Resumen de la Ponencia:

El encadenamiento de acontecimientos generados por la pandemia y, en concreto, por el confinamiento, tuvieron como correlato la modificación de las condiciones y medio ambiente de trabajo para distintos destacamentos de trabajadores, condiciones de trabajo aplicadas en general de manera unilateral -el confinamiento y nuevas modalidades de trabajo desde casa-, en los casos en que esto procedía por la naturaleza de la actividad. En la experiencia de los trabajadores universitarios, específicamente los que realizan actividades docentes, los efectos de estos cambios, en los que hubo débil o nula mediación por parte de las organizaciones sindicales, no fueron el producto de negociaciones colectivas, sí de las condiciones sanitarias que impulsaron las autoridades centrales y fueron decantadas y operacionalizadas por las directivas de las instituciones de educación superior (IES). El interés de este trabajo es poner atención en los efectos en la salud, en una mirada amplia, en los docentes de las IES, bajo la premisa de que el trabajo no enferma en sí mismo,  sino las condiciones en que se realiza, para el caso, dada su incursión en modalidades inéditas de enseñanza, en donde el propio educador necesitó ser educado en el acceso a las nuevas tecnologías. Esta es una parte de la problemática. Indagamos sobre los efectos  de estos cambios colectivos, vividos de manera individual, a partir de la aplicación de un cuestionario y de la recolección de testimonios, como evidencia empírica propia, a la par de una revisión hemerográfica.  

Resumen de la Ponencia:

El marco de problematización en el que se inscribe esta presentación implica pensar una serie de interrogantes que integren: a. la necesidad de ampliar la comprensión sobre la metamorfosis del mundo del trabajo; b. la relación entre esta “metamorfosis” y “la digitalización de vida” (o la expansión de la Sociedad 4.0 – Scribano y Lisdero, 2019); y por último, c. el lugar de los cuerpos/emociones (Scribano, 2021) como elementos relevantes para entender los procesos de estructuración social. Así, esta comunicación busca explorar algunos mensajes (Melucci, 1994) sobre los procesos sociales que “comunican” los conflictos protagonizados por los trabajadores de deliveries por plataforma, en la ciudad de Córdoba, Argentina. Así, desde la perspectiva que aquí se sostiene, las experiencias de protestas de los trabajadores de este sector se constituyen en casos paradigmáticos desde donde recuperar los interrogantes aludidos. En función de ello, en primer lugar se desarrollan algunos presupuestos en torno a la metamorfosis del mundo del trabajo, conflicto social, y una particular perspectiva de la sociología de los cuerpos/emociones. Seguidamente, se explicita la estrategia metodológica, se describe el contexto de construcción de los datos que se exponen a continuación (registro hemerográfico, entrevistas y etnografía virtual). Finalmente, se desarrollan algunas lecturas a partir de  la experiencia de los trabajadores de deliveries por aplicación, tomando como ejes tres mensajes a partir del conflicto social en la ciudad de Córdoba, Argentina. Los ejes de las lecturas propuestas se concentran sobre los “ritmos” del conflicto en el sector, y vinculado a ello, los marcos de sentidos emergentes en tanto signos de los procesos de re-estructuración social del trabajo digital.

Resumen de la Ponencia:

Resumo: A cultura material é importante para analisarmos as lógicas espaciais de grupos humanos que habitaram no passado determinado território. A relação entre o território e as práticas culturais resulta na concretização da paisagem cultural. Assim, temos a contribuição da cartografia das paisagens pretéritas, que possibilita a espacialização de sítios arqueológicos e sua ocupação no relevo.  Partindo do contexto supramencionado, busca-se entender a cultura material dos sítios arqueológicos evidenciados durante o salvamento arqueológico da Usina Cocal, localizados na região do Baixo Rio Paranapanema do Estado de São Paulo, Brasil (FACCIO et. al, 2021). A abordagem interdisciplinar entre a Geografia e a Arqueologia, sobretudo em sua relação com a paisagem, é investigada, neste trabalho, a partir do viés teórico da Cartografia e Arqueologia da Paisagem.  Para o embasamento teórico da paisagem nos reportamos a autores como: Besse (2006); Bertrand (2009) e Ab’ Saber (1969; 1977). Para a discussão do método da “Arqueologia da Paisagem” e análise do ambiente dos sítios arqueológicos recorremos a Ashomre e Knapp (1999); Morais (1999, 200 e 2001), Araújo (2001); Faccio (1998, 2011, 2017, 2019). Para a compreensão do arcabouço conceitual sobre Cartografia e virada imagética temos: Harley (1995); Levy e Lussalt (2003); Fonseca (2009); Crampton e Krygier (2008); Shepard (2008). O Pontal do Paranapanema foi ocupado por grupos de migrantes de Minas Gerais e da Região Nordeste do país, no final do século XIX e início do século XX, quando o cultivo do café e a cultura agrícola expandiu-se para essa área. Em outras regiões do Estado de São Paulo o plantio do café e de outras culturas agrícolas já estava consolidado, o que resultou na extraordinária procura de “terra” no Pontal do Paranapanema por parte dos fazendeiros (ABREU, 1972). Desse processo de ocupação, conforme Abreu (1972), Monbeig (1984) e Leite (1999), decorreu um intenso processo de degradação ambiental (desmatamento e degradação do solo), seguido do extermínio das populações tradicionais indígenas e caboclas. Nesta temática temos a abordagem da virada cartográfica; relatos da etno-história sobre as primeiras ocupações humanas na região do Pontal do Paranapanema.

Introducción:

         O Pontal do Paranapanema foi ocupado por grupos de migrantes de Minas Gerais e da Região Nordeste do país, entre o final do Século XIX e início do Século XX, quando o cultivo do café e a cultura agrícola, consolidada em outras regiões do Estado de São Paulo, expandiu-se, o que resultou na extraordinária procura de “terra” por parte dos fazendeiros (ABREU, 1972). Desse processo de ocupação, conforme Abreu (1972), Monbeig (1984) e Leite (1999), decorreu um intenso processo de degradação ambiental (desmatamento e degradação do solo), seguido do extermínio das populações tradicionais indígenas e caboclas. 

         A delimitação para a região conhecida como Pontal do Paranapanema é denominada Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI-22) e considerada a 10° Região Administrativa do Estado de São Paulo, segundo a delimitação administrativa governamental. Segundo Faccio (2011) na área do Projeto Paranapanema (ProjPar) os sítios arqueológicos Kaingang foram evidenciados na área do médio vale; contudo, na área do Baixo Paranapanema Paulista, apesar de relatos da etno-história apontarem para a presença dos índios Kaingang e de Sítios Guarani terem apresentado cerâmica com brunidura (ténica de enegrecimento da cerâmica, reconhecida como kaingang). 

          Os sítios arqueológicos evidenciados no Salvamento Arqueológico da Usina Cocal II, compõem o Sistema Regional de Ocupação Guarani e Kaingang no Pontal do Paranapanema, classificados como sítios ceramistas e sítios líticos de pequeno porte, tal denominação remete aos sítios arqueológicos de menor extensão, com baixa densidade de artefatos e distante de rios navegáveis, localizados próximos às nascentes, córregos e/ou ribeirões (FACCIO, 1998).

        A inserção do homem no ambiente possibilita o desenvolvimento de sua cultura e, além disso, afeta o comportamento cultural de determinado grupo social. Nesse contexto, tem-se como preocupação entender a abordagem histórica da paisagem dos Sítios Arqueológicos: Água de Prata, Ribeirão da Laranjeira, Santa Cruz do Anhumas I, Santa Cruz do Anhumas II, Santa Cruz do Anhumas III, Santa Cruz do Anhumas IV, Santa Cruz do Anhumas V, São Saprino, Córrego do Palmital, Santa Helena, Tatu Galinha, Boa Vista I, Boa Vista II, Estância Santa Rita, Santa Rita, Nantes I, Nantes II, Quati I, Quati II, para melhor compreender seus dados arqueológicos.

        Nessa perspectiva, de paisagens e suas transformações, ressaltamos a perspectiva de Ab’Saber (1977) “A paisagem é sempre uma herança” — no sentido de processos fisiográficos e biológicos, bem como o patrimônio coletivo dos povos que historicamente as herdaram como território de atuação de suas comunidades. Tratamos nesse caso, o contexto da ocupação no relevo dos grupos indígenas pelos tipos de padrão de assentamento, bem como a modificação da paisagem (contexto atual) e suas transformações.

       Assim, temos a contribuição da cartografia das paisagens pretéritas, que possibilita a espacialização de sítios arqueológicos e sua ocupação no relevo.  Partindo do contexto supramencionado, busca-se entender a cultura material dos sítios arqueológicos evidenciados durante o salvamento arqueológico da Usina Cocal, localizados na região do Baixo Rio Paranapanema do Estado de São Paulo, Brasil (FACCIO et. al, 2021). 

Desarrollo:

Aporte teórico-metodológico

           A análise espacial trata da transformação de paisagens. A cultura material é importante para analisarmos as lógicas espaciais de grupos humanos que habitaram no passado determinado território. A relação entre o território e as práticas culturais resulta na concretização da paisagem cultural. É possível observar que para a Geografia a Cartografia está relacionada à representação do espaço geográfico. Além disso, a Geografia, em suas premissas epistemológicas e análise do processo científico ligado a uma história, deve ser entendida, de um lado, em suas relações ideológicas junto à ciência e, de outro, como prática ou como poder, pelo interesse da sociedade, principalmente, ao uso da Cartografia. 

          A cultura se constituía, em um contexto, isto é, reflexo, meio e condição das diferenças socioculturais, não sendo nem determinante nem determinada. Além disso, a cultura não se enquadrava na perspectiva historicista de evolução, nem em um modelo evolucionista no qual todos os grupos passariam pelas mesmas etapas. Mas tinha como concepção voltada aos “Significados e contexto” principalmente sobre a experiência que se pode ter da paisagem, possibilitando a criação de significados (COSGROVE, 1979).

          Harley (1995), precursor da discussão dos mapas como documentos históricos que poderiam ser utilizados em pesquisa com base em uma abordagem metodológica específica, que levasse em conta os diversos contextos de sua produção a perplexidade sobre a prática dominante desses pesquisadores ao usar o mapa como documento. Brian Harley considera que fazer aos mapas do passado somente questões sobre a localização, sobre as condições topográficas (e também os contornos, as extensões e as medidas), era uma abordagem metodológica ainda insuficiente. Continua dizendo que raramente os mapas eram utilizados para esclarecer a história cultural ou os valores sociais de algum período ou lugar específico. Além disso, a mobilização dos mapas do passado em pesquisas históricas normalmente não questiona sobre a historicidade das medidas utilizadas que definiam concepções sobre lógicas espaciais do passado com base em medidas que seriam anacrônicas (FONSECA; OLIVA, 2012). 

           A paisagem discute, também, as dimensões sociais e simbólicas, pois é compreendida pelo seu pertencimento e pelo contexto histórico dos agentes que modificam o espaço, deixando assim retratada, no local de vivência, a sua cultura: “a paisagem é o produto das interações, das combinações entre um conjunto de condições e de construções e um conjunto de realidades humanas, econômicas, sociais e culturais [...] A paisagem é o efeito e a expressão evolutiva de um sistema de causas também evolutivas” (BESSE, 2006, p. 66).

          Partindo do contexto supramencionado, busca-se entender a cultura material dos sítios arqueológicos estudados em tela, para assim, representar sua relação no espaço e como se dá a relação do padrão de assentamento Guarani e Kaingang no Baixo Paranapanema, lado paulista. Diante disso, apresentamos os resultados preliminares da pesquisa, com análise de relatos da etno-história sobre as primeiras ocupações humanas na região do Pontal do Paranapanema; levantamento de dados e informações (primários e secundários) referentes à base cartográfica junto ao IBGE sobre localização dos sítios arqueológicos e análise de cartas topográficas (cotas de curvas de nível, ; TopoData- Banco de Dados Geomorfométricos do Brasil para produção de mapas com Modelo Digital de Elevação (MDE), bem com estudos da morfologia da vertente, declividade do terreno e dinâmica da paisagem, IGC (Instituto Geográfico e Cartográfico) – 1973; 2022; Acervos dos Relatórios da Comissão Geográfica e Geológica (1886; 1910); Mapa etno-histórico do Brasil e regiões adjacentes, adaptado do Mapa de Curt Nimuendaju (1944) disponível no IBGE (Figura 1).

Figura 1: Mapa de hipsometria de sítios arqueológicos Guarani e Kaingang curso do Baixo Rio Paranapanema. Escala temporal 1973 e 2021.

Fonte: IBGE (2022). Organização: A autora (2022).

         O Mapa etno-histórico do etnólogo Curt Nimuendajú (1943), representa a Cartografia do mapa etno-histórico, não apenas como um mapa histórico, mas sim uma releitura da cartografia atual, pela análise das famílias linguísticas e da cartografia indígena, bem como a linguagem cartográfica no uso das cores e traços das famílias linguísticas; a discrepância da drenagem atual com a base de drenagem utilizada pelos cartógrafos nos anos 40.

 

O Pontal do Paranapanema é parte integrante da chamada região da Alta Sorocabana que, por sua vez, integra o Planalto Paulista. Relevo regular, em ondas de colinas suaves, compondo espigões areníticos mesozoicos. A marcante característica física do Pontal é dada pelo aparecimento do arenito-caiuá cujas formas de relevo se assemelham as oriundas do arenito-bauru, em que a monotonia é quebrada pelo aparecimento dos testemunhos denominados “Morro do Diabo (415 m de altitude) e do morro de Santa Ida (360 m), ambos no município de Teodoro Sampaio (FERRARI LEITE, 1998, p. 19).

 

 

            A frente de expansão mineira no decorrer da colonização do oeste do Estado de São Paulo, intensificou a procura de pastagens naturais pelos mineiros para dar continuidade à atividade tradicional, nesse caso a pecuária. 

 

“oeste de São Paulo fora, desde o século XVI e principalmente no decorrer do XVIII, vasculhado pelas bandeiras”. Ribeiro (1970) complementa a formação, dizendo que as matas do vale do Tietê ao vale do Rio Paranapanema e daí ao Paraná foram atravessadas por bandeirantes que se dirigiam para Mato Grosso e Goiás, na preá de escravos ou em busca de minas, ou que serviam à comunicação entre o Paraguai e São Paulo. Neste vales viviam índios conhecidos como Coroados que, segundo parece, não despertaram o interesse dos bandeirantes como mão-de-obra escrava,; talvez por serem mais aguerridos e pouco numerosos em relação ao grande número de indivíduos pacíficos que existiam mais a oeste ou talvez porque tratando-se de falantes de línguas não incluídas no tronco Tupi e que só conheciam uma agricultura muita primitiva, não dessem escravos adequados ao tipo de trabalho que lhes seria imposto (MELATTI, 1976, p. 9).

 

 

         Nesse momento, a frente do café se expandia na região do Oeste Paulista, principalmente nas pequenas cidades que ali surgiram durante a construção das estradas de ferro e cultivo cafeeiro. Na década de 1889 na vila de Botucatu, os trilhos começaram a avançar; atingindo Manduri, em 1906; Salto Grande em 1910; Presidente Prudente em 1917 e Presidente Epitácio em 1922. A construção da ferrovia entre a cidade de Botucatu e a margem do rio Paraná, durou 33 anos para sua efetivação, logo em seguida iniciou a ligação até o porto Epitácio, por meio da ativação do movimento de barcaças, balsas e pequenos vapores (FERRARI LEITE, 1998).

            A emancipação das cidades, foi advinda pela estrada de ferro, pela motivação povoamento do sudoeste do estado de São Paulo, ao norte a estrada de Ferro Noroeste do Brasil na região de Araçatuba desde 1908 (FERRARI LEITE, 1998). A “Estrada boiadeira” fez parte do processo histórico, sendo considerada uma forma de frente de expansão em áreas até então desconhecidas. De acordo com Abreu (1972), outra forma de frente de expansão é caracterizada por agricultura diversificada. Neste caso, as cidades fundadas na década de 1910, como Presidente Prudente, denominada anteriormente como Conceição de Monte Alegra, Regente Feijó (antiga - Memória) ano de 1922, Nantes (denominada como Coroados, ano de 1925), Iepê (1917, Sertão dos Patos), Taciba (ano de 1922), Narandiba (Corruta, ano de 1905). Após a crise de 1929/30 apresentou um papel relevante no plantio de café, criação de gado, o cultivo de algodão predominando na região do Planalto Ocidental Paulista.

             A questão fundiária, recorrida no século XIX, pelos grileiros e posseiros de terra, um dos motivos era “a ignorância sobre o traçado dos rios motivou, no entanto o surgimento da maior parte das questões de terras levadas aos fóruns da região” (FERRARI LEITE, 1998, p. 34), um dos Relatos de Teodoro Sampaio [1] sobre o Rio do Peixe:

Em um mapa do estado de São Paulo, de 1902, o rio do Peixe aparece como mero e pequeno afluente do rio Aguapeí e não como formador da bacia independente, desaguando o rio Paraná. Da mesma forma, era comum aparecer nos mapas de então, no Pontal, a denominação “Serra do Diabo” que, pela extensão das hachuras deveria ter mais de 80km, tendo início na altura da atual cidade de Teodoro Sampaio e findando no encontro Paranapanema-Paraná.  (FERRARI LEITE, 1998, p. 34)

 

 

            Pinheiros (1999) discorre que o mapa “Oeste Indígena”, o “Oeste Paulista” e o espaço designado “terrenos desconhecidos”, a planta da Aldeia Vanuíre e a localização da cidade de Promissão, onde era “Vila Kaingang.” 

