Resumen de la Ponencia:

La ponencia propuesta se enmarca en una tesis doctoral que analiza desde un enfoque etnográfico cómo es la experiencia de trabajo en las fábricas de confección de indumentaria en la ciudad de Buenos Aires durante el corriente siglo.En la presente ponencia me propongo reconstruir de manera retrospectiva las trayectorias laborales en el mundo de la confección de cuatro costureros/as de distintas nacionalidades. Profundizar en el análisis de historias particulares me permite reponer algunos aspectos centrales de sus biografías, como los procesos migratorios y la organización familiar y del cuidado, que abonan a la comprensión de la experiencia de trabajo de una manera holística. Del total de trayectorias que tuve la oportunidad de realizar en la investigación,  analizo cuatro en profundidad: Miriam (argentina, 49 años), Osbaldo (boliviano, 45 años), Raúl (peruano, 40 años) y Jésica (paraguaya, 33 años). La selección de estas historias la hago en vinculación con sus aportes conceptuales. Dos de las trayectorias me permiten ahondar en los vínculos entre el trabajo remunerado en la confección y el trabajo no remunerado del cuidado. Se trata de una mujer argentina y un varón boliviano que conforman unidades familiares con hijos/as. Las otras dos corresponden a un varón peruano y una mujer paraguaya que son seleccionados/as en base a que me permiten analizar algunos de los vínculos entre los procesos migratorios y el trabajo en la costura. A través de las cuatro trayectorias, exploro las posibilidades que muestran las experiencias en el trabajo en la costura y pongo el foco en la circulación entre los segmentos de trabajo formal e informal.Sobre la muestra se aprecia que las personas escogidas son adultas, lo que me permite una reconstrucción de sus trayectorias extendida en el tiempo. En el caso de los/as migrantes es de destacar que, durante la mayor parte del tiempo, tienen residencias legales por lo que las problemáticas que atraviesan sus trayectorias pueden pensarse cercanas al conjunto de los sectores populares. En la ponencia me interesa abonar la comprensión de las decisiones que toman los sujetos en torno a su inserción laboral. Para esto, indago en los motivos que los llevan emplearse en distintos espacios de trabajo y en cuáles son los factores condicionantes que influyen en tales decisiones. Parto de la hipótesis de que en el empleo en talleres informales o fábricas registradas, entramados con condicionantes estructurales, están involucradas múltiples racionalidades que exceden a una racionalidad económica y que cobran sentido a la luz de experiencias y marcos interpretativos subjetivos. El principal hallazgo de la ponencia es que en las trayectorias analizadas lo formal y lo informal no se perciben como dos mundos excluyentes o contrapuestos: en las experiencias se atraviesan los límites, se tornan difusos.

Resumen de la Ponencia:

A ascensão global de movimentos de extrema-direita representa um fenômeno que se reflete em muitos países da Europa, América do Norte e América Latina, tal como evidenciado em 2018 no Brasil. Após a ascensão da extrema-direita ao poder, a sociedade brasileira imergiu em uma atmosfera progressivamente tóxica. Cristalizaram-se os discursos de ódio, a intolerância, o negacionismo e a interferência da religião nas políticas de Estado, sinalizando expressiva ampliação da violência, real e simbólica, contra as minorias, bem como a violação de Direitos Humanos. A interferência da religião neopentecostal na política brasileira assumiu um papel definidor da referida ascensão e da difusão de valores baseados na moral cristã, que tem se traduzido cada vez mais nos discursos e no caráter das políticas públicas adotadas, sinalizando fragilidades da laicidade do Estado. Por outro lado, as eleições de 2018 configuraram um divisor de águas, marcado por fake news e por novas estratégias políticas que deslocaram o lugar do debate público e da disputa para o universo das redes sociais. Trata-se de um recorte de pesquisa de pós-doutorado, de base teórica, que circunscreve-se a analisar algumas categorias associadas a causas macro-politicas da ascensão - em especial o estágio de acumulação do capital, a religião e as fake News – e em seguida apresenta e discute elementos relevantes à identificação e dimensionamento dos referidos impactos.

Resumen de la Ponencia:

O foco deste trabalho está na análise descritiva e bibliográfica: a) da história do programa de pesquisa em capital humano, denominado de Teoria do Capital Humano; b) da base de sua idéia de investimentos em seres humanos e c) as críticas que essa teoria têm recebido no contexto recente. Usaram-se os textos de Mincer (1958); Schultz (1961); Becker (1962); Mankiw (1992); Smith (1996), entre outros, como fonte de análise do lado mainstream da Teoria, e textos de Blaug (1975 e 1993); Frigotto (1986); Gentilli (2002); Motta (2007) entre outros, como fonte de análise crítica da Teoria. Os resultados apontam que a natureza do programa de pesquisa em capital humano é estritamente liberal clássica, desde Adam Smith. No entanto, permaneceu adormecida ao longo da história do pensamento econômico, tendo seus estudos retomados na década de 1950, nos Estados Unidos, pelos economistas ultraliberais da Universidade de Chicago (Gary Becker) e de Columbia (Jacob Mincer e Theodore Schultz). Os referidos estudiosos consideram que as fontes de capital humano podem ser de cunho geral adquiridos com a escolarização, no entorno familiar e social, ou de cunho específico, adquiridos na experiência da vida profissional e através de cursos profissionalizantes. Identificou-se que apesar da abordagem ultraliberal ser a predominante, teóricos críticos levantam pontos de interrogação sobre a Teoria e a validação de seus postulados nos dias atuais, defendendo que durante o período no qual os estudos foram retomados, o locus da Teoria desfrutava de um cenário social, político e econômico favorável, fato distinto dos dias atuais, onde não se enxerga com tanta linearidade a conexão virtuosa entre capital humano e emprego ora vivenciado naquele período. Conclui-se que é inegável que tanto o lado da visão mainstream, quanto o lado da visão crítica, foi consolidado na Economia e Sociologia do Trabalho e da Educação, os estudos em capital humano, inspirando um grande número de pesquisas até os dias atuais que analisam os impactos do capital humano no desenvolvimento de um país, na qualidade da força de trabalho, no comportamento do mercado de trabalho, da educação e da sociedade no contexto geral.

Introducción:

Desde os meados do século XX, o fator de produção trabalho tem sido alvo de muitos estudos e críticas dentro da Teoria do Capital Humano. Na perspectiva Macroeconômica, o investimento internacional em países pobres estava fadado ao fracasso, pois a produtividade do trabalho nesses países é menor do que em países ricos, devido a quantidade e qualidade do capital humano (Mankiw, 1992). O nível de capital humano é expresso em indivíduos que apresentem características de maior educação, saúde e conhecimento, pois se configuram indivíduos mais habilidosos e produtivos. Partindo dessa premissa, o investimento nas pessoas seria uma alternativa de ‘correção’ da distorção da trajetória de crescimento das economias pobres, à partir do investimento em capital humano, ou seja, nas habilidades dos indivíduos.

