção social no Brasil, garantido pela Constituição de 1988. Pode-se apontar a incapacidade do governo neoliberal de lidar com a pandemia, devido às desigualdades evidentes na sociedade e as várias dimensões da exclusão social. Uma nova perspectiva de corte das políticas públicas, de menos Estado e mais economia, inviabiliza ou combate as complexidades das vulnerabilidades sociais. Pretende-se, para efeitos deste trabalho, discutir a incapacidade do atual governo para enfrentar os problemas causados pela pandemia de COVID-19 e analisar em profundidade os níveis de exclusão social no país.
#00477 |
“Estudio de la pobreza en La Provincia Bolívar año 2020”
La pobreza es una realidad a la que todos nos enfrentamos ya sea de manera directa o indirecta debido a que la la pobreza es hambre es falta de techo bajo el cual resguardarse es estar enfermo y no poder ser atendido por un médico es no poder ir a la escuela y no saber leer es no tener trabajo, tener miedo al futuro y vivir día a día es perder a un hijo debido a enfermedades relacionadas con el agua impura la pobreza es la impotencia que se tiene al no poder cambiar el estilo de vida , pero todo esto no parece importarle al Estado vulnerando así los derechos humanos y malgastando el dinero que debe ser empleado para la erradicación de la misma. La pobreza también es ola carencia de recursos, medios y oportunidades para la satisfacción de necesidades básicas, mínimas y de carácter cultural esto se da porque aún existe el pensamiento de que solo las personas pudientes tienen derecho a acceder a una educación de calidad o a ocupar un cargo de importancia a pesar de que otra persona tenga el mismo nivel de educación. Actualmente y más aun con la llegada de la crisis sanitaria hemos visto un escenario similar al antes mencionado pero esto parece no importarle a los grandes capitalistas dueños de empresas, bancos,farmacéuticas, exportadoras de alimentos y arrendatarios, los mismo que a costilla del dolor ajeno han llenado sus bolsillos con sobreprecios en los diferentes productos a un país que vive del trabajo diario. Se hizo evidente también que aún existe el privilegio en ciertos sectores como salud y educación, y la falta de inversión por parte del Estado en zonas rurales al no contar con escuelas, colegios bien equipados con tecnología de punta para garantizar una educación de calidad a los niños y jóvenes del sector rural, ya que si las futuras generaciones no se educan corren el riesgo de seguir el mismo patrón de pobreza que sus padres haciéndose hereditaria la pobreza.
#00674 |
Desigualdad por “acumulación de desventajas”. El caso de Hueyapan (Morelos, México)
Esta ponencia presenta las características de vulnerabilidad y la carga de “acumulación de desventajas” (Merton, 1968) de la comunidad indígena de Hueyapan (Morelos, México), que quedaron manifiestas luego de que el sismo de 19 de septiembre de 2017 afectara el 90% de sus viviendas. La investigación permitió, a partir de la antropología, revisar el concepto de desigualdad desde el "enfoque multidimensional" propuesto por Luis Reygadas (2008) y su aplicación con fines de análisis en el sitio elegido para la investigación. A partir de la identificación de factores geográficos, étnicos, sociales, políticos y económicos, que hacen de Hueyapan una comunidad en situación vulnerable, el propósito fue contrastarlos con la propuesta de Reygadas como elementos de la trama de desigualdad en el nivel individual, institucional y estructural para comprender el sistema de reproducción de asimetrías que persisten en la localidad. El estudio, utiliza una metodología etnográfica que implicó trabajo de campo en el lugar de estudio, a finales de 2019 y de 2021. Durante la estancia, además de la observación participante, se utilizó un diario de campo y se realizaron entrevistas tanto de informantes internos, que vivieron los procesos de sismo y reconstrucción, como de informantes externos que ingresaron a Hueyapan luego del sismo con intención de apoyar. Por las condiciones de confinamiento impuestas por la pandemia que impidieron otra temporada de trabajo de campo, se dio un seguimiento remoto a la comunidad, a través de herramientas digitales —lo que permitió mantener el contacto con los informantes— y revisiones hemerográficas, a fin de conocer la evolución y estado, del proceso de reconstrucción. El presente trabajo muestra a diversos actores que han experimentado las condiciones de vulnerabilidad en Hueyapan, desde su papel de “beneficiarios”, “beneficiados” u “olvidados”, como están catalogados para efectos de la investigación. Los “beneficiarios” generalmente son actores externos que a través de organizaciones civiles, religiosas y gubernamentales ingresaron a la comunidad para implementar proyectos de reconstrucción de vivienda —y que para mediados de 2019 habían salido de la misma por falta de financiamiento para continuar con los proyectos—. Los “beneficiados” son los habitantes que recibieron apoyo de parte las organizaciones mencionadas para la reconstrucción de sus viviendas. Finalmente, el documento se refiere a los “olvidados”, aquellas personas que no han recibido beneficio alguno de organizaciones civiles, religiosas o gubernamentales en el proceso de reconstrucción, mostrando que siguen vigentes las brechas de desigualdad, las condiciones de pobreza y la carencia de vivienda digna. Las conclusiones evidencian que, aun cuando es innegable el trabajo que desarrollaron las diversas organizaciones en Hueyapan después del sismo, estas expresiones fueron un ejercicio subsidiario, vertical, de tipo asistencialista que dificulta apreciar una posible disminución en las brechas de desigualdad en la comunidad estudiada.
Introducción:
El objetivo de la presente investigación es evidenciar las características de desigualdad presentes en la comunidad de Hueyapan (Morelos, México), que quedaron expuestas luego de que el sismo de 19 de septiembre de 2017 afectara el 90% de sus viviendas. El evento sísmico hizo visible el grado de vulnerabilidad de la comunidad de Hueyapan que, siguiendo el concepto de Merton (1988) tiene una suerte de “acumulación de desventajas”, por sus altos niveles de pobreza, las brechas de desigualdad, su condición de comunidad indígena, además de que, por estar localizada en las faldas del volcán Popocatépetl, tiene alto nivel de riesgo volcánico y/o sísmico. A ese contexto económico, étnico y geográfico, se agrega un complejo contexto histórico que muestra los problemas políticos y el conflicto por los recursos naturales entre esta comunidad y el municipio vecino de Tetela del Volcán, con quien al momento del sismo tenía una disputa por la segregación de Hueyapan.
Tomando como referencia el “enfoque multidimensional” propuesto por Reygadas (2008), se analizaron los elementos que hacen de la comunidad estudiada un espacio vulnerable. Además del análisis teórico, se documentó el proceso de reconstrucción que estuvo a cargo de organizaciones civiles, religiosas y gubernamentales externas a la comunidad. La investigación intenta dar cuenta de la incidencia que estas organizaciones tuvieron para ayudar a cerrar brechas de desigualdad.
Desarrollo:
El 19 de septiembre de 2017 un sismo de magnitud considerable (7.1 grados en escala de Richter), sacudió el territorio mexicano. Cientos de miles de viviendas se vieron afectadas en los estados de Chiapas, Oaxaca, Morelos, Puebla y Ciudad de México. La comunidad indígena de Hueyapan en el estado de Morelos tuvo afectaciones de “daño total” en el 30% de sus viviendas y otro 60% de “daño estructural” o irreparable de acuerdo con Jesús Cortés Montaño, entonces comandante de la Guardia Civil Comunitaria, según lo consignado por Velasco (2017).
De acuerdo con el Censo de población y vivienda del INEGI (2010) el municipio de Tetela del Volcán (al que entonces pertenecía Hueyapan antes de segregarse) contaba con una población de 19,931 habitantes, 52% mujeres y 48% hombres. El censo consigna que el 74.8% de las personas que habitaban el municipio se encontraban en situación de pobreza y pobreza extrema, lo cual hacía que el lugar estuviera incluido en el programa de Zonas de atención prioritaria, que según el artículo 29 de la Ley General de Desarrollo Social, considera de esta manera a “las áreas o regiones, sean de carácter predominantemente rural o urbano, cuya población registra índices de pobreza, marginación indicativos de la existencia de marcadas influencias y rezagos en el ejercicio de los derechos para el desarrollo social” .
Tuirán Gutiérrez (2005) en el documento La desigualdad en la distribución del ingreso monetario en México ubicaba a Tetela del Volcán en el año 2000 con una elevada desigualdad, en un índice de Gini de 0.657, tomando en cuenta que este coeficiente mide la total igualdad como 0 y la total desigualdad como 1.
De acuerdo con el Censo de población y vivienda del INEGI (2020) el nuevo municipio de Hueyapan cuenta con una población de 7,855 habitantes de los cuales 4,131 son mujeres (52.62%) y 3,724 son hombres (47.32%). El censo registra además una población indígena de 5,519 personas (70.26%) y una población en situación de pobreza de 7,087 habitantes (90.2%). Estos datos sitúan a Hueyapan como una Zona de atención prioritaria, según se definió anteriormente, con un grado de rezago social medio y un importante grado de marginación.
Con el contexto de vulnerabilidad descrito y desde el carácter multidimensional que ofrece Reygadas (2008) para intentar una comprensión de tipo holístico sobre la desigualdad, podemos decir que la problemática descansa en una serie de razones en las que es necesario detenernos para ampliar el campo de análisis.
La desigualdad no se refiere únicamente a cuestiones económicas, sino que atañe a todos los aspectos de la vida. Si bien es cierto que el criterio más primario para medir tanto la desigualdad como la pobreza es el ingreso, reducir la mirada a la desigualdad por ingresos, nos privaría de ver la afectación al “conjunto de la experiencia social”. Es necesario tomarla, como punto de partida sin hacer de esta el análisis único.
La desigualdad es multidimensional porque las diferencias económicas entre las personas se encuentran estrechamente vinculadas con la clase social, el género, la etnia y otras formas de clasificación social. En el caso de la comunidad de Hueyapan, no bastó con revisar los elementos cuantitativos referentes al ingreso individual o familiar, sino la manera en que este ingreso está afectado por las relaciones de género entre hombres y mujeres o por el hecho de que la comunidad, una etnia indígena nahua, mantiene su lengua y sus tradiciones no solo en los aspectos sociales y religiosos, sino también en lo político y su forma de gobierno, ahora como municipio autónomo indígena.
La desigualdad es, en última instancia, una cuestión de poder. En Hueyapan, las relaciones de poder no tienen solo motivaciones políticas o económicas. El complejo análisis de las asimetrías comunitarias, que en el ideal y en el discurso se presenta como una cohesión identificada con su lengua y sus tradiciones, pasa por la pugna que se tienen por los recursos naturales como el agua y el bosque, elementos que son compartidos con las comunidades vecinas y que han desencadenado enfrentamientos e incluso muertes. Aunado a esta problemática, la comunidad enfrentó desde 2017 la decisión de separarse políticamente del municipio de Tetela del Volcán, al que pertenecía desde 1937, para convertirse en un municipio autónomo indígena. Esto desencadenó una serie de conflictos, lo mismo con el presidente municipal de Tetela, que no dio su firma para autorizar la separación, que al interior de la comunidad. Durante 2021 Hueyapan se debatía entre una forma de gobierno de municipio autónomo indígena o una de municipio libre —figura jurídica que generalmente rige en el país—, predominando la primera.
Este complejo entramado de asimetrías en la comunidad, debido a la diversa cantidad de factores geográficos, políticos, económicos, sociales, étnicos y culturales que estaban en juego, quedó expuesta con el sismo de 2017. Luego del evento sísmico y debido a las condiciones comunitarias descritas, ingresaron a la comunidad diferentes organizaciones civiles religiosas y gubernamentales para apoyar en el proceso de reconstrucción. El enfoque de la investigación se puso en “Corazones por México”, organización civil creada a raíz del sismo, que en conjunto con la organización católica internacional “Famvin Homeless Alliance” (FHA), implementaron el proyecto “13 casas”, que buscaba “dignificar” a los beneficiarios “haciéndolos partícipes de su propio desarrollo”. El proyecto tenía una meta inicial que pretendía construir 100 casas, pero debido a la falta de recursos cerró su meta en 35 de ellas. La investigación recogió además el trabajo de la organización católica internacional “Caritas”, la propuesta del gobierno estatal “Unidos por Morelos”, la respuesta del gobierno federal a través del Fideicomiso del Fondo Nacional de Desastres Naturales (Fonden), o incluso proyectos, aunque menores, como los del Banco Mundial o la fundación de la empresa de alimentos “La Costeña”.
Descripción del Método
Las dificultades de la investigación
Durante el desarrollo de la investigación se utilizó el método etnográfico. A decir de Restrepo (2016) “se ha considerado que la etnografía es una técnica de investigación que estaría definida por la observación participante”. Dicha observación implicó una estancia de trabajo de campo en la comunidad durante diciembre de 2019. Luego, la pandemia que afectó las condiciones globales impidió otra estancia presencial, por lo que se dio seguimiento a la comunidad de manera remota, a través del contacto telefónico con algunos habitantes y la revisión hemerográfica de lo que iba aconteciendo en la localidad. Finalmente se pudo lograr una segunda estancia de trabajo de campo en diciembre de 2021.
Para desarrollar el trabajo de campo, San Román (2009) propone dos etapas:
1) La observación e información cotidiana sobre las personas y situaciones que se estudian, que permiten trazar las regularidades, los procesos y dinámicas, las variaciones y la consistencia en las pautas de comportamiento;
2) la recogida de información a través ‒sobre todo, en este primer momento, aunque no sólo‒ de técnicas cualitativas adecuadas que permitan profundizar en ciertos aspectos y plantear las contradicciones y variaciones que se dan entre los miembros del grupo estudiado.
Partiendo de tales recomendaciones, durante las etapas de campo de la investigación se desarrollaron las siguientes técnicas en el trabajo de campo:
Observación participante. Para la que obtuvo el permiso de ingreso a Hueyapan, tanto de las autoridades comunitarias como de las organizaciones que implementaron el proyecto “13 casas”. Gracias a estos permisos se autorizó durante la estancia de campo, no solo la observación si no la convivencia con los actores de la comunidad y de las organizaciones, que participaban en el proceso de reconstrucción.
Diario de campo. A decir de Restrepo (2016), esta es una de las técnicas etnográficas de investigación más importantes, pues en una investigación etnográfica el éxito del trabajo de campo depende en gran parte de realizar un adecuado diario de campo. Dirá Restrepo que sin diario de campo los “datos” se pasean frente a las narices del investigador sin que éste tenga cómo atraparlos, organizarlos y otorgarles sentido para su investigación.
Uso de informantes. Que siguiendo a Restrepo (2016) quedan definidos “como aquella persona del lugar donde realizamos el trabajo de campo, fundamental para el proceso de la investigación, con quien establecemos de una forma respetuosa una relación sistemática de aprendizaje.” Entendido de tal forma, la investigación se apoyó tanto de informantes que residen en la comunidad estudiada (internos) y que fueron objeto de la implementación de los proyectos, como de informantes que formaban parte de las organizaciones a cargo de los proyectos de reconstrucción (externos) y que eran responsables tanto de la planeación como de la supervisión de estos.
Conclusiones:
Este trabajo investigativo muestra los diferentes factores que hacen de Hueyapan una comunidad vulnerable y asimétrica. La exposición de las desigualdades que quedó al descubierto con el sismo de 2017 intentó ser paliada por organizaciones externas a la comunidad que ingresaron a ella para apoyar el proceso de reconstrucción. El trabajo de campo recogió algunas voces de lo que pudiéramos llamar “los beneficiarios, los beneficiados y los olvidados”. Los “beneficiarios” a través de los testimonios de miembros de “Corazones por México” y la “Famvin Homeless Alliance”, relatan el papel que desarrollaron estas organizaciones en la comunidad después del sismo, las expectativas iniciales propuestas y sus resultados. Los “beneficiados”, a través de testimonios de personas que recibieron el apoyo de parte de dichas organizaciones, relatan como vivieron la implementación del proyecto de vivienda y finalmente, los “olvidados” se refiere a un par de testimonios de personas que hasta finales de 2021 no habían recibido beneficio alguno ni de organización civil, religiosa o gubernamental. Esto refleja lo complicado de la cobertura del proceso de reconstrucción a cuatro años del sismo en Hueyapan. Aún más evidencian que las brechas de desigualdad, las condiciones de pobreza y la carencia de una vivienda digna, sigue vigente.
Conclusiones
Apoyado en el soporte teórico de Reygadas (2008), en los reportes de INEGI (2010, 2020) y en el trabajo de campo desarrollado en la comunidad en diciembre de 2019 y diciembre de 2021, se logró una caracterización que permitía entender no solo la desigualdad y pobreza existente en la comunidad, sino que además permitía asomarse a los conflictos internos, debido a problemáticas políticas y el conflicto por el agua. Estos elementos, expuestos por el sismo, permitieron entonces un análisis que explicaba la reproducción comunitaria de las asimetrías, que se expresaban también al exterior de Hueyapan.
Del trabajo de “Corazones por México” y “Famvin Homeless Alliance” en el apoyo post sísmico, la investigación encontró que si bien, durante la estancia de estas en la comunidad, se apoyó con víveres, medicamentos, casas de campaña, laminas entre otros, en un primer momento y luego con el proceso de reconstrucción de 35 viviendas en un segundo momento, al final, las organizaciones salieron de la comunidad sin dar seguimiento a los procesos que motivaron su ingreso.