No Mapa “Oeste Indígena”, aquele território era habitado pelos indígenas Kaingang, Oti e Guarani. Foi cortado pela Estrada de Ferro e reduzido pelo avanço da conquista. Apareceram muitos conflitos com colonos. A região próxima a Bauru já havia sido há duas décadas “liberada” dos Kaingang pelos bugreiros. Portanto, a zona de conflito não seguia os 300km mencionados. Conflitos ou evidências da presença de Kaingang eram comuns na região da Serra dos Agudos, Lençóis Paulista, Bauru, Promissão e Lins, “repleta de índios”. Entretanto, nos trechos percorridos pela Estrada de Ferro onde foram encontrados Kaingang, ou sinais deles, o que era bem mais comum, era entre as estações de Albuquerque Lins, Km 151, e muitos quilômetros antes de Araçatuba, Km 270. A estação Araçatuba era no Km 437. Portanto, na época da pacificação, estavam sujeitos à presença Kaingang, cortando o território onde eles haviam se refugiados, 119 km da Estrada de Ferro (PINHEIRO, 1999, p. 132).

 

 

             Os indígenas tentavam afugentar os que queriam invadir seus domínios, no entanto o revide do colonizador branco era terrível. Eram contratados bandos de jagunços armado, cujo objetivo era limpar o território e exterminar o “bugre ateu”. Houve expedições, na época chamadas “dadas’, unicamente para liquidar os índios (FERRARI LEITE, 1998, p.41).

 

[1] Exploração dos Rios Itapetininga e Paranapanema. Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo, 1889. Sampaio, Theodoro. 1890. Considerações geographicas e economicas sobre o Valle do Rio Paranapanema. Boletim da Comissão Geographica e Geologica do Estado de S. Paulo, 4. São Paulo. 

 

Cultura material e análise da paisagem: sítios Kaingang e Guarani 

              Os sítios arqueológicos, localizados próximos às margens do Ribeirão Anhumas, possibilitam caracterizar o padrão de assentamento indígena de grupos Guarani e Kaingang distante das margens do Rio Paranapanema.  Na área do Baixo Paranapanema, os sítios Guarani de grande porte são caracterizados pela ocupação em relevos colinares e aldeias próximos a grandes terraços marginais do Rio Paranapanema (MORAIS; FACCIO; PIEDADE, 2003).

 

Figura 2: A cultura material “análise da concentração dos vestígios arqueológicos dos sítios de pequeno porte: Baixo Paranapanema-SP”. Recorte espacial- Área de estudo da pesquisa.  

Fonte: IBGE (2022). Organização: A autora (2022).

 

            Analisando o curso d’água do Rio Paranapanema, tendo como parâmetro o contexto atual (2021), percebe-se um novo delineado, deixando evidente a modificação presente na drenagem com a submersão dos terraços e planícies nas áreas de baixa concavidade, além da transformação da paisagem no decorrer dos anos, de 1973 até 2001, com o desaparecimento dos locais de geoindicadores arqueológicos, devido à formação do lago Ada Usina Capivara, no Município de Iepê, SP (Figura 3).

Figura 3: Lógicas espaciais de Sítios Kaingang e Guarani (Cenários da Paisagem 1886 e 2022).

Fonte: IBGE (2022). Organização: A autora (2022).

         Os sítios Kaingang e Guarani situados nos afluentes do Rio Paranapanema -  Ribeirão Anhumas, Córrego Boa Vista, Ribeirão das Laranjeira, Córrego do Palmital, mostra que sítios ceramistas estão situados em relevo suave ondulado e/ou ondulado em áreas de colinas amplas, enquanto sítios líticos, classificados como grupo caçador-coletor  (Sítio Arqueológico Santa Cruz do Anhumas II, Sítio Arqueológico Santa Cruz do Anhumas IV, Sítio Arqueológico Santa Rita, Sítio Arqueológico Estância Santa Rita, Sítio Arqueológico Boa Vista II, Sítio Arqueológico Quati II), ocupam o relevo plano, próximo à áreas de terraços fluvial, locais de possíveis afloramentos rochosos com presença de seixos de arenito silicificado e silexito, em áreas de deposição de areia com diques marginais apresenta locais para possíveis fontes de argila, tempos pretéritos, pelo fato do canal fluvial ser do tipo meandrante. A litologia corresponde à depósitos quaternários com rochas do tipo basalto, arenito e arenito silicificado, característico de rochas de formação do Grupo Bauru. O relevo da área é do tipo ondulado e suavemente ondulado nota-se que os sítios arqueológicos estão situados em cotas de 280m até 420m de altitude. 

             No Sítio arqueológico Córrego da Boa Vista I, foram encontrados os Argissolos Vermelho Amarelo (PVA) e os Neossolos Quartzarênico (RQ). Já nos Sítios Santa Cruz de Anhumas III, ocorrem os seguintes solos: na baixa vertente os Argissolos Vermelho Amarelo (PVA) e na planície fluvial do Ribeirão Anhumas os Solos hidromórficos (GX). No Sítio Santa Cruz de Anhumas I, ocorre na média vertente os Argissolos Vermelhos Amarelos (PVA) e na baixa vertente, no contato com os terraços, os Neossolos Quartzarênicos (RQ) (FACCIO, et. Al, 2021). No caso dos Sítios Santa Cruz do Anhumas I, III e IV, apresentam argissolo vermelho amarelo e coberturas cenozoicas pelo contexto de planícies de inundação. A concentração de sítios cerâmicos, localizado no Ribeirão Anhumas, situados em área de média/baixa vertente com altitude que variam entre 340 a 430 metros. Os sítios arqueológicos Kaingang mostra a forma de ocupação no relevo, sua preferência por áreas de topo de colina, embora apresente a existência de sítios localizados em baixa vertente, próximos a fundos de vale, enquanto os sítios Guarani apresentam localização em áreas de média/baixa vertente próxima de rios navegais de grande porte (ARAÚJO, 2001; FACCIO, 201). 

        A cultura material dos sítios arqueológicos classificados como sítios Kaingang apresentam decoração do tipo liso com brunidura no tratamento de superfície, antiplástico mineral e caco moído, enquanto que os líticos lascados apresentaram dispersos em área de média/ baixa vertente, correspondem à lascas, núcleos e fragmentos de seixos confeccionados sobre rochas de silexito e arenito silicificado (Sítio Arqueológico Tatu Galinha, Sítio Arqueológico Nantes I, Sítio Arqueológico Nantes II, Sítio Arqueológico Quati I).         

            Os sítios Guarani apresentaram decoração pintada com engobo branco e/ou vermelho, de espessura entre 1,8cm e 2,5cm, antiplástico mineral e caco moído. A cerâmica com decoração plástica do tipo como ungulado e corrugado, apresentou espessura de parede entre 2,6 a 3,2cm (Sítio Arqueológico Água de Prata, Sítio Arqueológico Santa Helena, Sítio Arqueológico Córrego do Palmital, Sítio Arqueológico São Saprino, Sítio Arqueológico Santa Cruz do Anhumas III). Os sítios arqueológicos Santa Cruz do Anhumas I e Santa Cruz do Anhumas V, correspondem sítios com duas ocupações distintas, presença de vestígios arqueológicos de tradição Tupiguarani e Itararé.

           A vegetação é caracterizada pela Floresta Estacional Semidecidual, o contexto da paisagem atual corresponde ao segundo estágio de regeneração. O tipo de formação vegetal é caracterizado como Bioma Mata Atlântica com espécies de gramíneas, nota-se que o estado de regeneração de vegetação secundária (Estágio médio) principalmente em áreas de preservação permanente, em locais de baixa concavidade do relevo (baixa vertente), bem como áreas de cabeceiras de drenagem.

 

Conclusiones:

         Os sítios de pequeno porte, localizados próximos às margens do Ribeirão Anhumas, Córrego Boa Vista, Ribeirão das Laranjeiras, Córrego do Palmital, Córrego do Coroado, afluentes do Rio Paranapanema possibilitam caracterizar o padrão de assentamento indígena de grupos Guarani e Kaingang distante das margens do Rio Paranapanema, situados em relevo suave ondulado e/ou ondulado em áreas de colinas amplas, enquanto que os sítios líticos ocupam o relevo plano próximo a baixa vertente, em terraço fluvial da planície de inundação do Rio Paranapanema. Na área do Baixo Paranapanema, os sítios Guarani de grande porte são caracterizados pela ocupação em relevos colinares e aldeias próximos a grandes terraços marginais do Rio Paranapanema (MORAIS; FACCIO; PIEDADE, 2003). 

         A partir da representação cartográfica e análise da cultura material foi possível indicar as dinâmicas desses grupos indígenas, que viveram no período de 370 a 570 AP (FACCIO et al 2021), podendo ser identificadas na paisagem do presente e na lógica da localização dos resquícios e materiais coletados do passado.

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Robrahn, EM (1988). A Ocupação Pré-Colonial do Vale do Ribeira de Iguape, SP: Os Grupos Ceramistas do Médio Curso. Dissertação de Mestrado. São Paulo, Universidade de São Paulo.

Palabras clave:

Resumen: La cultura material es importante para que analicemos la lógica espacial de los grupos humanos que habitaron un determinado territorio en el pasado. La relación entre el territorio y las prácticas culturales da como resultado la realización del paisaje cultural. Así, contamos con el aporte de la cartografía de los paisajes del pasado, que posibilita la espacialización de los yacimientos arqueológicos y su ocupación en relieve. Con base en el contexto mencionado, buscamos comprender la cultura material de los sitios arqueológicos evidenciados durante el rescate arqueológico de la planta de Cocal, ubicada en la región del Bajo Río Paranapanema del Estado de São Paulo, Brasil (FACCIO et. al, 2021) . El abordaje interdisciplinar entre Geografía y Arqueología, especialmente en su relación con el paisaje, se investiga, en este trabajo, desde el punto de vista teórico de la Cartografía y la Arqueología del Paisaje. Para la base teórica del paisaje nos remitimos a autores como: Besse (2006); Bertrand (2009) y Ab’ Saber (1969; 1977). Para la discusión del método de “Arqueología del Paisaje” y el análisis del entorno de los sitios arqueológicos, recurrimos a Ashomre y Knapp (1999); Morais (1999, 200 y 2001), Araújo (2001); Faccio (1998, 2011, 2017, 2019). Para entender el marco conceptual sobre la Cartografía y el giro del imaginario tenemos: Harley (1995); Levy y Lussalt (2003); Fonseca (2009); Crampton y Krygier (2008); Shepard (2008).El Pontal do Paranapanema fue ocupado por grupos de migrantes de Minas Gerais y de la Región Nordeste del país, a fines del siglo XIX y principios del siglo XX, cuando el cultivo del café y la cultura agrícola se expandieron para este lugar. área.área. En otras regiones del Estado de São Paulo, la siembra de café y otros cultivos agrícolas ya estaba consolidada, lo que resultó en la extraordinaria demanda de “tierra” en Pontal do Paranapanema por parte de los agricultores (ABREU, 1972). Según Abreu (1972), Monbeig (1984) y Leite (1999), este proceso de ocupación condujo a un intenso proceso de degradación ambiental (deforestación y degradación del suelo), seguido del exterminio de las poblaciones tradicionales indígenas y caboclos. En este tema tenemos el enfoque del giro cartográfico; la etnohistoria relata las primeras ocupaciones humanas en la región del Pontal do Paranapanema.

Palabras clave: Cartografía, Arqueología del Paisaje, Paisaje cultural.

Palavras-chaves: Cartografia, Arqueologia da Paisagem, Paisagem cultural.

Resumen de la Ponencia:

A ocupação de espaços públicos de uma cidade pode ser desencadeadora de transformações de várias ordens. Em Belo Horizonte, as ocupações que acontecem nos espaços públicos, em especial na Praça da Estação, localizada na área central da cidade, sejam elas políticas, culturais ou até mesmo em festivas trazem elementos que colocam em pauta discussões sobre a função social da cidade e dos seus espaços públicos no contexto urbano. Além disso, reverberam outros temas que coexistem no espaço público: local de encontro, integração, conflito ou ainda expressão da segregação espacial? Tais questões perpassam não só as diversas manifestações ocorridas ao longo do tempo da existência da Praça da Estação como também em relação às atividades ali realizadas no cotidiano da vida na cidade. Cotidiano este pautado pela diversidade de atores sociais que por ali circulam e que por ali permanecem, vide a existência de moradores de rua nos seus subespaços ou espaços contíguos, como também a presença de elementos que remetem ao design, seja do mobiliário urbano ou da concepção de design como manifestação artístico-cultural. Neste trabalho, a Praia da Estação, um coletivo que realiza ações culturais e políticas em espaços públicos da cidade, em especial na Praça da Estação, configura-se como objeto de pesquisa para construir uma reflexão em torno da relação entre o design e a cidade. A Praça da Estação se configura como lócus desta pesquisa, pois é o espaço público que desde 2010 tem sido o palco de ações realizadas pela Praia da Estação. A ideia é construir reflexões em torno da relação ou das relações possíveis entre o design e a cidade com a análise das ações artísticas e/ou políticas já realizadas para compreender a presença do design e sua relação com o espaço público (Praça da Estação) a partir das formas de ocupação nos dias das atuações da Praia da Estação. A base da coleta de dados foi a pesquisa bibliográfica e documental para a construção da reflexão aqui proposta em virtude da necessidade do isolamento social pela Covid-19 e, consequentemente, da não realização de atividades presenciais da Praia da Estação que completou dez anos de existência em 2020. Para alcançar o objetivo proposto foi analisada a Praia da Estação como um coletivo que realiza ações artísticas e políticas, a Praça da Estação, local onde estas ações do coletivo se realizam no Baixo Centro de Belo Horizonte e como se delineia a presença do design em tais manifestações e como dialogam com a cidade. 

Introducción:

A ocupação de espaços públicos de uma cidade pode ser desencadeadora de transformações de várias ordens. Em Belo Horizonte, as ocupações do espaço público, em especial da Praça da Estação, sejam elas políticas, culturais ou até mesmo festivas trazem elementos que colocam em pauta discussões sobre a função social da cidade e dos seus espaços públicos no contexto urbano. Além disso, reverberam outros temas relativos ao espaço público: ele seria local de encontro, integração, ativismo político, materialização da segregação sócio espacial ou ainda de preservação de memórias? Tais questões perpassam não só as diversas manifestações ocorridas ao longo do tempo da existência da Praça da Estação como também em relação às atividades ali realizadas no cotidiano da vida na cidade. Cotidiano este também pautado pela diversidade de atores sociais que por ali circulam e que por ali permanecem, vide a existência de moradores de rua nos seus subespaços ou espaços contíguos.

Neste artigo a Praia da Estação, um coletivo que tem realizado ações em espaços públicos da cidade, em especial na Praça da Estação, configura-se como objeto de reflexão em torno do design e a cidade. A reflexão sobre o tema “design e cidade’ vem sendo desenvolvida por mim e alunos de graduação dos diferentes cursos da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais desde 2015. O lócus desta investigação, mesmo que de forma remota, é a Praça da Estação, localizada no baixo centro da cidade, um espaço público que desde 2010 tem sido o palco de ações realizadas pela Praia da Estação.

Para tanto, o objetivo desta reflexão é analisar a presença do design na configuração espacial da Praça da Estação como espaço de luta política e de práticas de ocupação do espaço público por meio das ações da Praia da Estação. Isto implica dizer que ao tomar a Praia da Estação como objeto de pesquisa pretende-se analisar as ações artísticas e/ou políticas já realizadas para compreender as relações entre a presença do design, sua relação com o espaço público (Praça da Estação) a partir das formas de ocupação que se implementam nos dias das atuações da Praia da Estação.

Desarrollo:

Belo Horizonte: breve relato de sua história

 

Belo Horizonte é um cidade que foi fundada em 1897 sob o signo da modernidade e que, ao longo de seus 125 anos, vem contrapondo-se a proposta de seu planejamento original de crescimento: incialmente previsto para ocorrer do centro para a periferia. O que se pode observar ao longo do tempo é que seu crescimento acabou por expressar a segregação espacial, visto que ao crescer da periferia para o centro concentrou as classes sociais mais abastadas na região centro-sul da cidade enquanto as demais classes sociais tiveram acesso ao espaço urbano localizado fora do anel da Avenida do Contorno (CUNHA; SILVA, 2016).

Belo Horizonte, como outras cidades fabricadas, acenava para um futuro planejado de antemão, onde a preocupação do espaço previa a vida social e a organização política. A distribuição funcional dos bairros, sua hierarquização segundo categorias da divisão do trabalho social, os espaços de convivência, tudo isso traduzia um projeto de organização ‘racional’ da vida urbana, segundo os padrões da época. Mais que o elogiado traçado de suas ruas e praças, na verdade um quadriculado que se amarrotaria nas encostas, é a utopia de uma sociedade pacata que chama a atenção no plano da nova Capital (BRANT, 1996, p. 9).

Ao longo do tempo, o que se observou em Belo Horizonte não foi a experiência de uma cidade pacata e ordeira, visto que tanto o uso quanto a ocupação de seus espaços fizeram transparecer o embate entre diferentes atores sociais e o poder público. 

O cenário urbano de Belo Horizonte das primeiras décadas do século XXI contém as marcas de um processo de ocupação que teve a segregação espacial como resultado da implantação da ordem no espaço urbano. A cidade encontra-se dividida, configurando-se como um espaço urbano de grande extensão física, mas que contém barreiras “invisíveis”, impedindo o acesso e a fruição igualitária de seus espaços por sua população. Suas ruas, praças e monumentos são, de certa forma, a expressão de sua história, guardam marcas de eventos políticos, sociais e culturais ou mesmo do cotidiano experimentado pela população da cidade. Mas comportam também uma grande variedade de identidades, evidenciando a existência dos diversos segmentos sociais que usam, percebem e se relacionam com seus espaços de formas diferenciadas. Essas formas diferenciadas de relação, uso e percepção dos espaços estão relacionadas à maneira como esses vários segmentos sociais os vivem cotidianamente. Como assinala Arantes (1994, p.192), “mais do que territórios bem delimitados, esses ‘contextos’ ou ‘ambientes’ podem ser entendidos como zonas de contato, onde se entrecruzam moralidades contraditórias [...] aproximam-se mundos que são parte de um mesmo mundo, mas que, assim mesmo, encontram-se irremediavelmente apartados”.

