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Resumen de la Ponencia:
O presente trabalho provém das investigações realizadas no Grupo de Pesquisa Ecofenomenologia, Ciência da Sustentabilidade e Direito, cadastrado no diretório de pesquisa do CPPQ/Brasil e, em particular das linhas de pesquisa: a) Educação Ambiental Crítica e Direitos da Natureza e b) Criança e poéticas da natureza: Direito sistêmico intergeracional e interespécies. Trata das correlações entre educação ambiental crítica e formação política da presença e das vozes infanto-juvenis na participação em movimentos e formação de lideranças. Caracteriza-se como um ensaio teórico hipotético-dedutivo com revisão bibliográfica e mapeamento preliminar de manifestações ecoativistas, com foco na mobilização feminina e juvenil em nível nacional e internacional e na identificação dos tipos e temas de reinvindicação, tendo como base teórica-conceitual a contribuição da educação ambiental crítica, do ecofeminismo e do ativismo juvenil. Muitas adolescentes e jovens adultas começaram o caminho ativista a partir da infância onde se depararam, a partir do local de nascimento e/ou de moradia nas suas comunidades, com diversos problemas socioambientais, bem como da percepção de questões globais transfronteiriças, como as mudanças climáticas. Esta geração vive as mudanças ecológicas como uma realidade vivida desde a infância ao se deparar com os fenômenos de enchentes, secas extremas, furacões, aumento do nível do mar e outros desastres. Ter acesso a uma educação ambiental não-formal e formal desde a primeira infância sabendo que a interconexão com a natureza transforma desde cedo o modo de viver e de se relacionar é imprescindível para crescer sabendo e vivendo em um mundo onde tudo está interconectado. O processo de formação pode partir das escolas e do seu comprometimento em construir mundos melhores, de modo inclusivo e diverso. Com e além das escolas, os movimentos ecoativistas juvenis também são promotores dos processos de formação através do oferecimento de cursos, workshops, palestras, atividades e diálogos. Na pesquisa, destacam-se os movimentos Engajamundo; Movimento Escolas pelo Clima; Climate Leaders Internacional e Brasil e Extintion Rebellion. São muitos os desafios intergeracionais, mas a construção do jovem como parte das soluções dos colapsos ecológico e climático teve ser ouvida. A ideia de ser pequeno, mas o impacto das suas ações ser grande e de que ninguém é tão pequeno para fazer a diferença, proveniente da fala e atuação da adolescente sueca Greta Thunberg tem inspirado o ativismo. O direito à voz através da expressão de esperanças, medos e sonhos com as próprias palavras dos jovens é realizado a partir das relações familiares, na escola e na vizinhança. Mas também no Parlamento, no Executivo e em Conferências Internacionais da Organização das Nações Unidas, o que tem influenciado alguns países a criar e executar políticas públicas ecológicas e climáticas a partir das necessidades percebidas pela geração que mais sentirá os efeitos dos colapsos em curso.
Introducción:
O presente trabalho trata das correlações entre educação ambiental crítica e formação política da presença e das vozes infanto-juvenis na participação em movimentos e formação de lideranças. Caracteriza-se como um ensaio teórico hipotético-dedutivo com revisão bibliográfica e mapeamento preliminar de manifestações ecoativistas, com foco na mobilização feminina e juvenil em nível nacional e internacional e na identificação dos tipos e temas de reinvindicação, tendo como base teórica-conceitual a contribuição da educação ambiental crítica, do ecofeminismo e do ativismo juvenil.
Muitas adolescentes e jovens adultas começaram o caminho ativista a partir da infância onde se depararam, a partir do local de nascimento e/ou de moradia nas suas comunidades, com diversos problemas socioambientais, bem como da percepção de questões globais transfronteiriças, como as mudanças climáticas. Esta geração vive as mudanças ecológicas como uma realidade vivida desde a infância ao se deparar com os fenômenos de enchentes, secas extremas, furacões, aumento do nível do mar e outros desastres.
Ter acesso a uma educação ambiental não-formal e formal desde a primeira infância pode partir das escolas e do seu comprometimento em construir mundos melhores, de modo inclusivo e diverso. Com e além das escolas, os movimentos ecoativistas juvenis também são promotores dos processos de formação através do oferecimento de cursos, workshops, palestras, atividades e diálogos.