Dessa forma, as políticas nacionais que atuam na construção e melhoramento de estoque de capacidades físicas e psicológicas das pessoas e seu aproveitamento no processo produtivo são amparadas em resultados de testes e medidas através de funções matemáticas/econométricas (Mankiw, 1992). Grande parte do crédito pelo uso desses testes pode ser atribuída à tradição ortodoxa clássica/neoclássica da Economia, que consolidou o uso da matemática para medir o nível de Capital Humano e explicar a importância do uso do fator trabalho como fonte para o crescimento econômico.

A parte da literatura que estuda o ‘investimento nos indivíduos’ é denominada de Economia da Educação. Fora do escopo tradicional que lida com a disciplina (as licenciaturas e educadores), a perspectiva econômica da educação tem assumido atualmente a hegemonia no assunto. Segundo Ramos (2015, p. xii), 

O sistema escolar é assumido no dia a dia, como um espaço que delimita as possibilidades de crescimento da economia, determina o perfil da distribuição de renda entre assalariados, define o leque de empregos e salários que o indivíduo terá em sua vida ativa, explica a pobreza e sua reprodução entre gerações [e] pauta o perfil de trabalhadores que a estrutura produtiva terá a sua disposição.

Nesse sentido, o paradigma teórico que trata sobre a perspectiva econômica da educação é conhecida por Teoria do Capital Humano (TCH). Relativizando esse modelo, elogios e críticas evidenciam o alcance da Teoria. Dentro desse embate, muita produção acadêmica acerca da importância e do limite da TCH foi realizada, culminando com a derivação em outras vertentes de estudos, como: a ‘skill-biased technological change’ (Mudanças Tecnológicas Enviesadas, Tradução Livre) e a mais recente, ‘Teoria do Capital Social’ (Motta, 2007). O presente trabalho objetiva discorrer acerca da história da TCH, seus elementos constituintes e o surgimento das primeiras críticas sobre a visão de investimento em indivíduos, ressaltando o papel que a escola assumiu dentro deste campo da pesquisa. Destaca-se que não é intenção deste trabalho analisar e discutir a TCH em si, pois o que se pretende alcançar é conhecer a origem, os principais elementos e as críticas recebidas.

Dessa forma, usou-se a pesquisa bibliográfica e documental como metodologia, tendo sido desenvolvida em duas etapas: A primeira, realizou uma revisão de literatura mainstream para apresentar a história do programa de pesquisa em capital humano e a base teórica da idéia de investimentos em indivíduos, valendo-se de textos como Mincer (1958); Schultz (1961); Becker (1962); Mankiw (1992), Smith (1996), Ramos (2015), etc. A segunda, realizou outra revisão da literatura com autores que realizam críticas à TCH, destacando as mudanças que o papel da escola assumiu para dar sustentação às bases teóricas da TCH, valendo-se de textos como Blaug (1975, 1993); Frigotto (1986); Gentilli (1998); Motta (2007), Almada Lima (2004) etc.

Por fim, o presente trabalho está organizado em três partes, além desta introdução e conclusão. Na primeira, tem-se a apresentação das inspirações teóricas desde as clássicas, na literatura econômica, à emergência da TCH. A segunda apresenta os primeiros estudos do programa de pesquisa em investimentos em indivíduos. Finalmente, a terceira realiza uma abordagem crítica sobre os investimentos em capital humano, sobretudo, no que se refere ao papel da educação.

Desarrollo:

2 AS INSPIRAÇÕES TEÓRICAS PARA O PROGRAMA DE PESQUISA EM CAPITAL HUMANO

De forma complementar e independente, Gary Becker e seus colegas da Universidade de Chicago, Jacob Mincer e Theodore Schultz, conhecidos por seu ultraliberalismo, foram os que desenvolveram e popularizaram a Teoria do Capital Humano (Piketty, 2015). Contudo, a preocupação com a produtividade do trabalho relacionada à qualificação do trabalhador no processo produtivo já fazia parte da pauta dos escritos econômicos clássicos. Segundo Blaug (1975, p. 2), “A educação hoje em dia é um lucrativo investimento privado”, porém, até a década de 1950 essa constatação não era compreensível. “Isso é o que há de mais surpreendente”, (Blaug, 1975, p.2), pois a idéia básica é a equiparação de investimentos geradores de retornos econômicos, seja via habilidades (capital humano), seja via máquinas (capital físico).

Apesar do tema ser relativamente recente, foi retratado pela primeira vez em 1776, por Adam Smith, no seu livro ‘A Riqueza das Nações’. No entanto, nos primórdios da ciência econômica, não se encontrava bases analíticas de pesquisas entre o trabalho e a assistência social, como educação, saúde e moradia. A constatação mais importante abstraída por Smith (1996) foi que a divisão de tarefas [trabalho] aprimora as forças produtivas do trabalhador dando-lhes destreza, habilidade e bom senso. Ora, sendo a divisão do trabalho o propulsor da produtividade, seus produtos seriam a destreza e a habilidade, que por sua vez produziriam maiores vantagens na produção/produtividade.

Seguindo a visão de Smith (1996), admitindo que o trabalho torna-se mais produtivo quando submetido à fragmentação, o aprendizado deste é imprescindível para que haja de fato rendimentos maiores das forças produtivas utilizadas nesse processo de produção. O rendimento anunciado se refere tanto na perspectiva de que um maior “aprimoramento da destreza do operário aumenta a quantidade de serviço que ele pode realizar” (Smith, 1996, p. 68), como na perspectiva de salários maiores por parte do trabalhador especializado, em detrimento a salários menores por parte de trabalhadores comuns. Nos dois sentidos, um trabalhador educado é uma espécie de máquina dispendiosa, que lhes é aplicado um determinado investimento, para posteriormente, recuperar o capital investido. Para Smith (1996, p.149).

Quando se instala uma máquina cara, deve-se esperar que o trabalho extraordinário a ser executado por ela antes que se desgaste permita recuperar o capital nela investido, no mínimo com o lucro normal. Uma pessoa formada ou treinada a custo de muito trabalho e tempo para qualquer ocupação que exija destreza e habilidade extraordinárias pode ser comparada a uma dessas máquinas dispendiosas. Espera-se que o trabalho que essa pessoa aprende a executar, além de garantir-lhe o salário normal de um trabalho comum, lhe permita recuperar toda a despesa de sua formação, no mínimo com os lucros normais de um capital do mesmo valor. E isso deve acontecer dentro de um prazo razoável, levando-se em conta a duração muito incerta da vida humana, da mesma forma como se leva em conta a durabilidade mais certa da máquina.