O desenho e a configuração atual da cidade, sua fragmentação e saturação de trânsito e fluxos, podem ser considerados como o resultado das atuações tanto do poder público quanto da população local nas áreas social, econômica, política e cultural. Isso porque todo tipo de intervenção no espaço de uma cidade por meio da remodelação de seus usos, da construção de novas edificações ou ainda da conservação e recuperação de algumas áreas produz resultados na sua conformação espacial. Assim, além das ações do poder público sobre os espaços da cidade, sua população também interage com esse meio e vai deixando suas marcas nele inscritas por meio de manifestações artísticas, da interferência direta no espaço urbano pela forma como o usufrui e também pela participação em organizações que atuam na cidade, objetivando modificações específicas em algumas de suas áreas.

Enfim, ao longo de sua história, Belo Horizonte foi palco do enfrentamento entre os interesses de diversos grupos da cidade que buscaram validar formas de pensar e usar seus espaços para moldá-los de acordo com o que ansiavam e imaginavam ser viável para a cidade. Como as imagens de Belo Horizonte foram mudando com o transcorrer do tempo, essas formas de pensar e usar o espaço também se modificaram, pois o espaço pode ser considerado o “equivalente do tempo [...] um meio dinâmico que, ao mesmo tempo, exerce uma influência sobre a história e é moldado pela ação humana” (ZUKIN, 1996, p. 206).

Belo Horizonte tem, então, seu espaço e suas formas de ocupação e uso influenciando na sua história, como também sendo influenciados pela ação de seus sujeitos. É a cidade como resultado da ação e relação entre os sujeitos e o meio onde se localizam. Como aponta Gottdiener (1993), o espaço é um produto contingente, resultado da articulação dialética entre ação e estrutura. Apesar de planejada, adaptou-se ao longo das décadas a um conjunto de acontecimentos que modificaram não só o pensamento social, mas também a organização da ocupação do espaço público. Dessa forma, a região do baixo centro é destaque nesse contexto, sendo local de realização de práticas de ocupação do espaço público pela população com a atuação de diferentes grupos políticos, sociais e culturais da cidade. 

A região de Belo Horizonte denominada Baixo Centro tem a Praça da Estação como um de seus espaços mais emblemáticos. Reúne um conjunto de edificações que formam parte dos espaços que compõem o repertório cultural da capital ao abrigar o Museu de Artes e Ofícios, o Centro de Referência da Juventude e no seu entorno o Teatro Espanca, a Funarte e o Cine 104 e, além disso é palco para eventos culturais, manifestações políticas e sociais. É nesta Praça da cidade que diferentes grupos sociais, artísticos e políticos apropriam-se de seu espaço público, se identificam com eles, tornando-se parte dele em contrapartida às ações segregacionistas que marcaram o crescimento de Belo Horizonte ao longo de sua história.

E o design nesse cenário urbano contemporâneo? Como situá-lo?  Como identifica-lo? É necessário deixar claro que a compreensão que aqui se partilha sobre design diz respeito às reflexões desenvolvidas por Lucrécia D’Alessio Ferrara[1] em torno da relação entre design, espaço e cultura nas quais a autora menciona que o design deve ser entendido como uma intervenção cultural no espaço (ARAÚJO et al, 2003). 

De acordo com Ferrara (2003, p. 196)

Se você toma o design como predicativo, como qualificativo, ele é intervenção cultural. Nesse momento o design se caracteriza como produção cultural material formal e informal também. O lugar, por exemplo, é uma produção cultural informal do espaço. Não se tem uma característica material do lugar no espaço. Daí a diferença do desenho e do design. O design é predicativo e o desenho é substantivo. O design é qualidade cultural do espaço.

Isso significa compreender que o design propicia mudanças no espaço e que essas mudanças podem ser lidas, compreendidas como a construção da cultura que tem a cidade como cenário e como ator. 

Além disso e apresentando aqui achados oriundos de reflexões de uma pesquisa anterior[2] os atores sociais em seus cotidianos se deparam cotidianamente com o design como planejamento, como intervenção cultural no espaço, como possibilidade de reconfiguração, de ressignificação de espaços, lugares, serviços, experiências. Com efeito, o design pode ser identificado e estar presente em ações culturais como blocos de carnaval, por exemplo, bem como outras manifestações coletivas na cidade que reconfiguram e ressignificam seus espaços visto que são ações que também contam com um planejamento para se “desenhar” a ação no espaço público. 

Partindo desse pressuposto já torna possível pensar articulações entre a cidade, o espaço público e o design e, por fim, ainda conectar essa relação com o conceito de cultura. Cultura aqui compreendida como uma teia de significados, tal como enunciado pela antropologia interpretativa de Geertz (1989).

É, então, no cenário tão heterogêneo da cidade de Belo Horizonte que se encontra a possibilidade de realização da investigação proposta: verificar em que medida e de que forma o design está presente na cena urbana contemporânea do Baixo Centro de Belo Horizonte, em especial na Praça da Estação, por meio das ações desenvolvidas pela Praia da Estação. Como este coletivo que surgiu de uma manifestação política e deu continuidade as suas ações de ocupação do espaço público com atividades culturais, intervenções artísticas, mas sem deixar de lado o cunho político destas ações, tem se constituído, buscado se expressar e como tem impresso marcas na urbanidade de Belo Horizonte. O intuito dessa proposta de investigação é analisar a presença do design em suas diversas possibilidades de materialização nas ocupações do espaço público, em espacial aquelas realizadas pela Praia da Estação no Baixo Centro de Belo Horizonte, como forma de identificar a presença do design contribuindo para conferir identidade e ressignificar espaços da cidade de Belo Horizonte e os sujeitos que nele circulam.

PRAÇA DA ESTAÇÃO: um pouco de história 

O centro da cidade de Belo Horizonte sofreu modificações em sua configuração física ao longo dos anos, mas tem guardado alguns de seus espaços centrais, como Praça Sete e Praça da Estação como locais de manifestações políticas, sociais, artísticas e culturais. Marcado por transformações físicas e como um local de constante movimento, a Praça da Estação já se constituiu como um local de passagem para quem entra e sai da cidade. Sua construção teve início no século XX e passa de um de estilo francês para contrapor-se a edifícios ecléticos de diferentes décadas e movimentos, como o artnouveau e art decô. 

Ao longo das décadas e dos avanços tecnológicos durante o século XX e as primeiras décadas do século XXI a realidade da Praça da Estação foi se modificando junto com sua paisagem local. Além da mudança do paisagismo da praça do estilo francês para o inglês em virtude da ampliação da avenida dos Andradas, a função e a importância inicial lá encontrada como um local de chegada e partida de indivíduos se perde, à medida que o transporte rodoviário passou a predominar como forma de locomoção (SOARES et al., 2017) a localidade perdeu sua significância inicial.

Considerada, inicialmente, como um local de passagem de visitantes, torna-se um local de passagem de indivíduos em constante locomoção no baixo centro de Belo Horizonte, em vista da amplitude da avenida Andradas. Esse “desaparecimento” da sua função inicial cede lugar aos diversos grupos sociais que por lá transitam e ocupam a região contribuindo para configurá-la como palco das interações sociais da cidade. Interações estas que ocorrem nas ruas a avenida que a circundam, bem coo nos espaços culturais que abriga como o Museu de Artes e Ofícios, o Centro de Referência da Juventude, a Escola Livre de Artes[3] e a Serraria Souza Pinto. 

Em 2004 teve início o projeto Centro Vivo – Programa de Requalificação da Área Central, da Prefeitura de Belo Horizonte que previu uma reforma da Praça Rui Barbosa (Praça da Estação) que teve seu conjunto arquitetônico recuperado. Sua arquitetura modernista foi reforçada com a preservação de grandes áreas livres, sem a presença de árvores ou mobiliário urbano. Com efeito, seu espaço de 12 mil metros quadrados que é ocupado apenas pelo Monumento à Civilização Mineira e por torres de iluminação se tornava propício para a ocorrência de manifestações culturais que contassem com muitas pessoas, como enfatizava a nota publicada no site da Prefeitura (CUNHA; SILVA, 2016).

Esta “revitalização” da Praça da Estação e das áreas do seu entorno teve como marcos a transferência da estação central de trem e a conversão do seu prédio no Museu de Artes e Ofícios que foi implementado e é gerido pelo Instituto Cultural Flávio Gutierrez (ICFG), da empreiteira Andrade Gutierrez. Desde então – em agosto de 2004, a Praça da Estação converteu-se rapidamente em espaço para a realização de encontros culturais, sociais e políticos com participação de diferentes grupos urbanos que realizam a ocupação da praça com a presença (CUNHA; SILVA, 2016).

Em dezembro de 2009 foi publicado o Decreto nº 13.7984 que passou a proibir eventos de qualquer natureza no local, contradizendo o aspecto urbanístico modernista proposto com a “revitalização” realizada pelo projeto Centro Vivo. “As justificativas para a proibição estavam listadas no decreto como dificuldades para garantir segurança, para limitar o número de pessoas e a questão da depredação do patrimônio público” (ARAÚJO; MELLO, 2012). O conteúdo deste decreto estava mais condizente com as ideias presentes no projeto para a construção da cidade com a determinação de quais atividades poderiam ser realizadas naquele espaço público. Como mais um marco de ações contestatórias da população direcionadas ao poder público em Belo Horizonte, observou-se mais uma vez a ação de atores sociais – ativistas políticos e artistas, reagindo ao decreto da prefeitura de 2009 com a criação da Praia da Estação (CUNHA; SILVA, 2016).

A Praia da Estação: a cidade que reage

Cada vez mais constantes são as apropriações do espaço público urbano. Muitas delas, inclusive, motivadas por uma posição política e de resistência: como é o caso da Praia da Estação. De acordo com Cunha e Silva (2016) ela pode ser entendida como uma ação coletiva realizada maciçamente por jovens de Belo Horizonte que, por meio de ações performáticas e de forma lúdica e bem-humorada, propuseram um outro uso ou contra usos para o espaço público, no caso a Praça da Estação. O objetivo foi reivindicar que tal espaço público fosse ocupado de forma democrática e tal reivindicação contou com a tecnologia para alcançar mais pessoas em defesa desta causa. As novas mídias entraram em ação e assim as redes sociais divulgaram um chamado para um encontro na Praça da Estação no dia 07 de janeiro de 2010. Motivados pelo discurso da liberdade coletiva e da força dos movimentos sociais, foi criado o evento Praia da Estação, que reunia diversão, resistência política e coletividade, lembra Trevisan (2012).

Houve uma convocação com a frase “vá de Branco” pelo blog vadebranco.blogspot.com para que os cidadãos de Belo Horizonte participassem de uma manifestação que visava repudiar o decreto no 13.798de dezembro de 2009. Esta primeira manifestação contou com um número ainda pequeno de pessoas, pouco mais de cinquenta, entretanto após essa primeira ação “Vá de branco” e os debates que se seguiram, houve mobilização via internet com uma lista de e-mails convocando para fazer a Praia da Estação. Nesta ação houve a presença de um caminhão pipa para fazer as vezes de mar na Praça da Estação e esta ação se repetiu aos sábados do mês de janeiro e em datas-chave ao longo do ano, contudo com  a presença de jovens utilizando roupas e acessórios de praia e “banhando-se” nas suas fontes e com caminhões-pipa (CUNHA; SILVA, 2016; ARAÚJO; MELLO, 2012). 

Para uma das banhistas[4] participantes desde a primeira edição da Praia da Estação esse protesto vai além da questão da proibição dos eventos, pois colocava em pauta a discussão sobre a utilização de um espaço público da cidade, visto que a praça teria regras para ser usufruída pela população (ARAÚJO; MELLO, 2012, p. 175). 

Para Ferreira (2015), o evento “chegou como protesto e se estabeleceu como marco cultural”, o que evidencia o impacto da atuação da população na conformação da cidade. “Os encontros semanais para banho de sol foi a maneira pela qual a dissidência política em oposição à política higienista de Lacerda expressa-se com muito bom humor, juventude e crítica social” (AMÉLIO, 2015, p. 237).

Após a realização das primeiras ações da Praia da Estação em 2010, houve a formação de uma Comissão Especial para a Regulamentação de Eventos na Praça da Estação que não contou com nenhum membro da sociedade civil. Esta comissão foi dada a conhecer pela população da cidade por meio de um decreto publicado em 29/01/2010. As regras estabelecidas para a utilização da Praça da Estação foram publicadas em uma portaria[5] de fevereiro de 2010 que revogou o decreto n. 13.798  de dezembro de 2009. Os participantes da Praia da Estação foram convocados para uma reunião com a Prefeitura, após a publicação de um texto sobre a Praia no Blog do Nassif[6] em junho de 2010. Esta reunião, segundo alguns dos participantes não foi uma ação dialogada, mas houve apenas a comunicação das decisões tomadas pela Prefeitura com a portaria de fevereiro (ABREU, 2011). 

Em 2011 até o período pré-eleições municipais a Praia da Estação aconteceu várias vezes e encampou o movimento “Fora Lacerda” como forma de protesto contra a administração municipal que naquele momento tinha como Prefeito Márcio Lacerda.

Este breve histórico da Praia da Estação buscou evidenciar seu surgimento e suas ações de ocupação do espaço público de cunho lúdico-artístico-político realizadas na Praça da Estação, bem como tornar claro neste projeto o que se constitui como objeto da pesquisa.

Breves considerações sobre o conceito de Design

O papel do design sofreu grandes mudanças nas últimas décadas. Antes reconhecido como uma ciência responsável pela criação e desenvolvimento de produtos, agora o design é entendido como um conhecimento que vai muito além disso. De acordo com Cardoso (2012) e Bezerra (2011) à medida que o design estabelece uma ligação com a vida humana sua área de atuação amplia para diversos serviços e necessidades atuais. Nesse sentido, entende-se que o escopo da profissão do design mudou e hoje em dia consiste em compreender as demandas do ser humano e criar possibilidades de atuação a partir de soluções criativas. 

No que tange à formulação de soluções e comunicação entre o design e as demandas sociais, é preciso dizer que, de acordo com Bezerra (2011) e Batista (2018) cada vez mais se faz necessário a criação de um design consciente que apresente projetos concretos para soluções de problemas sociais e ambientais. Moura (2018) ainda afirma que mesmo diante das problemáticas políticas e sociais que assolam o nosso mundo, outros olhares e ações devem ser desenvolvidos no âmbito do design contemporâneo, diferentes da ideia de um design ligado estritamente a uma constituição de estilo.

Além disso, é importante destacar que o design contemporâneo tem caráter multidisciplinar e o designer pode atuar nas mais diversas áreas, para as mais diversas pessoas devido ao seu caráter amplo e seu conjunto de expertises (OLIVEIRA; PEREIRA; BAHIA, 2020). Diante deste caráter multidisciplinar, as diferentes temáticas que estão presentes no design, mencionadas por Moura (2018) são geralmente relacionadas aos temas emergentes ou que passam a ganhar destaque na sociedade como: política, emoção, memória, design social entre outros enfoques que estão em pauta na medida que as necessidades sociais exigem.

Moura (2018) ainda pontua que mesmo tais preocupações sociais advindas do modernismo do início do século XX, tais ideias foram postergadas mediante as produções industriais, funcionais e capitalistas vigentes na época. Desta forma, as abordagens inclusivas e democráticas do design descritas por Papanek (1977) e pelo movimento Arts and Crafts em 1861 divergem dos pensamentos mais racionais e conservadores que consideram a profissão como técnica e com funções exatas. 

Esse enfoque do design voltado para uma prática de mudança social, é relatado por Heller (2003) e se faz eficiente na medida em que os profissionais assumem junto aos cidadãos uma postura crítica e participativa no campo social. A influência que tais profissionais podem ocasionar na vida cotidiana e urbana nos indivíduos é visível e como afirma Glaser (2013): “O bom design é uma boa cidadania”, ou seja, fazer um bom design é uma questão fundamental e indispensável para a sociedade e para a cultura. Nesse sentido um bom designer pode ampliar as dinâmicas culturais e sociais acrescentando valor à sociedade. 

A partir desta perspectiva social e democrática do design é que podemos pensar a cidade, que se faz cenário onde os conflitos diários se manifestam e se multiplicam. O design como um dos “atores” que confere forma às vivências e à construção de sentidos, pode ser considerado como um dos responsáveis por contribuir para o pertencimento dos indivíduos no espaço urbano. Nesse espaço democrático chamado cidade, o design pode refletir e pensar em propostas, mais acessíveis e igualitárias que comunicam com as ações humanas no que tange às manifestações, aos espaços e aos objetos.

 

[1] Grupo de pesquisadores da FAU/USP sobre design, cultura e espaço, coordenado por Lucrécia D’Alessio Ferrara.

[2] Pesquisa realizada na Escola de Design, com bolsista da FAPEMIG, nos anos de 2018/2019 “A Presença do Design no Bloco “Então Brilha!” do Carnaval de Rua de Belo Horizonte”.

[3] Localizada no Edifício Central na Avenida dos Andradas 367, 2º andar

[4] Maria Luísa Nogueira, citada na matéria de Carolina Abreu “Deita no Cimento” publicada na Revista Marimbondo em 2011.

[5] Esta portaria regulamentou os tipos de eventos que podem ser realizados na Praça da Estação: eventos oficiais da Prefeitura de Belo Horizonte; eventos do planejamento oficial da Copa do Mundo devido ao contrato com a FIFA (Federação Internacional de Futebol) e, por fim, os eventos particulares. Esse último tipo de evento só pode acontecer uma vez por mês e há a cobrança de uma taxa que varia de 8 a 20 mil reais de acordo com a estimação do público que estará presente. Esse valor foi previsto como caução para cobrir possíveis danos ao patrimônio público.