Aun cuando, las organizaciones eligieron una comunidad pobre, con condiciones de vulnerabilidad geográfica, de alta marginación y desigualdad, con la finalidad de “dignificar” a 35 familias otorgándoles una vivienda, no se pudo cumplir el objetivo de “hacerlos participes de su propio desarrollo”, como indicaba el ideal de su programa inicial y termino siendo un proyecto subsidiario, que sin dejar de ser muy importante, no permite apreciar efectos a largo plazo que hablen de una erradicación de la pobreza o una disminución de la desigualdad en la comunidad beneficiada.
Recomendaciones
Probablemente, el ideal de “hacer partícipe de su propio desarrollo” a una comunidad, en condiciones como las descritas en Hueyapan, pudiera sonar ambiciosa, no solo para las organizaciones revisadas, sino para cualquier proyecto de desarrollo. Tal vez este ideal no ha logrado cristalizarse debido a la misma problemática que mantienen las organizaciones gubernamentales, religiosas o civiles que administran recursos o apoyos para comunidades vulnerables: la dificultad de convertir un ejercicio vertical, normado por el poder económico, religioso, político y transformado en caridad o apoyo a los pobres, en un ejercicio horizontal en el que la comunidad sea la responsable de la gestión y manejo de sus proyectos y recursos en un ejercicio de solidaridad, que permita a los individuos reconocer y valorar los beneficios que pueden favorecerles a largo plazo, para cerrar las brechas de la desigualdad y erradicar en la medida de lo posible sus condiciones de pobreza.
Bibliografía:
Instituto Nacional de Estadística, Geografía e Informática (INEGI), "Censo de Población y Vivienda 2010," (en línea), 2010, consultado por Internet el 16 de mayo de 2022. Dirección de internet: https://www.inegi.org.mx/programas/ccpv/2010/.
Instituto Nacional de Estadística, Geografía e Informática (INEGI), "Censo de Población y Vivienda 2020," (en línea), 2020, consultado por Internet el 16 de mayo de 2022. Dirección de internet: https://www.inegi.org.mx/programas/ccpv/2020/.
Ley General de Desarrollo Social, "Artículo 29, " (en línea) 20 de enero de 2004, consultada por Internet el 16 de mayo de 2022. Dirección de internet: https://www.diputados.gob.mx/LeyesBiblio/pdf/264_250618.pdf.
Merton, R. K. "The Matthew Effect in Science, II: Cumulative Advantage and the Symbolism of Intellectual Property, " Isis (en línea), 79, no. 4, 1988, consultado por Internet el 14 de mayo de 2022. Dirección de internet: http://www.jstor.org/stable/234750.
Reygadas, L. "La apropiación. Destejiendo las redes de la desigualdad," Anthropos - Universidad Autónoma Metropolitana (UAM), 2008.
Restrepo, E. "Etnografía: alcances, técnicas y éticas, " Envión editores, (en línea), 2016, consultado por Internet el 03 de octubre de 2019. Dirección de internet: //www.ram-wan.net/restrepo/documentos/libro-etnografia.pdf
San Román, T. "Sobre la investigación etnográfica, " Revista de Antropología Social (en línea), Vol. 18, 2009, consultado por Internet el 03 de octubre de 2019. Dirección de internet: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=83817222011
Tuirán Gutiérrez, A. "La desigualdad en la distribución del ingreso monetario en México, " Consejo Nacional de Población (CONAPO), 2005.
Velasco, M. "Con daños irreparables, 90 por ciento de viviendas en Hueyapan, " Excelsior (en línea), 22 de septiembre de 2017, consultado por Internet el 14 de mayo de 2022. Dirección de internet: https://www.excelsior.com.mx/nacional/2017/09/22/1190075
O trabalho análogo à escravidão segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) inclui a noção de condições degradantes de trabalho, de jornada exaustiva, e ainda a de servidão por dívida. Os perfis dos trabalhadores resgatados em condições análogas à escravidão, principalmente em áreas rurais, são de homens jovens, com pouca ou nenhuma escolaridade e sem acesso às políticas públicas de saúde, segurança, ou emprego. No enfrentamento desta forma de escravidão contemporânea atuam em diversos níveis: o judiciário e o Ministério Público do Trabalho. A Comissão Pastoral da Terra (CPT) desenvolve um importante papel na denúncia e cobrança das punições cabíveis. Estes atores desempenham um papel importante no Brasil, tanto na denúncia como na punição daqueles autuados por trabalho análogo à escravidão. Contudo, a politicas de erradicação esbarram na ausência do Estado no enfrentamento do problema, principalmente neste último governo eleito em 2018 no Brasil, com uma pauta conservadora e redução das políticas públicas de combate ao trabalho escravo, restringindo, inclusive às informações por tempo indeterminado das operações fiscais realizadas e das empresas e fazendeiros envolvidos. Neste artigo, o objetivo principal reside em evidenciar as formas contemporâneas de escravidão, sob a luz das desigualdades no Brasil, principalmente em áreas rurais no Estado do Pará e as consequências do desmonte das politicas de combate ao trabalho análogo à escravidão. Os procedimentos metodológicos são resultados de uma pesquisa quantitativa sobre os dados e estatísticas de trabalhadores resgatados e de empresas e empresários integrantes da lista suja do trabalho escravo no Brasil. Procede-se com uma pesquisa qualitativa das entrevistas realizadas com trabalhadores resgatados em áreas rurais no Estado do Pará. Finalmente, procuro demonstrar que a negação do trabalho escravo por parte dos empregadores e empresas autuadas, só podem ser compreendidas pela desigualdade histórica em que foram construídas as relações sociais no Brasil.
11:00 - 13:00
GT_08- Desigualdad, Pobreza y Exclusión Social
Grupos vulnerables, relaciones sociales de dominación y procesos de exclusión social: Coordina: Irene Lungo
#00516 |
Una aproximación etnográfica al funcionamiento de las distinciones y fronteras sociales en la periferia urbana
Mi objetivo en esta ponencia es ofrecer un relato etnográfico de cómo los recursos simbólicos son utilizados en las interacciones vecinales que legitiman fronteras sociales y morales en el barrio. Estas fronteras no solo determinan las oportunidades de participación y el acceso a lo público, sino que también dan lugares en la (re)producción de las jerarquías del espacio social. Lo haré a través de una descripción de las prácticas de los vecinos para recuperar un huerto urbano abandonado que está ubicado dentro de una colonia popular en Ecatepec, en el marco de sus relaciones con intermediarios políticos y demás autoridades locales. Aquí intento discutir sobre cómo estas prácticas están referenciadas a diferentes modos de comprender el espacio social del barrio. Lo que los actores que utilizo como informantes sugieren es que no solo se trata solo de arreglar el huerto, sino de convivir con los diferentes conflictos y contradicciones que implica la sociabilidad en el México urbano. Es decir, los vecinos no (re)producen las fronteras sociales y morales como entes pasivos; también están creando umbrales de inclusión/exclusión. Las marcas simbólicas de estigma y pérdida de estatus son utilizadas como formas de distanciamiento que se hacen los vecinos a través de una evaluación moral. Esa diferenciación de estatus y prestigio son cruciales en la sociabilidad de la colonia, pues determina los umbrales de inclusión y respetabilidad en las interacciones cara a cara en la colonia. Mis informantes decían que era necesario moralizar el espacio público de la colonia, otra forma de referirse a eliminar aquellas figuras —rasgos, marcas y prácticas— que se consideran amenazantes para un sector de la comunidad. El modo en que se desarrolló y culminó el conflicto sobre el huerto durante mi estadía en la colonia provee una ilustración sobre la dinámica de las interacciones a nivel microsocial, de donde surgen las subjetividades colectivas y se constituyen y reproducen de manera cotidiana las fronteras morales que sostienen las distinciones sociales del espacio.
#00795 |
A pobreza e a exclusão no feminino- o caso das trabalhadoras domésticas em Portugal
Virgínia Baptista1
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Paulo Marques Alves
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1 - IHC- NOVA FCSH.2 - Iscte-IUL e DINAMIA'CET-Iscte.
Por todo o mundo a pobreza é maioritariamente feminina - a nível de salários e das profissões historicamente desempenhadas por mulheres ligadas ao cuidar. Pretendemos demonstrar a importância do valor económico do trabalho reprodutivo na sociedade capitalista. Temos por objetivos compreender as condições de vida das trabalhadoras domésticas na sociedade portuguesa, comparando diferentes épocas históricas. Numa primeira parte iremos abordar quem eram as trabalhadoras domésticas no país e, por último, refletir sobre o trabalho doméstico das mulheres muitas atualmente imigrantes. Como vários autores salientaram para o resto da Europa (Danielle Chabaud et al, 1985) também a condição do trabalho doméstico, em Portugal, tem sido tradicionalmente marcada pela pobreza, vulnerabilidade e pela falta de direitos sociais, levando as trabalhadoras domésticos a uma subjugação permanente relativamente aos seus empregadores e a experiências de vida difíceis. Até ao final da década de 1950, Portugal era um país essencialmente rural. Verificou-se que desde o final do século XIX que a maioria das trabalhadoras domésticas eram jovens migrantes das zonas rurais, analfabetas, que vinham trabalhar nas cidades. Muitas viviam nas casas dos seus empregadores, sem horários fixos de trabalho e dormindo em espaços limitados, frequentemente enfrentando gravidezes e partos não desejados. Em regra, os filhos das trabalhadoras domésticas nasceram nas maternidades públicas, sendo muitos deles considerados ilegítimos, por não serem reconhecidos pelos pais. Nestes casos, algumas crianças, em Lisboa, eram entregues aos cuidados da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, uma instituição de assistência, até que as suas mães tivessem recursos económicos para cuidar delas. O que está a acontecer atualmente? Existem mulheres trabalhadoras domésticas, maioritariamente oriundas de África e do Brasil, com condições precárias de trabalho, muitas sem contratos e sem direitos sociais (Soeiro e al, 2020). Visamos debater estas questões: Como se situam estas mulheres isoladas no mercado de trabalho? Como se enquadram socialmente estas mulheres trabalhadoras que são sujeitas à dominação, frequentemente, de outras mulheres? Como atuam estas trabalhadoras para a mobilização associativa para superar aleatoriedades laborais? No atual contexto pandémico que vivemos estas trabalhadoras foram muito afetadas pelo desemprego e pela pobreza. Baseámos-mos em dados estatísticos de diversas épocas e realizámos entrevistas a trabalhadoras domésticas e a dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Actividades Diversas (STAD). Concluímos que apesar da profunda transformação social que ocorreu em Portugal nas últimas décadas, muitas características das trabalhadoras domésticas permanecem, em particular a condição precária e vulnerável, sendo a pobreza e a falta de direitos sociais um reflexo da desigualdade de género e das políticas estatais.
Introducción:
Introdução:
Este texto centra-se nas mulheres denominadas de trabalhadoras domésticas em Portugal. O nosso objetivo é demonstrar a importância do valor económico deste trabalho produtivo para a reprodução da sociedade capitalista.
Baseámo-nos, em fontes primárias, nos recenseamentos da população de 1890 a 2011, em bibliografia nacional e internacional e em testemunhos orais que recolhemos de trabalhadoras domésticas e de dirigente do STAD – Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Actividades Diversas.
Em primeiro lugar, iremos referir as atividades que foram integradas na nomenclatura profissional «trabalho doméstico» nestas fontes primárias. Em seguida, mostraremos como as percentagens destas trabalhadoras evoluíram diacronicamente no mercado de trabalho, através dos números que recolhemos.
Numa segunda parte, debateremos as perspetivas e as realidades das trabalhadoras domésticas na atualidade, com base em entrevistas com trabalhadoras portuguesas e imigrantes e dirigentes sindicais do STAD.
Até ao final da década de 1950, Portugal era um país essencialmente rural. Raparigas e mulher jovens migraram dos campos para as cidades, a maioria para trabalharem como criadas de servir ou trabalhadoras domésticas (Brasão, 2012). Pelo Recenseamento Geral da População, sabemos que no ano de 1940, em Lisboa, a capital do país, as criadas de servir eram 45,5% da população ativa feminina e, no Porto, a segunda cidade mais importante, eram 40.6% das mulheres trabalhadoras. Em regra, os filhos das criadas de servir/trabalhadoras domésticas nasceram nas maternidades públicas, por serem muito pobres, muitas eram solteiras, grande parte dos filhos não eram reconhecidos pelos pais e eram considerados ilegítimos, ou bastardos pela sociedade. Devido à impossibilidade destas mães cuidarem dos filhos, muitas crianças eram entregues aos cuidados da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, uma instituição de assistência social, até que as suas mães tivessem recursos económicos para cuidar delas ou serem educadas pela instituição, aprenderem um ofício e começarem a trabalhar.
Na cidade de Lisboa, existiu um albergue noturno, fundado pelo rei D. Luís I, situado no Largo do Intendente, próximo de diversos hospitais: Hospital de S. José, Hospital de São Lázaro, Hospital do Desterro e Hospital D. Estefânia, para as pessoas necessitadas pernoitarem por alguns dias. Entre 1883 e 1899, o albergue noturno acolheu 3254 mulheres, destas 197 eram parturientes, a maioria das mulheres albergadas tinham o estado civil de solteiras, 2042, sendo 1798 criadas de servir (Baptista, 2016, p. 192-198).
Como vários autores salientaram para o resto da Europa (Chabaud-Rychter, D., Fougeyrollas-Schwebel, D., & Sonthonnax, F., 1985) também a condição do trabalho doméstico, em Portugal, tem sido tradicionalmente marcada pela pobreza, vulnerabilidade e pela falta de direitos sociais, levando as trabalhadoras domésticos a uma subjugação permanente relativamente aos seus empregadores e a experiências de vida difíceis. O que está a acontecer atualmente? Existem mulheres trabalhadoras domésticas, maioritariamente oriundas de África e do Brasil, com condições precárias de trabalho, muitas sem contratos e sem direitos sociais (Soeiro e al, 2020). Visamos debater estas questões: Como se situam estas mulheres isoladas no mercado de trabalho? Como se enquadram socialmente estas mulheres trabalhadoras que são sujeitas à dominação, frequentemente, do patronato e de outras mulheres? Como atuam estas trabalhadoras para a mobilização associativa para superar aleatoriedades laborais? No atual contexto pandémico que vivemos estas trabalhadoras foram muito afetadas pelo desemprego e pela pobreza.
Mostraremos que as representações dadas pelos números e as realidades mencionadas por estas trabalhadoras são divergentes, uma vez que uma grande parte delas são invisíveis nas estatísticas e na sociedade portuguesa, porque o seu trabalho pertence à economia informal.
Desarrollo:
A identificação dos trabalhadores/as domésticos/as (finais do século XIX - início do século XXI)
Desde o final do século XIX, a nomenclatura profissional «Trabalho Doméstico» (geralmente excluindo domésticas e donas de casa) tem sido expressa em Portugal nos recenseamentos.
Devido às visões dos tempos, os «trabalhadores domésticos» foram classificados de forma diferente nos censos ou permaneceram invisíveis, o que está relacionado com um universo de representações do trabalho realizado e a sua relação com o mercado de trabalho. É também preciso fazer a ressalva de que as categorias ou nomenclaturas profissionais mudaram ao longo dos tempos. No geral, nos recenseamentos as profissões estão claramente identificadas para os homens: cocheiros, cozinheiros, porteiros, sineiros, guardas de armazém, motoristas, jardineiros e sacristães. Para as mulheres observa-se uma grande diversidade de critérios para a sua classificação. Geralmente, neste grupo estão incluídas cozinheiras, governantas, lavadeiras, costureiras, criadas de servir, trabalhadoras domésticas e até as domésticas.
Com base nos censos, podemos ver como evoluíram as percentagens dos homens e mulheres no sector doméstico.
No contexto da população ativa verificou-se um aumento da proporção de mulheres registadas como trabalhadoras domésticas: em 1890, elas representavam 6% da população ativa, em 1900, 2,5%, em 1911, 1,4%, em 1930, 7% em 1940, 0,6%, em 1950 6,9%, em 1960, 5,5% em 1970, 3,2%, em 1981 2,6%, em 1991 0,6%, em 2001 5,5% e em 2011, 7,2% (Recenseamentos Gerais da População, 1890-2011).
Por outro lado, e tendo em atenção que as nomenclaturas profissionais mudaram decenalmente, verificamos que este sector do trabalho doméstico é altamente feminizado: 1890, 95%; 1900, 89%; 1911, 84,6%; 1930, 100,0% e 1940, 29,0%, 1960, 94,9%, 1970, 91,9%, 1981, 97,7%, 2001, 96,4% e 2011, 98,3% (Recenseamentos Gerais da População, 1890-2011).
Sabemos que até aos anos 70, as criadas de servir, em regra, eram de origem rural e tinham ido trabalhar para as cidades, para casas de patrões, ainda muito jovens, algumas a partir dos 12 anos, como se observa na imagem seguinte. Muitas ficavam solteiras, acabavam por servir toda a vida nas casas dos empregadores e só regressavam às suas terras de origem já numa idade avançada ou morriam em casa dos patrões (Baptista, 1999).