Segundo Blaug (1975), parecia um início promissor para os estudos de investimentos em educação, mas, em sua opinião, o teórico Alfred Marshall, em seu livro ‘Princípios de Economia’ de 1890, ‘matou’ todo interesse pelo problema dentro da discussão ortodoxa, quando opinou como irrealista “a ideia de incluir as habilidades adquiridas da população na medida da ‘riqueza’ ou ‘capital’ da economia” (Blaug, 1975, p. 3). Marshall afirmava que havia poucos problemas práticos para a economia em relação ao princípio que relaciona as despesas com educação dos filhos e sua alocação entre família e Estado, enveredando seus estudos para outros temas (Blaug, 1975). Entretanto, deve-se ressaltar que Alfred Marshall aceitou a ideia de Adam Smith, ao comparar um trabalhador educado com uma máquina e como pessoas mais educadas tendem a ganhar mais em relação às que carecem de educação. Smith e Marshall [e mais tarde Irving Fisher] produziram uma aproximação dos estudos onde educação e treinamento pode ser encarado como um tipo de investimento, análogo a capital humano (Blaug, 1975).

Assim, passados quase dois séculos, Theodore William Schultz em seu discurso presidencial à American Economic Association em 1960 usou pela primeira vez a metáfora Capital Humano, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento de pesquisas em capital humano, pois este episódio seria uma espécie de anúncio da teoria. O ‘nascimento efetivo’ da TCH ocorreu em 1962 com Gary Stanley Becker. Segundo Monteiro (2016, p. 45), o trabalho de Schultz, iniciado na década de 1950, tem “demonstrando o alcance da TCH através da aplicação não apenas à escolaridade e formação, mas também em termos de migração, saúde, crescimento econômico e seus beneficiários sociais”. Ele também foi responsável por liderar pesquisas relacionadas à demografia, agricultura e ao capital educacional. Seus trabalhos sobre a agricultura e o desenvolvimento colocavam a ideia de investimento na capacitação humana no centro do seu pensamento. Para o autor, capital humano representa a aquisição de todas as habilidades e conhecimentos úteis, que é parte do investimento deliberado (Monteiro, 2016).

Por ser um membro muito respeitado na época, com fortes ligações entre organizações de financiamento públicas e privadas, Schultz usaria essas conexões para a sensibilização da importância dos estudos, colocando o capital humano em alta nas suas pesquisas e formulação de políticas de diversas organizações (Monteiro, 2016). A importância de seus trabalhos foi ampliada pelas pesquisas de Gary Stanley Becker e Jacob Mincer. Em 1979, veio o reconhecimento da grande contribuição de Schultz à TCH, quando recebeu, juntamente com Arthur Lewis, o prêmio Nobel em Economia, pesquisando os problemas do desenvolvimento econômico em países pobres com um grande contingente de mão de obra de educação precária (Nobel Prize, 1979).

Outro economista muito importante para a agenda de pesquisa foi Jacob Mincer. Sua tese de doutorado, publicada no Journal of Political Economy em 1958, é considerada uma grande contribuição sistemática [se não a primeira] à emergência da TCH. Em seu trabalho há a abordagem empírica de várias características dos assalariados (ocupação, educação, indústria, idade e sexo) e a proposta de usar o investimento em educação e formação [o termo capital humano ainda não estava em vigor] como um princípio explicativo à distribuição de renda (Mincer, 1958) e afirmou a necessidade da abordagem neoclássica, ortodoxa, pautada na teoria da escolha racional. Para Mincer (1958), a escolha ocupacional era um ato racional e livre, sendo as diferenças de renda um resultado natural e inevitável pela compensação das vantagens e desvantagens associadas a cada ocupação e suas exigências de formação. Seus inspiradores teóricos foram Alfred Marshall, Irving Fisher e especialmente Milton Friedman (Teixeira, 2017).

Gary Stanley Becker é o terceiro pensador da época que seguiu os passos de seus antecessores Schultz e Friedman da Universidade de Chicago, acerca do investimento em indivíduos. Também desenvolveu muitas pesquisas com Mincer na Universidade de Columbia. Apesar de Schultz ter sido o ‘anunciante’ da TCH, foi Becker quem ‘promoveu’ o nascimento do termo, quando em 1962, publicou no periódico Journal of Polítical Economy um artigo intitulado ‘Investiment in human capital: a theoretical analysis’, tanto esse artigo, como sua monografia (Human Capital – 1964), têm sido “o lócus clássicus do assunto” (Blaug, 1993, p. 285).

Becker trabalhava no intuito de analisar a aplicação da teoria econômica a questões sociais, como por exemplo, os efeitos do preconceito sobre o salário, o emprego e as ocupações das minorias, coisa que em seu tempo, tal prática era vista com muita antipatia pelos economistas mais tradicionais. Contudo, os mais jovens encaravam a análise com muita receptividade (Monteiro, 2016).

Dessa forma, Becker, em suas pesquisas sobre capital humano, desenvolveu um método de análise do comportamento humano com uma abordagem econômica (Blaug, 1993; Monteiro, 2016), para explicar, através dos pressupostos da economia neoclássica, o comportamento humano como resultado das escolhas, perspectivas, posturas, racionalidade e preferências individuais orientadas pela maximização da utilidade e limitadas pela renda, tempo e oportunidades. Apesar de todas as críticas e controvérsias da época entre os economistas neoclássicos/ortodoxos e economistas heterodoxos, bem como dos cientistas sociais, a abordagem econômica do comportamento humano de Gary Becker seguiu suportando as críticas e prosperando e, em 1992, ele foi Nobel em economia (Nobel Prize, 1992). Por fim, o programa de pesquisa ‘investimentos em indivíduos’ progrediu e se tornou uma teoria amplamente conhecida atualmente, nos mais diversos campos de estudo conhecida como Teoria do Capital Humano.

3 O PROGRAMA DE PESQUISA EM INVESTIMENTOS NOS INDIVÍDUOS

Conforme foi visto, Gary Becker é considerado por muitos como o pai da TCH (Teixeira, 2017; Ramos, 2015 e Monteiro, 2016), dada sua participação no estabelecimento do termo ‘Capital Humano’. Segundo Becker (1962), melhorar as habilidades físicas e mentais das pessoas aumenta a perspectiva de sua renda real. Tais melhorias advêm de atividades que incidem no bem-estar, as quais afetam o homem tanto no presente, quanto no futuro.

As atividades elencadas por Becker (1962) incluem a escolaridade, o treinamento no trabalho, os cuidados médicos, o consumo de vitaminas e a aquisição de informações sobre o sistema econômico como fontes de Capital Humano. Segundo Becker (1962), essas atividades diferem dos efeitos relacionados ao lucro, ao consumo, na quantidade de recursos investidos, no tamanho dos retornos e na extensão em que se percebe a conexão entre investimento e retorno. Entretanto, o mesmo considera que é inegável que todas melhoram as habilidades físicas e mentais dos indivíduos aumentando as perspectivas de retorno com altas rendas.