[6] Cf. http://www.advivo.com.br/luisnassif

Conclusiones:

Coletar informações sobre um bloco de carnaval sem que o carnaval exista[1], foi um  exercício de rememorar lembranças das características morfológicas das ruas, das dinâmicas cotidianas das interações sociais entre os diversos atores e suas apropriações, ocupações de pedaços, esquinas, calçadas, empenas de prédios[2] para resgatar elementos que tornariam possível pensar a relação entre o design, a cidade e seus espaços públicos. Este ato de rememorar tornou possível identificar características do design e do fazer design presentes no cotidiano das ruas (mobiliário urbano, grafites, pichações, paradas de ônibus, estação do metrô entre outros) que marcam as interações sociais. Entretanto o propósito foi pensar esta relação por meio do bloco de carnaval. Como não houve desfile no ano de 2021 e em 2022, em virtude da pandemia de COVID-19, as reflexões que aqui se enunciaram em torno da relação, design, cidade, bloco de carnaval de rua, são fruto de leituras, visualizações de fotos e do ato de rememorar as intervenções culturais e políticos da Praia da Estação. 

O que foi rememorado sobre as intervenções culturais e políticas da Praia da Estação é que este coletivo percorre as ruas do centro e do baixo centro de Belo Horizonte que contêm o movimento de pessoas e meios de transporte em seus percursos diários para ser e existir na cidade. O mobiliário urbano, muitas vezes, degradado pelo tempo ou pela ação dos indivíduos, é marcado também por apropriações e ocupações realizadas pelos moradores de rua, pelos vendedores ambulantes ou por um transeunte que decide ali permanecer para uma pausa durante o dia. O comércio formal do Centro e do Baixo Centro convivem, como em outras áreas da cidade, com o comércio informal. As interações sociais cotidianas fora do carnaval são pautadas pela desatenção civil, tal como enuncia Goffman (Giddens, 2005). Diferentes horários do dia e em diferentes dias da semana, as dinâmicas sociais dos diversos atores participantes do cenário do Centro e do Baixo Centro se modificam, ora mais intensas em número de pessoas e automóveis, ora menos, mas sempre perpassadas pelo mobiliário urbano das ruas e da Praça da Estação que são experimentados, vividos e, por vezes, reconfigurados com novos sentidos de uso. Isso reforça a ideia de que o design que está presente no cotidiano do Baixo Centro contém as marcas da história da cidade e dos seus atores e não se restringe aos objetos, produtos, serviços, ambientes, sistemas produzidos em larga escala.

Durante o desfile do carnaval e as demais intervenções culturais da Praia da Estação a morfologia das ruas é a mesma, porém observa-se novos atores e novos usos aos elementos do design presentes neste percurso. As ruas se colorem com o desfile e se transformam em palco para os foliões, o trânsito de ônibus e automóveis é impedido e uma multidão de pessoas segue o bloco ao longo do seu trajeto. Os novos atores sociais trazidos pelo bloco não são os transeuntes cotidianos do Centro e do Baixo Centro da cidade, mas dela se apropriam para viver o carnaval, novos produtos são comercializados pelos vendedores ambulantes que oferecem bebidas - alcoólicas ou não - até produtos para uma fantasia improvisada ali mesmo durante o desfile. A multidão que acompanha o bloco é diversa em cores e amores, a Praia da Estação também abraça a causa da diversidade. Outro ponto a se destacar é relativo aos artefatos produzidos pelos foliões para o desfile - fantasias, alegorias - que dão margem para se pensar o design vernacular, aquele produzido espontaneamente, mas que também é fruto do planejamento, criação e reconfiguração. 

O caminhar pela cidade tem sido retomado aos poucos com as flexibilizações dos protocolos da Covid-19, mas continua a espera por mais caminhadas e, melhor, pelo próximo carnaval com a saída da Praia da Estação em fevereiro de 2023 para que seja possível realizar mais observações.

 

[1] Em fevereiro de 2021 e de 2022 não houve carnaval de rua em Belo Horizonte em decorrência do isolamento social proveniente da pandemia de Covid-19

[2] Existe em Belo Horizonte, desde 2017 o projeto CURA que grafita empenas de prédios localizados na área central da cidade incluindo o Baixo Centro.

Bibliografía:

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SOARES F. B. F.; CHAVES, M. P.; NEVES, B.; RENA, N. (2017) Zona Cultural Praça da Estação, Belo Horizonte: conflitos entre estratégias de gentrificação do Estado-capital e táticas anti-gentrificação de movimentos sociais. V!RUS, São Carlos, n. 14. Disponível em: <http://www.nomads.usp.br/virus/virus14/?sec=4&item=12&lang=pt>. Acesso em 21 set. 2021.

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ZUKIN, Sharon. (1996) Paisagens Urbanas Pós-Modernas: mapeando cultura e poder. Revista do Patrimônio Histórico Nacional, São Paulo, n. 24, p. 205-218.

Palabras clave:

Cidade. Espaço Público. Design. 

Resumen de la Ponencia:

Introducción: Las arbovirosis como dengue, chikungunya y Zika son un problema de salud pública a nivel mundial. Están clasificadas como Enfermedades Tropicales Desatendidas estrechamente relacionadas con las condiciones de agua, saneamiento e higiene de las poblaciones. En 2019, la región de las Américas reportó más de 3 millones de casos de dengue, siendo la segunda con más casos en el mundo. A pesar de tener una alta incidencia en áreas urbanas, hay evidencia de su presencia en áreas rurales de Colombia. Métodos: Con el fin de identificar los conocimientos, actitudes y prácticas relacionadas con estas arbovirosis, se encuestaron habitantes de los municipios Popayán, Piendamó, Patía y Piamonte del departamento de Cauca, Colombia en 2021. La información se digitó y depuró en Microsoft Excel® versión 2013 y se analizó en SPSS® 23. Resultados: Se realizaron 903 encuestas (343 rural, 560 urbano), 72% fueron mujeres. El promedio de personas por vivienda fue de 4.31 y el promedio de familias por vivienda fue de 1.28. La edad promedio de los encuestados fue 45.9 (DE=16.5) años, el 62% se identificó como jefes de familia y 36% afirmó vivir en unión libre. El 38% manifestó que su principal dedicación era el hogar, 36% trabajadores independientes y 13% empleados. Un 44% afirmó contar con todos los servicios públicos (36% urbano, 8% rural). El 37% afirmó tener un abastecimiento de agua irregular (25% urbano, 12% rural) y el 66% usar un servicio de recolección de residuos sólidos (50% urbano, 16% rural). El 68% aseguró haber recibido información sobre estas enfermedades (43% urbano, 25% rural), proveniente en 31% de las instituciones municipales o el personal sanitario. El 81% identificó que la transmisión se realiza por la picadura de zancudos (52% urbano, 29% rural) y 52% señaló correctamente los vectores transmisores, aunque no señalaron los criaderos potenciales de los vectores. El 80% identificó que el dengue puede afectar a cualquier persona, presentando síntomas como fiebre, dolor de cabeza y de cuerpo; mientras que 56% (32% urbano, 24% rural) desconocieron los síntomas de chikungunya y 85% (52% urbano, 33% rural) de Zika. Sobre las formas de prevenir las enfermedades se mencionaron la limpieza general y la fumigación. Conclusión: Se recomienda ampliar el conocimiento de las comunidades sobre las enfermedades presentes en el territorio a través de la participación de la población en acciones de prevención e incluir a las poblaciones en la toma de decisión sobre procesos en salud. Aunque las acciones institucionales de control se concentran en zonas urbanas, las condiciones de infraestructura relacionada con los servicios públicos y la atención en salud en el área rural pueden constituir condiciones de riesgo para la población habitante de estas zonas y expresan las condiciones de inequidad entre las dos áreas. 

Resumen de la Ponencia:

Bajo el contexto de un sistema social capitalista, caracterizado también por la racionalidad, el utilitarismo y la legitimidad del campo científico, el ámbito médico se ve permeado por lógicas como las anteriores sin dar cabida o legitimación a otro tipo de prácticas médicas. Bajo el mismo contexto, dentro de las múltiples formas de religiosidad presentes en las dinámicas sociales, una de ellas es la de las interacciones que surgen y se presentan en torno a la ginecología natural.Se puede considerar una forma de religiosidad en tanto que muchas de las prácticas dentro de la ginecología natural apelan a interacciones que implican rituales, trabajo colectivo, individual, trabajo con la materialidad y también con la sanación interna. Teniendo un grado de impacto, mayor o menor, en la cotidianeidad, forma de ver el mundo y de estructurar desde las decisiones más mínimas hasta las más trascendentales. En el caso de los llamados rituales de “El ajo” o “El huevo de obsidiana” se presentan de manera más materializada estas pautas debido a que hay objetos de por medio a los que se les carga de simbolismo y de ahí emanan muchas de las interacciones que permiten desde la mirada teórica y metodológica, considerar muchas prácticas de la ginecología natural dentro de los procesos a los que podemos categorizar como formas de religiosidad. De esta manera, muchas mujeres al optar por métodos, medicinas, prácticas o rituales de la ginecología natural, tienen pautas para ver, vivir y relacionarse con su entorno, la naturaleza y las interacciones sociales de maneras particulares.  

Resumen de la Ponencia:

Esta ponencia se propone retomar la discusión teórica de la sociología planteada sobre el cambio social y la relación entre estructura y acción (Giddens, 1994). Sostenemos que la consolidación de la sociedad red (Castells, 2000) cuestiona las viejas formas de entender esta tensión estructura – acción. La acción en red abre oportunidad a la innovación de la acción cambiando su forma y modificando sus contenidos. A su vez las desigualdades sociales persistentes y la aparición de nuevas exclusiones interpelan las posibilidades de desarrollo humano. Se reconfigura el dilema en torno a cuán determinante es la dinámica sistémica en la exclusión de territorios y personas de las redes de riqueza y poder, frente a las capacidades de acción de los sujetos individuales o colectivos, es decir de los actores sociales. Los cambios experimentados en las sociedades a partir de las últimas décadas del siglo XX fueron de tal magnitud que cambiaron la relación entre economía, política y sociedad, interpelando así el concepto de desarrollo. Junto con el proceso de globalización se comenzó a gestar la Sociedad Red (2000). Su alcance y profundidad cuestionan las estrategias de desarrollo de los países tal y como habían sido concebidas hasta el momento.Es así que es necesario tomar distancia una conceptualización que plantea una visión lineal y tecnocéntrica para comprender los procesos en curso y para evitar esta invasión del paradigma dominante en el trabajo académico y en la toma de decisiones. En este contexto las elaboraciones de Castells y Himanen (2002 y 2014) y Calderón (2018) y Calderón y Castells (2019) exploran la relación entre desarrollo humano y desarrollo informacional bajo el concepto de que mero desarrollo informacional solo produce inserción en redes globales del capitalismo financiero y genera consumidores/ deudores y que puro desarrollo humano, resulta insostenible desde el punto de vista de las economías. A lo que suman los dilemas de la sostenibilidad ecológica de los procesos.En un escenario pos pandémico, donde el desarrollo informacional y los procesos de digitalización se aceleran y la globalización parece haber dado un salto adicional hacia una fase de mayor virtualización y distanciamiento tiempo/espacio – planteado como su característica fundamental por varios autores en su primera fase (Wallerstein, 1995; Ianni, 1996; Giddens, 1999) Resulta así fundamental retomar la conceptualización del vínculo entre desarrollo informacional y desarrollo humanos en revisión de los cambios e hipótesis teóricas en esta etapa y en particular para los procesos latinoamericanos en curso. Este será el principal objetivo de esta ponencia, retomando la tradición del pensamiento del desarrollo latinoamericano. 

Resumen de la Ponencia:

El sushi llega como producto de moda entre 1960 y 1970 a E.U. y en el inicios, su consumo estuvo limitado a ciertos segmentos de la población, pues se consideraba signo de clase y de nivel educativo elevado; para 1990 esta “moda” se propagó a Europa, convirtiéndose en un producto global. Para 1980 el sushi llega a México, pero el sushi que se vende en el país, como pasa en cualquier otra parte del mundo, no es el platillo original, pues el sushi se ha transformado al cruzar fronteras y se ha adaptado. Igualmente el sushi llegó a Sinaloa en los 80´s, contando hasta el 2018 con 380 establecimientos que ofrecen este platillo o comida japonesa, siendo a nivel nacional el estado con el mayor número de este tipo de establecimientos.Este aspecto de la globalización, en la que productos globales se “adaptan” al gusto local, puede equipararse a una lucha de poder entre el nacionalismo culinario y la apertura al consumo de platillos extranjeros, lucha de poder característica del proceso de construcción de una nación. Se puede decir que en este proceso de construcción, existe una lucha de poder, no entre grupo humanos, sino entre gustos culinarios, es decir, consumir sushi en el afán de pertenecer a un mundo globalizado pero sin olvidar los sabores tradicionales y conocidos; en este proceso se transforman sociedades, y a su vez, identidades.Para llevar a cabo esta investigación y facilitar el acercamiento al objeto de estudio, se propone la siguiente metodología: Primera aproximación. Se realizará una investigación de tipo histórico-documental dividida en dos etapas que pueden realizarse de forma simultánea.Segunda aproximación. Se hará uso de la hermenéutica a través del uso de técnicas como el análisis de discursos y análisis conversacional.Tercera aproximación. En una tercera aproximación se optará por la etnografía y se utilizará la técnica de la observación no participante dentro de algunos establecimientos de sushi de la localidad, se realizarán entrevistas personalizadas a consumidores de sushi. Al unir los resultados de las tres aproximaciones y apoyados en conceptos teóricos de nación, globalización e identidad manteniendo una perspectiva crítica y constructivista, se pretende describir el proceso de reconstrucción de la identidad culinaria de los mazatlecos, y el papel que el sushi ha jugado en dicho proceso.

Resumen de la Ponencia:

La transformación de la sociedad rural mexicana ha sido paulatina, con matices diferenciados de acuerdo con las condiciones geográficas, el desarrollo económico y su vinculación con mercados locales, regionales o globales. Como consecuencia, es posible encontrar una sociedad rural heterogénea, con distintas estructuras productivas, laborales y de población. El intercambio cada vez más frecuente entre los espacios rurales y urbanos, el abandono de la producción y la mayor conectividad han promovido la expansión de los mercados de alimentos. Situación que permite apreciar la incorporación y/o sustitución de alimentos. La incorporación de alimentos ultra procesados al consumo cotidiano de los hogares rurales se puede encontrar asociado con la disponibilidad de alimentos o el abandono de la producción para el autoconsumo.Este cambio se considera relevante en el contexto de los riesgos en la salud que derivar de las condiciones alimentarias de los hogares rurales, sobre todo en el contexto de la pandemia causada por el virus SARS-Cov-2. El objetivo principal de este trabajo es presentar el análisis de las tendencias en el consumo alimentos frescos y procesados en la sociedad rural mexicana entre 1992 y 2020. Las estimaciones que se presentan se desprenden de los microdatos de la Encuesta Nacional de Ingresos y Gastos de los Hogares de 1992 a 2020. Entre los principales resultados se puede observar un descenso en el consumo de maíz-tortilla, frijol, proteínas de origen animal y leche, sobre todo entre los hogares rurales con menores recursos económicos, que cuentan con un mayor número de integrantes que son dependientes y que cuentan con pocos miembros que se encuentran participando en el mercado de trabajo. En tanto los alimentos que han aumentado han sido bebidas endulzadas, embutidos, pan y derivados de trigo y en menor medida frutas y verduras. En el contexto de la pandemia se registró una restricción en la adquisición de alimentos de la mayor parte de los hogares, esta situación fue más severa entre los hogares que se clasificaron con un grado elevado de inseguridad alimentaria.

Resumen de la Ponencia:

La neutralidad de ALC en la guerra Ruso-Ucrania, contribución para una era no hegemónica. El tratamiento predominantemente no cooperativo de EUA de los conflictos internacionales en nuestro mundo materialmente integrado transformó en Europa la beligerancia coercitiva que ha mantenido desde el fin de la Guerra Fría con Rusia en el ámbito económico y social en un enfrentamiento coactivo mediante su promoción de la guerra con Ucrania (GRUUA). Este episodio de extensión de su comportamiento confrontativo desde el ámbito de las relaciones económicas al de las relaciones políticas con Rusia es un capítulo más del conflicto internacional generalizado en el que EUA intenta redefinir el orden internacional a su favor. Una parte más relevante de la disputa por la remodelación del orden internacional en la que se inscribe la GRUUA, es la amenaza por parte de EUA de trasladar su creciente trato confrontativo a China desde la coerción en el ámbito político económico a la coacción militar. Durante esta intensificación confrontativa en los ámbitos económico y militar, EUA promueve en los países no involucrados directamente en el conflicto el alineamiento con su causa. Frente a esta exigencia, por el contrario, a América Latina y El Caribe (ALC) y a sus Estados les conviene adoptar, tanto por sus intereses como por sus valores apegados al multilateralismo bajo la egida de la ONU y al derecho internacional, una política de neutralidad frente a los beligerantes, tanto en guerra económica como en la guerra militar y el armamentismo, y una defensa de un mundo abierto al relacionamiento de todos los países del mundo entre sí, sin exclusiones y bajo los principios de respeto a la soberanía y de solución pacífica de las diferencias. Expondré primero la radicalización confrontativa de EUA en el tratamiento de los conflictos y sus efectos en Europa, después las razones por las que conviene a sus intereses y valores la neutralidad de ALC y sus Estados, y finalizaré argumentando que ello sería también una contribución a la remodelación del orden internacional adecuada a los nuevos tiempos.La neutralidad de ALC en la guerra Ruso-Ucrania, contribución para una era no hegemónica.

Resumen de la Ponencia:

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 se destaca como uma Carta Magna pautada pela garantia de direitos sociais relacionados ao desenvolvimento de políticas públicas para a população brasileira, consideradas as especificidades relacionadas, dentre outros aspectos, à seguridade social. Ao longo das décadas, essas garantias constitucionais impactam de modo diferenciado a população, com destaque àquela parcela que vive em uma das condições mais extremas de vulnerabilidade social, a população em situação de rua. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é apresentar um quadro analítico e referencial das políticas sociais existentes no âmbito federal brasileiro em atenção às necessidades e demandas daqueles que vivem nas ruas. Para tanto, expomos resultados de revisão bibliográfica e pesquisa documental, uma vez que estabelecemos diálogos e intersecções entre referenciais teóricos e legislações, que nos permitiram identificar que, a despeito de haver pessoas morando nas ruas ser uma questão social historicamente percebida no Brasil, até poucas décadas atrás não havia políticas específicas para tal segmento populacional, de modo que somente a partir de 2009 temos avanços expressivos, mas ainda persistem desafios a serem enfrentados.  