Trabalho reprodutivo versus trabalho produtivo para manter a sociedade capitalista
Foi com a Revolução Industrial, em meados do século XVIII, que surgiu o conceito de «mulheres domésticas», dando-se início à divisão sexual do trabalho e à separação entre as esferas privada e pública. Portanto, a emergência do trabalho doméstico e o desenvolvimento do capitalismo estão ligados.
Neste sentido se pronunciou Hole (1995 apud Roberts, 1995, p. 2), que colocou a formação desta «ideologia doméstica» entre 1780 e 1830, entre a burguesia. As mulheres domésticas eram um símbolo da sociedade burguesa, que transformou as mulheres das classes privilegiadas em «donas de casa», muitas contratando outras mulheres para realizar o trabalho doméstico ‒ as criadas de servir, muitas vivendo nas casas dos patrões, e as trabalhadoras domésticas, desempenhando diversas tarefas diárias, como a limpeza da casa, cozinhar, lavar a roupa e mesmo sendo amas de crianças e regressando as suas casas após a realização das mesmas. Assim, surgiu uma sociedade em que a produção inundou a vida quotidiana e em função da reprodução. Igualmente foi estabelecida uma fronteira entre pessoas ativas e não ativas, separando-se as classes sociais, bem como atividades dos homens e das mulheres.
Também, entre as mulheres somos confrontados com uma relação de classe - por um lado a «dona de casa», a empregadora, e por outro lado a trabalhadora doméstica assalariada, vista como subvalorizada, apesar de desenvolver atividades a bem da família.
Por sua vez, Roberts (1995) salientou que uma vez que todo o trabalho doméstico realizado por mulheres numa família era não remunerado, presumiu-se e interiorizou-se que não era trabalho real e, consequentemente, tornou-se inútil aos olhos da sociedade. Segundo Vandelac (apud Chabaud-Rychter, D., Fougeyrollas-Schwebel, D., & Sonthonnax, F., p. 73-74), como «trabalho doméstico» significa servir os indivíduos, as mulheres interiorizaram progressivamente a sua nova função «doméstica» como uma característica fundamental da sua feminilidade.
As mulheres eram responsáveis pelo trabalho de subsistência e reprodução familiar, atividades que embora indispensáveis para a sociedade, não eram oficialmente consideradas produtivas.
Os homens garantiam a produção através de trabalho remunerado diretamente relacionado com o mercado. Como referem Chabaud-Rychter, D., Fougeyrollas-Schwebel, D., & Sonthonnax, F.: «Todas as atividades que são identificadas com a reprodução de indivíduos são separadas da produção de bens. Esta separação está subjacente a esta identificação: a existência na sociedade capitalista de relações sociais de reprodução distintas das relações de produção» (Chabaud-Rychter, D., Fougeyrollas-Schwebel, D., & Sonthonnax, F., 1985, p.p. 49-51).
Por sua vez, Marguerete Benston (apud Chabaud-Rychter, D., Fougeyrollas-Schwebel, D., & Sonthonnax, F., 1985, pp. 73-74) retomou a definição marxista de trabalho doméstico feminino como a produção de valores simples: o trabalho feminino na família é importante devido à quantidade de tarefas realizadas e ao tempo gasto; é fundamental para o funcionamento do capitalismo porque contribui para a reprodução da força de trabalho masculina e para a produção de valor acrescentado, do qual se conclui a importância e o valor do trabalho doméstico.
O trabalho não remunerado, as atividades e serviços de subsistência na família explicam, segundo estas autoras a discriminação histórica do estatuto dos trabalhadores domésticos no mercado de trabalho e a integração no mesmo de mulheres em situação de pobreza e baixa escolaridade.
Através das entrevistas realizadas encontrámos agora como a novidade de identificar mulheres imigrantes nos trabalhos domésticos nas empresas ou em casa de particulares.
O trabalho doméstico exercido na atualidade: Representações da entrevistada sobre as vantagens e desvantagens do trabalho doméstico
Realizámos seis entrevistas com trabalhadoras domésticas, por telefone, em outubro de 2019, duas nascidas em Portugal, as outras imigrantes: uma nascida em São Tomé, outra em Cabo Verde, uma jovem proveniente do Brasil e uma imigrante da Suazilândia, que serão apresentadas de forma resumida. Em seguida, identificaremos as suas representações sobre as vantagens e desvantagens do trabalho doméstico. As entrevistas foram realizadas por telefone. Tivemos por critérios ouvir pessoas que tivessem nascido em Portugal e imigrantes de longa data e recente sobre as suas visões relativamente ao trabalho que realizam, vantagens e desvantagens.
A primeira entrevistada, nasceu em Portugal. Depois da concluída a Faculdade iniciou uma carreira numa profissão liberal. Durante a crise de 2012, com 50 anos, ficou desempregada. Como o subsídio de desemprego não era suficiente para as despesas correntes aceitou trabalhar, como governanta, em casa de um estrangeiro de idade já avançada. Tinha a seu cargo as tarefas da arrumação da casa, a ida às compras e cuidar da pessoa, levando-a ao médico e a passear, por exemplo. Ficou um ano com este trabalho e reconhece-lhe a dureza pelo cuidar permanente de pessoas que estão dependentes e com fraca mobilidade física. Mais recentemente, conseguiu retomar o seu anterior ramo profissional.
A segunda entrevistada, atualmente com 70 anos, nasceu em Portugal, oriunda de uma família rural muito pobre, na periferia de Lisboa. Grande parte das situações que foram contadas ocorreram durante a ditadura fascista do Estado Novo (até ao 25 de Abril de 1974). É analfabeta, não sabe ler nem escrever, o que lhe provoca um grande desgosto e profunda tristeza. Durante a infância, a mãe ia buscá-la à escola para ir trabalhar no campo, na agricultura, o que fez até aos 17 anos. Depois dessa idade, a mãe arranjou-lhe um trabalho como empregada interna numa casa particular, ou seja, como criada de servir, segundo a terminologia da época. Todo o dinheiro do salário que lhe era devido foi entregue diretamente à família. Lembra-se que trabalhou cerca de 14 horas por dia, durante todos os dias do ano, exceto aos domingos. Recorda a pobreza da sua família. Quando ia visitar os pais, o pai dizia-lhe para não comer em casa e ir comer a casa da patroa, para não gastar comida. Ficou lá até se casar, tendo depois a sua própria habitação. Com o casamento tornou-se trabalhadora doméstica, mulher a dias, segundo a denominação da época. Trabalhou em várias casas de famílias, na zona onde reside, considerando que sempre a respeitaram e pagaram-lhe o salário que pedia, segundo o que era usual na profissão. Apesar de ter trabalhado toda a vida não sabia que poderia descontar para a Segurança Social. Foi o marido que lhe fez o desconto e atualmente recebe uma pensão de 160 euros (em 2023 o salário mínimo nacional é de 760 euros).
A terceira entrevistada nasceu em São Tomé e veio para Portugal com 22 anos. Ainda está no ativo e tem trabalhado para empresas no setor industrial e também em casas particulares. Explicou que nas empresas descontou sempre para a Segurança Social, pelo que tem tido benefícios aquando de doenças e depois terá para a reforma. Mantém o trabalho em casas particulares para aumentar o seu rendimento mensal.
Outra das entrevistadas nasceu em Cabo Verde e veio muito pequena para Portugal, a seguir ao 25 de Abril de 1974, com a implantação da democracia. Quando lhe perguntei a nacionalidade respondeu-me que sempre foi portuguesa porque quando nasceu estava içada a bandeira portuguesa na sua ilha, logo é portuguesa desde sempre e não se considera imigrante. Viveu num bairro periférico de Lisboa, onde cedo as crianças abandonavam a escola, como foi o seu caso. Casou-se aos 17 anos e começou a trabalhar como empregada doméstica. Trabalhou sempre em várias casas. Considera que teve muita sorte porque foi o seu primeiro empregador que lhe explicou como fazer as contribuições para a Segurança Social. Atingindo a idade da reforma aos 66,6 anos irá reformar-se e ter direito a uma reforma, o que a deixa tranquila. Disse ter tido uma vida muito dura, deixando muito vezes as crianças a cuidarem umas das outras o que lhe causava remorsos porque «criaram-se sozinhos».
A quinta entrevistada nasceu na Suazilândia e está na casa dos 60 anos. Assume que não queria estudar e o trabalho doméstico, ou de mulher a dias, surgiu-lhe como uma oportunidade. Considera que sempre foi bem recebida em todas as casas e paga de acordo com o que se estipulava inicialmente, oralmente. Pensa que o trabalho doméstico é um trabalho que deve ser valorizado porque alguém tem de o realizar em cada casa.
A última entrevistada ainda é jovem, tem 30 anos e é casada. Nasceu no Brasil e é emigrante há 11 anos. Realizava um trabalho doméstico para uma empresa, mas devido à crise de 2012 ficou desempregada. Aceitou um convite de uma senhora para trabalhadora doméstica e não está arrependida. Vê vantagens neste emprego, porque pode escolher as horas, os dias e as casas de família em que trabalha. Gosta de no final do seu trabalho ver uma casa arrumada e cuidada por si. Ainda não paga contribuição para a Segurança Social, mas quer fazê-lo em breve.
Todas as mulheres trabalhadoras domésticas entrevistadas afirmaram que conseguiram um emprego facilmente. Fazem todo o trabalho em casa, assim como vão às compras, ou cuidam de crianças ou pessoas mais velhas e no geral mostram-se satisfeitas com o trabalho que realizam e valorizam-no. Veem como vantagens no seu trabalho o puderem gerir os horários de trabalho e conhecer pessoas diferentes.
Porém, apontam diversos aspetos negativos. É um trabalho mal pago e têm poucos direitos sociais. Inclusive, uma das entrevistadas relatou de apesar de ter as suas poupanças no banco, este recusou a conceder-lhe um empréstimo para comprar uma casa porque não ter um contrato de trabalho. Outra entrevistada salienta que no sector da indústria da limpeza as trabalhadoras têm alguns direitos sociais, como o gozo de férias, e como pagam contribuições o direito à segurança social, na doença, maternidade e na reforma, direitos que as trabalhadoras nas casas particulares não têm.
Várias das trabalhadoras referiram que é um trabalho duro que causa muitas doenças e fadiga. As mais velhas reconhecem que tiveram pouco tempo para cuidar dos seus próprios filhos. Em alguns casos, contam com culpabilização que foram os filhos que cuidaram de si; noutros casos tiveram de pagar a amas. A mais nova das entrevistadas considera a hipótese de não ter filhos devido ao facto de não ter direito à licença de maternidade nem ao subsídio de maternidade.
Concluímos que as trabalhadoras domésticas atualmente, são-no por terem ficado numa situação de desemprego, serem imigrantes ou terem uma reduzida escolaridade. A maior parte das entrevistadas trabalha em casas em que os empregadores/as pertencem à população ativa. Sendo Portugal um país com uma forte índice de envelhecimento, há já pessoas contratadas para cuidarem de pessoas dependentes ou com fraca mobilidade, como contou a nossa primeira entrevistada.
A vida laboral destas trabalhadoras é marcada pela insegurança, como se verificou durante a pandemia do Covid 19, muitas ficaram desempregadas e empobreceram. Para estas trabalhadoras existe uma grande pobreza, vulnerabilidade e falta de direitos sociais, levando as trabalhadoras domésticos a uma subjugação permanente relativamente aos seus empregadores e a experiências de vida difíceis.
Perspetivas dos líderes sindicais do STAD – Sindicato dos Trabalhadores de Serviços de Portaria, Vigilância, Limpeza, Domésticas e Actividades Diversas
Realizámos uma entrevista, por telefone, com um dos dirigentes do sindicato STAD, em 1 de outubro de 2019.
Foram-nos relatados os principais problemas que o sindicato identifica. Há trabalhadoras domésticas internas, que trabalham de manhã à noite, em regra com folga ao domingo, e trabalhadoras domésticas externas que trabalham 3 a 4 horas em casas de famílias. A maioria das trabalhadoras não tem contratos escritos e não possuem direito à Segurança Social. Há trabalhadoras domésticas em empresas com contratos de trabalho e direito à Segurança Social que podem acumular com o trabalho em casa de famílias.
O Sindicato calcula que 2/3 das trabalhadoras domésticas, em Portugal, são provenientes do Brasil, Cabo Verde e de Angola.
Há também homens classificados como trabalhadores domésticos, mas são uma minoria: motoristas, jardineiros, porteiros, trabalhos de bricolage e trabalham nas zonas mais ricas e privilegiadas das cidades, em Lisboa, no Restelo, em Cascais e no Porto, na Foz do Douro.
O trabalho doméstico é considerado desqualificado; os salários são baixos, mas tem uma grande importância social. O cuidar de crianças, de pessoas mais velhas, das famílias. As famílias, geralmente as mulheres que contratam uma empregada doméstica podem usufruir de mais tempo livre para o desfrutarem de muitas maneiras. Por estimativa, 95% dos empregadores/as são pessoas que estão no mercado de trabalho.
Em regra, as trabalhadoras domésticas só chegam ao Sindicato quando existem problemas com o patronato e este procura sempre a solução para os conflitos económicos, o pagamento de salários, o assédio sexual (no caso das empregadas internas) e a sobrecarga de trabalho.
As trabalhadoras domésticas podem descontar para a Segurança Social, com um certo número de horas de trabalho, mas verifica-se que a maioria das trabalhadoras domésticas, mesmo conhecendo a lei, não o faz, o que trará consequências no acesso a direitos sociais e na reforma. O facto de estrem isoladas a trabalhar em cada casa leva-as a não se associarem e reivindicarem contratos de trabalho escritos, com contribuições para a Segurança Social.
O Sindicato conclui que nesta profissão arranja-se sempre emprego, a procura de mão-de-obra excede a oferta, logo parece existir uma contradição no facto de não ser um emprego valorizado convenientemente.
Conclusiones:
Algumas notas conclusões
Tal como no início da sociedade capitalista, o trabalho doméstico continua mal remunerado, apesar da legislação o prever, é maioritariamente realizado com base num contrato informal, não escrito, logo não dando acesso a direitos sociais e desfavorável às trabalhadoras, pela insegurança causada. Pelo verificado, também muitas trabalhadoras domésticas em casas particulares optam por não descontar para a Segurança Social.
No século XIX, o trabalho doméstico era essencialmente realizado por mulheres das zonas rurais que afluíam para as zonas urbanas, hoje dois terços das mulheres trabalhadoras são imigrantes dos PALOP e do Brasil, como afirmou um dirigente sindical do STAD.
Efetivamente, esta trabalho permanece altamente feminizado e, embora mulheres mais qualificadas tenham acedido a ele por necessidade económica (como a primeira entrevistada), é fundamentalmente exercida por mulheres com baixa escolarização e imigrantes não qualificadas.
Esta situação acontece porque o trabalho doméstico é desvalorizado; a sociedade mantém a memória do trabalho não remunerado das mulheres que cuidam da sua casa e da sua família, contribuindo para a manutenção do trabalho produtivo do «chefe de família» masculino.
De notar que este contexto ocorre numa profissão onde a procura de trabalho excede a oferta de mão-de-obra existente.
É de relevar que existe uma diferença relevante de indicador da mudança social: atualmente, contratar uma trabalhadora doméstica deixou de ser um símbolo de luxo, é devido às necessidades que tem a pessoa que emprega, que também trabalha e precisa de ter alguém a cuidar de pessoas jovens ou mais velhas, com menos mobilidade ou por se ter um emprego em que não existe tempo para cuidar da casa e da família.
Assim, fica demonstrado que o trabalho doméstico tem um valor de produção porque contribui para a manutenção dos trabalhadores/as produtivos/as na sociedade capitalista. Contribui para a reprodução da força de trabalho e para a produção de mais-valia.
Durante a pandemia do coronavírus muitas trabalhadoras domésticas foram rudemente penalizadas ao serem despedidas. Concluímos que apesar da profunda transformação social que ocorreu em Portugal nas últimas décadas, muitas características das trabalhadoras domésticas permanecem, em particular a condição precária e vulnerável, sendo a pobreza e a falta de direitos sociais um reflexo da desigualdade de género, de classe e das políticas estatais.
Bibliografía:
Fontes escritas Arquivo da Câmara Municipal de Lisboa. Arquivo Fotográfico. Recenseamentos Gerais da População de 1890 a 2011.
Fontes orais Testemunho orais em outubro de 2019.
Bibliografia principal Baptista, V. R. (1999). As mulheres no mercado de trabalho em Portugal: representações e quotidianos (1890-1940. CIDM. Baptista, V. (2016). Proteção e direitos das mulheres trabalhadoras em Portugal 1880-1943. ICS. Brasão, I. (2012). O tempo das criadas. A condição servil em Portugal 1940-1970. Tinta da China. Chabaud-Rychter, D., Fougeyrollas-Schwebel, D., & Sonthonnax, F. (1985). Espace et temps du travail domestique. Librairie des Méridien. Roberts, E. (1995). Women´s work 1890-1940. Cambridge University Press.Soeiro, J., Araújo, M., & Figueiredo, S. (2020), Cuidar de quem cuida. Objetiva.