Em seu trabalho pioneiro sobre TCH, Becker (1962) buscou investigar vários temas relacionando indivíduo e o mercado de trabalho. Entre estes estão: 1) se a renda aumenta com a idade a uma taxa decrescente; 2) se a taxa de aumento ou decréscimo da renda está relacionada positivamente ao nível de qualificação/habilidades; 3) se a taxa de desemprego tende a ser negativamente relacionada com o nível de habilidade; 4) se o paternalismo das empresas em relação aos seus empregados está mais presente em países em desenvolvimento do que em desenvolvidos; 5) se os jovens mudam de emprego de forma mais frequente e recebem mais escolaridade e formação no local de trabalho do que os idosos; 6) se a distribuição dos ganhos é positivamente distorcida, especialmente entre profissionais e outros trabalhadores qualificados; 7) se as pessoas mais ricas receberam mais educação e outros tipos de treinos do que as demais; 8) se a divisão do trabalho é limitada pela extensão do mercado e, por fim 9) se o investidor típico em capital humano é mais impetuoso e, portanto, mais propenso a errar do que o típico investidor no capital tangível (Becker, 1962). No seu estudo, os itens foram agrupados em quatro temas, e ficaram divididos em: a) Formação no local de trabalho; b) investimento na escolarização; c) investimentos na informação e d) investimentos na saúde (Becker, 1962).

Sobre ‘formação no local de trabalho’ – on the job treining, Becker (1962) considera como importante fator que implica, de forma considerável, o aumento da produtividade do trabalho. Segundo o autor, muitos trabalhadores aumentam sua produtividade aprendendo novas habilidades e aperfeiçoando as antigas enquanto estiverem no trabalho, sendo esta aprendizagem diferente da formação escolar, pois o investimento é feito no trabalho, e não numa instituição de ensino (Becker, 1962). Neste pensamento, a escola é uma importante instituição empenhada na produção de conhecimento, mas é insuficiente, pois, alguns tipos de conhecimento podem ser melhor dominados se forem simultaneamente relacionados ao problema prático, ou seja, o desenvolvimento de certas qualificações requer tanto especializações como experiência e pode ser obtidas em parte na empresa, e em parte na escola. Becker (1962), vê empresa e escola como elementos complementares para a construção do conhecimento do trabalhador.

Ainda na concepção de Becker (1962), outra maneira de investir em capital humano é melhorar a saúde emocional e física dos trabalhadores mediante salários produtivos, promovendo uma melhoria nas condições de trabalho, salários mais altos, pausas para café e assim por diante. A saúde emocional é cada vez mais considerada como um determinante importante dos ganhos, assim como uma melhor dieta alimentar que adiciona força e resistência no corpo humano, culminando em ganhos de capacidade e produtividade do trabalhador (Becker, 1962).

Jacob Mincer, por sua vez, dedicou-se aos estudos da relação entre a distribuição de renda e os investimentos nas pessoas, tanto nos aspectos individuais, como no contexto familiar (Teixeira, 2017). As principais análises de Mincer (1958), estão ligadas a questões como: a) migração, como forma de mobilidade profissional para readaptação e renovação de habilidades; b) a importância do capital humano para a análise do desemprego; c) os efeitos do progresso tecnológico no mercado de trabalho; d) as mudanças no emprego e, e) a formação on-the-job.

Mincer (1958) também defendia que a mobilidade deve ser interpretada de acordo com a fase do ciclo da vida. Para ele, a mobilidade antecipada não reflete um indicativo sobre investimento em capital humano, mas, sim, como resultado por uma maior intensidade nos ganhos salariais. Ademais, de acordo com Teixeira (2017), os estudos de Mincer também estimularam o aprofundamento de outras pesquisas, exploradas mais tarde, como: a importância da educação em casa para o desenvolvimento de habilidades naturais, o investimento em idade tenra e a herança do capital humano que os filhos herdam de seus pais, de acordo com o nível de renda, local de moradia, experiências de emprego, cultura e instrução (Teixeira, 2017).

Ao longo de sua carreira, Mincer seguiu explorando as múltiplas implicações do capital humano até os dias próximo ao seu falecimento em 2006. Segundo Teixeira (2017), Mincer utilizou um quadro básico para explicar várias questões da análise do mercado de trabalho, proporcionando assim ao capital humano um papel central e unificador na explicação do comportamento individual do trabalhador. Um resumo do que estuda o ‘programa de pesquisa em investimento nos indivíduos’, representado por, Schultz, Becker e Mincer, apresenta os seguintes itens: “procura por emprego, migração, assistência médica, educação, obtenção de informações e treinamento profissional’ (Blaug, 1993, p. 289).

Por fim, ressaltasse que este programa de pesquisa foi desenvolvido no contexto norte-americano entre os anos 1950 e 1970, durante o boom econômico do modelo fordista-keynesiano (Melo, 2012). Nesse contexto, predominava-se a presença de educação e saúde privadas, bem como a ausência de esquemas de treinamento de trabalhadores patrocinada pelo Estado (Blaug, 1975). Considera-se que tais situações deram apoio à ênfase da TCH aplicada a lógica dos ganhos e investimentos privados. No entanto, com o desenvolvimento e aprimoramento do programa, outras variáveis, fontes e benefícios do investimento em indivíduos foram incluídos na agenda de pesquisa acerca do conjunto de fatores que contribuem para o aumento no capital humano, para além das fontes tradicionais citadas até aqui.

4 A educação como investimentos em indivíduos e suas críticas

Conforme anunciaram os pioneiros do programa de pesquisa em Capital Humano, uma pluralidade de fontes nutre a sua formação. Trata-se de um conjunto de qualidades, cognitivas ou não, sociais, econômicas entre outras, que o indivíduo adquire ao longo da vida cuja interação é capaz de tornar factível o aumento da produtividade dos seres humanos (Mincer, 1958; Schultz, 1961; Blaug, 1993 e Ramos, 2015). 

Para Schultz (1961), a aquisição de capital humano e sua formação se classificam em dois ramos: Capital Humano Geral (CHG) e Capital Humano Específico (CHE). Segundo Ramos (2051), os dois tipos de capital: CHG e CHE, são complementares e se articulam entre si desde a etapa inicial do ciclo de vida do indivíduo, conforme pode ser observado na figura 1, abaixo.

Figura 1: Interações do Capital Humano Geral e Capital Humano Específico

Fonte: Ramos (2015, p. 37)

Na figura 1, vê-se que no CHG está incluído todos os conhecimentos e habilidades que são de uso comum em quase todas as atividades da vida, sejam elas econômicas ou não. Nesse conjunto de atributos individuais [com maior ou menor sofisticação e extensão] pode ser considerado a leitura, a escrita, o domínio de operações elementares simples, interpretação de textos básicos, raciocínio abstrato e etc., variando segundo o nível de escolaridade com ampla gama de aplicações (Ramos, 2015).