Resumen de la Ponencia:

 La situación excepcional producto del virus Covid-19 aumentó de forma preocupante las violencias basadas en género, siendo la infancia y la adolescencia el grupo etario más afectado. Para el 2020 en Colombia se registraron 24.965 casos de violencia sexual, Cundinamarca fue el quinto departamento con más casos y el municipio donde más se evidenciaron fue Soacha con  635 casos en este grupo poblacional. Este municipio se encuentra inmerso en distintas problemáticas como la violencia en el territorio, la pobreza, la discriminación, los conflictos socio-ambientales, las altas tasas de embarazo adolescente, entre otras, esto sitúa a la población en un posición de vulnerabilidad. Partiendo de éste contexto, en la comuna 4 de Soacha se crea la Fundación Niñas sin Miedo en el 2016, donde se ha buscado dar respuesta a las violencias basadas en género, especialmente a la prevención de la violencia sexual y la ruptura de los roles de género en  niñas y adolescentes, esto por medio de procesos educativos no convencionales como el deporte y el juego. El siguiente proyecto de investigación e intervención en curso  se centrará en aportar desde un enfoque teórico-práctico en la reconstrucción del currículum actual para la prevención de la violencia sexual y la transformación de imaginarios alrededor del género en la Fundación Niñas sin Miedo en 2022.   Para lograr dicho objetivo se plantea una metodología mixta por medio de encuestas, entrevistas y grupos focales con voluntarias, estas son niñas y adolescentes pertenecientes a la fundación,  esto con el fin de identificar las oportunidades de mejora para el currículum actual mediante el reconocimiento de las necesidades contextuales de las niñas y adolescentes. Se espera incidir en los procesos pedagógicos de la fundación por medio de la  educación popular y feminista con la finalidad de potencializar habilidades que les permitan a las niñas y adolescentes ser agentes activas en su comunidad y en sus propios ambientes personales.Palabras claves: Feminismo, educación popular, violencias basadas en género, violencia sexual, roles de género, infancia y adolescencia.   

Resumen de la Ponencia:

Introdução: Um país do continente africano que tem por limite ao norte o Mali e Níger. Ao Sul é próximo de Gana, Togo, Costa do Marfim e Benin. Inicialmente chamado de Alto Volta quando ainda era refém do processo colonizador francês desde 1919, após um intenso processo revolucionário, em 1984 recebe o nome de Burkina faso ou Burkina fasso que no dialeto local significa “Terra de homens dignos.”É no processo imperialista francês que as relações em Burkina faso são modificadas. Em 1896, a França derrotou os reinos de Mossi e anexou a região como mais uma de suas colônias. Em mais ou menos dez anos, a França já havia dominado toda a região de Burkina faso, mesmo enfrentando resistência Mossi e Mande. Objetivo: Em 4 de agosto de 1983, Thomas Sankara, conhecido como “Che Guevara africano” lidera o processo revolucionário em Burkina Faso, mudando as relações com a França e estabelecendo uma árdua luta contra o colonialismo. É assassinado em outubro de 1987.Objetivo do artigo é refletir sobre os quatro anos de Sankara a frente de Burkina Faso e qual foi o impacto após seu assassinato no país, localizado na África Ocidental e nos países da América latina que também lidaram com as consequências da colonização. Método: A partir de leituras do sociólogo Clóvis Moura e do filósofo Achille Mbembe, tecer argumentações que apontem os aspectos de ruptura que a luta anticolonial estabelece com países europeus, como a França e como a influência desses mesmos países, tende a ser desastrosa. 

Resumen de la Ponencia:

El presente trabajo intelectivo, se deriva de una disertación teórica y epistémica como base, para tomar un posicionamiento en la elaboración de los Estados del Conocimiento (EC) 2011-2021 del Área 3 Investigación de la Investigación Educativa (IIE) del Consejo Mexicano de Investigación Educativa (COMIE).La noción de elaborar estados de conocimiento nació con el I Congreso Nacional de Investigación Educativa, en 1981, para el cual se elaboraron documentos base (…) organizados en torno a nueve comisiones temáticas, una de ellas fue “Investigación de la investigación educativa”. (Weiss, 2003 :25) La posición que se tenía acerca de los EC en el 2003, se sostenía en el “análisis sistemático y la valoración del conocimiento y de la producción generadas en torno a un campo de investigación durante un periodo determinado” (Rueda, 2003: 4), en los EC 2002-2011 realizaron inventarios de la información disponible sobre investigación de la investigación educativa, para contar con un corpus de estudios que fueran clasificados y sistematizados. (López, Sañudo y Maggi, 2013 :14), ya se comenzaba a visualizar, trascender de un listado de las investigaciones a una valoración crítica. Para lograr este objetivo el equipo de trabajo del COMIE  área 3 IIE de los EC 2011-2021 determinó que era necesario transitar hacia una nueva posición teórica y epistémica que permitiera no solo, dar cuenta del estado del corpus generado en la década, sino un meta-análisis de la Investigación educativa y todo lo que ello implica entender que se genera a partir de la relación profesional de una serie de culturas académicas y de investigación que responden a contextos muy diferentes a nivel local a lo largo y ancho del territorio nacional, diversidad de culturas, idiomas, tradiciones, economías, usos y costumbres determinados en el caso de la educación por políticas internacionales, nacionales y estatales, que son traducidas al interior de las Instituciones de Educación Superior, Normales, Redes y Grupos de investigación de acuerdo a su propia historía particular. Realizar un análisis congruente disciplinar, multidisciplinar y transdisciplinar, esto es hablar de lo complejo, se necesita tomar en cuenta los diferentes componentes de la Investigación Educativa (IE), por decir algo agentes de la IE, formación/práctica, cultura académica, políticas públicas, contexto socio-histórico, redes, grupos y comunidades, rol laboral/institucional, tensión global/local entre otros aspectos. El posicionamiento epistemológico y teórico que se tomo fue el de la complejidad de Morín, entendida esta como un sistema complejo acompañado de teorías como la hermeneútica, la cultura, organizacional y escolar (Pérez Gómez, 2000; Rodríguez 2015; López Yañez, Sánchez Moreno y Nicastro Sandra, 2003), esto permitió analizar los diversos componentes de la IE y al mismo tiempo percibirlos dentro de un contexto determinado al mismo tiempo en diferentes tiempos y espacios dentro de la década que nos ocupó.

Resumen de la Ponencia:

La relocalización y ecologización de los sistemas agroalimentarios se encuentra en el centro de las principales propuestas actuales para transitar hacia la sostenibilidad socio ecológica global (López-Garcia & Álvarez-Vispo, 2018). Por lo tanto, es necesario conocer los desafíos que enfrentan los agentes del sistema agroalimentario, de nuestro territorio, para a partir de esta información, generar propuestas que propicien la transición a sistemas alimentarios más localizados.   En esta investigación nos centramos en las dinámicas del sistema agroalimentario del cantón Balsas – Ecuador, caracterizado por la expansión de la producción avícola a mediana y gran escala durante los últimos años. Se planteó como objetivo explorar el potencial de (re)localización de la producción y comercialización de los productos agrícolas de la pequeña Agricultura Familiar Campesina (AFC) de la localidad.La investigación fue de tipo exploratoria, usando metodologías cualitativas y cuantitativas, mediante herramientas de recopilación de información de primera mano aplicadas a diferentes sujetos de estudio (productores, distribuidores, consumidores, instituciones relacionadas).Los resultados sugieren que por parte de los pobladores existe gran interés por adquirir productos locales, especialmente aquellos que provienen de la pequeña AFC, percibidos además como orgánicos. No obstante, en el eslabón de producción, no existe actualmente la capacidad de abastecer al mercado local, debido a varios causales: 1) La producción más diversa se realiza en  Unidades Productivas Agropecuarias (UPAs) muy pequeñas, que destinan su producción al consumo de la familia productora, en cambio las UPAs de mayor superficie (hasta 4 ha), se limitan a un par de productos que por el volumen se venden fuera del cantón; 2) Las UPAs del grupo de estudio se destinan total o parcialmente al cultivo de maíz certificado que se comercia a la industria avícola; 3) no existen redes de cooperación entre pequeños agricultores y; 4) los pequeños agricultores de la AFC tienen un limitado acceso a sistemas de riego.En conclusión, a pesar de que la producción local tendría una gran aceptación en los hogares del cantón, se encuentran limitantes para la relocalización, ligadas al papel que juegan las políticas públicas y las estrategias de fomento productivo en las dinámicas de producción, distribución y consumo, tanto a nivel cantonal como nacional. Lo que ocurre en el cantón Balsas se suma a la evidencia de cómo la producción agrodiversificada se ha visto reducida por la creciente expansión de los cultivos comerciales, tendencia que ha puesto en riesgo la soberanía alimentaria y que está llevando a procesos de desterritorialización, que han implicado el desplazamiento de la semilla criolla, perdida de la agrobiodiversidad, la desagrarización cultural y del medio rural, y la dependencia de agricultores y agricultoras al mercado (Lasso, 2019).

Resumen de la Ponencia:

A lo largo de esta ponencia presentaré un avance del problema de investigación en  el que retomo la problemática que plantea Bourdieu concretamente, en la línea de trabajo de sociología de la cultura, donde realiza un análisis del sistema escolar que, más que un unificador de oportunidades y conocimientos, produce lo contrario: evidencia y reproduce la desigualdad que hay dentro de las aulas. A su vez retomaré las propuestas sociológicas de  Fritz Ringer y Norbert Elias, en torno al análisis de la conformación de grupos sociales, expondré las características que hacen a un grupo de escuelas conformarse como tal y bajo qué estrategias, prácticas y motivaciones hacen que los grupos de exalumnos perduren a lo largo del tiempo. El objeto de análisis es un conjunto de escuelas que surgieron a partir del exilio español, promovidas por profesores republicanos que después de la Guerra Civil Española y la Segunda Guerra Mundial, recalaron en México. Estos centros educativos son conocidos como “Escuelas activas” y se identifican con un conjunto de propuestas educativas que combaten las ideas pedagógicas tradicionales. Estos centros han promovido nuevas estrategias de aprendizaje, en donde los intereses del niño y la niña son el eje de las discusiones dentro del aula, fomentando a fortalecer su sentido crítico, su libertad y su autonomía. El objetivo es, a partir de un análisis de trayectoria social, comprender cómo es que se construyen y dar cuenta de las estrategias que se utilizan para reproducir los grupos formados en dichas  escuelas  en la Ciudad de México.  Analizar qué mecanismos intervienen en la producción y reproducción del capital cultural por parte de quienes son egresados de estas escuelas  que les permiten, como  herederos, colocarse en posiciones ¨favorables” en su trayectoria escolar posterior. Las perspectivas antes mencionadas, me permitieron construir un modelo analítico que me ayudó a plantear ¿cómo medir el grado de homogeneidad del grupo que quiero analizar? Se trató de diseñar un instrumento capaz de distinguir una “escala de valores” compartida (por ejemplo, el énfasis en la cultura letrada y humanística) entre el conjunto de agentes que selecciono como muestra para esta investigación. Los datos recabados me permitirán visualizar una homogeneidad respecto al capital cultural y al económico y ver un habitus similar, un estatus social común, valores e intereses similares, así como espacios de socialización compartidos y  por ende expectativas comunes, que se manifiestan a partir del grado de similitud entre el capital económico y cultural. Por tanto, una de las hipótesis que sostendré es que conforme más avanzan de grado escolar y se constituye un grupo más sólido, este conjunto de agentes sociales acceden a posiciones favorables dentro de una élite cultural en el espacio social. 

Resumen de la Ponencia:

La modernidad capitalista ha funcionado como un proyecto civilizatorio que ha marcado una separación entre el ser humano, la naturaleza y su proceso de reproducción natural social de la vida. Por medio de esta fragmentación, el capitalismo ha logrado la reorganización de las relaciones sociometabólicas con el objetivo de dominar, explotar y acumular los bienes naturales y los medios de vida de los seres de la naturaleza. Sin embargo, la misma vida (naturaleza) ha encontrado formas de reconfigurar esas relaciones dentro del capital para resistir la total subsunción de la forma concreta de la vida. Esto ha sido posible gracias a la compleja y diversa red de vínculos entre los seres humanos y no humanos que reorganizan las prácticas y actualizan sus sentidos para garantizar la reproducción material, simbólica y afectiva de la vida. El objetivo de esta presentación es interpretar las relaciones sociometabólicas interdependientes entre el agua y Teotitlán del Valle a través de las tramas organizativas en torno al cuidado y manejo del bien natural. De ahí que se propone responder a la pregunta de investigación: ¿Cómo practica la comunidad de Teotitlán sus relaciones con el agua? ¿Qué significados tienen? Es una investigación cualitativa en que se realizó observación participante entre el 2020 y el 2022; se llevaron a cabo 11 entrevistas a profundidad con participantes claves. Además, se realizaron dos talleres participativos con los comités relacionados con la gestión del agua (potable y riego). La comunidad sostiene una gobernanza comunitaria sobre el agua a partir de los comités de agua potable y de unidad de riego. Cada uno tiene una organización conformada por normas, acuerdos, valores, negociaciones e intercambios entre la población y la naturaleza que garantizan el cuidado y autogestión del agua. Los propósitos de estos comités se centran en: mantener un manejo adecuado del agua para el uso personal/familiar y productivo y, continuar compartiendo el agua con los demás seres de la naturaleza gracias a las relaciones sostenidas con el ser agua y el dueño del agua Baxhwaan.La comunidad mantiene una trama organizativa recíproca, cooperativa y autogestiva que le permite garantizar la reproducción material y simbólica de la vida. Es, en este momento, donde la organización comunitaria y su identidad cultural se transforman continuamente para modificar y ratificar los vínculos con los seres naturales y sagrados. Así, las relaciones sociometabólicas las entendemos como manifestaciones de las redes de vínculos interdependientes que construyen los seres humanos y los demás seres de la naturaleza con la intención de sostener la vida desde lo espiritual, cósmicos y humano. 

Resumen de la Ponencia:

O CONTEXTO DE SAÚDE E MIGRAÇÃO NAS AMÉRICAS Ingrid Augusta Celmer DonaldTânia Regina Krüger Universidade Federal de Santa Catarina XXXIII CONGRESSO LATINO-AMERICANO ALA MÉXICO 2022 Grupos de Trabalho: GT 22 - Migrações, Refúgio e Outras Mobilidades Este texto tem como objetivo analisar a questão da migração e saúde com Baseado em documentos da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Na história da humanidade, os deslocamentos humanos e as migrações constituem parte inerente e, ao mesmo tempo, os indicadores continuam expressivos de que a situação humanitária por parte dos migrantes é dramática, contrariando o art. VI da Declaração Universal dos Direitos Humanos Rights (1948) que afirma que “todo ser humano temo o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a Lei”. Em particular, os sistemas e serviços de saúde dos dois países que aceitam migrantes são questionados, assim como outras políticas públicas, por exemplo, trabalho e renda, educação e moradia. Na primeira parte do trabalho, refletimos sobre as causas das migrações contemporâneas que se relacionam com a radicalização de dois processos políticos, ditatoriais, intolerâncias culturais e religiosas, mediadas por interesses bélicos e econômicos de diversas ordens e submetem diversas poeiras à miséria, morte ou violência migração. O texto apresenta elementos que particularizam a migração na América Latina, especialmente as vulnerabilidades socioeconômicas, bem como aspectos culturais, linguísticos, políticos, violentos, ambientais, entre outros. No segundo item procuramos refletir sobre as propostas das OPAS - por meio do documento Guia em Migração e Saúde - para os serviços de saúde para migrantes (2019). Há uma linha de atuação no documento migração e saúde da Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS, que busca assegurar que os determinantes que afetam a saúde de dois migrantes. O documento recomenda o desenvolvimento de planos e ações para enfrentar com eficiência os desafios comuns de saúde ligados à migração e identificar mecanismos de financiamento para a saúde, com o objetivo de apoiar as demandas para o aumento do sistema de saúde de dois países relacionados à migração internacional em larga escala. Apesar dessa referência, o Guia silencia o quanto eu abordo a saúde diante das tensões na organização de dois serviços de saúde em cada país. Sabe-se que para avaliar e formular políticas públicas direcionadas ou inclusivas é necessário direcionar políticas, programas e/ou ações capazes de sanar a iniquidade bem como contemplar as especificidades das populações migrantes, não afetando sua saúde. Problematiza o quanto se busca a forma de aplicabilidade e eficácia dessas políticas em diferentes conjunturas sociais ao mesmo tempo em que se busca uma superação das desigualdades étnicas socialmente construídas que, nestes tempos de tantas adversidades e incertezas, ainda prevalece na atualidade. dias Palavras-chave: Américas, Migração, Saúde, OPAS.         

Introducción:

Introdução

 

As migrações internacionais têm aumentado significativamente no mundo moderno. Na contemporaneidade, a migração é um dos principais desafios mundiais, e por isso encarada como uma importante pauta para a maioria dos países do globo. Diante de tal fato, surge a necessidade de compreender a relação existente e o modo como as migrações têm impactado nos países, sobretudo no que tange às questões voltadas à saúde da população migrante. 

Segundo Sónia Dias e Aldina Gonçalves (2007), ao longo da história, a humanidade experimenta o deslocamento de pessoas ou grupos dentro e fora de países. Estas são frequentemente motivadas por alterações, seja no ambiente, na demografia, na economia, na política, entre outros. As principais razões para a migração incluem questões ambientais (por exemplo, desastres naturais), econômicas (como pobreza, diferenças de recursos entre países, aspirações de melhores condições de vida, globalização da economia), políticas e religiosas (podemos citar guerras e/ou conflitos). O estado de saúde dos indivíduos e a necessidade de cuidados médicos também podem ser fatores que influenciam a mobilidade de pessoas.