As mulheres em situação de extrema pobreza são as mais prejudicadas com a sobrecarga que a família assumiu no novo ordenamento das políticas sociais, a partir de sucessivas crises econômicas e fiscais desde pelo menos a década de 1990, por ocuparem uma posição subalterna na hierarquia dos gêneros e terem um papel fundamental na reprodução social. Sem o Estado como principal agente da proteção social, por meio de serviços de acolhimento, de saúde, de educação ou de benefícios monetários para crianças, idosos e/ou doentes, as mulheres se veem desprotegidas e presas a funções e papéis tradicionais. A pandemia Covid-19 acentuou a precariedade das condições de vida, nesse contexto, atingindo de forma contundente a vida das mulheres pobres e negras. Os impactos da pandemia têm afetado de forma negativa o cotidiano de muitas famílias brasileiras em vários níveis: a perda de emprego e renda, a diminuição dos salários; as dificuldades de diferentes ordens com o ensino remoto, as condições de trabalho que potencializam o contágio (locomoção, ambiente, acesso aos insumos de proteção entre outros); o aumento e sobrecarga do trabalho de cuidados doméstico-familiares. Esses impactos se manifestam de forma diferenciada conforme a posição de classe, de gênero e da raça/etnia. Essas desigualdades acentuam-se nas instituições, oportunidades de ensino, mercado de trabalho, e nas próprias relações sociais cotidianas. Nesse contexto desenvolvemos uma pesquisa com o objetivo geral de investigar e analisar o impacto da pandemia Covid-19no cotidiano de cuidados intrafamiliares de mulheres beneficiárias do Programa Bolsa Família-PBF em três municípios do Estado do Paraná-BR: Londrina, Guarapuava, Itambé. Este trabalho irá discutir as dificuldades das mulheres beneficiárias do PBF para administrar os cuidados e uso do tempo no trabalho doméstico familiar com destaque para a educação formalde crianças e adolescentes. O tratamento teórico metodológico dado à análise dos dados coletados teve como principal referência os estudos feministas do campo da teoria crítica. Palavras chaves: Covid-19, cuidados intrafamiliares, gênero e pobre
#01415 |
Más allá de la excepcionalidad: el desempleo ampliado juvenil y la desigualdad social en Costa Rica durante el periodo 2010 – 2021
El año 2020 ha significado un hito histórico, lo que inició como una crisis sanitaria, a partir de la propagación de la COVID-19, así como la declaración de pandemia por parte de la Organización Mundial de la Salud (OMS) con las respectivas políticas restrictivas sanitarias, impactó todas las esferas de la vida social, a tal punto que diferentes personas estudiosas están hablando de caracterizarlo como una sindemia, es decir, varias morbilidades confluyendo.Esta definición para el caso latinoamericano no es antojadiza, la incidencia, prevalencia y fallecimientos por diferentes enfermedades previo a la COVID-19, es un tema preocupante en nuestra región. Además, cuando se agrega al análisis las muertes ocasionadas por hechos violentos como los homicidios dolosos -Honduras y El Salvador- o feminicidios, el cuadro se complejiza, por lo cual estaríamos ante una gran sindemia, que tiene, ante todo, rostro de exclusión social.El impacto de la crisis sanitaria evidenció las desigualdades sociales preexistentes, el mundo del trabajo fue uno de los primeros en mostrar cambios abruptos en los diferentes indicadores, como puede ser la Tasa de Desempleo Abierto (TDA), la Tasa de Ocupación y la Informalidad laboral, a modo de ejemplo. En nuestro país, debido al esfuerzo que realiza el Instituto Nacional de Estadística y Censo (INEC) mediante su Encuesta Continua de Empleo (ECE), se registran estos indicadores y muchos más relacionados al tema laboral. Según datos de dicha encuesta, para el II cuatrismestre del año 2020 la tasa de desempleo nacional fue de 23,2 %, en comparación con el mismo trimestre del año anterior, aumentó estadísticamente en 11,8 pp. Este aumento en la TDA se ha registrado por medios de comunicación, e incluso por personas académicas, como algo excepcional en la historia reciente.Si bien es cierto se registró durante el primer año de la sindemia un aumento significativo en los indicadores de desempleo, habría que precisar cuál es la metodología e indicador utilizado para referirnos a este, de la misma forma no cabe la homologación con la desocupación. Estás precisiones son de suma importancia en la medida que los indicadores remiten a una situación específica, la cual capta a las personas que realizan acciones concretas y activas en la búsqueda de empleo en las semanas previas de referencia a la recolección de datos de las encuestas nacionales o de empleo.A partir de lo anterior, el objetivo de esta ponencia es analizar las tendencias del desempleado ampliado -desempleo abierto, intermitente y oculto- juvenil en Costa Rica durante el periodo 2010 – 2021, así como su vinculación con la desigualdad social.
#02688 |
Desigualdad contra las mujeres: en tiempos de pandemia y postpandemia más que brecha salarial y precariedad del empleo
Desigualdad contra las mujeres: en tiempos de pandemia y postpandemia, más que brecha salarial y precariedad del empleo.Por Aura Elizabeth Quiñónez Toro GT08 – Desigualdad, Pobreza y Exclusión Social- Línea Riqueza, dominación y reproducción de las desigualdades.Leer la dinámica de la acumulación neoliberal, desarticulando la producción asalariada de la producción doméstica gratuita ha impedido reconocer millones de horas gratuitas que invertimos las mujeres en el trabajo de reproducción diaria y generacional de la fuerza laboral y su impacto en los reacomodos del capital en los momentos de crisis.La pandemia demostró la dependencia humana del trabajo doméstico gratuito mal nombrado medido y categorizado como “trabajo del cuidado” por las distintas entidades internacionales y de distintos países de la región que deben producir enfoques, metodologías e instrumentos de medición del trabajo de las mujeres y por supuesto, que proponen y ejecutan políticas públicas orientadas hacia la “equidad de género”, una categoría que también requiere un profundo debate.En esta ponencia se demostrará que existen varias estrategias mediante las cuales se mantiene la dominación sociosexual, el control de la riqueza y la reproducción de las desigualdades en contra de las mujeres y de las poblaciones subalternizadas: uno, entidades internacionales y nacionales responsables de las políticas públicas, por más de dos décadas han mantenido como categoría de análisis el “trabajo del cuidado”, mediante el cual se invisibiliza el trabajo de reproducción biológica y diaria de la más importante riqueza social que es la especie humana misma, esto es, el trabajo sexual y el trabajo de producción biológica de hijos e hijas. Dos, se naturaliza el trabajo reproductivo ( gestación parto lactancia) y el trabajo afectivo y sexual, disfrazándolo y romántizándolo como relación amorosa y filial, imponiendo sobre las mujeres maternidades esclavizantes, no elegidas, que les imponen jornadas esclavizantes, cuyo beneficio se apropian las empresas y propietarios de la riqueza, mientras se produce un retroceso de más de 18 años ( Según CEPAL) en los derechos de las mujeres en materia económica, sexual y reproductiva, de participación política y ciudadana.Tres, las entidades responsables de promover la equidad y la autonomía de la mujeres, proponen redistribuir la carga de trabajos del cuidado, pero no su reconocimiento monetario. Así, las mujeres tendrán que “negociar” – otra tarea-con sus compañeros la distribución del trabajo doméstico sin conseguir avances significativos en su autonomía, ni acceso a tiempo libre y de calidad para la educación, la cultura y la recreación ni para la participación política.Propongo en cambio políticas públicas justas para las mujeres para rearticular el análisis de las dos dimensiones del trabajo de las mujeres, disminuir el impacto del modelo de sobreexplotación neoliberal y patriarcal sobre las mujeres, especialmente, considerando la fase de pandemia y postpandemia.
#03165 |
Trabajo remunerado del hogar: la reproducción de desigualdades en el proceso de trabajo
El trabajo remunerado del hogar es, en términos de Larissa Adler (2016) un empleo marginal, en el sentido que no es reconocido por parte del gobierno ni de la economía industrial como un trabajo productivo. Aunque no sea reconocido como tal, no significa que no le sea funcional al sistema capitalista, de hecho, en su marginalidad es de donde se beneficia el sistema, pues es de donde se obtiene la plusvalía del trabajo. No es coincidencia que quienes desempeñan este tipo de empleos sean personas empobrecidas y, en contextos latinoamericanos, probablemente racializadas como indígenas o afrodescendientes, por lo que el sistema económico también se basa en estas ramas de opresión para funcionar sanamente. Tampoco es casualidad que personas con estas características terminen sirviéndole a gente con mayores ingresos económicos y probablemente racializadas como blancas o mestizas; ni que dentro de los trabajos marginados, el trabajo doméstico remunerado termine siendo uno en el que casi el 100% de las personas que lo llevan a cabo son mujeres. Aunque dentro del proceso de trabajo del trabajo doméstico remunerado sí se reproduce la vida, esta no es su principal función dentro del sistema como sí lo es su homólogo no remunerado, en cual se recarga en el cuerpo de las mujeres para desarrollarse y de paso ser invisibilizado. El trabajo doméstico que sí se remunera tiene como principal función reproducir las formas de clase de quien lo emplea, lo que reproduce y reafirma las desigualdades pues es un trabajo que se basa en las jerarquías y en la segregación, donde la aspiración juega un papel fundamental. En el análisis del proceso de trabajo es donde pueden encontrarse las labores que son para reproducir la vida, necesarias ahora que las mujeres han “salido” a la esfera “productiva” y no hay alguna otra mujer que se encargue de estas labores en casa, pero sobre todo para analizar la reproducción de las formas de clase que, aunque no se quiera, se basan en la desigualdad pues en parte de eso trata ser de la clase media o alta que emplea, es decir, de la distinción. Por ello, el trabajo doméstico remunerado en sí mismo es un vestigio colonial que reproduce y reafirma desigualdades sistémicas, incluso si el gobierno y los empleadores hacen un esfuerzo por cambiar esa situación.
#03697 |
La “sana distancia” permanente entre las personas en situación de calle y la integración social
La ponencia se produce en el marco del trabajo realizado en Mi Valedor, una asociación civil y emprendimiento social que a través de la cultura y creación de redes de apoyo profesionales y sanas acompañamos los procesos de reinserción social y laboral de personas en situación o riesgo de calle. A partir de la experiencia en el campo de trabajo, daré cuenta en esta ponencia de las causas por las que estamos viviendo un “fenómeno de personas en situación de calle”, que entre todos comprendamos que habitar y sobrevivir en calle no sólo implica no tener una vivienda, sino ser parte de un grupo social excluido, donde coexisten niños, niñas, jóvenes, mujeres, familias, personas adultas y adultas mayores, que sobreviven con sus propios recursos en medio de las adversidades de la calle y las limitantes que hemos tenido en los procesos de reinserción gracias a los prejuicios, estereotipos y la creencia de que se tiene de dar valor sólo “si se es productivo y sí puede consumir”.Además expondré cómo la metodología y acompañamiento psicosocial en Mi Valedor en el contexto de las personas y grupos que habitan y sobreviven en calle ha logrado que el Estado se comprometa en el ejercicio de la defensa y salvaguardar los derechos humanos de las personas en situación de calle, las cuales han vivido un gran número de discriminaciones por distintas instituciones no interesadas en propagar el ejercicio de los derechos de las personas que habitan y sobreviven en la calle.
13:00 - 15:00
GT_08- Desigualdad, Pobreza y Exclusión Social
Grupos vulnerables, relaciones sociales de dominación y procesos de exclusión social: Coordina: Louis Mballa
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PRECARIZAÇÃO LABORAL E OCUPACIONAL EM CONTEXTOS DE MUDANÇA: o meio ambiente do trabalho e as dificuldades encontradas pelo migrante em seu novo país
GUILHERME VIEIRA BARBOSA1
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CARLOS EDUARDO DE ABREU BOUCAULT
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Em um mundo sob constante modernização e globalização há o conflito entre valores gerados por sistemas que pregam conceitos distintos, pois países desenvolvidos e potências mundiais visam uma universalização dos povos, suas culturas e seus princípios sob suas dogmáticas crescentes e inovadoras, contudo há uma minoria que está vulnerável e à mercê de quaisquer direitos efetivos, os refugiados, que são todas as pessoas que se deslocam forçadamente e são perseguidas em razão de motivos diversos, como raça, cor, política, religião, etc. e que acabam se submetendo a condições de vida degradantes nos locais que, na verdade, buscavam amparo e socorro. Objetiva-se com o presente trabalho expor as opressões e desigualdades, ainda que sistêmicas ou implícitas, seja de ordem jurídica, política, econômica ou social, vinculadas às questões de oportunidades laborais e meio ambiente do trabalho para o estrangeiro, sobretudo os que se encontram em situação já fragilizada, como os refugiados, expostos a panoramas precários de trabalho, informalidade extrema, ausência de direitos, baixos salários e baixa remuneração, dentre outros, que só agravam ainda mais uma situação que já é muito delicada sobre sua fuga e migração. Versa a presente pesquisa sobre o trabalho do migrante forçado, em especial dos refugiados, no país que lhes recebe está intimamente relacionado com análise do respeito à diversidade ou então ao enquadramento de um modelo globalizado lastreado na produtividade em detrimento de valores e princípios. É vital observar qual o destino, expectativa e oportunidades que são conferidas aos refugiados nos países que os recebe, como por exemplo, se é permitido seu crescimento profissional e trabalhista, ou então se lhe é disponibilizado apenas atividades informais e inferiores. Assim, a partir de um levantamento bibliográfico e do método dedutivo, observar-se-á o panorama socioeconômico desses migrantes que fogem para sobreviver, mas em vez de encontrar respaldo e tutela nos países que os acolhe, acabam encarando entraves e barreiras, como a dificuldade de se desenvolver e se inserir no contexto social pelo trabalho através de um meio ambiente de trabalho seguro e estável e de uma relação labora digna e formal, como marcos de tolerância e respeito à diversidade e dignidade humana.
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Discursos sociales de exclusión desde el diseño
La exclusión es resultado de sistemas funcionales mediante los cuales la sociedad permite el acceso a determinados grupos para participar de manera activa, al tiempo que, intencionalmente, margina a otros por atributos o características invalidados por la mayoría que ostenta el poder. Si bien se reconoce a la pobreza como el principal motivo de exclusión social, el aislamiento que sufren varios grupos de personas en realidad tiene una mirada interseccional, que conjuga un amplio abanico de diferentes motivos de discriminación y recrudece las condiciones de exclusión de ciertos grupos sociales.Este trabajo tiene como objetivo desentrañar los diferentes discursos de exclusión social que se detentan en el diseño, apoyándose en el análisis de sus manifestaciones, para comprender la manera en que el diseño contribuye a la legitimación y perpetuación de dicha exclusión.El análisis parte de la reflexión de las teorías sociales de la exclusión, la relación que guarda con las diversas formas de discriminación y la concreción de estos conceptos excluyentes en el diseño. En el diseño se concretan formas de a).- perjuicio, traducidas en una actitud y de b).-discriminación, traducidas en comportamientos, constituyendo un complejo sistema de opresión.Entre las diferentes ideologías que construyen este sistema de opresión en el diseño es posible distinguir:Capacitismo.- se basa en la desvalorización de aquellas personas que no tienen las capacidades asociadas como productivas, y que normaliza un cuerpo completo y funcional como esencial para vivir una vida plena y autónomaEdadismo.- consiste en valorar a las personas con relación a su edad, sobrevalorando la etapa económicamente productiva, y desdeñando la infancia y la vejez, por considerar etapas no útilesClasismo.- refiere a la segregación producto de una clasificación jerárquica de las personas en función de su nivel socioeconómico, potencializando de este modo la diferencia entre las clases poderosas y las no privilegiadasSexismo.- concepto que utiliza al sexo como criterio para atribuir capacidades y valores que superponen un sexo o género sobre otroRacismo.- es la exclusión que se produce en función de la raza, color de piel, origen étnico o lengua de una persona o grupo de personasHomofobia.- es el rechazo hacia las personas de género no binario, como las personas lesbianas, gays o bisexualesEl resultado muestra la manera en que los diferentes discursos de exclusión social son expresados en las diversas manifestaciones del diseño y la manera en que con una mirada interseccional esta exclusión se recrudece. Se concluye que si desde el diseño se toma conciencia de este discurso invisible de exclusión, podría esta disciplina contribuir a impulsar un cambio de paradigmas que reduzcan la desigualdad y resquebrajen los imbricados sistemas de opresión.Palabras clave: Discriminación, Diseño, Exclusión, Interseccionalidad
Introducción:
La exclusión es el resultado de sistemas funcionales mediante los cuales la sociedad permite el acceso a determinados grupos para participar de manera activa, al tiempo que, intencionalmente, margina a otros por atributos o características invalidados por la mayoría que ostenta el poder (Liberties EU, 2021).La exclusión afecta a un número importante y diverso de personas, teniendo como consecuencia la separación de las personas o grupos de ellas en términos laborales, económicos, educativos, políticos y culturales, impidiendo su realización e integración. Si bien se reconoce a la pobreza como el principal motivo de exclusión social, el aislamiento que sufren varios grupos de personas en realidad tiene una mirada interseccional, que conjuga un amplio abanico de diferentes motivos de discriminación y recrudece las condiciones de exclusión de ciertos grupos sociales (Ordóñez Barba, 2018). Bajo un esquema más dinámico se entiende la exclusión como un alejamiento progresivo de integración social que no solo entiende la pobreza como el origen, sino que se potencializa asimilado a la idea de interseccionalidad abriendo el enfoque a factores familiares, formativos, personales, políticos. La exclusión social implica la falta de acceso a servicios y oportunidades, relacionados con el sistema que proporciona el bienestar social. El diseño tiene en su haber la generación de propuestas de productos y servicios, cuyas características básicas son capaces de generar condiciones de exclusión, cuando en su proceso de diseño no consideran la diversidad de sus usuarios. Uno de los problemas más generalizados, sobre todo en un enfoque industrial del diseño, es considerar un usuario promedio, que tiende a ser el resultado de una idealización y estandarización tanto de necesidades, educación, cultura, posición económica, identidad, género, edad, etc. generalmente ligado a una idea de usuario como consumidor y no como persona.Este trabajo tiene como objetivo desentrañar los diferentes discursos de exclusión social que se detentan en el diseño, apoyándose en el análisis de sus manifestaciones, para comprender la manera en que el diseño contribuye a la legitimación y perpetuación de dicha exclusión.