Desarrollo:
A ideia de ser pequeno, mas o impacto das suas ações ser grande e de que ninguém é tão pequeno para fazer a diferença, proveniente da fala e atuação da adolescente sueca Greta Thunberg tem inspirado o ativismo. O direito à voz através da expressão de esperanças, medos e sonhos com as próprias palavras dos jovens é realizado a partir das relações familiares, na escola e na vizinhança. Mas também no Parlamento, no Executivo e em Conferências Internacionais da Organização das Nações Unidas, o que tem influenciado alguns países a criar e executar políticas públicas ecológicas e climáticas a partir das necessidades percebidas pela geração que mais sentirá os efeitos dos colapsos em curso.
A urgência de uma Educação Ambiental crítica faz-se necessária. O aporte teórico e conceitual do pensamento de Paulo Freire e os chamados estudos freirianos, que seguiram o seu legado, tem buscado a atualização e a reinvenção face aos desafios contemporâneos. Abordagens crítica, transformadora, emancipadora, popular, cidadã, de prática político-pedagógica, participativa, democrática, solidária, dentre outras, permeiam alguns processos normativos e, mais ainda, as experiências no mundo das realidades múltiplas e plurais em que tais práticas se desenvolvem.
Processos interdisciplinares na educação ambiental crítica formal e não formal têm propiciado modos de atuação por crianças, adolescentes e jovens em diversos contextos geográficos. A formação e identificação de temas, de conexões e da emergência climática tem estimulado uma nova fase de ativismo ecológico com destaque para a interseccionalidade de gênero e de geração.
Após 2012, o uso de tecnologias e mídias sociais como instrumento de informação, de mobilização e de lutas tem emergido como o que pode ser considerado uma nova quarta onda do feminismo. O feminismo digital tem facilitado a comunicação de diversos movimentos, no qual um dos meios de propagação nas redes sociais tem sido o chamado “ativismo hashtag” através do uso de palavras e frases de impacto que rapidamente se espalham e se agregam em torno das mesmas. Assim, informações, protestos, denuncias, campanhas, injustiças, violências etc. são compartilhadas em tempo real.
O ativismo que se pode caracterizar como ecológico/climático, feminista, juvenil, digital e transnacional tem mostrado uma nova geração de crianças e adolescentes com habilidades incríveis de comunicação, de criatividade para a atuação, de diversidade e de interconectividade no fazer dos movimentos.
A escuta das perspectivas juvenis e a abertura de espaço para suas vozes e sabedorias pode apontar caminhos de transformação essenciais para as próximas décadas. A geração de jovens mulheres ativistas que está emergindo tem revelado distintos modos de se fazer política colocando em foco a diversidade dos movimentos e o poder da comunidade com lideranças juvenis. O ecoativismo tem envolvido processos de educação, de sensibilização e de transformação do individual ao coletivo, com experiências de transversalidade e de articulação desde o nível local ao internacional.
O clima é um tema propulsor para as demais questões interdisciplinares que envolvem o meio ambiente, tais como, consumo, resíduos, água, áreas verdes e matriz energética. As lutas por justiça climática revelam um ativismo climático com vozes de países do norte e sul global, dentre os quais se destacam: Movimento Escolas pelo Clima; Climate Leaders Internacional e Brasil; Extintion Rebellion e Engajamundo.
Durante a pandemia, houve uma expansão do ativismo digital através de atividades on line, com a ampliação do uso de redes sociais, em especial, Instagran e Twitter; de encontros e eventos de discussão através de salas virtuais; da utilização de canais do Youtube e de Podcast.
Observa-se, também, um envolvimento intergeracional, integrando mães/pais, avós/ôs e professoras/es numa onda verde em movimento. As primeiras associações de defesa do meio ambiente de vulto internacional, como o Greenpeace, criado por jovens ativistas, servem de inspiração para a geração atual e, têm incluído nas suas pautas os interesses de crianças e adolescentes nas suas políticas de atuação.
Mulheres pioneiras de movimentos ecológicos, hoje octogenárias e nonagenárias, como a filósofa budista Joanna Macy, autora dentre outros livros, de “Nossa vida como Gaia” e “Esperança Ativa” têm dialogado com a geração atual e fortalecido os processos de atuação. Neste sentido, destaca-se, também, o papel de Mary Robinson, ex-ministra da Irlanda, integrante do grupo independente de líderes globais The Elders (os anciões), dentre outras participações importantes pela defesa dos direitos humanos, de mulheres e crianças.