Para as autoras, tal configuração pode ser interpretada como um fenômeno socioeconômico. Desta forma, 

A migração pode ser considerada um contributo essencial para o desenvolvimento e para a resolução do problema demográfico que ocorre nos países desenvolvidos, na medida em que estes se confrontam com uma população envelhecida e uma taxa diminuta natalidade. Nestes países, a população imigrante, geralmente em idade ativa, contribui com mão-de-obra em várias atividades econômicas para as quais não existe, muitas vezes, disponibilidade de trabalhadores nos próprios países. Por outro lado, nos países em desenvolvimento, onde os aspectos demográficos têm outras características, a migração surge, como já se referiu, como um recurso contra a pobreza ou como solução para outras situações, nomeadamente catástrofes naturais, conflitos bélicos, políticos, étnicos e religiosos. (Dias & Gonçalves, 2017, p. 16).

 

Portanto, a migração é, deste modo, um fator de desenvolvimento econômico, social e cultural para ambas as partes envolvidas. No entanto, a migração oferece um grande desafio em termos de atenção as necessidades sociais dos migrantes, entre elas a de Saúde Pública, pois mesmo os países mais desenvolvidos, enfrentam problemas relacionados aos determinantes de saúde dos imigrantes. São muitos os relatos e estudos que apontam que a migração pode levar à insegurança humana e às restrições dos direitos humanos, inclusive os relacionados à saúde.

Nesse sentido, alguns especialistas têm demonstrado preocupação no que tange ao elevado número de populações deslocadas nos últimos anos. Eles creem que estamos enfrentando uma onda de deslocamentos sem precedentes. O deslocamento e a migração são fatores determinantes para a saúde de refugiados e migrantes, que também influenciam as populações dos países ao longo da rota de migração. A mobilidade populacional tem profundos efeitos não somente nos sistemas de saúde desses países, mas também na saúde das populações migrantes e anfitriãs. Por conseguinte, atender às necessidades de saúde das populações em movimento é uma parte essencial dos princípios de saúde pública e está de acordo com o direito à saúde de todas as pessoas que vivem em um país. (Rodrigues&Farias, 2022; Reckziegel&Wenczenovicz, 2022).

A mobilidade humana e a migração são componentes inerentes, e os indicadores continuam a ser significativos. A situação humanitária de alguns migrantes é profundamente negligenciada, contrariando a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, que enuncia que toda pessoa tem o direito de ser reconhecida como tal em qualquer lugar, diante da lei. Os sistemas e serviços de saúde dos países que acolhem os migrantes, por vezes, são postos à prova, assim como outras políticas públicas, como o trabalho, a renda, a educação e a moradia (Lussi, 2015).

 Neste sentido, o presente artigo busca identificar, através de documentos da Organização Pan-Americana da Saúde-OPAS e da Organização Internacional para as Migrações-OIM, se há diagnóstico e se há propostas para atender a saúde das pessoas que migram, bem como, o modo como são tratadas e evidenciadas dentro da lógica desta condição. 

Deste modo, problematiza-se neste trabalho a questão da presença de debates e dados que se relacionam a atenção à saúde, utilizando como base os documentos da Organização Internacional para as Migrações (OIM)e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), como o Plano Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde 2020-2025: A equidade, o coração da saúde.

Tal problemática se justifica pela necessidade em compreender como a saúde tem sido pensada para as pessoas que se encontram em situação de migração nos países da América Latina e no Caribe. Bem como, pela importância em refletir sobre está, sobretudo, em relação à região da américa latina. 

No Brasil, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) atua em cooperação com os governos federal, estaduais e municipais, além de outras instâncias do poder público, apoiando o fortalecimento de políticas, planos e espaços de participação social de pessoas refugiadas, solicitantes da condição de refugiado e outras pessoas sob o mandato da agência. O ACNUR entende que a proteção e a integração dessas populações é uma responsabilidade compartilhada entre diferentes atores públicos, privados, organizações não-governamentais, academia e instituições e agentes internacionais, e que apenas estratégias conjuntas e sinérgicas entre eles podem promover respostas integrais às necessidades da população refugiada. O ACNUR é membro observador de diversos comitês estaduais e municipais e presta suporte técnico ao planejamento, elaboração e implementação de políticas públicas locais para refugiados e migrantes. 

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) é administrada pela ONU e é a agência humanitária responsável pelo suporte, proteção e desenvolvimento de migrantes e refugiados. Os documentos da OIM incluem as convenções, regulamentos, atas, relatórios, comunicados de imprensa, estudos e declarações sobre as questões relacionadas à migração. Estes documentos oferecem orientação e diretrizes para a boa gestão das migrações e servem de base para o desenvolvimento de políticas e programas de migração. Alguns destes documentos incluem a Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos dos Trabalhadores Migrantes, o Estatuto do Refugiado da OIM, o Programa Mundial de Ação, a Declaração de Direitos dos Refugiados e a Carta de Princípios para as Migrações Internacionais (OIM, 2015).

Já a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) é uma agência regional da Organização Mundial da Saúde que tem como objetivo a promoção da saúde e o bem-estar da população das Américas. A OPAS oferece orientação e assessoria técnica aos países membros da região, desenvolvendo programas e projetos que buscam melhorar os serviços de saúde e a qualidade de vida dos cidadãos. 

Dessa forma, a OIM e a OPAS são agências regionais da Organização das Nações Unidas (ONU) responsáveis por apoiar, proteger e desenvolver migrantes e refugiados, bem como promover a saúde e o bem-estar da população das Américas. As duas agências produzem documentos, estudos e relatórios que servem como referência para os países membros, oferecendo orientação e diretrizes para a boa gestão das migrações e a melhoria dos serviços de saúde dos quais serão analisados neste trabalho. 

Em termos estruturais, este artigo divide-se em três seções, quais sejam: inicialmente apresentamos um panorama geral sobre a constituição do conceito, bem como os fatores que caracterizam a migração contemporânea, através de documentos que apontam estes indicadores a partir de 2018, até os dias atuais no item Migração contemporânea: fenômeno global e transversal. O segundo item Migração e Saúde tratamos da relação entre migração e os aspectos relacionados à saúde. Conforme dados apresentados em 2015 pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), o ato de migração pode ser definido como o deslocamento, individual ou coletivo, de pessoas, atravessando fronteiras administrativas e/ou políticas em um ambiente geográfico para seu estabelecimento permanente ou temporário na área. Esta definição inclui tanto aqueles que saem de seus locais de residência por motivos diversos, chamados de emigrantes, como aqueles que chegam para se estabelecer em uma área diferente de sua origem ou residência, chamados de imigrantes. No item final OPAS e OIM: diagnósticos, recomendações e ações sobre saúde e migração, analisamos os documentos de 2018 e 2019 para compreender o modo como a saúde é citada dentro dos diagnósticos e ações destas organizações internacionais. Na conclusão, retomamos os principais pontos deste trabalho, assim como logramos que tal revisão possa contribuir para o surgimento de novas pesquisas sobre o tema, considerando que este trabalho é um primeiro esforço em lançar reflexões sobre este relevante tema. 

Desarrollo:

1. Migração contemporânea: fenômeno global e transversal

 

A migração contemporânea é frequentemente motivada por pressões socioeconômicas, políticas, ambientais e culturais. Estas pressões levam as pessoas a buscarem melhores condições de vida, segurança, trabalho ou acesso a recursos, assim como mudanças culturais, educacionais ou religiosas. A migração contemporânea acontece entre países ou regiões próximas, com economias e culturas relacionadas, sendo distinta da migração histórica, que ocorre entre continentes. (Lima, 2014)

Segundo Lima (2014, p. 4), 

O aumento da migração global tem criado novos desafios para as políticas de direitos humanos, pois muitos governos não estão preparados para lidar com as questões relacionadas à migração. Uma vez que a migração é cada vez mais vista como um fenômeno global complexo – com raízes em questões históricas, políticas, culturais, econômicas e sociais – a proteção de seus direitos humanos requer que os Estados implementem políticas que levem em conta as necessidades específicas dos migrantes e as dinâmicas da migração. Isso inclui, por exemplo, a necessidade de um sistema de proteção adequado, acesso a serviços básicos, acesso ao trabalho e direitos civis e políticos, bem como a implementação de programas de integração para migrantes bem-sucedidos. 

 

A partir das questões apresentadas, pode-se considerar que o número de emigrantes é maior que o de imigrantes. Isso ocorre porque há uma grande quantidade de pessoas que buscam melhorias na qualidade de vida, o que torna a jornada de migração desafiadora. Contudo, a história dos migrantes é diversificada, abrangendo desde experiências simples de mudança de residência a experiências mais complexas, como o retorno ao país de origem, a deportação ou a aceitação temporária. Além disso, a realidade torna-se ainda mais complexa quando são considerados os países de trânsito, possibilitando um leque de escolhas e cenários que podem ser experimentados por uma mesma pessoa durante o processo migratório. (Reckziegel&Wenczenovicz, 2022)

No início do século XXI, observou-se um aumento acentuado no número de migrantes em todo o mundo. Segundo Rodrigues e Farias (2022), em 2020, foi estimado que existiam cerca de 281 milhões  migrantes em movimento ao redor do globo, o que representa quase o dobro do número verificado décadas atrás. A América Latina e o Caribe deixaram de ser uma região caracterizada pela imigração extrarregional, entre 1970 e 2010, a imigração intrarregional passou de 24% para mais de 63% (OIM, 2018). Conforme a Organização Internacional para as Migrações (2018), nos últimos tempos, verificou-se um significativo aumento nos fluxos migratórios intrarregionais para países como Argentina, Belize, Brasil, Chile, Costa Rica, Panamá, República Dominicana e Trinidad e Tobago. Dada a heterogeneidade dos perfis sociodemográficos dos imigrantes e as características das instituições sociais dos países de destino, pode-se esperar que as trajetórias de inclusão social e econômica sejam variadas.

Quanto à influência da globalização, há indícios no Relatório Mundial sobre Migração (2018).  O Relatório Mundial sobre Migração de 2018 foi publicado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). O relatório analisa os últimos desenvolvimentos, tendências e desafios da migração internacional e apresenta respostas inovadoras para desenvolver políticas e abordagens mais eficazes e humanitárias para a migração. O relatório destacou que, ao mesmo tempo que os migrantes e refugiados estão sendo tratados de forma cada vez mais hostil, eles também estão contribuindo para a economia, a sociedade e a cultura, reforçando as comunidades que os acolhem e adicionando valor ao mundo. 

O Relatório Mundial sobre Migração é publicado a cada três anos e oferece uma visão global da migração em todo o mundo, abordando temas como o fluxo de migrantes, as políticas migratórias, os desafios e as oportunidades que a migração oferece para os migrantes e para seus países de origem. Em 2018, de forma mais específica, o relatório teve como tema principal a Migração como um fator de desenvolvimento. Onde divulgou-se análises feitas sobre as formas como a migração internacional pode contribuir para o desenvolvimento econômico, social e cultural em países de origem, trânsito e destino. (Relatório Mundial sobre Migração, 2018)

O Relatório Mundial sobre Migração se refere a todos os tipos de migrantes, incluindo aqueles que se deslocam de forma voluntária para procurar melhor qualidade de vida ou oportunidades de trabalho, aqueles que se deslocam devido a crises humanitárias ou conflitos, aqueles que são forçados a se deslocar por motivos de sobrevivência, aqueles que viajam ao exterior para estudar, e aqueles que são traficados.

Segundo Relatório Mundial sobre Migração (2018), 

Migrar é um direito humano fundamental e uma declaração de autonomia e de desejo de melhorar a qualidade de vida. É também um direito humano básico que todas as pessoas têm o direito de sair e retornar ao seu país. É um direito, mas também uma necessidade, e é necessário que os governos, as organizações internacionais e a sociedade civil trabalhem juntos para garantir que as pessoas que migram tenham acesso a direitos iguais e a proteção. (p.25)

 

Seguindo uma abordagem semelhante, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), aborda a questão da migração como um tema de transversalidade, uma vez que duas áreas-chave a serem consideradas pelo programa são o desenvolvimento econômico e produtivo, bem como a segurança cidadã, a coesão social e a justiça (PNUD, 2020). A transversalidade da migração abrange diversas dimensões, tais como sexualidade, gênero, violência, multiculturalismo de etnias, condições como deficiência, nível de renda, educação e oportunidades de emprego, idade, situação política e econômica, situação migratória, desigualdade social e estado de saúde, entre outros (PNUD, 2020). 

Nos últimos anos, a migração na América Latina e Caribe tem se intensificado, com grandes contingentes de pessoas saindo de seus países de origem em busca de melhores condições de vida. Dados estatísticos mostram que a taxa de emigrantes é alta, assim como a taxa de imigrantes e de migração interna. Porém, também há uma taxa significativa de deslocamento forçado, motivado por conflitos armados e desastres naturais. Para lidar com este problema, é necessário que sejam tomadas medidas eficazes, como melhorar as condições de vida nas áreas de origem e reduzir a violência. (Relatório Mundial sobre Migração, 2018) 

Portanto, a relação entre condições de vida e a promoção de saúde, dentro das propostas, recomendações e ações de programas e documentos internacionais, são pais que deveu de priorizadas. Mas, antes de qualquer outra coisa é fundamental que se compreenda as dinâmicas existentes nesta relação. 

Migração e Saúde 

 

A migração é uma questão transversal de responsabilidade conjunta dos governos e da sociedade civil que envolve diversos aspectos, como a faixa etária, o estado de saúde, condições sociais, gênero, deficiência, violência, discriminação, interculturalidade, questões políticas nacionais e internacionais, além das condições específicas de quem parte, chega e fica. Nesse sentido, a condição migrante deve ser considerada como uma esfera inclusiva e diversa que abrange outras características e condições humanas. (Araújo & Sarmiento, 2021)

A relação entre migração e saúde está intimamente ligada. Como consequência das mudanças culturais, sociais e locais, as condições de saúde dos migrantes podem estar sujeitas a mudanças significativas, que são influenciadas por seu status migratório. Estudos mostram que os migrantes têm um maior risco de desenvolver doenças crônicas, deficiências físicas, mentais e emocionais, além de problemas de saúde mental, abuso de drogas ou álcool, entre outros. Além disso, o estresse migratório, a pressão de adaptação a novos contextos sociais, a falta de acesso a serviços de saúde adequados, o isolamento social e a discriminação racial também são fatores que contribuem para o aumento. (Boccolini et al., 2016)

Conforme Costa, Gurgel e Matos (2020) a crescente mobilidade somada a superdiversidade constituem desafios para governos em todo o mundo, em diversos aspectos, principalmente no que tange ao acesso a saúde global e local. Sendo uma pauta que necessita ser discutida e acolhida em termos de cooperação internacional e de adoção de medidas como o acesso universal a saúde, preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas (ONU), a exemplo da Agenda 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

A pessoa imigrante e/ou refugiado(a), estão inseridos num contexto de vulnerabilidades marcado pela irregularidade da situação documental migratória, discriminação/xenofobia, racismo, condições precárias de trabalho e moradia, diferenças culturais e linguísticas e por limitações socioeconômicas que aviltam sua condição de vida e os expõem a situações iminentemente prejudiciais à saúde. No entanto se deve evitar generalizações que possam incidir numa ideia equivocada de população imigrante doente ou portadora de diversas doenças. A população imigrante pode apresentar situação de saúde boa, mas incorre que ela declina com o tempo, devido às baixas condições de trabalho, limitações linguísticas, baixo status socioeconômico, dificuldades de acesso a serviços de saúde, de educação, de assistência social, de documentação, lazer, cultura, dentre outros que são componentes da rede de atendimento.

As autoras Costa, Gurgel e Matos (2020), trazem para a discussão a saúde da pessoa imigrante sob duas abordagens de extrema relevância, que diz respeito a aculturação e a interseccionalidade. A primeira aborda a centralidade na cultura, ou seja, a relação de aprendizagem da cultura do país de acolhimento e seus desafios e dilemas diante da cultura de origem do imigrante. Já a interseccionalidade, tem seu surgimento com a corrente feminista negra nos Estados Unidos e debate sobre questões de gênero, raça/etnia, classe social como fatores associados de vulnerabilidade e, portanto, os analisa de maneira concomitante, essa linha também argumenta sobre a questão do racismo estrutural.

Nesta perspectiva, deve-se considerar a interseccionalidade alinhada entre a variedade de fatores que afetam o estado de saúde do imigrante, tais como aspectos demográficos, posição socioeconômica, o lugar, políticas de imigração e de integração, racismo e xenofobia, contexto étnico e racial e a própria história de migração.

De acordo com Dias e Gonçalves (2007, p.18):

 

O estado de saúde de uma população é resultado de redes complexas de determinantes que envolvem fatores biológicos, genéticos, psicossociais, estilos de vida e comportamentos, meio ambiente físico, socioeconômico e cultural, aspectos relacionados com os sistemas de saúde, e ainda fatores políticos e de nível macrossocial.

 

Promover a saúde da população migrante envolve o reconhecimento das barreiras culturais e linguísticas, assim como das condições socioeconômicas e da educação em saúde. A sensibilização cultural é essencial em qualquer programa de educação em saúde, pois deve incluir estratégias de formação em saúde como o uso de tecnologia, colaboração com equipes multidisciplinares e participação ativa da comunidade. (Pizarro & Villa, 2016) Além disso, para garantir o direito de acesso aos serviços de saúde, tratamento digno e cuidados de saúde física e mental dos migrantes (incluindo os indocumentados), é necessário assegurar o acesso à informação, garantindo a consideração e o respeito à identidade, patrimônio religioso, cultural e social dos migrantes.

Apesar da limitação de dados, os estudos e os indicadores de saúde disponíveis sugerem que os migrantes possuem um maior grau de vulnerabilidade em relação aos problemas de saúde. Neste sentido, a OPAS e a OIM têm trabalhado conjuntamente para melhorar a saúde das pessoas migrantes, assegurando o acesso a cuidados médicos de qualidade, serviços de saúde mental e apoio social. (OPAS, 2019; OIM, 2018).