Desarrollo:
A. Análisis de las teorías sociales de la exclusión
El análisis parte de la reflexión de las teorías sociales de la exclusión, la relación que guarda con las diversas formas de discriminación y la concreción de estos conceptos excluyentes en el diseño.
La discriminación, es un concepto que presume la exclusión, pero que además implica acciones sistémicas realizadas por la sociedad (Carrazco Valenzuela & Ruiz Hernández, 2022). En tanto, estas acciones de la sociedad implican no sólo la falta de accesibilidad a servicios y a procesos, sino que, además, manifiestan comportamientos de rechazo, desprecio, odio e incluso agresión dirigida a ciertos grupos sociales, cuyas características se consideran minoritarias.
Por tanto, en el diseño se concretan formas de:
a).- perjuicio, traducidas en una actitud
b).-discriminación, traducidas en comportamientos constituyendo un complejo sistema de opresión.
Entre las diferentes ideologías que construyen este sistema de opresión en el diseño es posible distinguir:
Capacitismo
El capacitismo se basa en la desvalorización de aquellas personas que no tienen las capacidades asociadas como productivas, y que normaliza un cuerpo completo y funcional como esencial para vivir una vida plena y autónoma. Toboso (2021) considera al discurso del funcionamiento único como la raíz del capacitismo. Este discurso parte del entendido que el cuerpo humano cuenta con sólo una alternativa posible de funcionamiento, por tanto, las formas de funcionamiento del cuerpo alternativo no son valoradas; con ello se construye un esquema que normaliza y privilegia las formas de funcionamiento convencionales del cuerpo humano. La contrapartida, propuesta por este autor, es la reivindicación de la diversidad funcional y la desmitificación que se le ha dado al cuerpo como componente esencial de la persona
2. Edadismo
El edadismo consiste en valorar a las personas con relación a su edad, sobrevalorando la etapa económicamente productiva, y desdeñando la infancia y la vejez, por considerar etapas no útiles en términos económicos.
El término de edadismo se atribuye al médico especialista en gerontología Robert N. Butler. Su base lingüística fueron términos como racismo y sexismo, que a finales de los años sesenta estaban muy presentes en los discursos sociales (Butler, 1969). Su intención fue visibilizar las actitudes negativas que se generan en torno a la edad. Para este autor la compleja discriminación de que las personas adultas mayores son víctimas presenta 3 caras:
a. Las actitudes negativas por parte de los jóvenes hacia las personas adultas mayores
b. La percepción de que las personas adultas mayores, al quedar fuera de la actividad económica, resultan poco útiles
c. Prácticas y políticas institucionales que restringen el acceso a servicios como la salud y el empleo, e incluso a productos, a causa de la edad.
Hoy en día, somos testigos de los albores en el discurso social de un edadismo en el que también las personas menores se ven afectadas, ya que las personas menores de edad también sufren de discriminación al no acceder a productos, bienes y servicios, o a estar sujetos a la voluntad de los adultos (CNDH, 2023).
3. Clasismo
El clasismo refiere a la segregación producto de una clasificación jerárquica de las personas en función de su nivel socioeconómico, potencializando de este modo la diferencia entre las clases poderosas y las no privilegiadas. Su construcción social se fundamenta en la conciencia de clase, que se caracteriza por la intolerancia y discriminación producto de la lucha de clases que configura a una sociedad, construyendo un sentido de pertenencia estratificado qué se sustenta en el avance o progreso social (Percastegui Rojas , 2019).
Uno de los argumentos en los que descansa el clasismo, es el paradigma que asocia el concepto de clase con el “buen vivir” y la felicidad, convirtiendo este estatus en la aspiración de las personas promedio, condenándolas a reconocer que existen clases privilegiadas que tienen derechos a los cuales las mayorías no pueden acceder.
4. Sexismo
El sexismo es un concepto que utiliza al sexo como criterio para atribuir capacidades y valores que superponen un sexo o género sobre otro. En la actualidad el sexismo se aborda con un enfoque de ambivalencia, que reconoce dos caras en una misma moneda: el sexismo hostil y el sexismo benevolente, pero que constituyen en su conjunto las estrategias de discriminación contra la mujer (Fundación Mujeres (FM) y Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED, 2011).
El sexismo hostil considera a la mujer como un género inferior, lo que legitima la concepción de un varón dominante y proveedor, en donde subyace el rol femenino tradicionalmente impuesto a la mujer como cuidadora y encargada del hogar. A este enfoque se suma la concepción religiosa en el que la mujer personifica la perversión, resultado de su dominio sexual (Fundación Mujeres (FM) y Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED, 2011).
Por otro lado, el sexismo benévolo se transforma en un paternalismo protector, ante el cual el varón se encuentra al cuidado de la mujer. Este sexismo benévolo también está presente en el fenómeno según el cual, ambos géneros se complementan de manera positiva.
5. Racismo.
El racismo es la exclusión que se produce en función de la raza, color de piel, origen étnico o lengua de una persona o grupo de personas. Esta forma de exclusión se fundamenta en una clasificación de los seres humanos en razas, según las cuales existen diferencias biológicas en las que se sustentan categorías jerárquicas, como resultado de algo natural. Esta categorización en realidad corresponde a una construcción social que suele beneficiar a un determinado grupo hegemónico. Debido a esta discrepancia, hoy en día se ha establecido una distancia entre el racismo “antiguo”, relacionado con un enfoque biológico, y el “nuevo” racismo, que tiene un origen cultural (Riedemann & Stefoni, 2015); el primero está sostenido por la existencia de razas humanas, mientras el segundo reconoce diferencias culturales.
El fenotipo es quizás el fenómeno de discriminación más enraizado en nuestra cultura, que fundamenta las diferencias en el color de la piel, sobrevalorando y asociando características positivas a las personas de tez blanca, al tiempo que devalúa y enmarca con características negativas a las personas de tez oscura, siendo una cara más de racismo.
6. Homofobia
La homofobia es el rechazo hacia las personas de género no binario, como las personas lesbianas, gays o bisexuales. Su argumento se sustenta en un concepto de la homosexualidad como una perturbación psicológica o una desviación, y con ello, una inferioridad respecto de la heterosexualidad (Cornejo Espejo, 2012). Los prejuicios morales existentes con relación a la homosexualidad tienen como consecuencia la exclusión de que son objeto estos grupos de personas, lo que trasciende en barreras que tienen como consecuencia su falta de participación política, religiosa, profesional, etc. La violencia homofóbica abarca también a otras diversidades como los travestis, los transexuales, los bisexuales y todas aquellas manifestaciones sexuales que se conciben como trasgresiones que merecen un castigo y se deben corregir o eliminar.
Todos estos discursos de exclusión y discriminación, si bien señalan diferentes características e ideologías humanas, concuerdan en la falta de consideración, empatía y deshumanización para con el otro. Todos y cada uno están presentes de forma invisible en muchas manifestaciones del diseño, que no es otra cosa que la concreción de una ideología predominante.
B. Análisis de la repercusión en el diseño de los discursos de exclusión
Existen en las propuestas de diseño, formas pasivas de exclusión, que responden a los discursos discriminatorios que persisten en las sociedades actuales; y que intencionalmente o no, corresponden a los paradigmas de enseñanza en las escuelas de diseño orientadas a una visión mercadológica, y no la construcción de una conciencia social como base formadora en los estudiantes de diseño.
De esta manera, los diseñadores reproducen en sus propuestas: arquitectónicas, urbanas, de diseño gráfico, industrial, de moda, etc. ideas hegemónicas que generan privilegios para ciertos sectores de la sociedad, a la vez que señalan y excluyen, o fomentan conceptos excluyentes para grupos como las personas con discapacidad, personas enfermas, personas adultas mayores, personas en situación de pobreza, mujeres, grupos LGTTBIQ+, personas pertenecientes a pueblos originarios, etc.
De este modo, los diferentes discursos de exclusión están presentes en propuestas cuando obedecen a un concepto que niega la diversidad y se apoya en la idea de un usuario ideal y universal, que comparte características antropométricas, funcionales, etc.
A continuación, se desarrollan ejemplos de las diferentes formas de exclusión presentes en las manifestaciones de diseño que promueven entre sus principios la creatividad, la originalidad, la exclusividad y el lujo como principios deseables en los objetos y servicios.
Capacitismo
El diseño que no reconoce la diversidad funcional de las personas presenta una respuesta industrial que obedece a un enfoque de optimización y economía; propuestas “tipo” que se ajustan sólo a los grupos predominantes. Este diseño promueve la absurda idea de atender a las mayorías, sin percibir que las minorías detentan los mismos derechos, y que esta práctica vulnera a diversos grupos al tiempo que los excluye. Diseñar con base a una concepción de un cuerpo ideal con función única, excluye a personas con discapacidad o con talla baja.
Se presenta como ejemplo el diseño de teléfonos públicos, donde la altura responde a medidas estándar, inaccesibles para niños, personas de talla baja y usuarios de sillas de ruedas. Lo mismo ocurre con la colocación de letreros, colocación de lavabos en baños, altura de mostradores, altura de teclas y posición de los tableros de cajeros automáticos, altura de gavetas en cocinas, estantes en supermercados, etc.
En los espacios urbanos la presencia de banquetas y desniveles, la colocación de coladeras con rejillas abiertas, la falta de cruces peatonales sin rampas, la falta de semáforos sonoros, y un largo etcétera concretan estas formas de exclusión por capacitismo desde el diseño.
Discurso de ExclusiónDiscurso manifiesto en el diseño Ejemplo de diseñoExclusión promovida a través del diseñoCapacitismoRechazo a la diversidad funcional
Ilustración 1 Teléfonos públicos colocados a alturas estándar. Tomado de https://dplnews.com/
norma-propicia-exceso-de-casetas-telefonicas/
Considerar medidas antropométricas convencionales en el diseño implica la concepción de un cuerpo ideal con función única, excluyendo a personas con discapacidad o con talla baja
2. Edadismo
El edadismo se manifiesta en el diseño, cuando este ignora las variaciones que el cuerpo y la mente del ser humano presentan con relación a su edad.
Por un lado, con base al desarrollo intelectual, los niños transcurren por diferentes estadios evolutivos que los dejan vulnerables si el diseño se concentra sólo en las habilidades desarrolladas en la etapa madura, que se alcanza cuando las personas llegan hacer adultos tempranos. Ello implica que, si el diseño presenta alta complejidad, resultará inaccesible para los infantes.
De la misma manera, los adultos mayores presentan deterioro tanto en sus capacidades motoras y cognitivas, así como decrecimiento en el tamaño de su estructura ósea. A ello se agrega la brecha digital, con la que se enfrentan actualmente los adultos mayores, pues la digitalización les presenta una barrera cognitiva. Los diseños que basan sus propuestas en la digitalización, sin considerar principios de accesibilidad cognitiva, excluyen a las personas adultas mayores ya que les impide la comprensión y manipulación de dispositivos digitales, creándoles dependencia y falta de autonomía.
Discurso de Exclusión
Discurso manifiesto en el diseño
Ejemplo de diseño
Exclusión promovida a través del diseño
EdadismoRechazo a las personas con relación a su edad adulta o tempranaEl resultado muestra la manera en que los diferentes discursos de exclusión social son expresados en las diversas manifestaciones del diseño y la manera en que, con una mirada interseccional, esta exclusión se recrudece.
Las causas son múltiples y tienen que ver desde intereses económicos, hegemónicos, falta de conciencia y empatía, ignorancia, ingenuidad, etc. pero se concretan en los productos de diseño recrudeciendo las formas de discriminación a las que son sometidos los grupos minoritarios y vulnerables.
De este hecho deriva la importancia de construir y desarrollar una conciencia social tanto en los formadores de diseño como en los diseñadores en formación, que les permita identificar las posibles fuentes de exclusión susceptibles a fortalecerse a través de sus diseños y de manera consciente trabajar en su eliminación. Los diseñadores podemos ser la piedra angular desde donde se fortalezcan discursos de inclusión y promover la equidad social, podemos señalar los discursos excluyentes y crear opciones de diseño que permitan la construcción de una conciencia social en toda la población.
Se concluye que, si desde el diseño se toma conciencia de este discurso invisible de exclusión, podría esta disciplina contribuir a impulsar un cambio de paradigmas que reduzcan la desigualdad y resquebrajen los imbricados sistemas de opresión.
Bibliografía:
Butler, R. (1969). Age-Ism: Another Form of Bigotry. The Gerontologist, 243-246. Recuperado el 7 de enero de 2023, de https://doi.org/10.1093/geront/9.4_Part_1.243
Carrazco Valenzuela, M., & Ruiz Hernández, M. (2022). Exclusión, discriminación y violencia: tres conceptos para reflexionar. SAVIA. Revista de investigación e intervención social,, 4-12. Recuperado el 8 de enero de 2023, de https://savia.unison.mx/index.php/Savia/article/view/2/3
CNDH. (2023). Derechos de las niñas, niños y adolescentes. Recuperado el 12 de enero de 2023, de Derechos Humanos: https://www.cndh.org.mx/derechos-humanos/derechos-de-las-ninas-ninos-y-adolescentes
Cornejo Espejo, J. (2012). Componentes ideológicos de la homofobia. Límite Revista de Filosofía y Psicología, 85-106. Recuperado el 12 de diciembre de 2022, de https://www.redalyc.org/pdf/836/83625847006.pdf
Fundación Mujeres (FM) y Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED. (2011). Sexismo y Violencia de Género en la Juventud Andaluza. Andalucía: Instituto Andaluz de la Mujer, Consejería para la Igualdad y Bienestar Social, Junta de Andalucía.
Liberties EU. (5 de ostubre de 2021). ¿Qué es la marginación? Definición y estrategias de respuesta. Recuperado el 7 de agosto de 2022, de https://www.liberties.eu/es/stories/marginacion-y-ser-marginadoa/43767
Ordóñez Barba, G. (2018). Discriminación, pobreza y vulnerabilidad: los entresijos de la desigualdad social en México. Región y sociedad. Recuperado el 4 de enero de 2023, de https://www.scielo.org.mx/pdf/regsoc/v30n71/1870-3925-regsoc-30-71-rys_2018_71_a377.pdf
Percastegui Rojas , A. (2019). Migración: Clasismo y xenofobia, un acercamiento al imaginario social en alumnos de Educación Primaria. MEMORIAS DEL XXI CONCURSO LASALLISTA DE INVESTIGACIÓN, DESARROLLO E INNOVACIÓN, 35-40.
Riedemann, A., & Stefoni, C. (2015). Sobre el racismo, su negación, y las consecuencias para una educación anti-racista en la enseñanza secundaria chilena. Polis Revista Latinoamericana, 191-216. Recuperado el 14 de diciembre de 2022, de https://scielo.conicyt.cl/pdf/polis/v14n42/art_10.pdf
Toboso Martín, M. (2021). Afrontando el capacitismo desde la diversidad funcional. DILEMATA Revista Internacional de ëticas Aplicadas. Recuperado el 6 de enero de 2023, de https://www.dilemata.net/revista/index.php/dilemata/article/view/412000450
Palabras clave:
Discriminación, Diseño, Exclusión
#01446 |
Trayectorias vulnerables en el contexto de pandemia: el caso de las empleadas domesticas en Argentina
Valentina Maria Passone Vece1
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Victoria Servidio
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1 - Facultad de Ciencias Sociales-Universidad de Buenos Aires.