Sobre o CHG, o sistema escolar permite adquirir conhecimentos e habilidades de cunho generalizado. No entanto, a figura 1 também demonstra que questões culturais (atitudes, disciplina, valores, pontualidade, iniciativa etc.), o entorno social (família, amigos), econômico (renda, bairro), somados ao ambiente escolar são singularidades que o indivíduo entra em contato no transcurso de sua vida em diferentes etapas e espaços que interferem em sua personalidade e afetam sua produtividade (Ramos, 2015).

Já o CHE, representa um tipo de formação que vai sendo acumulada na vida laboral, ao executar tarefas, ou em cursos de formação específicos, que vão se acumulando e formando um perfil de habilidades com domínios distintos ligados a tarefas ou postos de trabalho. Na perspectiva de Ramos (2015), o acesso ao posto de trabalho de qualidade (entendido como não precário, regulamentado, remuneração adequada, etc.) oferece melhores perspectivas ao futuro laboral do indivíduo, o inverso também vale. 

Portanto, através do esquema da figura 1, percebe-se que há uma série de variáveis que se interagem, permitindo identificar que o sistema escolar não é o único âmbito onde se acumulam capacidades cognitivas, habilidades, competências e etc., que contribuem para a vida laboral. Entretanto, o programa de pesquisa de investimentos em indivíduos também recebe críticas.

Uma das críticas rebate a idéia de que ‘investir no capital humano’, via escolarização ou treinamento dando-lhes acesso aos graus elevados de ensino, haveria uma garantia de ascensão do mesmo a um trabalho qualificado e de níveis de renda cada vez mais elevados e compatíveis com sua escolaridade. Segundo Motta (2007), a visão burguesa do papel econômico da educação reproduz a idéia que basta que o indivíduo esteja qualificado para o mercado, que haverá ascensão profissional, mobilidade e a garantia do bem-estar socioeconômico do indivíduo e seus familiares. Para a autora, essa ideia não retrata a realidade.

Nos preceitos de Mincer (1958), a educação de berço era o primeiro contato do indivíduo com suas habilidades naturais. Segundo Schultz (1961), esta é a herança do capital humano que os filhos herdam dos pais. Nesse caso, na TCH, o nível de instrução dos pais, renda familiar, experiências com trabalhos anteriores, local de moradia, condição de saúde e cultura irão influenciar na qualidade do investimento em capital humano despendido desde a idade tenra. Assim, percebe-se que a idéia burguesa de meritocracia é um dos pilares que sustenta o discurso da TCH.

Tal discurso foi predominantemente sustentado até os anos 1980, pois, no contexto no qual as pesquisas em capital humano iniciaram-se, em países capitalistas avançados, a economia prosperava, a mão de obra era constantemente absorvida em um mercado de trabalho crescente e estável, com ganhos reais de renda e com desigualdades salariais contrabalanceadas pelo certo grau de segurança que as políticas de bem-estar e o sindicato proporcionavam em conjunto (Blaug, 1993). Nesse contexto, a escola seria aquela variável que influenciaria a integração não só econômica, mas também civil, política e social dos indivíduos, com a presença de um vínculo ‘quase linear’ nas possibilidades de integração ao mercado de trabalho, em um cenário de relativo pleno emprego. Naquele cenário, o papel da escola era proporcionar o desenvolvimento do indivíduo enquanto cidadão para integrá-lo na vida produtiva, e isso se dava através do ensino do raciocínio lógico, leitura e escrita, isto é, uma educação universal (GENTILLI, 1998).

Nos dias atuais, o discurso burguês de que a escola é um importante canal de investimento para o desenvolvimento do capital humano ainda é hegemônico. No entanto, as visões críticas argumentam que dado o cenário econômico adverso, este se exprime nas dificuldades de integração do trabalhador ao mercado de trabalho. Autores como Frigotto (1986); Gentili (2002); Almada Lima (2004) e Velasco (2007) a escola/educação perdeu sua função integradora (integrar o indivíduo ao mercado de trabalho) para desempenhar outra função, que é preparar o indivíduo para o mercado de trabalho, proporcionando apenas o aumento do ‘potencial de inserção’, ou seja, não garante integrar, mas, sim, aumentar sua empregabilidade. 

As mudanças na função da escola também vão produzir impactos quanto à formação profissional do trabalhador. O famoso jargão, ‘aprender fazendo’ (Ford, 1967) era o lema da produção fordista na época de início do programa de pesquisa em capital humano, e estava totalmente alinhada aos fundamentos de Schultz (1961) e Becker (1962) onde dava maior importância as aptidões adquiridas no trabalho. Porém, com as mudanças na função da escola e as dificuldades de inserção no mercado de trabalho, a formação do trabalhador que ocorreria com treinamentos dentro do ambiente das empresas (em detrimento a escola) deixa de ser exclusiva e sua aquisição passa a ser, em grande medida, orientada para dentro das escolas.

Segundo Gentilli (1998), a escola passa também a ser responsável por formar, capacitar e qualificar o trabalhador, através de uma educação tecnicista e preparatória para o trabalho, perdendo o seu caráter universal. Assim, com a ascensão do modelo de produção flexível nos anos 1970, a escola perde seu caráter integrador e o foco das ‘novas’ políticas educacionais voltou-se oferecer uma educação mercadológica, trazendo a preparação para o mercado de trabalho para dentro das escolas, com vistas a aumentar a empregabilidade do trabalhador para disputar as limitadas possibilidades de inserção no mercado (Gentilli, 1998).

Esta nova função da escola culmina com o segundo momento do programa de pesquisa em capital humano. Segundo Frigotto (1986, p. 136), “A educação e a qualificação aparecem como panacéia para superar as desigualdades entre nações, regiões e/ou indivíduos. O problema da desigualdade tende a reduzir-se a um problema de não-qualificação”. Na opinião de Frigotto (1986), o que está valendo é apenas que esse vínculo, entre educação e mercado de trabalho, importa mais em nível do aprendizado de habilidades, do desenvolvimento de atitudes funcionais para o processo produtivo, do que para a cidadania do indivíduo.

Portanto, o foco da nova visão do programa se estende para o viés de ‘investir’ na empregabilidade individual para disputar as limitadas possibilidades de inserção que o mercado oferece (Velasco, 2007; Almada Lima, 2004). Segundo Motta (2007), esta nova “perspectiva acortina o antagonismo de classe e busca cimentar a ideia de que a mobilidade social depende exclusivamente do esforço e mérito individual em promover o investimento no bem educacional” (Motta, 2007, p. 166). Almada Lima (2004) e Velasco (2007) consideram que com os mercados mais competitivos dentro de um sistema de produção flexível e poucas garantias de trabalho, as possibilidades de um trabalhador obter uma inserção efetiva no mercado, mesmo dotado de mais conhecimento e habilidades, passam a ser parcas.