Além disto, as pessoas em situação de migração, conforme Dias e Gonçalves (2017) tendem a desenvolver também patologias relacionadas à saúde mental. Pois, as populações imigrantes apresentam um risco aumentado de desenvolver desordens mentais, tais como depressão, esquizofrenia e estresse pós-traumático, devido à variedade de fatores enfrentados durante o processo de migração.

Embora se considere, de maneira geral, que a população migrante é geralmente saudável, estes indivíduos podem estar mais vulneráveis à doença devido aos riscos para a saúde e o bem-estar a que estão expostos nos países de acolhimento. Ao chegarem a seus destinos, esses migrantes se deparam com um ambiente físico e social distinto, culturas e estilos de vida contrastantes, barreiras linguísticas, “diferenças nos sistemas administrativos e legais, entre outros”. (Dias & Gonçalves, 2017, p.18)

Desta forma, tais modificações tendem a causar problemas físicos, psicológicos e sociais, que podem estar relacionados com o contexto social do país de origem, bem como do país de acolhimento. Por isso, torna-se fundamental compreender o modo como essas questões são pensadas dentro da lógica dos documentos de organizações internacionais, tal como a OIM e a OPAS. 

 

3. OPAS e OIM: diagnósticos, recomendações e ações sobre saúde e migração

 

As ferramentas de diagnóstico, recomendação e ação da OMS sobre saúde e migração são usadas para melhorar a saúde e bem-estar dos migrantes. A OIM é o principal organismo internacional responsável por gerenciar a cooperação internacional no que diz respeito a temas relacionados à migração. Trata-se de uma agência especializada das Nações Unidas e foi criada em 1951 para ajudar a melhorar a qualidade de vida das pessoas que se deslocam em busca de oportunidades econômicas, educacionais ou sociais (OIM, 2018). 

Os documentos mais recentes publicados pela OIM incluem relatórios globais sobre migração, guias de boas práticas para migração internacional segura, o papel da OIM na migração internacional e entre outros. São diversos os documentos atuais que citam sobre: como o papel o Papel da OIM na Migração Internacional (2018); Relatório Global sobre Migração (2019); Estatísticas Globais de Migração e Desenvolvimento (2019); Estatísticas Globais de Migração (2019); Estatísticas de Migração por Estado (2019). Relatório Global sobre Migração (2020).

Estes documentos fornecem diagnósticos detalhados e recomendações para abordar os desafios econômicos, sociais e ambientais relacionados à migração, além de incentivar a igualdade de direitos para migrantes e refugiados. Os diagnósticos apresentados, apresentam dados sobre a desigualdade de oportunidades para migrantes e refugiados, os desafios para integração social e a atenção com a saúde em termos de serviços básicos e mobilidade segura. 

Analisando os dados publicados pela OIM desde 2018 até 2020, pode-se observar que houve um aumento na identificação dos problemas relacionados à migração e o desenvolvimento de novas estratégias para lidar com esses problemas. 

Com relação ao exposto anteriormente, a OIM realiza e apoia pesquisas e produção de dados com o objetivo de orientar e informar sobre políticas e práticas migratórias. As pesquisas e informes são realizados para ampliar a entrega dos programas da OIM e contribuir com um entendimento mais amplo dos padrões e processos migratórios, bem como as conexões entre pesquisa em migração com política e prática migratória. Já em relação a OPAS, o objetivo da organização é prevenir, controlar e tratar doenças infecciosas e outras condições de saúde pública. Para isso, presta serviços aos países membros da OMS, desenvolvendo e implementando programas de saúde que visam melhorar a saúde das populações e reduzir a incidência de doenças. Assim, o OPAS recomenda aos países membros que desenvolvam e implementem programas de saúde que incluem a vigilância das doenças infecciosas e outras condições de saúde pública, além de estabelecerem sistemas de informação para monitorizar doenças infecciosas e outras condições de saúde, bem como estratégias para prevenir, controlar e tratar, verificando os sistemas de controle de qualidade para garantir a eficácia dos serviços de saúde. 

Conclusiones:

Conclusão

 

Embora os movimentos migratórios internacionais tenham experimentado um rápido aumento nas últimas duas décadas, não se pode afirmar que são superiores àqueles ocorridos em etapas anteriores; na realidade, o que aconteceu foi uma mudança de direção quanto à emigração, que tendeu a se concentrar do Sul para o Norte. 

A fim de entender melhor as causas dessa emigração, pode-se observar que a pobreza crônica, a instabilidade política e social, a precarização do trabalho e a assimetria na distribuição dos benefícios oferecidos pela economia internacional contribuem para isso. Além disso, a globalização, apesar de aumentar as expectativas de emigração, impõe fortes barreiras à livre mobilidade das pessoas. 

Os movimentos migratórios levarão a situações humanitárias, problemas financeiros e testarão a resistência dos dois sistemas de saúde dos dois países envolvidos. As lesões mais frequentes entre os migrantes recém-chegados são lesões acidentais, queimaduras, hipotermia, acidentes cardiovasculares, complicações da gravidez e do parto, diabetes e hipertensão, resultantes da interrupção dos cuidados, associadas à falta de acesso aos seus ou ao colapso dos seus dois sistemas de saúde

A migração também pode levar à presença de doenças com alto risco de transmissão rápida nos países de destino, relacionadas aos perfis epidemiológicos dos países onde fornecemos migrantes. Nesse sentido, a Organização Pan-Americana da Saúde recomenda a melhoria das capacidades básicas nos pontos de fronteira, com base no fortalecimento da vigilância epidemiológica e controle de doenças, bem como medidas relacionadas à detecção precoce de casos, diagnóstico oportuno e início imediato de tratamento , reduzindo assim a transmissão e evitando a propagação de casos. Em sinergia, o IOM realiza e apoia pesquisas e produção de dados com o objetivo de orientar e informar sobre políticas e práticas migratórias, a fim de contribuir para as conexões entre pesquisa migratória e política e prática migratória.

Assim, a partir dos aspectos apresentados neste artigo, conclui-se que os movimentos migratórios têm um grande impacto na saúde pública. É necessário, portanto, fortalecer as ações de vigilância epidemiológica e controle de doenças, assim como medidas relacionadas à detecção precoce de casos, diagnóstico oportuno e início imediato do tratamento, a fim de diminuir a transmissão e prevenir a disseminação de casos. 

Por fim, consideramos que o presente trabalho se caracteriza como uma breve contribuição para os estudos situados no campo das ciências sociais, e áreas afins.

Bibliografía:

REFERÊNCIAS

 

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Palabras clave:

Palavras-chave: Américas, Migração, Saúde

Resumen de la Ponencia:

Nos últimos anos, os apelos para decolonizar disciplinas e instituições circulam em grande parte do mundo. Nas ciências da biodiversidade, num curto período de tempo a discussão tem recebido especial atenção, podendo identificar um “boom” nos debates nos meios mais influentes – do Norte global -, principalmente durante a pandemia do COVID-19. Porém, o debate em transcurso ainda se encontra bastante incipiente. As atuais investigações são construídas principalmente – ou mesmo totalmente – a partir de arcabouços teóricos e visões do Norte sobre o Sul, não considerando o vasto arcabouço teórico e prático de pesquisas no próprio Sul. Como consequência, algumas afirmações e conceitos utilizados são superficiais, incorretos ou inadequados, e acabam, inclusive, reproduzindo a própria colonialidade do saber, além de que demonstram a existência de uma ampla lacuna teórica e histórica ainda por ser resolvida. A construção social da biodiversidade responde a uma forma de pensar as relações da sociedade e do ser humano com o meio ambiente sob um intenso e sustentado processo de exploração, cujas raízes vêm do período de colonização. As ciências da biodiversidade por sua vez, tornaram-se uma forma de apropriação da natureza com um papel central na disputa de poder entre nações; o trabalho do naturalista classificando e nomeando objetos naturais facilitou o controle não só da natureza, mas de outras culturas. No entanto, encontramos que discussões explícitas sobre a história, o contexto social e cultural nesta área da ciência são raras. Por outro lado, os campos das ciências da biodiversidade continuam entre aqueles mais homogêneos no que diz respeito à diversidade racial e étnica. Neste cenário o objetivo deste trabalho é abordar a dimensão da colonialidade nesta área da ciência, além de descrever alternativas para sua superação a partir dos estudos decoloniais, tendo como base as categorias e princípios fundamentais da teoria decolonial e Epistemologias do Sul. Baseado no trabalho de Boaventura de Sousa Santos e na teoria ecológica, propomos como categoria analítica, a Ecologia das Ausências (EA), visando fornecer uma ferramenta teórico-metodológica adequada para dar visibilidade aos trabalhos de indivíduos que por questões de gênero, raça ou origem, foram e são sistematicamente invisibilizados, da mesma forma que resgatar conceitos que foram historicamente ignorados pela racionalidade dominante. Entendemos a Ecologia das Ausências como um instrumento de integração a partir do qual podemos diversificar os saberes e as ferramentas disponíveis esquecidos nas periferias tanto do Sul quanto do Norte. Para isso, descrevemos três tipos de ausência: parcial, latente e absoluta e propomos mecanismos de ação de curto e longo prazo. Finalmente realizamos uma discussão sobre os desafios frente às novas formas de colonialismo vinculadas à exploração e uso de dados extraídos da natureza mediados pelas TICs (tecnologias da informação e comunicação).

Resumen de la Ponencia:

PresentaciónSe exponen en esta ponencia antecedentes metodológicos referidos a la utilidad e importancia del  análisis de contenido en la investigación cualitativa, considerando información obtenida de entrevistas abiertas, notas de campo y material documental complementado con la aplicación del programa Atlas.ti  (Cáceres, P. 2003; Varguillas, C. 2006), a partir de dos investigaciones descriptivas realizadas en la región de Valparíso Chile. Ambos estudios contaron con el patrocinio de la Dirección General de Investigación de la Universidad y la certificación del comité ético científico (CEC). Los objetivos de las investigaciones fueron 1. Identificar los activos culturales de una comunidad rural aislada, considerando información primaria obtenida a partir de relatos de informantes claves del territorio (ARTV 14-20); y  2. Sistematizar información de las actividades del programa Explora Conicyt, que promueve la divulgación y la valoración de la ciencia y la tecnología en el pais en especial en niños, niñas y comunidades, a partir de las fuentes documentales y bases de datos existentes de distintas regiones del pais.  El uso del análisis de contenido permitió en el primer estudio el análisis de las entrevistas, explorar la estructura de los relatos y construir unidades de análisis que se vincularon posteriormente con el marco conceptual existente. En el segundo estudio se construyó un plan de análisis documental referido a las actividades del programa Explora, desde la perspectiva del análisis de contenido, utilizándose  como herramienta de apoyo el programa Atlas.ti. La fuente de datos definida en este caso se seleccionó en un universo de notas de prensas, reportajes y otros tipos de documentos que referenciaron  las actividades del programa Explora,  los datos recopilados permitieron  ordenar la información para dar cuenta de las representaciones y significados reflejados sobre el programa.Los análisis y resultados obtenidos en los casos que aquí se señalan,  permiten señalar la importancia del uso de la técnica de análisis de contenido y su complementación con el programa Atlas ti, permitiendo entregar mayor proyección y validez a los resultados de la investigación cualitativa.  

Resumen de la Ponencia:

O presente estudo teve por objetivo compreender a representação social do esporte por meio do jornal “Paraná Esportivo”. O jornal foi fundado em 1947, em Curitiba, capital do Estado do Paraná/Brasil. Publicava notícias esportivas de todas as regiões do Paraná. Inicialmente fazia a cobertura da capital, Paranaguá e Ponta Grossa. Com o desenvolvimento do esporte e da região norte do estado ampliou sua cobertura e começou a publicar notícias de outras cidades como Londrina e Maringá. Era o único jornal especializado em esporte do Estado na época. O estudo apresenta uma característica qualitativa e utilizou como método a pesquisa documental. O recorte temporal foi o ano de 1952, mês de novembro. O material está disponível na hemeroteca nacional do Brasil, da Biblioteca Nacional Digital. O pressuposto teórico utilizado foi a teoria das Representações Sociais (RS), com base moscoviciana (Moscovici, 2012, 2013). A constituição das RS é determinada pelas trocas verbais e a conversação que ocorrem em nosso cotidiano e a mídia tem papel fundamental no processo tanto de construção quanto de disseminação destas representações. A veiculação de notícias é fundamental para a construção das RS de determinados fenômenos e objetos sociais, como o esporte. O estudo buscou identificar os principais esportes representados no Paraná Esportivo e o destaque dado a eles nas notícias. Após as análises foi possível identificar que o futebol foi o esporte mais divulgado e com maior espaço no jornal, não apenas no estado do Paraná, também eram apresentadas notícias sobre futebol dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Outras modalidades esportivas se faziam presentes de maneira constante no diário de notícias, como o ciclismo, vôlei, basquete, boliche, tiro e turfe. Este último, em algumas edições, ocupava um espaço de destaque na publicação. Em algumas datas o turfe ocupou a página completa da publicação. Apesar do esporte masculino ser predominante o esporte praticado por mulheres aparece, mesmo em espaço reduzido. Porém, a modalidade de basquete feminino aparece como destaque em algumas edições, como no caso do vice-campeonato dos Jogos da Primavera, na capital do Brasil (Rio do Janeiro na ocasião) e o jogo contra o Esporte Clube Pinheiros de São Paulo. Assim, o jornal estudado mostrou-se uma fonte riquíssima de informações para compreender os significados do esporte paranaense e brasileiro na década de 50 e deve ser explorado em outras pesquisas.

APOIO/FINANCIAMENTO: FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná (FA).

Introducción:

REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO ESPORTE NO JORNAL PARANÁ ESPORTIVO NA DÉCADA DE 50

REPRESENTACIÓN SOCIAL DEL DEPORTE EN LA REVISTA PARANÁ ESPORTIVO EN EL BRASIL DE LOS AÑOS 50

Prof. Dr. Alfredo Cesar Antunes

Prof. Dr. Constantino Ribeiro de Oliveira Jr.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA – PARANÁ/BRASIL

APOIO/FINANCIAMENTO: FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Estado do Paraná (FA).

O Paraná é um Estado localizado na região sul do Brasil com forte tradição no esporte, principalmente no futebol, com equipes que se destacam a nível nacional e internacional. O Estado possui equipes na séria A (principal divisão do futebol brasileiro) e demais divisões do campeonato nacional, equipes com títulos nacionais na série A e Copa do Brasil (Club Athletico Paranaense e Coritiba Foot-ball Club) e internacionais (Club Athletico Paranaense). É um Estado que desde o início do século XX, com o surgimento dos primeiros clubes tanto na capital quanto no interior e a criação de entidades para a organização da prática, já possui uma forte ligação com o futebol. Portanto, os meios de comunicação já tinham interesse na divulgação dessa prática esportiva, assim como outras que surgiam neste momento histórico. 

O presente estudo tem por interesse compreender como os meios de comunicação divulgavam a prática esportiva do Estado do Paraná no início e meados do século XX. Para isso foi estudado um Jornal denominado “Paraná Esportivo”. Em uma análise inicial percebeu-se a importância deste meio de comunicação esportiva do Estado do Paraná nas décadas de quarenta, cinquenta e sessenta. Este jornal é pouco conhecido no meio acadêmico e não foram localizados outros estudos o utilizando como fonte. Assim, esta pesquisa possui uma característica exploratória e procura compreender a abrangência deste jornal no cenário esportivo paranaense das décadas de quarenta, cinquenta e sessenta do século vinte.

 

 

Desarrollo:

Como principais objetivos do estudo está:

Caracterizar o diário de notícias, pois é um material ainda pouco explorado no meio acadêmico.

Compreender a representação social do esporte por meio do jornal “Paraná Esportivo”.

Identificar os principais esportes representados no Paraná Esportivo e o destaque dado a eles nas notícias.

O estudo apresenta uma característica qualitativa e utilizou como método a pesquisa documental por meio da Hemeroteca Nacional Brasileira, um serviço da Biblioteca Nacional Digital que faz parte da Fundação Biblioteca Nacional. (Figura 1).

Fonte: http://bndigital.bn.gov.br/

“A Fundação Biblioteca Nacional oferece aos seus usuários a HEMEROTECA DIGITAL BRASILEIRA, portal de periódicos nacionais que proporciona ampla consulta, pela internet, ao seu acervo de periódicos – jornais, revistas, anuários, boletins etc. – e de publicações seriadas […] Além da chancela do MINISTÉRIO DA CULTURA, a HEMEROTECA DIGITAL BRASILEIRA é reconhecida pelo MINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA e tem o apoio financeiro da FINANCIADORA DE ESTUDOS E PROJETOS – FINEP” (BRASIL, 2023). 

Portanto, por meio da Hemeroteca Digital Brasileira realizou-se esta pesquisa exploratória, com base nos documentos digitalizados e disponíveis no site. 

          Fonte: http://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/ 

O recorte temporal foi o ano de 1952, mês de novembro. O material está disponível na hemeroteca nacional do Brasil, da Biblioteca Nacional Digital.

REFERENCIAL TEÓRICO

Como referencial teórico foi utilizada a Teoria das Representações Sociais (RS), com base moscoviciana (MOSCOVICI, 2012, 2013). A constituição das Representações Sociais é determinada pelas trocas verbais e a conversação que ocorrem em nosso cotidiano e a mídia tem papel fundamental no processo tanto de construção quanto de disseminação destas representações. 

A veiculação de notícias é fundamental para a construção das RS de determinados fenômenos e objetos sociais, como o esporte.

A área de Representações Sociais mostra-se atualmente como uma sólida teoria que possibilita a análise e interpretação de nossa sociedade, com base nas construções discursivas dos sujeitos em seu cotidiano. O seu principal autor e teórico, Serge Moscovici (2013), apresenta a teoria a partir de uma perspectiva que transcende a visão estática das representações coletivas desenhadas por Durkheim (1971, 2015).

A teoria das Representações Sociais é um campo de estudo que possibilita a análise e interpretação de nossa sociedade, com base nas construções discursivas dos sujeitos em seu cotidiano. O seu principal autor e teórico, Serge Moscovici (2013), apresenta a teoria a partir de uma perspectiva que transcende a visão estática das representações coletivas desenhadas por Durkheim (1971, 2015).