La siguiente ponencia se propone analizar los cambios que la pandemia del COVID-19 ha producido en las condiciones laborales y en los ingresos de las empleadas domésticas en Argentina tomando como referencia el período 2019-2021. En este contexto de excepcionalidad, se conjetura que esta ocupación, caracterizada por altos niveles de informalidad y precariedad al encontrarse por fuera de la legislación de la Ley de Contrato de Trabajo, pudo haber experimentado una mayor desprotección que el resto de las ocupaciones. A su vez, es de interés el estudio de este sector, considerando que el empleo doméstico se presenta como una puerta de entrada “natural” al mercado laboral para mujeres de menores recursos económicos y bajo nivel educativo, al ser un trabajo que no requiere calificación. En este sentido, el advenimiento de la pandemia podría significar la precarización de una población con una trayectoria ya vulnerable como también una oportunidad para la visibilización y posterior mejora de sus condiciones de contratación. Para el cumplimiento de nuestro objetivo de trabajo, se llevó a cabo una metodología de tipo cuantitativa con base en la Encuesta Permanente de Hogares (EPH) elaborada por el Instituto Nacional de Estadísticas y Censos (INDEC). A fin de poder observar los cambios que pudieron producirse con el advenimiento de la pandemia por COVID-19, se tomarán como referencia los segundos y cuartos trimestres de los años 2019 y 2020 a la vez que se ilustrará una situación más cercana a la actualidad con el tratamiento del 2do trimestre 2021. El análisis de los datos secundarios, de manera congruente con nuestra hipótesis de trabajo, nos permite poner de manifiesto que el impacto de la pandemia afectó de manera diferencial a las empleadas domésticas. En este sentido, si bien la pandemia y sus consecuentes restricciones a la circulación tuvieron un carácter regresivo en todas las ocupaciones, en el sector del empleo doméstico estas medidas tuvieron un mayor impacto negativo, comprometiendo tanto el sostenimiento de la fuente de trabajo como el ingreso de las trabajadoras. A su vez, se pudo evidenciar la presencia de transferencias monetarias estatales para el sostenimiento económico del sector, pero sin modificar las condiciones de precariedad del mismo, abriendo el interrogante sobre el alcance de las medidas de gobierno. En esta línea, se observa también que con la flexibilización de las restricciones, la informalidad del sector volvió a subir, pudiendo conjeturar que se recuperaron los antiguos puestos de trabajos en las mismas condiciones de vulnerabilidad. En este sentido, si bien hubo un reconocimiento estatal sobre la necesidad de brindar transferencias monetarias para el sector en un contexto crítico, esto no parece traducirse en la posibilidad de introducir reformas más amplias ni para cuestionar las limitaciones de las instituciones existentes.
#01512 |
Corporalidades en intersección: Exclusión social, discriminación y tránsitos post-pandemia
Esta ponencia es el resultado de mi investigación de maestría y plantea, desde la interseccionalidad, una propuesta teórico-analítica para analizar la discriminación y exclusión desde una perspectiva corpóreo-etnográfica, a fin de dar cuenta de las formas en que la ciudad y sus espacios generan dinámicas de discriminación y desigualdad que colocan en riesgo a poblaciones vulnerables en la CDMX; usando como base los resultados de encuestas de discriminación sobre quiénes y cómo son esas poblaciones, se problematiza el análisis interseccional de mujeres con discapacidad, mujeres no heterosexuales con discapacidad, mujeres trans no heterosexuales con discapacidad y la forma en que hacen frente a la exclusión a través de técnicas corporales. La propuesta teórica está fundamentada en los aportes epistemológicos de la teoría queer, crip, los estudios de género y los estudios del cuerpo, con el tejido transversal de la interseccionalidad como marco teórico-analítico y herramienta metodológica de esta investigación. Esta ponencia abre, también, un espacio de espejeo crítico que permite la problematización de los resultados a partir de las formas en que la pandemia por COVID-19 modificó no sólo las dinámicas sociales, sino que trasladó los espacios físicos a la virtualidad, ampliando no sólo la participación en espacios públicos y privados, sino también los significados atribuidos al cuerpo, el higienismo que marca distancia y las nuevas técnicas corporales que suman a la resistencia ante la exclusión social en términos de desigualdad y discriminación durante y post-pandemia.El trazado metodológico de este trabajo es una triangulación de técnicas que toman como base el método etnográfico a través de: Análisis cualitativo de datos estadísticos (data institucional), observación etnográfica (recorridos en ciudad) y método biográfico (3 historias de vida con foco en las distintas diferencias que conforman sus experiencias).De esta forma, esta investigación presenta una apuesta novedosa en la lectura estadística, ya que se propone una perspectiva integral e interseccional de las categorías de diferencia, desigualdad y exclusión, a fin de encontrar claves analíticas y teóricas que contribuyan no sólo a una perspectiva reflexiva de la interseccionalidad cuando nos referimos a la discriminación y desigualdad, sino al conocimiento en general y en las estrategias que suponen la atención e intervención en estas problemáticas, dejando atrás la perspectiva tradicional de los datos estadísticos institucionales que arrojan resultados y análisis desagregados.
#02436 |
Huellas de la pandemia en la vida de les jóvenes: género, trabajo y participación
1 - Centro de Investigaciones y Estudios sobre Cultura y Sociedad - Facultad de Ciencias Sociales - Universidad Nacional de Córdoba.2 - Facultad de Ciencias Sociales - Universidad Nacional de Córdoba.
En la siguiente ponencia damos cuenta de algunas de lecturas, análisis e interpretaciones sobre los resultados del trabajo de campo realizado durante el 2020 y el 2021 en el marco del proyecto de investigación Jóvenes, educación, trabajo y participación: Estrategias y circuitos de acceso que lxs jóvenes de sectores populares despliegan en contextos y tiempos de restricciones. La pandemia nos obligó a reformular objetivos, preguntas y métodos, por lo cual realizamos dos estudios cuantitativos a través de encuestas a un muestreo de 500 jóvenes entre 14 y 22 años de la Ciudad de Córdoba, entre los meses de abril - mayo del 2020 y noviembre - diciembre del 2021. En ambos casos se intentó recuperar las prácticas y percepciones en torno a los cambios y dificultades que imponía el ASPO / DISPO y la crisis social en el acceso a la educación, la salud, el trabajo y la participación, así como sus miradas en torno a las políticas públicas implementadas por los gobiernos para este sector etario. Los datos del estudio ofrecen elementos para describir el modo en que la pandemia impactó en las desigualdades preexistentes de este segmento poblacional, especialmente aquellas referidas al nivel socioeconómico, el género, y la generación (atendiendo una división en rangos etarios al interior del grupo encuestado: un primer grupo de 14 a 17 años y un segundo de 18 a 22). En este trabajo, nos centraremos en los datos referidos al trabajo/empleo, las formas de tramitar emocionalmente los cambios en la vida cotidiana y la participación de jóvenes en diferentes espacios sociales. Las desigualdades de género y de nivel socioeconómico son una constante en ambos estudios. Lxs jóvenes de niveles socioeconómicos más bajos se encuentran más insertxs en el mercado laboral, en peores condiciones y con mayores niveles de desempleo. El aislamiento provocó una significativa pérdida de ingresos y puestos de trabajo. En el caso de las mujeres se registra una mayor carga en las responsabilidades de cuidado y son ellas quienes dijeron vivenciar en mayor medida emociones como angustia, cansancio o ansiedad. Durante el primer año de pandemia hubo una pérdida significativa de acceso a espacios de participación, y en el 2021, parece que lxs jóvenes encontraron espacios para reactivar solidaridades frente al empobrecimiento y los obstáculos que generó la pandemia. ¿Dónde se plantearon los mayores impactos de la pandemia en la vida lxs jóvenes? Para ello se elaboró un índice que apuntó a reconstruir el impacto, considerando distintas dimensiones de la vida cotidiana que refieren a sus principales ámbitos de socialización, y ubica a las mujeres e identidades no binarias como el grupo que vió afectados más aspectos de su cotidianeidad, marcando un desafío central para abordar las desigualdades en las juventudes post pandemia.
#02622 |
El impacto de la pandemia en la industria maquiladora del municipio de Chihuahua
A finales de la década de 1960, las industrias maquiladoras habían industrializado la mayor parte de las comunidades de la frontera norte de México. Las maquiladoras sirvieron para industrializar gracias a su marcada competitividad e innovación constante. La fundación y el crecimiento del sector de la transformación de las maquiladoras dio lugar a un aumento significativo del empleo en las comunidades de los estados del norte de México. así como el crecimiento de manufactura para exportación. El grueso de las ganancias del comercio entre México y Estados Unidos, según el Consejo Nacional de la Industria Maquiladora y Manufacturera de Exportación, se queda en las empresas de propiedad estadounidense (Riquelme, 2018). Ante la actual pandemia que infectó a todo el planeta a parir del 2019, los trabajadores del sector maquilador del municipio de Chihuahua se vieron afectados por la emergencia sanitaria y con esto su grado de competitividad e innovación durante este lapso. La COVID-19 supuso un peligro para la supervivencia del sector maquilador de este municipio lo que provocó un agravamiento de la crisis, con varias maquiladoras amenazando con detener o reducir la producción. Como resultado, el problema perjudicó a las economías de México y Estados Unidos.El objetivo de este estudio es analizar la influencia de COVID 19 en el sector maquilador y la manera como afectó a la competitividad empresarial. El papel que jugaron los trabajadores al solicitar protección y las medidas implementadas por las empresas para proteger a sus empleados. Así como describir los impactos de esta crisis en términos del aumento de personas en condiciones de pobreza y pobreza extrema en el comparativo de antes de la pandemia con él durante la pandemia del municipio de chihuahua a consecuencia del desempleo provocado por el cierre parcial o total de actividades no esenciales. Y con ello poder proponer estrategias que ayuden y den soporte a futuros escenarios de pandemia. partiendo de la hipótesis que existe una relación lineal entre innovación con bienestar laboral y márgenes de utilidades.La presente investigación implica una revisión y estudio de numerosas publicaciones y datos que dan seguimiento a este nuevo reto económico que tienen las maquiladoras.
#03831 |
LA MOJANA: UN ESCENARIO DE PERCEPCIONES Y MARGINALIDAD.
Esta ponencia tiene como eje central estudiar las diversas percepciones socio- ambientales que tienen las comunidades de la Mojama cordobesa, mediante la construcción de una línea base que permita entender la dinámica social, la realidad de las comunidades, sus percepciones, significados y experiencias en el contexto veredal de Sincelejito. El objeto principal de esta investigación es estudiar las diversas problemáticas socio- ambientales que se evidencian en dicho territorio. Asimismo, se busca visibilizar las situaciones pasadas y presentes que caracterizan a este corregimiento por medio de sus tradiciones en la construcción de su tejido social. En este sentido, las bases teóricas con las cuales se abordarán las categorías de trabajo de este proyecto están dadas por investigadores como Víctor Negrete (2011), Orlando Fals Borda (1979) y Ángela Aguilera (2004). Dichos autores moldearán la estructura de análisis que esta investigación demanda para el estudio del contexto socio- ambiental de uno de los territorios que padece con auge el fenómeno de vulnerabilidad de los Derechos Humanos en temas educativos, ambientales, seguridad alimentaria, salud, así como la creación y optimización de políticas públicas que garanticen la calidad de vida de la población del corregimiento de Sincelejito. Para finalizar, este trabajo permite dar a conocer la decadencia de un territorio que se sumerge en la marginalidad y la desigualdad social debido al abandono estatal, la falta de oportunidades, las inundaciones y al precario desarrollo de su comunidad. En esta medida, la metodología para conseguir este objetivo es de tipo mixta ya que se deben estudiar y comparar datos (cuantitativo), así como analizar la información que se obtenga en el proceso de interacción con la comunidad (cualitativo), este ejercicio implica la aplicación de instrumentos como la encuesta, la entrevista semiestructurada, el estudio de caso, inmersión y monitoreo. Palabras Claves: Percepciones socio-ambientales, tejido social, marginalidad, abandono estatal.
#03941 |
Marginalidad y espacialidad: un acercamiento a la realidad de los asentamientos irregulares Zarabanda y Nuevo Milenio de la ciudad de Montería.
Brian Manuel Contreras Martínez1
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Estephania Salgado Navarro
1
Basado en un trabajo etnográfico conjunto realizado en los asentamientos irregulares Zarabanda y Nuevo Milenio de la ciudad de Montería, Córdoba-Colombia, esta ponencia es una reflexión sobre el análisis de la marginalidad y la espacialidad (dimensión de representación del espacio) que se evidencia en las dinámicas socioeconómicas de éstos. Empleando un estudio de caso para conocer y comprender la manera cómo las personas de estos asentamientos experimentan cotidianamente el espacio, a partir de la descripción de las relaciones sobre la organización social y adaptación del espacio dada por las prácticas socioeconómicas vinculadas en la relación con el Rio Sinú. A la vez, las exigencias de políticas públicas que permitan generar procesos de construcción social mediante la interacción entre el Estado (municipio) y la comunidad sobre la reivindicación del Derecho Constitucional a una vivienda digna. De igual manera, se realiza una indagación sobre los enfoques teóricos asociados a la marginalidad, al paradigma de la modernización y a los alcances del capitalismo y sus consecuencias en Latinoamérica, entendiéndolo desde la base del derecho a la ciudad (Henri Lefebvre y David Harvey). El trabajo logra inferir los problemas estructurales del Estado colombiano y el municipio de Montería en la implementación de políticas asistenciales paternalistas y cómo la comunidad de los asentamientos irregulares Zarabanda y Nuevo Milenio no logran ser incorporados a las formas de producción hegemónica. Palabras claves: Asentamientos irregulares, marginalidad, espacialidad, política pública, espacio, Estado, capitalismo, derecho a la ciudad.
15:00 - 17:00
GT_08- Desigualdad, Pobreza y Exclusión Social
Grupos vulnerables, relaciones sociales de dominación y procesos de exclusión social: Coordina: Louis Mballa
#02631 |
Condiciones de vulnerabilidad y pobreza de la población del estado de Hidalgo
Jorge Alberto Dettmer González1
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Angélica Elizabeth Reyna Bernal
2
1 - Instituto de Investigaciones Sociales UNAM.2 - Universidad Autónoma del Estado de Hidalgo.
A partir de la década de 1990, la reestructuración económica mostró la exposición de diferentes grupos sociales a nuevas condiciones de deterioro de sus condiciones de vida, surgiendo como problemática la vulnerabilidad social. En América Latina, la noción de vulnerabilidad ha resultado útil para explicar el aumento de la indefensión y la pobreza que afecta a gran número de familias de clase media y baja tanto en contextos urbanos como rurales. Por ello, el concepto de vulnerabilidad resulta más adecuado para explicar la exposición al riesgo de amplios segmentos de la población por efecto del nuevo patrón de desarrollo capitalista y las afectaciones socioeconómicas derivadas de la pandemia.El objetivo del presente trabajo es analizar algunas dimensiones de la vulnerabilidad social relacionadas con la pobreza de la población considerando el caso del estado de Hidalgo, México. Desde una perspectiva sociológica y demográfica se presentan los enfoques teóricos más relevantes y conceptos de “vulnerabilidad social” y “pobreza”, se analizan algunas de sus dimensiones sociales y demográficas, y finalmente se destacan algunas problemáticas relevantes de la población del Estado de Hidalgo. Tomamos como fuentes de información los datos censales y resultados de la Encuesta Nacional de Ingreso y Gastos de los Hogares 2020, así como información complementaria para el caso del estado de Hidalgo.Entre los resultados obtenidos de la investigación se destacan los impactos provocados por el modelo económico y el contexto de la pandemia, en términos de niveles de pobreza, que inciden en la vulnerabilidad a partir de características básicas de la población como su condición rural o urbana, laboral e ingresos, el cambio de la estructura por edad, focalizando la situación de la juventud, la vejez y el género como factores de mayor desigualdad y pobreza en el estado de Hidalgo.
#03302 |
O circuito da venda “doméstica” de crack realizado por mulheres na favela do Oitão Preto na cidade de Fortaleza-Ceará-Brasil.
Maria Gomes Fernandes Escobar1
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Maria Glaucíria Mota Brasil
1
O texto é um recorte de pesquisa etnográfica realizada na Favela do Oitão Preto em Fortaleza – CE e subsidia a construção da tese de doutoramento em Sociologia pela Universidade Estadual do Ceará - UECE. Trata-se de problematizar a inserção de mulheres pobres, pretas e velhas no circuito precário da venda de crack como forma de acesso a renda em uma atividade que se realiza no espaço doméstico. Foram acompanhadas quatro mulheres que tem em comun o não acesso à direitos de cidadania e marginalidade nas esferas de produção e de consumo, lançando-se na economia ilegal da venda de drogas, geralmente, de forma subalternizada, ocupando baixos postos, raramente tendo o comando do negócio. Estando mais expostas na cadeia de produção e consumo de drogas, são mais suscetíveis a sofrer abordagens e o encarceramento, entendendo que a marginalidade social, a criminalização e as práticas punitivas são parte de um processo de subordinação racial das mulheres, notadamente as negras. A presença das mulheres no comércio varejista de crack se dá nos patamares mais baixos, precários e arriscados do mercado varejista de drogas onde prevalece uma hegemonia masculina que impermeabiliza as organizações do tráfico a quaisquer pretensões “emancipatórias”. A estrutura do mercado de crack apresenta forte estratificação por género, bem como por “raça”/etnicidade, se estabelecendo principalmente a partir de redes parentais masculinas que acabam por envolver suas esposas, namoradas, irmãs, amigas que se tornam pequenas distribuidoras. As comerciantes pesquisadas mantêm relações subordinadas aos fornecedores que realiza com elas um contrato verbal, informal, sigiloso e fundado na lealdade. Em suas casas, o improviso dos tabuleiros com as pequenas “pedras” se agrega a rotina doméstica em uma atividade pouco lucrativa e com muitos concorrentes. Nesses termos as mulheres pesquisadas não se percebem enquanto traficantes estabelecendo a diferença entre a venda de crack em casa, sem o uso de armas ou violência, sua condição de vulnerabilidade social e econômica, como marcadores da diferença entre o trabalho “para viver” e aquele realizado por traficantes. Para um determinado grupo de mulheres, o trabalho será sempre aquele lugar desprivilegiado, marcador da dominação rotineira a que elas são alvo. Muitas mulheres, notadamente as não brancas, são sobrecarregadas pela pobreza, responsabilidades de assistência a familiares e a falta de habilidades de trabalho. Esse acúmulo de desigualdades sociais e econômicas, às dificuldades de absorção de setores da população pelo mercado de trabalho e a marginalização lançam uma parcela da população ao crivo das ilegalidades sendo o comércio de crack mais acessível e com clientela certa.