Conclusiones:

Viu-se que os postulados da Teoria do Capital Humano defendem que há uma integração virtuosa entre escola (indivíduos mais escolarizados) e a inserção dos indivíduos ao mercado de trabalho (melhores posições no trabalho e rendas mais altas). No entanto, os críticos da teoria defendem que essa conexão virtuosa é difícil de sustentar nos dias atuais. Uma das críticas se refere ao papel que a educação adquiriu para se moldar aos ditames do mercado. Deixando de ser uma educação de garantia integradora e universal, para ser uma educação de caráter tecnicista, voltadas para preparar o indivíduo para o mercado sem garantias de inserção, apenas de aumento das possibilidades/empregabilidade.

O que se viu é que a história do programa de pesquisa em capital humano é contemporânea ao modo de produção fordista vigente na época. O programa foi criado em um cenário de relativa estabilidade da economia norte americana, que contava com crescentes oportunidades no mercado de trabalho, predominando um vínculo linear entre a saída da escola e entrada no mercado de trabalho, com os trabalhadores aprendendo profissões predominantemente no local de trabalho.

Contudo, no presente período de produção flexível e de parcas garantias de inserção dos trabalhadores no mercado de trabalho, os postulados da TCH, argumentam que a não inserção do indivíduo no mercado se dá devido a sua baixa empregabilidade (educação) e pouco esforço (mérito individual). Apesar dos discursos, os críticos argumentam que esta visão acortina todo antagonismo existente na TCH. Portanto, em tempos recentes, mais capital humano, não garante inserção no mercado de trabalho, apenas aumenta a perspectiva de inserção na atividade laboral, sem garantias efetivas.

Bibliografía:

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Palabras clave:

Teoria do Capital Humano; Trabalho; Educação; Teoria Crítica.

Resumen de la Ponencia:

Comer es una actividad indispensable para la vida que se vuelve un acto consciente en el momento en que se concibe como parte de un sistema alimentario. Desde este enfoque sistémico, la perspectiva multidimensional coloca a la sociedad y el planeta como parte de ese mundo interrelacionado que impide ver a la alimentación y la agricultura como procesos separados. Así, el comer desde una dimensión social, crea, produce y reproduce cultura, colocando a los “alimentos” como conectores del origen, los paisajes, los mercados y la salud de las personas; es decir, hablamos de diversidades, tanto en sus formas de producción, como de recolección, preparación y consumos.  A pesar de esa diversidad, en las últimas seis décadas hemos asistido a un acentuado predominio de un modelo de producción y consumo que aboca por la homogenización y el monocultivo, privilegiando un número reducido de productos comestibles que se instalan desde la industria agroalimentaria y, en muchos casos,  se apropian de preparaciones que son modificadas y alejadas de sus identidades o sustituyen los platos y dietas de ciertos grupos poblacionales, principalmente comunidades de escasos recursos. Hablamos del agronegocio, modelo que subyace a esta propuesta y el cual se sustenta en la modernización/mecanización de la agricultura, la revolución verde y la revolución biotecnológica (Benvegnú y Manrique, 2020) que visualizan una dinámica de mercado a gran escala, que dialoga poco con personas agricultoras y consumidorasEn este trabajo se pretende revisar como durante la pandemia se manifestaron diversas formas de resilencia y re-existencias de comunidades latinoamericanas inmersas en modelos alimentarios. Nos centramos en dos experiencias concretas la primera de ellas se trata del surgimiento de nuevos mercados alimentarios locales y solidarios en Costa Rica, que se consolidaron como alternativa ante la falta de acceso a alimentos saludables y agroecológicos, específicamente en la comunidad de Sámara, Nicoya-Guanacaste. La segunda experiencia se reconoce como “olla común”, experiencia de alimentación solidaria en un barrio céntrico de la ciudad de Santiago de Chile. Experiencias que nos ayudan a ilustrar las formas de respuesta diversa y alternativas que crean y re-crean los pueblos en materia de producción y el consumo de alimentos. Experiencias que manifiestan la importancia de promover la soberanía alimentaria, a partir de la biodiversidad local para favorecer sistemas alimentarios más sostenibles. Además de mostrar una serie de valores del alimento y de la alimentación, que sobrepasan los estándares de calidad convencional, porque llevan implícitos una representatividad que incluye la visibilidad de las personas y elementos del ambiente que forman parte de ese sistema alimentario (Zuñiga y Niederle, 2017). 

Resumen de la Ponencia:

Este artigo visa refletir sobre o xeno-populismo e suas relações com a perspectiva capitalista, colonial e racista na contemporaneidade, a partir da análise de alguns fatos políticos recentes, que envolveram intervenções e expressões estético-políticas da extrema-direita no contexto da Polônia e Portugal, ocorridos antes da eclosão da Guerra da Ucrânia. Tendo por base as perspectivas teóricas assinaladas, discute-se algumas ações e intervenções veiculadas nos meios de comunicação de massa, cuja relevância se encontra na natureza do discurso velado que, tal como se argumenta, demonstra a vigência do xeno-populismo e da colonialidade constituintes das plataformas da extrema-direita em nível global. A análise permite observar que no terreno movediço de disputas de narrativas, engendram-se cada vez mais conformações subterrâneas sectárias, racistas, xenófobas, homofóbicas e misóginas, ancoradas em questões identitárias, que ressuscitam antigas ordens sociais e reafirmam as lutas por territórios, sejam eles simbólicos ou reais, desvelando novas roupagens para velhas disputas. 

Resumen de la Ponencia:

       La presente ponencia surge de mi tesis de grado, en ella realice una etnografía del caso de Facundo Ferreira, quien el 8 de marzo del 2018, con tan solo 12 años, fue víctima de homicidio por “gatillo fácil” al recibir un disparo en la nuca por parte de agentes de la fuerza policial de San Miguel de Tucumán, Argentina. Desde la sociología de las emociones y la antropología del dolor, me enfoco en los familiares (Pita, 2010) de Facundo, centrándome en la cotidianeidad barrial de los mismos, observando como padecen, perciben, persisten y resisten estas violencias, recuerdan sus pérdidas y les hacen duelo, pero también como las absorben, la sobrellevan, y las instrumentan como vehículo que dispara la construcción de una demanda de justicia.  El lugar central que ocupan los familiares (Pita, 2010) y sus demandas públicas en las sociedades actuales invita a tomar en consideración cómo se estructuran las sensibilidades y modos de sentir en relación al daño y la violencia (Garland, 1990). En la movilización colectiva impulsadas por familiares de víctimas las categorías emocionales son relevantes, resulta habitual que los familiares de víctimas apelen al dolor y al sufrimiento como uno de los fundamentos de compromiso público. Estos procesos han sido abordados en diversas investigaciones algunas de las cuales (Pita, Zenobi, 2020), han apelado a la antropología de las emociones (Abu-Lughod 1986, Lutz Yabu-Lugoh 1990) y han explorado la conformación de “comunidades emocionales” o “comunidades del dolor” (Jimeno 2010, Das, 2008).         A su vez, ciertas muertes, como la de Facundo, tienen la capacidad de ser territorializadas a “puertas abiertas”, es decir, en el barrio se realizan grutas, murales y altares, producidos por los vecinos o movimientos sociales, en donde se observa cómo se establecen diálogos constantes con los jóvenes fallecidos, (re)introduciéndolos en el ciclo de la vida. Estas forman parte del duelo colectivo (García Sotomayor, 2014), donde se conjugan demostraciones emotivas y amorosas. Las prácticas de sacralización de las muertes permiten que el barrio hable, es decir son las narraciones locales, usualmente contrapuestas, más ricas y complejas que las provenientes de fuentes policiales, mediáticas o que aquellas plasmadas en los expedientes judiciales. Las grutas son lugares de enunciación donde las memorias pueden ser narradas (Jelin, 2002, citado por Bermúdez 2020). Estas prácticas buscan evitar la muerte social; muerte que no sólo implicaría la pérdida del recuerdo colectivo, sino que afectaría la reputación tanto de los muertos como de sus allegados vivos. La importancia de mantener o resignificar el prestigio y el honor, da cuenta de que morir socialmente puede resultar más amenazante aún que la misma muerte física (Bermúdez, 2020).  

Resumen de la Ponencia:

As práticas comunicacionais construídas pelo Coletivo Fora do Eixo (FdoE), por meio da Mídia Ninja (Narrativas Independentes Jornalismo e Ação), exercem papéis que, há alguns anos, tornaram-se meios de produção e difusão de conteúdos que fortaleceram dando voz às minorias em diversos temas, entre eles as pautas feministas que tanto está crescendo na América Latina. Sabemos que os espaços virtuais são lugares de poder, de liberdade, fluidez e este é um ambiente propicio para um coletivo que construiu  sua trajetória com tecnologia, linguagem contemporânea e diversos experimentos sociais, políticos, econômicos e culturais.  Ou seja, enquanto ferramenta participativa, ganha um funcionamento orgânico na produção das relações sociais juntos a outros corpos sociais. Ou ainda, na construção de um ativismo feminista. Este artigo analisa a participação das mulheres produtoras de pautas, conteúdos e informação da Mídia Ninja; busco compreender de que maneira a Mídia Ninja constrói as narrativas discursivas feministas onde, segundo o movimento, a comunicação democrática é a base para realizar midialivrismo através das práticas participativas presentes no ciberespaço. Analisar quem são as protagonistas feministas do coletivo e como fazem para escolher pautas que precisem ou que sejam de importância à sociedade, entender como as pautas revelam seu funcionamento orgânico do discurso feminista. Minha proposta aqui é vir a luz um olhar sobre a participação feminista no coletivo.

Resumen de la Ponencia:

 El objeto de interés de nuestro proyecto de investigación indaga sobre el ámbito específico en el que se entrecruzan dos dimensiones: las características que asumen diferentes formas de organización del trabajo que producen contenidos destinados a la esfera pública y las identificaciones que posibilita y; las modalidades que asumen las redes de distribución, circulación y consumo de contenidos en el espacio público tecnológicamente mediado. Durante el 2021 abocadas a esta segunda dimensión llevamos adelante el visionado de una serie de plataformas webs y redes sociales de 23 medios u organizaciones- colectivos de trabajo que integran una muestra de productoras de contenido con actividad reciente y verificada del ámbito público, privado y tercer sector.  Al finalizar dicha investigación acordamos la necesidad de complementar el análisis cuantitativo a partir de la identificación e interpretación de variables mixtas. En particular, para esta presentación haremos un acercamiento de tipo exploratorio a fin de describir los formatos y lenguajes multimodales novedosos que ganaron preponderancia dentro del género periodístico informativo en la post-pandemia. Entendemos que en este contexto los medios tuvieron la oportunidad de alcanzar nuevas audiencias y públicos en el proceso de mediatización de lo social, en el que las interacciones cara a cara y los espacios de socialización donde los sujetos dan sentido a sus prácticas se encontraba condicionado o limitado por la situación sanitaria global.  Así, la emergencia de los podcast, videominutos, memes, etc. implican la posibilidad de establecer una reconfiguración en el proceso de producción de contenidos, en las maneras del decir, como así también la inmersión en nuevas habilidades y recursos para su difusión y circulación. Proponemos para ello hacer una primera lectura comparativa en relación a la fotografía tomada a la muestra (marzo-2021), en base al establecimiento de indicadores tales como: vehículos de información más utilizados, cantidad de seguidores y publicaciones, para dimensionar si los descriptores analizados infieren ciertas consideraciones específicas al estudio. En un segundo momento nos enfocamos en hacer un relevamiento de formatos y lenguajes predominantes en el género discursivo informativo que los medios hayan implementado en su propuesta actual, para arribar a las interacciones o reacciones de sus consumidores, y determinar continuidades y discontinuidades en relación a las experiencias de usuarios establecidas en ambos cortes analíticos. Con lo anterior queda establecido nuestro presupuesto principal: frente a la producción de contenidos del género periodístico informativo tradicional que privilegian los medios privados hegemónicos, los medios públicos, alternativos y autogestionados se sirvieron de dicha oportunidad para disputar en la esfera tecnológicamente mediada los sentidos de lo social, a través de la emergencia de géneros novedosos que requieren, a la vez, la construcción de un nuevo contrato de lectura y su permanente adecuación a las necesidades y expectativas de sus usuarios. 

Resumen de la Ponencia:

El presente escrito analiza la discapacidad desde los estudios críticos y la complejidad. Los estudios tradicionales de la discapacidad muestran que han sido permeados por la esencia y naturaleza del capitalismo, esta lógica sólo produce y reproduce una ideología y teoría del conocimiento dominante en las Ciencias y en las Humanidades para examinar los “fenómenos” y crea soluciones simplificadoras, originando una humanidad alienada que se conduce con una inteligencia ciega desde los siglos XIX y la primera mitad del XX. Iniciamos realizando un breve bosquejo de la construcción socio-histórica de la discapacidad de los siglos XIX y XX, en lo que se observa una carga ideológica y teórica de los estudios de la discapacidad que simplifican, fragmentan y segregan al sujeto y su identidad de la colectividad/comunidad. Es a partir de la segunda mitad del siglo XX que los estudios críticos de la discapacidad se centran en analizar de manera inter, multi y transdisciplinar las desigualdades estructurales de las desigualdades dinámicas y minimizar los costos sociales de la acumulación capitalista. Con este trabajo, no sólo intentamos hacer un simple relato descriptivo de los estudios de la discapacidad sino someter a la crítica el funcionalismo del modelo social de la discapacidad. Otra crítica radica en que no se puede considerar una visión absolutista de la discapacidad sino se debe entender cómo se percibe la discapacidad en este sistema capitalista y cómo la llegan a percibir algunos pueblos. Este trabajo pretende reivindicar la memoria socio-histórica del pueblo afro de Copala, ello mediante la fecundación de razonamientos críticos al sistema económico y social hegemónico que ha invisibilizado todas las particularidades del sujeto y Naturaleza.