Mary Robinson (2021) em recente edição brasileira do seu livro “Justiça climática: esperança, resiliência e a luta por um futuro sustentável”, apresenta onze histórias em diversas partes do planeta sobre o enfrentamento da crise climática. Muitas destas narrativas são de jovens e mulheres que através das mudanças nos seus lugares de origem e moradia estão vivenciando situações de injustiça climática, atreladas aos processos históricos de pobreza, exclusão e desigualdades.
A superação do que Robinson (2021, p. 21-5) chama de “injustiça intergeracional da mudança climática” passa, necessariamente, pelo comportamento coletivo; pela governança, pela ciência e pela compaixão. E, neste processo, a militância das novas gerações é imprescindível: “os jovens estão tomando a frente, exigindo que medidas sejam colocadas em prática e envergonhando aqueles que têm idade para influenciar e promover mudanças nas políticas públicas (ROBINSON, 2021, p. 24).
Percebe-se que o engajamento, propiciado em grande parte pelos processos educacionais em sentido amplo, tem revelado uma geração com mais consciência da realidade e das consequências já experenciadas no presente como a perda de praias, da vida selvagem, de paisagens, de montanhas... e jovens mais conectados com o lugar de nascimento e de vida. Neste contexto, as práticas ecoativistas começaram a ser realizadas a partir das relações familiares, na escola e na vizinhança.
O ativismo juvenil feminista do norte e sul global possui especificidades, mas nas suas diversas formas de manifestação a interseccionalidade de gênero tem buscado meios críticos, transformativos e conectados com a justiça climática e ambiental (ACHA, 2016). A justiça climática aponta os holofotes para as desigualdades estruturais do capitalismo, incluindo os processos de neocolonialismo, neoextrativismo e globalização, especialmente, para as comunidades com maior vulnerabilidade socioeconômica. Numa perspectiva feminista, a justiça climática revela a complexidade das interconexões entre a opressão de gênero e a crise socioecológica no sistema patriarcal.
Há muitos sujeitos envolvidos na teoria e na ação da justiça climática, envolvendo acadêmicos, ativistas de movimentos sociais e ambientais, organizações não-governamentais, iniciativas comunitárias e diversas alianças no nível local ao global. A ciência do clima, especificamente, através do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que desde 1988, vem trabalhando para articular pesquisas interdisciplinares, em nível mundial, com a finalidade de informar a sociedade, governos e corporações sobre os riscos do aumento da temperatura global.
Clima é um tema que compõe a agenda da política internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) desde a década de 1970, no sentido de construir acordos e normativas para a segurança climática global. A participação de crianças, adolescentes e jovens tem sido presente nos Encontros Internacionais sobre clima promovidos pela ONU, em especial, a Conferências das Partes (COP´s) no âmbito IPCC.
Neste sentido, é emblemática a atuação da jovem sueca Greta Thunberg, que começou sozinha a fazer o que ficou conhecido como greve escolar pelo clima e, depois, tomou uma dimensão significativa na Suécia e em outros países. Em uma das suas falas, ela coloca: “se algumas garotas conseguem ser manchete em todo o mundo só por deixarem de ir à escola por algumas semanas, imagine o que seríamos capazes de fazer juntos, se quiséssemos” (THUNBERG et al, 2019, p, 318).
Há vários discursos de Thunberg, desde 2018, proferidos no âmbito das COP´s, no Fórum Econômico de Davos, na Praça do Parlamento de Londres e em Marchas pelo Clima que alertam sobre as consequências climáticas para a sua geração e para os que virão. Ela alerta que “o que fazemos ou não fazemos agora vai afetar toda a minha vida e a vida dos meus filhos e netos. E o que fazemos ou não fazemos agora eu e minha geração não poderemos desafazer no futuro” (THUNBERG et al, 2019, p, 313).
Sua marcante fala de que ninguém é pequeno demais para fazer a diferença (THUNBERG, 2019, p. 14) tem inspirado não apenas a sua geração, mas também renovado o ativismo pelo clima numa perspectiva intergeracional e transnacional. A missão histórica que vivemos para transformar as estruturas de poder e dominação, encontram eco no papel a ser desempenhado contra o patriarcado. Está presente na sua ação a fala de que “a luta pelo meio ambiente é o maior movimento feminista do mundo. Não porque ela exclua os homens, de qualquer forma, mas porque desafia as estruturas e valores que criaram a crise em que estamos” (THUNBERG et al, 2019, p, 306).