Introducción:
A pesquisa foi realizada na Favela Oitão Preto, localizada na periferia oeste da cidade de Fortaleza, Ceará - Brasil entre os anos de 2018 e 2019. Quatro mulheres residentes em Oitão Preto foram acompanhadas nesse período e estiveram envolvidas na microeconomia de crack, realizando ou microcomércio doméstico do produto. Percebeu-se a banalidade com que estas atividades compõem o contexto de vida dos outros dois residentes/frequentadores do local. Tal análise é certamente apenas uma das muitas possibilidades de compreensão desse fenômeno que surge a partir da presença nas periferias e favelas de grupos e facções criminosas que estabelecem um circuito de distribuição e venda de substâncias que conta com a participação de "novos vendedores" e novos pontos de venda, dias diferentes têm sido conhecidos como “bocas de fumaça”.
O comércio de crack, além do seu caráter ilícito, está comumente relacionado ao aumento da violência e dos índices de crimes violentos observados em todas as grandes cidades brasileiras, o que ratificaria o caráter perigoso da substância e justificaria a necessidade de seu extermínio, bem como a intervenção policial, médica, social aos envolvidos com a droga. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), em 2021 o Estado do Ceará contabilizou 2970 Crimes Violentos Letais e Intencionais (CVLI). Esse número é menor que o quantitativo de 2021 quando foram contabilizados 3299 CVLIs, no entanto, persiste o expressivo número de mortes violentas no Estado.
No Brasil o tráfico de crack tem suas origens na cidade de São Paulo tendo o primeiro relato de apreensão policial da substância ocorrido em em 1991, de acordo com Oliveira e Nappo (2008). A partir dessa primeira apreensão, houve um aumento progressivo de apreensões progredindo de 204 registros em 1993 para 1.906 casos em 1995, demonstrando a rápida popularização do crack em território brasileiro. Os traficantes e suas habilidosas estratégias de mercado contribuíram a esse processo. Os autores informam que a princípio, como ainda era desconhecido, para facilitar a apresentação do crack e a adesão por parte do usuário, os traficantes esgotaram as reservas de outras drogas nos pontos de distribuição, disponibilizando apenas crack. Logo, diante da falta de alternativas, os usuários viram-se obrigados a optar e aderir ao seu uso.
Assim, o comércio e uso de crack se tornaram visíveis, até pela presença maciça de usuários que consomem a substância em espaços públicos principalmente com a disseminação de lugares popularmente conhecidos como “cracolândias”. Tal situação passou a receber a atenção de diferentes setores que passaram a “dar voz” ao problema, tais como Igrejas, profissionais de saúde, a mídia, atores indiretamente afetados que cobram e empreendem esforços para a resolução do problema que consideram prejudicial. Dentre as ações cobradas e ofertadas pelo poder público, estão as repressivas, de controle e de policiamento.
Para tanto delineou-se uma etnografia tendo em perspectiva a compreensão de Clifford (2002) para quem a etnografia deve ser pensada como uma negociação construída entre o pesquisador e seus interlocutores, entendidos como sujeitos conscientes e politicamente significativos. Dessa forma a etnografia se realizou em interlocução à quatro mulheres negras, pobres, todas na faixa etária maior de 60 anos e moradoras da Favela do Oitão Preto. As temáticas que subsidiam a pesquisa surgiram a partir de diálogos com essas mulheres a quem visitei e de situações presenciadas a partir dos itinerários transcorridos. Assim, os diálogos foram sistematizados e organizados em pequenas narrativas, entendendo a etnografia como uma interpretação possível e sempre parcial de dados.
Na perspectiva deste artigo, cabe, no entanto, “olhar” para as narrativas que estão presentes nos contextos de venda de drogas e constituem o que podemos chamar de “ciclo do microcomércio doméstico de drogas” e que envolve atores sociais que estão em o espaço de vendas, dá economia de crack e atendimento a esses indivíduos. Assim, privilegia -se uma discussão teórica com base no que se obtém como produto da pesquisa, tendo em vista a necessidade de delimitar as discussões às normas operativas deste documento.
Desarrollo:
O microcomércio doméstico de crack na Favela do Oitã oPreto
Na Favela do Oitão Preto, a adesão às atividades de venda de drogas é algo bem heterogêneo se levado em consideração o sexo, idade e estilo de vida. Neste local está construída uma estrutura de ilegalismos que se desenvolvem em uma tênue fronteira entre as escassas oportunidades de trabalho formal e legal e as múltiplas formas de inserção em atividades ilegais sendo a venda de drogas “em casa” uma atividade pouco complexa e capaz de abranger um grupo heterogêneo de participantes inclusive mulheres e velhos.
Vera Telles e Daniel Hirata (2010) construíram uma discussão interessante quanto a questão dos ilegalismos nas sociedades urbanas traçando um paralelo até o aparecimento das atividades envolvendo o tráfico de drogas.
O cenário urbano é atravessado pelos circuitos superpostos de ilegalismos novos, velhos ou redefinidos, entre expedientes de sobrevivência, o trabalho irregular, pequenos empreendimentos locais e os negócios do crime que gravitam em torno dos pontos de venda de drogas ilícitas. É nesse plano que o varejo da droga se enreda nas tramas urbanas em que os fluxos de dinheiro, de mercadorias, de bens, de produtos ilegais e ilícitos se superpõem e se entrelaçam nas práticas sociais e nos circuitos da sociabilidade popular (TELLES e HIRATA, 2010, p. 45).
Os mercados de drogas, como já dito, apresentam especificidades diversas e agregam diferentes atores que atuam em diversos níveis de sua organização e estabelecem por exemplo, os fluxos de hierarquia e dominação dos territórios e as práticas de uso ou não de violência no cotidiano das transações comerciais sendo possível, segundo Daudelin e Ratton (2017), a distinção entre mercados de drogas considerados de natureza pacífica e aqueles que apresentam alto teor de violência. O que os autores deixam claro em sua pesquisa é que a ilegalidade, em si, não pode ser apontada como fator quase exclusivo da violência prevalente na maioria dos mercados de drogas. Nesse sentido, apontam outros determinantes que poderiam estar presentes nesses circuitos, influenciando um maior ou menor grau de uso da violência.
Nesses termos os autores identificam mercados abertos e fechados, cobertos e descobertos. Essa classificação é importante para o estudo em tela quando por exemplo os autores estabelecem que “estranhos podem interagir em mercados abertos, enquanto apenas pessoas que se conhecem e confiam umas nas outras podem fazê-lo em mercados fechados [...] Em tais mercados, a violência física, ou a ameaça do seu uso, é efetivamente substituída pela sanção social” (p.118-119) o que implicaria em quebra da confiança, ostracismo daquele que não cumpriu com o acordo e perda de credibilidade dentro da comunidade.
No cenário da Favela do Oitão Preto em relação às práticas de venda de crack foi possível observar as regularidades nas transações de venda tendo as vendedoras que acompanhei desenvolvido uma “clientela” de certo modo fixa e, nesse sentido, estava presente as relações de confiança necessárias ao fluxo de venda de crack. Os autores demarcam que a venda de crack no varejo se configura em um mercado completamente descoberto em locais amplamente conhecidos pelos usuários, por vizinhos e pela polícia. Ali o consumo é realizado no próprio local ou pelas redondezas e, nesse sentido, os autores sustentam, a partir de seus informantes, que tais locais são propícios a práticas violentas como furtos, roubos, assassinatos e confrontos entre facções, além de intervenções da polícia.
A etnografia realizada no Oitão Preto demonstra, ao contrário a existência de um comercio de crack fechado e coberto que se desenvolve sem que sejam acionadas práticas violentas e que atraem um certo perfil de clientes justamente por possibilitar tais garantias. Nas casas das mulheres que visitamos não estão expressos os códigos de intimidação, desconfiança e medo que nos parece estar presentes nos mercados analisados pelos autores. Ao contrário, a venda do crack se desenrola em meio a rotina dos afazeres diários e se coloca como mais uma atividade da qual elas são responsáveis. A venda de drogas da forma como estamos situando está centrada muito mais no âmbito doméstico sendo possível sua realização sem que sejam deixadas a segundo plano as tarefas do cuidado da casa e de outros familiares dependentes.
A família, no contexto da adesão a prática da venda de drogas tem papel primordial tendo em vista que das quatro mulheres pesquisadas, três apontam sua entrada nessa atividade sendo agenciada por outros familiares, marido, filhos. A partir da adesão de outros familiares ao tráfico de drogas, estava aberto o canal de interlocução entre elas e os “comerciantes do topo” a partir de relações que estão amplamente fundamentadas na perspectiva da confiança tendo em vista que os pagamentos pelas mercadorias comercializadas são feitos apenas após o “comerciante doméstico” realizar suas vendas.
Chaves (2013) diferencia dois tipos de traficantes: os “traficantes do topo” que estão em maior escala, gerenciando transações com grupos importadores de drogas, e os “traficantes intermediários” que vendem drogas diretamente ao consumidor final. Aqui alargo essas categorias a mais de um tipo de microcomerciantes domésticos que, na experiência de Oitão Preto, estão em grau inferior a dois “comerciantes intermediários”, estando a eles subordinados. As mulheres que me acompanham recebem crack de dois “comerciantes intermediários” têm pouco ou nenhum contato direto como “mercadores-toupeira”. Com base em relações amplamente pautadas na perspectiva de confiança, considerando que os pagamentos das mercadorias comercializadas só são efetuados após o "comerciante nacional" efetuar suas vendas.
O intermédio de alguém que estabeleça a ligação entre o “comerciante do topo” e os “comerciantes intermediários” é importante tendo em vista que a venda de drogas, por ser uma atividade em cadeia, passa por diferentes etapas até que de fato se concretize. Cada uma das etapas mobiliza uma rede de confiança, proteção e sigilo que estabelece entre os envolvidos um esquema não contratual, mas fortemente internalizado podendo a quebra desse contrato verbal ser punido inclusive com a morte. A droga chega até essas microcomerciantes domésticas através de distribuidores que trazem o crack já cortado, pesado e embalado em pequenas pedras cujo preço varia entre 1 e 2 reais, a depender do tamanho. Em casa, as pedras são dispostas em pequenos tabuleiros, à vista e alcance dos consumidores que podem escolher tamanho e quantidade. Junto ao tabuleiro um recipiente contendo moedas e cédulas de dois reais para facilitar o troco.
Ao final da semana, os mesmos distribuidores que vieram deixar o produto retornam para recolher “o apurado”. Nessas transações pouco se fala. Não temos registro por exemplo de ouvirmos das interlocutoras uma única menção a venda de crack. Quando se falava da substância era sempre em relação aos usuários de crack e o quanto a droga era prejudicial a eles.
Por ser uma atividade ilegal, apesar de todas as especificidades da venda em casa, o comercio doméstico de drogas também agrega um certo risco, por isso a importância de que as vendedoras conheçam os consumidores que normalmente são moradores do bairro ou pessoas que vem de fora, mas que são apresentadas por outros já conhecidos das vendedoras. Forma-se assim uma rede de contatos que busca, em última instância, garantir a proteção e o sigilo quanto as atividades das vendedoras e o consumo dos clientes. Ao mesmo tempo que as mulheres não desejam a identificação enquanto “traficantes”, os usuários que as procuram se interessam pelo anonimato e tendem a evitar que seu uso seja exposto no bairro ou em outros locais. Todas as vezes em que chegamos em alguma casa em que se fazia a venda e o uso do crack, a ação imediata das mulheres era retirar o tabuleiro da sala e, no caso de existirem clientes no local, estes sempre pareciam constrangidos, envergonhados ou mesmo assustados com nossa presença.
Observou-se assim um perfil diferenciado entre a clientela que essas mulheres agregam. Seus clientes querem evitar a compra das drogas nas bocas ou na rua onde a exposição e os riscos podem ser maiores e desejam o sigilo de suas condutas. Esse público de certa forma diferenciado, também faz com que as mulheres não precisem acionar mecanismos ostensivos de violência, não fazem uso de armas ou qualquer outro artefato que sugestione as práticas violentas amplamente relacionadas ao tráfico de drogas. Conhecer os clientes pessoalmente se torna uma ferramenta importante para garantia da proteção das vendedoras. A forma de venda como a que está sendo aqui demarcada só é possível a partir dessa vertente que também se fortalece pelo sigilo e proteção garantidos pela vizinhança. As mulheres interlocutoras da pesquisa detinham uma posição de certa forma privilegiada entre os vizinhos que garantiam certa proteção a realização das atividades.
Uma das questões apontadas por elas para se distinguirem dos traficantes era o baixo lucro que obtinham na realização das atividades. Ao tentar saber das mulheres em relação ao rendimento médio de suas atividades, elas sempre referiram que o lucro “não dava para quase nada”, apenas garantia o sustento básico. Talvez a questão da pouca lucratividade esteja relacionada ao baixo valor da mercadoria, uma pedra de crack era vendida a 1 real. Além disso, por muitas vezes encontrava as casas fechadas o que demonstrava que elas não trabalhavam no negócio todos os dias. A pouca lucratividade também foi apontada, mais de uma vez para diferenciar a venda realizada por elas e aquela relacionada aos traficantes.
A estrutura da microeconomia do crack se organiza a partir do somatório de uma rede de conhecimentos e organização que tem como base a confiança estabelecida entre os “comerciantes do topo”, os “comerciantes intermediários” e as micorcomerciantes domésticas, os contratos de sigilo e proteção que se estabelecem na vizinhança e a presença de consumidores também interessados no sigilo e proteção do seu consumo. Nesse sentido, a geopolítica das drogas se embaralha a microeconomia da venda de crack estabelecendo novas sociabilidades e fortalecendo as bases de enriquecimento dos grandes traficantes enquanto os pequenos estão muito mais sujeitos ao encarceramento e a punição resultante de seus ilegalismos. Labrousse (2010) chama a atenção para o fato de que o tráfico de drogas mobiliza uma rede internacional que estimula o interesse da indústria bélica e dos bancos que financiam a “guerra às drogas” ao mesmo tempo que alcançam grandes lucros a partir do narcotráfico. Zaluar (2004, p.35) lembra que “o tráfico de drogas, organizado internacionalmente, mas localizado em suas pontas nos bairros pobres e nos centros de boemia das cidades, além de criar centros de conflitos sangrentos nessas vizinhanças, além de corromper as instituições encarregadas de reprimi-los, também criou na população da cidade um medo indeterminado, aumentou o preconceito sobre os pobres em geral, tomados como os agentes da violência, e auxiliou a tendência a demonizar os usuários de drogas, a considerá-los a fonte do mal, de toda a violência”.
Vendedoras e compradores: retratos de algumas interações
O caráter ilegal da atividade de venda de crack foi, por um certo tempo um ponto dificultador na realização da pesquisa pois as mulheres aparentavam certo receio em falar sobre a prática. Tal atitude é compreensível tendo em vista o caráter ilegal da atividade e a necessidade de transparecer aos compradores a segurança do anonimato e a proteção contra possíveis abordagens policiais. Assim a venda do crack ocorria de forma discreta, não se pronunciava o nome da droga e a aproximação dos compradores sempre era feita como se a intenção de estar ali fosse outra que não a compra de drogas. É claro que talvez, sem a nossa presença no local, a aproximação e o comportamento tanto de vendedoras como de compradores fosse outro e isto é bastante compreensível.
Muitos meses se passaram até que presenciassemos, pela primeira vez, a venda da substância nas casas dessas mulheres. Elas, de início, mandavam seus clientes retornarem depois e, em muitas ocasiões, encerravam o assunto conosco dando a entender que estávamos atrapalhando. As abordagens dos clientes eram sempre muito rápidas, os códigos não verbais frequentemente utilizados para evitar ao máximo a pronúncia de palavras. Os compradores se aproximavam já com o dinheiro na mão e rapidamente eram repassadas as pedras. Praticamente nenhum diálogo entre eles. Nós, nesses momentos procuravamos olhar em outra direção, evitando despertar nos clientes a desconfiança.
Essas cenas de venda de crack, de alguma forma protegidas, garantem muitas vezes o sigilo e a segurança de usuários que não querem e não podem estar na rua. Em várias casas, além da compra da substância, é também possível realizar o uso, na sala ou em um cômodo ao lado. A maioria das pessoas que utilizam as casas das mulheres para o uso querem preservar sua “imagem” em um uso reservado e diferente de clientes que utilizam o espaço das ruas e que compram a substância para usar na praça ou em calçadas próximas. É um grupo diferente que deseja proteção, a menor exposição possível e a maior discrição. Da mesma forma, são usuários mais “controlados”, colocam limites ao uso e dificilmente causam problemas.