A compreensão do não-familiar pelos sujeitos é o ponto chave da construção das RS. Transformar um conceito em imagem (objetivação) e organizar e relacionar estes novos conhecimentos, com base em categorias já conhecidas pelo sujeito (ancoragem) é fundamental para esse processo de compreensão e adaptação. Esse processo acontece como forma de proteção ao sofrimento pelo desconhecido (não-familiar), familiarizando os indivíduos de um determinado grupo social ao que é novo.

“A compreensão do não-familiar pelos sujeitos é o ponto chave da construção das RS. Transformar um conceito em imagem (objetivação) e organizar e relacionar estes novos conhecimentos, com base em categorias já conhecidas pelo sujeito (ancoragem) é fundamental para esse processo de compreensão e adaptação. Esse processo acontece como forma de proteção ao sofrimento pelo desconhecido (não-familiar), familiarizando os indivíduos de um determinado grupo social ao que é novo”. (ANTUNES, 2022, p. 2). 

As representações sociais são difundidas na vida cotidiana por meio do suporte dos discursos, comportamentos, práticas, documentos, registros e meios de comunicação de massa (JODELET apud SÁ, 1988).

Segundo Pereira Jr. (2006) o jornalismo tem papel central para as Representações Sociais, e a notícia é “um campo relevante na construção do presente social” (p. 32). 

“Partimos do princípio de que a notícia é resultado da atividade diária dos jornalistas. Estes, por sua vez, a partir da cultura profissional, da organização do trabalho, dos processos produtivos, dos códigos particulares (as regras de redação), da língua e das regras do campo das linguagens, em seu trabalho da enunciação, produzem discursos. A operação sobre os vários discursos resulta em construções que, no jargão jornalístico, são chamadas de notícias […] A hipótese que levantamos é que na prática diária os jornalistas constroem representações da economia, da política e da cultura que contribuem fortemente para a construção do mundo pela sociedade”. (PEREIRA Jr, 2006, p. 32).

RESULTADOS

Por se tratar de um estudo exploratório esta pesquisa irá apresentar os resultados iniciais, ou seja, as principais modalidades esportivas divulgadas no jornal Paraná Esportivo e as possibilidades de aprofundamento a serem realizados em pesquisas futuras, com base no material levantado nesta pesquisa. O Grupo de Estudos sobre Esporte, Lazer e Sociedade da Universidade Estadual de Ponta Grossa-Paraná/Brasil já está em processo de desenvolvimento de outros estudos com a ampliação dos dados e informações desta pesquisa inicial. 

CARACTERIZAÇÃO DO JORNAL

O jornal foi fundado em 1947, em Curitiba, capital do Estado do Paraná/Brasil. Publicava notícias esportivas de todas as regiões do Paraná. Inicialmente fazia a cobertura da capital, Paranaguá e Ponta Grossa. Com o desenvolvimento do esporte e da região norte do estado ampliou sua cobertura e começou a publicar notícias de outras cidades como Londrina e Maringá. Era o único jornal especializado em esporte do Estado na época. 

O jornal diário "Paraná Esportivo, de Curitiba, foi fundado em 1947 e passou a noticiar sobre todas as regiões do Paraná quando os times foram conquistando espaço." (CBN Futebol Memória, 2018). 

Na Hemeroteca Digital estão disponibilizados edições dos anos de 1952 à 1960 e edições do ano de 1963.

Fonte: http://www.museuesportivo.com.br/site/acervo-do-mem/5999

                                     Fonte: http://bndigital.bn.gov.br/

Para o estudo exploratório foi elaborado um quadro com as modalidades esportivas que surgiram nas notícias. Abaixo exemplos de como foi realizado o levantamento das modalidades esportivas.

MODALIDADES ESPORTIVAS NO JORNAL “PARANÁ ESPORTIVO” – 04 de novembro de 1952

 

MODALIDADES ESPORTIVAS NO JORNAL “PARANÁ ESPORTIVO” – 05 de novembro de 1952

O diário Paraná Esportivo apresenta uma estrutura de oito páginas. Foi possível identificar um certo padrão na distribuição das páginas, sendo o futebol sempre nas primeiras podendo aparecer em outras, as demais modalidades nas páginas seguintes, propagandas na penúltima e demais assuntos distribuídos nas demais páginas. Foram localizados os seguintes assuntos/temas que foram denominados de categorias:

1- Futebol do Estado do Paraná

2- Futebol do Estado São Paulo

3- Futebol do Estado do Rio de Janeiro

4- Ciclismo

5- Vôlei feminino e masculino

6- Basquete

7- Tópicos da Federação Paranaense de Futebol

8- Reunião de entidade (federação não identificada - provavelmente do Paraná)

9- Boliche

10- Tribunal de justiça (provavelmente desportiva)

11- Aviso aos associados (não identificado)

12 - Sociais esportivas

13- Propagandas (comércio, indústria, cinema)

14- Sorteio/aposta (placard orluz)

15- Arbitragem

16- Resultados/scout/renda/juízes

17- Opinião

18- Amistosos

 

MODALIDADES ESPORTIVAS

O futebol foi o esporte mais divulgado e com maior espaço no jornal, não apenas no estado do Paraná, também eram apresentadas notícias sobre futebol dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. 

 

Apesar de frequência menor outras modalidades esportivas se faziam presentes de maneira constante no diário de notícias, como o ciclismo, vôlei, basquete, natação, boliche, tiro e turfe. 

O turfe em algumas edições, ocupava um espaço de destaque na publicação.  Contudo, a maioria das notícias eram dos resultados e anúncios de competições. 

 

Apesar do esporte masculino ser predominante o esporte praticado por mulheres aparece com certa frequência, porém em espaço reduzido quando comparado ao masculino. Assim, é um tema a ser explorado por pesquisas futuras com o diário Paraná Esportivo.

Porém, a modalidade de basquete feminino aparece como destaque em algumas edições, como no caso do vice-campeonato dos Jogos da Primavera, na capital do Brasil (Rio do Janeiro na ocasião) e o jogo contra o Esporte Clube Pinheiros de São Paulo.

Diante destes resultados iniciais é possível afirmar que o esporte possuía uma representação social favorável no Estado do Paraná, pois existia um jornal diário especializado e com a divulgação de diversas modalidades esportivas. Contudo, para uma compreensão completa da Representação Social de cada modalidade e de suas especificidades sociais, como o papel e imagem das mulheres na prática esportiva, são necessários estudos mais aprofundados para cada modalidade divulgada no jornal. 

O processo de construção de representações sociais no cotidiano é a chave para a compreensão dos objetos e seus significados sociais. 

A representação sobre um determinado objeto só pode acontecer a partir do compartilhamento entre diversos indivíduos que tem alguma espécie de “território comum”, mesmo que este território possa ser compreendido em sentido lato, como o acesso a uma notícia vinculada em meios de massa. O cotidiano exige uma noção de território fluida e com muitas possibilidades de determinação de limites (Castro 2018, p. 27).

Portanto, é fundamental compreender como o esporte e seus significados e imaginários sociais foram construídos e como esta construção influenciou e determinou suas ações e comportamentos em nossa sociedade. 

Conclusiones:

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O jornal Paraná Esportivo mostrou-se uma fonte riquíssima de informações para compreender os significados do esporte paranaense e brasileiro na década de cinquenta e as décadas de quarenta e sessenta nas quais o jornal estava ativo. Portanto, deve ser explorado em outras pesquisas.

Com base nestes resultados preliminares vários outros estudos estão sendo desenvolvidos pelo Grupo de Estudos “Esporte, Lazer e Sociedade” do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Ponta Grossa-Paraná/Brasil.

Bibliografía:

ANTUNES, Alfredo Cesar. CASTRO, Ricardo Vieiralves de. Representações sociais sobre a profissão de Educação Física: Um olhar para a literatura. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, Vol. 19, pp. 25-54. Novembro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao-fisica/representacoes-sociais, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao-fisica/representacoes-sociais. 

CASTRO, R.V.; COSTA, M.H (2018). Cotidiano e Psicologia Social: sobre os desafios contemporâneos da pesquisa e da teoria em Psicologia Social. In Antunes, A.C., Oliveira Jr, C.R., & Rauski, E.F. Ciências Sociais Aplicadas: Cotidiano e Representações (pp. 11-30). Ponta Grossa: Texto e Contexto.

CBN FUTEBOL MEMÓRIA. Entrevista com Antonio Roberto de Paula. Disponível em: Jornal Paraná Esportivo acompanhou avanço dos time (cbnmaringa.com.br). Acesso em: junho de 2022. 

MOSCOVICI, S. A Psicanálise, sua imagem e seu público. Petrópolis: Editora Vozes, 2012.

MOSCOVICI, S. Textos em representações sociais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

HEMEROTECA NACIONAL. Disponível em: https://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/.

MUSEU ESPORTIVO. Disponível em: http://www.museuesportivo.com.br/site/

PEREIRA JUNIOR, A. E. V. Jornalismo e Representações Sociais: algumas considerações. Revista FAMECOS, v. 13, n. 30, p. 31-38, 14 abr. 2008.

 

 

Palabras clave:

Representação social - Paraná - Esporte - Memória

Resumen de la Ponencia:

En la siguiente ponencia damos cuenta de algunas de lecturas, análisis e interpretaciones sobre los resultados del trabajo de campo realizado durante el 2020 y el 2021 en el marco del proyecto de investigación Jóvenes, educación, trabajo y participación: Estrategias y circuitos de acceso que lxs jóvenes de sectores populares despliegan en contextos y tiempos de restricciones. La pandemia nos obligó a reformular objetivos, preguntas y métodos, por lo cual realizamos dos estudios cuantitativos a través de encuestas a un muestreo de 500 jóvenes entre 14 y 22 años de la Ciudad de Córdoba, entre los meses de abril - mayo del 2020 y noviembre - diciembre del 2021. En ambos casos se intentó recuperar las prácticas y percepciones en torno a los cambios y dificultades que imponía el ASPO / DISPO y la crisis social en el acceso a la educación, la salud, el trabajo y la participación, así como sus miradas en torno a las políticas públicas implementadas por los gobiernos para este sector etario. Los datos del estudio ofrecen elementos para describir el modo en que la pandemia impactó en las desigualdades preexistentes de este segmento poblacional, especialmente aquellas referidas al nivel socioeconómico, el género, y la generación (atendiendo una división en rangos etarios al interior del grupo encuestado: un primer grupo de 14 a 17 años y un segundo de 18 a 22). En este trabajo, nos centraremos en los datos referidos al trabajo/empleo, las formas de tramitar emocionalmente los cambios en la vida cotidiana y la participación de jóvenes en diferentes espacios sociales. Las desigualdades de género y de nivel socioeconómico son una constante en ambos estudios. Lxs jóvenes de niveles socioeconómicos más bajos se encuentran más insertxs en el mercado laboral, en peores condiciones y con mayores niveles de desempleo. El aislamiento provocó una significativa pérdida de ingresos y puestos de trabajo. En el caso de las mujeres se registra una mayor carga en las responsabilidades de cuidado y son ellas quienes dijeron vivenciar en mayor medida emociones como angustia, cansancio o ansiedad. Durante el primer año de pandemia hubo una pérdida significativa de acceso a espacios de participación, y en el 2021, parece que lxs jóvenes encontraron espacios para reactivar solidaridades frente al empobrecimiento y los obstáculos que generó la pandemia. ¿Dónde se plantearon los mayores impactos de la pandemia en la vida lxs jóvenes? Para ello se elaboró un índice que apuntó a reconstruir el impacto, considerando distintas dimensiones de la vida cotidiana que refieren a sus principales ámbitos de socialización, y ubica a las mujeres e identidades no binarias como el grupo que vió afectados más aspectos de su cotidianeidad, marcando un desafío central para abordar las desigualdades en las juventudes post pandemia. 

Resumen de la Ponencia:

Por reconhecer a importância que a emergência da narrativa sobre adolescentes envolvidos em facções representa para a execução das medidas socioeducativas, este artigo, de caráter exploratório, busca semear reflexões que auxiliem a analisar qual o caráter da vinculação existente entre os adolescentes e os grupos criminosos denominados facções, bem como as funções simbólicas que esses discursos adquirem para os socioeducandos.Para o desenvolvimento deste estudo, foram utilizados dados qualitativos oriundos de três grupos de discussão com adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa de internação. Ademais, com o objetivo de aprofundar questões que surgiram durante as discussões em grupo, também foram realizadas entrevistas abertas com aqueles que demonstraram abertura para tratar do tema após o término dos grupos de discussão. Ao todo, 28 socioeducandos do sexo masculino e com idade entre 15 e 20 anos participaram do estudo. Foram realizados dois grupos de discussão em uma unidade de internação localizada no interior do Rio Grande do Norte e um outro em uma unidade situada na região metropolitana de Natal, capital do estado. Cada grupo contou com a presença de dois pesquisadores e com cerca de 8 a 10 adolescentes. Optou-se por simular um bingo para fomentar as discussões. Desse modo, cada adolescente recebeu uma cartela com imagens que faziam menção a temas como “liberdade”, “audiência”, “visita íntima”, “amizade/inimizade”, “alimentação”, “revista vexatória”, “educação” etc.A partir disso, essas imagens eram sorteadas por um pesquisador, que provocava os socioeducandos que tivessem a mesma imagem em suas cartelas a se pronunciarem. Apenas aqueles que possuíssem a imagem equivalente marcavam ponto, mas todos os adolescentes poderiam se pronunciar a respeito do tema. A imagem “amizade/inimizade” foi aquela utilizada para mediar as discussões sobre o envolvimento com facções criminosas e tais discussões compuseram o conjunto de dados que foram utilizados no presente artigo.Desse modo, os momentos de diálogo com os socioeducandos possibilitaram identificar os significados atribuídos por eles às facções e, com isso, foi possível a construção de três modelos típicos-ideais, a saber: a vinculação discursiva, a vinculação territorial e a vinculação efetiva. Esses modelos, construídos a partir dos elementos que os pesquisadores julgaram mais relevantes para a compreensão do fenômeno em análise, assumem a função de organizar o multifacetado espectro de vinculações possíveis entre os adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa e os grupos criminosos denominados facções, de modo a possibilitar a análise de tais relações em sua complexidade, sem que se recaia em perspectivas simplistas ou deterministas.

Resumen de la Ponencia:

O objetivo é apresentar os resultados de uma pesquisa qualitativa, de caráter etnográfico, na Vila de Jericoacoara, situada no extremo-oeste da costa cearense no município de Jijoca de Jericoacoara, com foco nas mudanças que vêm ocorrendo na Vila decorrentes da expansão turística. Estas vêm gerando disputas em relação ao gerenciamento do Parque Nacional de Jericoacoara (PARNA Jeri) e controle da pandemia. Com a covid-19 surgiram mais questões sobre os efeitos das medidas adotadas para conter a proliferação do vírus. A natureza dos dados aqui expostos ficou restrita àqueles disponíveis online e aos coletados durante o ano de 2021, como também aos arquivos de entrevistas já realizadas em anos anteriores. Também os resultados advindos das monografias produzidas (FREIRE, 2015; MARTINS, 2019; VASCONCELOS, 2019), participações em eventos (MARTINS; OLIVEIRA, 2019) e (OLIVEIRA; RODRIGUES, 2020) e artigos em periódicos (RODRIGUES, 2019) foram essenciais para a compreensão do processo. Desde 2014, com a proposta da adoção de uma Parceria público-privada (PPP) para gerir o Parque Nacional de Jericoacoara, acompanhamos as mudanças e situações ocorridas por meio de observação in loco. As primeiras mudanças ocorreram pela ação da Prefeitura no tocante à regularização de uso dos espaços, do cadastramento dos poços artesianos e destino dos resíduos sólidos; posteriormente o cadastramento de ambulantes, prestadores de serviços e, sobretudo, transportes; e, por fim, a regulamentação e cobrança de taxa pela permanência do turista na Vila. Os efeitos da pandemia sobre o turismo ali praticado foram diversos, desde o impacto negativo na movimentação do aeroporto e novas práticas de turismo na vila, seguido da adoção de regras sanitárias, o que amplificou o conflito entre empresários, turistas, população local e órgãos de fiscalização da prefeitura.  Tais conflitos foram observados pela busca de dados em noticiários midiáticos e o acompanhamento de redes sociais. Para o entendimento e análise dos acontecimentos, nos valemos da proposta metodológica feita por Little (2006) a partir da ecologia política, no estudo de conflitos socioambientais objetos de detalhadas etnografias, centradas na especificação dos atores envolvidos no conflito, suas estratégias e interesses e as diferentes cotas de poder existentes entre eles. A pesquisa pretende ter continuidade acompanhando os impactos da pandemia na vila e no turismo ali praticado com futuras visitas à localidade. 

Resumen de la Ponencia:

O artigo tem como objetivo  analisar  os reflexos de mudanças  ambientais nas práticas sociais e culturais relacionadas ao extrativismo de castanha (Bertholletia excelsa) num município do estado de Roraima, localizado no extremo Norte do Brasil. A população local é formada   por migrantes de diversos estados brasileiros e pessoas nascidas em Roraima. Recorremos às informações das memórias de extrativistas e de experiências compartilhadas por pessoas dos gêneros masculino e feminino  durante entrevistas semiestruturadas, e conversas informais para compreensão de transformações nas práticas sociais e culturais. Consideramos como recorte temporal o período de chegada no local, que para alguns deles foi a década de 1980. Esse período também representa o marco inicial na atividade que gera renda complementar para o sustento de suas famílias há pelo menos três décadas.  O avanço do desmatamento tem transformado os ambientes de florestas  nativas em áreas para criação de animais e roças, que  ameaçam o extrativismo de castanha, pelas  dificuldades no acesso aos castanhais, a coleta de castanha e o transporte do produto para comercialização, além de perdas culturais em razão da alteração da dinâmica de trabalho. Embora, as dificuldades enfrentadas, o extrativismo de castanha foi e continua sendo uma importante alternativa de trabalho  valorizada localmente.