Há, também, várias articulações de falas e testemunhos juvenis em instituições formais nos seus respectivos países, em audiências públicas e outras esferas no âmbito dos poderes legislativo e executivo. Outras manifestações podem ser sentidas através de expressões artísticas, espirituais, comunitárias onde o ativismo ocorre em diversos lugares como na escola, na comunidade e no parlamento.
Destacam-se as mobilizações para o voto de jovens nas eleições como um espaço de atuação política para influenciar a escolha de candidato/as alinhados com a causa ambiental e climática. No livro-guia “How to change everything: the young human´s guide to protecting the planet and each other”, de Naomi Klein (2021, p. 273) há vários relatos de experiências de ativismo juvenil, nos quais é evidenciada a importância dos jovens se envolverem na política, porque é a geração que viverá com as decisões tomadas pelos líderes políticos do presente e com as consequências de suas ações e falhas sobre as mudanças climáticas.
Há, também, várias articulações de falas e testemunhos juvenis em instituições formais nos seus respectivos países, em audiências públicas e outras esferas no âmbito dos poderes legislativo e executivo. Outras manifestações podem ser sentidas através de expressões artísticas, espirituais, comunitárias onde o ativismo ocorre em diversos lugares como na escola, na comunidade e no parlamento.
Na maioria das ações climáticas ajuizadas por crianças e adolescentes ou no interesse de gerações futuras, foi proposta contra governos através da argumentação comprovada de omissão do dever de evitar efeitos negativos das mudanças climáticas e/ou insuficiência de ações públicas para evitar as consequências das emissões de gases de efeito estufa. Destacam-se as mobilizações para o voto de jovens nas eleições como um espaço de atuação política para influenciar a escolha de candidato/as alinhados com a causa ambiental e climática.
Conclusiones:
São muitos os desafios para reverter os processos destrutivos da natureza, inclusive àqueles atrelados a visões negativistas das mudanças climáticas. Há um caráter global nas mudanças do clima que revelam uma transterritorialidade e uma intertemporalidade entre o local e o tempo de produção e as consequências sentidas. O engajamento e a mobilização sobre tais questões está emergindo em diversas partes do mundo. A conversa e a ação para o clima tem revelado a criatividade dos modos de se organizar e de se fazer ativismo através de práticas, de articulações, de mobilizações e de cooperações transversais em redes locais-globais.
A diversidade das vozes em diversas partes do planeta demonstra o comum e as especificidades de cada local, amplificando o alcance através do uso das mídias digitais produzidas pelos jovens. O compartilhamento das narrativas sobre as mudanças climáticas e como elas afetam os sujeitos do nível individual ao coletivo tem sido possível através das diversas formas de interação pela internet. O ativismo juvenil é um processo educativo de construção de solidariedade e de responsabilidade intergeracional, colocando, também, mães, pais e responsáveis como ativistas pelo presente e futuro dos seus filhos. A atual geração é contemporânea de um planeta com menos natureza e muitos problemas ambientais. Neste contexto, são muitos os desafios para colocar as vozes juvenis nos processos de decisões políticas de modo a assegurar os direitos/deveres de participação, incluindo as diversas realidades e modos de exercitar o ativismo juvenil.
Bibliografía:
Acha, M. A. R. How young feminists are tackling climate justice in 2016. The Huffington Post, March 7. 2016. Disponível em: http://www.huffingtonpost.com/maria-alejandrarodriguez-acha/how-young-feminists-climate-justice_b_9369338.html. Acesso em: 23 Jan 2022.
KLEIN, Naomi. How to change everything: the young human´s guide to protecting the planet and each other. New York: Atheneum books for young readers, 2021.
ROBINSON, Mary. Justiça Climática: esperança, resiliência e a luta por um futuro sustentável. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 2021.
THUNBERG, Greta. No one is too small to make a difference. London: Penguin Books, 2019.
THUNBERG, Greta, THUNBERG, Svante, ERNMAN, Beata, ERNMAN, Malena. Nossa casa está em chamas: ninguém é pequeno demais para fazer a diferença. Rio de Janeiro: Best Seller, 2019.
Palabras clave:
Educação ambiental crítica; ecoativismo; jovens e meio ambiente.