Alguns clientes utilizam-se do horário de almoço quando podem sair do trabalho e vão até o Oitão Preto, que fica bem próximo da área comercial da cidade, e fazem ali o uso da substância para logo após retornarem ao trabalho. Tem-se ai um perfil de usuários de crack, aqueles que fazem um uso “controlado” mantendo suas atividades como trabalho, por exemplo. Para Rui (2012) a perspectiva dos usuários e os cenários de uso possibilitam a existência de níveis distintos de envolvimento com o crack. Cada um deles é produto e produtor de diferentes atributos físicos e morais, que, por sua vez, demarcam pequenas fronteiras. A partir disso, a diferenciação entre usuários levando-se em conta o grau de dependência, além da situação social e de vida década um. As próprias vendedoras diferenciam esse público entre aqueles que usam crack, mas trabalham, e os “drogueiros” que usam sem limites e que “se acabam na pedra”. Espinheira (2004) chama a atenção para as formas de usos de drogas e a heterogeneidade de seus usuários.
A cena da droga nunca é a mesma, assim como não o são os seus agentes e isto não apenas no tempo, mas também nos diferentes espaços da cidade. Em outras palavras, as formas de consumo nunca são iguais, assim como os produtos não são os mesmos, nesses espaços diferenciados. E podemos afirmar, ainda, nos casos de as substâncias pertencerem à mesma espécie ou identidade, que estas não se igualam em termos de qualidade química nos espaços diferenciados. As drogas não têm o mesmo efeito para pessoas socialmente diferentes. E elas não são as mesmas para clientes diferenciados por renda e classe social. Se a questão é posta nesses termos, não são as drogas, mas as razões de consumo e a natureza do que se consome que caracterizariam a ação social de uso das drogas e, mesmo, a toxicomania (ESPINHEIRA, 2004, p. 12-13).
Ainda segundo o autor, não se pode atribuir à droga uma autonomia em relação ao indivíduo ou mesmo ao contexto social, mas, ao contrário, perceber o indivíduo e o seu contexto para compreender o tempo e os espaços das drogas em suas vidas, questões culturais, sociais, econômicas podem interferir nos significados que as drogas têm para uns e para outros, apesar de seus efeitos serem quimicamente parecidos.
Interessante observar que nesse tipo de venda de crack, não está implícito o uso da violência e o uso de armas e ameaças, senão verbais. Zaluar (2004, p. 62) aponta que um dos elementos que produzem uma cultura na qual é generalizado o recurso à violência para a resolução de conflitos é “uma concepção extremamente autoritária de poder e o ethos da virilidade masculina que impõe ao homem que não deixe nenhuma provocação sem resposta”. No caso estudado, a venda é feita por mulheres e, nesse contexto a diferença em relação à forma de apropriação e manifestação do poder. O comércio aqui realizado está mais próximo daquele descrito por Grillo (2008) quando estudou as redes de tráfico “da pista” onde o emprego da força é condenado e evitado, mesmo nas situações de não pagamento de débitos. Com as mulheres vendedoras de crack do Oitão Preto também pudemos relacionar tal característica. As formas de cobrança dos mau pagadores passavam da cobrança ostensiva a ameaças verbais, no entanto, quando não atendidas, ainda havia a possibilidade de “repassar o caso” para o traficante da área, este sim nomeado por elas como os donos das mercadorias.
Para Misse (2003, p.6) a estrutura dos grupos locais do varejo de drogas foi sempre baseada no sistema de consignação de vendas, a partir do “dono” ou “gerente geral”. Em uma verticalização decrescente, a mercadoria é repassada aos subgerentes e o processo continua até os vendedores diretos. De acordo com o autor, o retorno do pagamento é baseado na noção de “dívida” e deve ser feito, impreterivelmente, dentro de um prazo mínimo. As mulheres vendedoras do Oitão Preto gozam de certa credibilidade e confiança por parte dos “vendedores intermediários” e desta forma, acabam também por receber deles o apoio na cobrança de dívidas, quando elas não conseguem resolver o caso de forma “amigável”. No entanto, a pesquisa de Misse (2003) dá conta de um sistema de consignação que articula-se a uma hierarquia mortal de “credor/devedor” em que na primeira reincidência, o devedor é morto num ritual público de crueldade. Acreditamos que a confiança e a credibilidade alcançadas pelas mulheres interlocutoras tenha a ver primeiro com sua condição de mulher, a idade e o tempo em que vivem no local. Assim, são conhecidas por todos e inclusive tem relações de afeto e proximidade com os “vendedores intermediários” e até com aqueles do “topo”, sendo eles a maioria muito mais jovens. Ainda que não haja nenhuma garantia que regulamente a atividade da venda ilegal de drogas, não sendo também possível garantir que os acordos de compra e venda serão cumpridos, existe nas situações descritas, um componente implícito que se vincula a confiança dentro da comunidade e os custos sociais que essa quebra de confiança possa gerar, abalando a sua reputação dentro do território.
Assim, fica claro que quem toma parte nessas atividades precisa entender seus valores, incorporar suas regras e ser leal aos laços sociais que organizam a vida nessa comunidade política e moral. Nos termos de Paiva (2022), a lealdade é um elemento central no julgamento dos integrantes do grupo e é preciso ser demonstrada constantemente. Nesse sentido, respeitar as posições de poder é fundamental para sobreviver e conquistar o reconhecimento dentro deste comércio.
Conclusiones:
O artigo em tela buscou demonstrar que a partir de uma estrutura piramidal, observamos a existência de diferentes categorias de vendedores de drogas atuando no Oitão Preto. A partir dessa observação preliminar, tomamos emprestado de Chaves (2013) a terminologia utilizada para diferenciar os “vendedores do topo” e os “vendedores intermediários” e a partir daí, identificamos uma outra categoria nomeada por nós de “microcomerciantes domésticas”. Ao traçarmos a venda doméstica de crack por mulheres na Favela do Oitão Preto em Fortaleza, Ceará - Brasil, estabelecemos um eixo de análise que buscou compreender a microeconomia do crack dentro deste território e como tal atividade, aliada a marcadores de gênero, classe, raça e geração, toma centralidade e cria novas modalidades de “vendedoras” de drogas que por amplos aspectos buscam se diferenciar da ideia do traficante seja pela inexistência de padrões violentos de sociabilidade em torno da comercialização dessas mercadorias ilícitas que ocorrem em casa, seja pela baixa lucratividade que a realização das atividades ofertam a esse público em específico.
A diferenciação entre as categorias de vendedores de drogas e a observação de uma microeconomia cada vez mais doméstica e interligada a vida cotidiana de famílias nos parece uma situação relativamente nova no contexto de Fortaleza. O caráter novidadeiro a que nos referimos não está tanto relacionado ao tempo em que ocorrem e se desenvolvem tais atividades no território, mas a amplitude e centralidade que alcança essa microeconomia do crack a partir de um perfil cada vez mais heterogêneo de integrantes. Embora a investigação seja especializada em Oitão Preto, a capilaridade dos anos e a forma como a venda do crack é estruturada leva à integração de uma população de vendedores em diferentes faixas etárias. Em um caso específico, as mulheres da família têm mais de 60 anos e veem a venda de crack em casa, com poucas possibilidades de obtenção de renda, dadas suas fragilidades corporais e responsabilidades familiares, não cuidando e sustentando a casa, dois filhos e dois filhos líquidos. A estrutura dos ilegalismos desenvolve-se numa tênue fronteira entre as poucas oportunidades de trabalho formal e legal e as múltiplas possibilidades de inserção em atividades ilegais, sendo o comércio de drogas "em casa" uma atividade pouco complexa e capaz de abarcar um universo heterogêneo grupo de participantes incluindo mulheres com mais de 60 anos de idade.
Bibliografía:
CHAVES, M. Casal Ventoso: da gandaia ao narcotráfico: marginalidade econômica e dominação simbólica em Lisboa. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais, 2013.
CLIFFORD, J. A experiência etnográfica: antropologia e literatura no Século XX. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2002.
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ZALUAR, A. Integração perversa: pobreza e tráfico de drogas. Rio de Janeiro: FGV, 2004.
Palabras clave:
drogas; mulheres; Comércio.
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Personas adultas mayores, brechas de equidad e interseccionalidad. Estudio de caso en comunidad santiaguera.
El envejecimiento poblacional es una realidad que afecta de forma significativa a diversos países del mundo. Dentro del reordenamiento de la dinámica demográfica de Cuba y su perspectiva de desarrollo futura, los estudios advierten para 2030, una duplicidad de las personas de 60 años y más con relación a los menores de 15 años. Al respecto, válido es destacar la voluntad política del gobierno por promover una vejez de calidad y bienestar; dispuesto desde la Constitución de la República como en diversas políticas y normativas gubernamentales. Sin embargo, las grandes crisis económicas de los últimos tiempos, afianzadas con la pandemia del coronavirus, el recrudecimiento del bloqueo económico y comercial hacia Cuba, y una reestructuración de su sistema sociopolítico y económico complejizan y tienden a lacerar su materialización. Por ejemplo, investigaciones en distintos territorios del país apuntan sobre las asimetrías de equidad social, económicas, de género, etarias y en que en el cuidado de las personas mayores los afecta. En tal sentido, el trabajo ilustra las brechas de equidad social y económica que median las relaciones sociales de hombres y mujeres de 60 años y más de distinto color de piel en la comunidad de Los Maceos de la provincia de Santiago de Cuba, para contribuir a las políticas locales destinadas a su atención. En el estudio se asume la perspectiva interseccional (Hill, 2000; Wade, Urrea, Viveros, 2008), privilegiando el enfoque cuantitativo sobre el cualitativo, a partir de reconocer los efectos de las estructuras de desigualdad social en las vidas individuales de un grupo comunitario y poblacional específico. Los principales resultados, en base a la metodología mixta empleada, advierte sobre la existencia de desigualdades en relación con el género y el color de piel de las personas adultas mayores respecto a su situación económica, de convivencia, etaria y de salud. Desde el análisis horizontal y vertical subsisten condicionantes objetivas y subjetivas que refuerzan la feminización de dichas asimetrías, donde las mujeres negras se encuentran en proporciones más desfavorables respecto a las mestizas y blancas en relación con su nivel de instrucción, ingreso per cápita, redes de apoyo y situación de convivencia. Mientras, en los hombres, estas ocupan mayor relevancia en los de piel blanca sobre los mestizos y negros.
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CONDICIONES DE VIDA Y LABORAL EN TIEMPOS DE COVID-19 DE LOS JORNALEROS AGRÍCOLAS MIGRANTES EN LA COSECHA DE CAÑA DE AZÚCAR EN INDUSTRIAL AZUCARERA SAN CRISTOBAL, S.A. DE C.V.
En el presente trabajo de investigación se hace un análisis sobre las condiciones laborales de los jornaleros agrícolas migrantes en la cosecha de caña de azúcar en la zona de abasto de Industrial azucarera San Cristóbal, agroindustria ubicada al Sur del Estado de Veracruz, haciendo énfasis en las condiciones de salud, alimentación y educación de los jornaleros agrícolas y sus familias, con el objeto de presentar un panorama real y crear las condiciones de dialogo con los responsables de mejorar las entornos laborales de estos trabajadores que representan los cimientos de la agroindustria azucarera en México.
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Análisis de las condiciones de estudiantes madres cabeza de familia y su permanencia en la educación superior
Esta ponencia surge del proyecto de investigación Programa de Acompañamiento Integral a Estudiantes Madres Cabeza de Familia (EMCF) de la Corporación Universitaria Minuto de Dios sede Pasto desarrollado por el área de Bienestar Asuntos Estudiantiles. En esta institución el 70% de sus estudiantes son mujeres y 12% de ellas son madres cabeza de familia, se identifica que el 30% de ellas han abandonado en algún momento sus estudios, por lo tanto, se requieren estrategias de acompañamiento con perspectiva de género. En esta ponencia se analizan las condiciones personales-familiares, sociales, económicas-laborales y académico-institucionales que afecta la permanencia de las estudiantes en la educación superior. La metodología fue cualitativa, el tipo de estudio investigación acción y las herramientas utilizadas fueron Sensemaker y Design Thinking a través de grupos focales, la población fueron 110 EMCF de los programas de pregrado de UNIMINUTO Pasto. Sensemaker es considerada una de las herramientas más novedosas de investigación, pues permite tener un amplio alcance de población, a través de esta herramienta se recogieron micronarrativas, se analizaron diadas y triadas y se realizaron 23 preguntas de opción múltiple. Los resultados dan a conocer que el 85% dependen económicamente de sus propios ingresos, 21% son víctimas de conflicto armado, 33% cuentan con un contrato laboral, el 43,9% tienen entre 26 y 32 años. 73,6% son solteras y 89% pertenecen a los estratos 1 y 2. Además se destaca que el 45% tienen como principal reto el dinero, 73% se automotivan para salir adelante, 86% se sienten motivadas por ser mamás y el 78% cuentan con apoyo de sus hijos y familia. Estos elementos permiten evidenciar que para las EMCF es un reto la permanencia en la educación superior. Como conclusiones, se destaca la importancia de reconocer los factores que pueden afectar la permanencia de las EMCF en la educación superior con el fin de proponer estrategias integrales para garantizar su acompañamiento y graduación oportuna durante todo el ciclo de vida en la institución. Se proponen elementos para el diseño de un programa de acompañamiento integral para las EMCF de UNIMINUTO Pasto. Finalmente, se reconoce la necesidad de generar políticas públicas para garantizar la permanencia y graduación oportuna de las EMCF en educación superior.
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Análisis del abandono universitario de estudiantes madres cabeza de familia, desde una perspectiva de género a partir del uso de Sensemaker.
Esta ponencia surge del proyecto de investigación Programa de Acompañamiento Integral a Estudiantes Madres Cabeza de Familia (EMCF) de la Corporación Universitaria Minuto de Dios sede Pasto desarrollado por el área de Bienestar Asuntos Estudiantiles.Este proceso se desarrolló a través de la innovación social, que permitió plantear soluciones a problemáticas sociales con la participación de las estudiantes madres cabeza de familia, en este caso facilitó el diseño de estrategias integrales para fortalecer el acompañamiento, la permanencia y la graduación oportuna.Las herramientas utilizadas fueron Sensemaker y Design Thinking a través de grupos focales; en la aplicación de sensemaker se contó con la participación de 110 EMCF y en Design Thinking con 30 EMCF. Sensemaker® a través de una pregunta incitante permite la recolección de micro-narrativas, como respuesta a un interrogante inicial, a partir de este paso, se plantea una recolección de información a través de: triadas, diadas y preguntas de selección múltiple en la que las participantes dan respuesta a éstas, interpretando su propia historia. (Khondker et al., 2018).Como resultado de estas respuestas, nos encontramos con los significantes polimórficos, que representan de forma simple patrones de la realidad asociada al sistema complejo sobre el cual se está indagando, y se transforman en datos que se pueden representar y analizar visualmente para revelar patrones con grandes volúmenes de datos (Snowden, 2007). Se asemeja a un paisaje tridimensional, en los cuales se pueden ver patrones, actitudes y sistemas de creencias, a medida que las historias forman grupos en torno a temas particulares, los datos posteriormente se pueden filtrar según las variables que se deseen.Una vez realizado el proceso de recolección de la información se lleva a cabo un proceso de Sensemaking en donde se sintetizan unos vectores, o los caminos posibles para la solución de las problemáticas complejas, los vectores nos posibilitan ir de una situación “A” a una situación “B” con el menor esfuerzo y distancia. Es decir, encontrar los diferentes caminos que en este caso aportan a la disminución del abandono universitario de las EMCF. Como conclusión trabajar con herramientas de innovación social permitió reconocer las necesidades de la comunidad para que las estrategias propuestas sean pertinentes y permitan tener impacto en la población.
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Desigualdades Territoriales en Costa Rica
En Costa Rica, se ha configurado un desarrollo regional dispar o desigual que evidencia que la actividad económica y los frutos del desarrollo económico no se han distribuido equitativamente entre las regiones. La distribución de las actividades económicas y su concentración responden a un modelo de desarrollo que se ha consolidado por más de 50 años en las 4 provincias centrales que forman parte de la Gran Area Metropolitana(GAM), hacia la que se han dirigido las políticas económicas y los recursos. La actualización del estudio de la Matríz de Insumo Producto(MIP) por parte del Banco Central, ha señalado las diferencias marcadas en la estructura productiva dentro y fuera de la GAM. La primera más concentrada en servicios y manufactura, mientras la segunda en agricultura y turismo, el comercio es predominante en casi todo el país.El Atlas de Desarrollo Humano cantonal de 2020 estableció que si bien Costa Rica ha avanzado en mejorar las condiciones de vida de sus habitantes, el esfuerzo no ha sido suficiente para alcanzar a las regiones y personas en mayor condición de vulnerabilidad, como las mujeres y las zonas rurales y periféricas.En el Indice de Desarrollo Humano ajustado por Desigualdad(IDH-D), la mayor desigualdad se registra en los cantones fronterizos y rurales, mientras que las regiones de planificación con mayor desventaja social son la Huetar Norte, la Huetar Caribe y la Brunca. Los informes del Estado de la Nación, han constatado un rasgo fundamental del desarrollo en Costa Rica: los fuertes contrastes dentro y entre las regiones, territorios fragmentados, con varias microrregiones claramente diferenciadas en su base productiva, pero que tienen en común bajos logros en desarrollo humano.(XXIV InformeEstadoNación,2018,p.49).