Introducción:

El concepto discapacidad ha transitado por modelos de análisis y comprensión, entre los que destacan: el religioso, el médico y el social.

Dentro del modelo religioso, la discapacidad es vista como “un defecto causado por un fallo moral o un pecado” (Goodley, 2011). Bajo este modelo religioso la discapacidad conlleva dependencia y vulnerabilidad, lo que desemboca en “caridad y cura” (Lid, 2012).

Para Stone (1984), “el padecimiento de enfermedades se explicaba a través de fuerzas espirituales, y la discapacidad era vista como el castigo de un comportamiento pecaminoso”. Por ello, el modelo religioso coincide en algunos aspectos con modelo médico, el cual considera que “a las PcD hay que bendecirlas, institucionalizarlas, curarlas o rehabilitarlas” (Grue, 2011: 535).

Como puede observarse, el modelo religioso presentó una fuerte carga ideológica basada en la teología, ello obedecía a la palabra divina de un Dios superior y misericordioso; los encargados de diagnosticar los comportamientos extraños era el sacerdote y el médico; sin embargo, el peritaje médico estaba supeditado a la razón teológica.

En cuanto al modelo médico, se puede señalar determinantemente que la discapacidad recae en una sola disciplina: la medicina; ello limitó los aportes de otras disciplinas, tanto de las Ciencias Naturales como de las Ciencias Sociales y las Humanidades. Este modelo “se basa en el diagnóstico clínico y la categoriza­ción” (Oliver, 1990), en donde se da total atribución a los médicos, profesionales y expertos en rehabilitación, para que puedan curar este defecto o enfermedad, o que hagan de las PcD lo más normales posibles.

El modelo médico es considerado como “la base conceptual de la medicina científica moderna, donde el cuerpo humano es fragmentado y analizado desde el punto de vista de sus partes, la enfermedad es el funcionamiento defectuoso de los mecanismos biológicos o químicos y la función de la práctica médica es intervenir física o químicamente para corregir las disfunciones de un mecanismo específico”. (Baeta, 2015). En otras palabras, “poseer discapacidad es sinónimo de poseer un cuerpo defectuoso que condiciona y restringe la experiencia vital de la PcD” (Ferreira, 2010).

El modelo médico se presenta con una fuerte carga ideológica hacia una ciencia médica, puesto que considera a la discapacidad como un asunto exclusivamente médico que reside en el individuo como un defecto o falla del sistema corporal que es anormal o patológico y que hay que “corregir” o “normalizar”.

La principal crítica al modelo médico es que se sustenta y promueve un enfoque individualista que reduce y simplifica el proble­ma de la discapacidad a lo que se conoce como tragedia individual, este argumento ha servido para “individualizar los problemas de la discapacidad y así dejar intactas las estructuras sociales y económicas” (Oliver, 2008: 31).

Como resultado del enfoque médico; en la década de los setentas emerge movimientos sociales que exigían no simplificar a la discapacidad, así como no segregar ni fragmentarlos de la población total; con ello emerge un nuevo enfoque de análisis: el modelo social de la discapacidad. El modelo social de la discapacidad centra su diferenciación entre discapacidad (opresión social) e impedimento (limitación física). Partiendo de estas premisas, se sostiene que lo que puedan aportar a la sociedad las PcD se encuentra íntimamente relacionado con la cohesión e integración social y no con la segregación ni fragmentación social. Por lo que, si se considera que las causas que originan la discapacidad son sociales, las soluciones no deben apuntarse individualmente a la persona afectada, sino más bien que deben encontrarse dirigidas hacia la sociedad (Palacios, 2008: 104).

En ese mismo sentido, Eisenstein considera que “la opresión y la explotación no son conceptos equivalentes. Explotación se refiere a la realidad económica de las relaciones de clases capitalistas para hombres y mujeres, mientras que opresión se refiere a las mujeres y a las minorías definidas dentro de relaciones patriarcales, racistas y capitalistas. La opresión incluye a la explotación pero refleja una realidad más compleja” (Eisenstein, 1979: 22-23).

Coincidiendo con Eisenstein y respaldándose en Bourdieu, podemos decir que la opresión se naturaliza y se hace habitus, entendiéndolo como aquellos condicionamientos asociados a una clase particular o un sistema de disposiciones duraderas y transferibles. “Estructuras estructuradas predispuestas a funcionar como estructuras estructurantes” (Bourdieu, 2007: 86).

Para Shakespeare, en el modelo social “el impedimento no es lo mismo que la discapacidad. El impedimento es individual y privado, la segunda es estructural y pública. El modelo social define discapacidad como una construcción social, una relación entre las personas con discapacidad y la sociedad incapacitada” (Shakespeare, 2010: 268).

En ese sentido, Brogna afirma que “la discapacidad es una construcción social que excede el aspecto médico o de salud de un individuo. La discapacidad, como un sistema complejo, puede analizarse a través del modelo de la encrucijada, que distingue los tres factores (particularidad biológica – conductual; cultura y normatividad; y organización económica y política) que, en su interrelación, definen el campo de la discapacidad” (Brogna, 2009). Asimismo, Vite expone que “la categoría discapacidad es un concepto dinámico y que está en constante transformación, por ello, su análisis nunca debe de considerarse como algo aislado sino complejo” (Vite, 2015).

Ante lo expuesto, no podemos asumir una sola definición de la discapacidad como lo establece la Organización de las Naciones Unidas (ONU), mediante la Organización Mundial de la Salud (OMS) y, a través, de la Clasificación Internacional del Funcionamiento, de la Discapacidad y de la Salud (CIF) en la que se define a la discapacidad como “deficiencias en las funciones y estructuras corporales, las limitaciones en la capacidad de llevar a cabo actividades y las restricciones en la participación social del ser humano” (OMS, 2001: 15).

En este marco conceptual (homogéneo y universal) se realiza la Convención sobre los Derechos de las Personas con Discapacidad en 2006, la cual invisibiliza las particularidades de los Pueblos Originarios y Afrodescencientes. Oliver menciona que es importante “analizar con precisión los procesos históricos que derivaron en la situación actual; así como la interacción entre las actitudes de los profesionales y las PcD en sus encuentros, tanto dentro de la vida profesional como de sus vidas cotidianas” (Oliver, 2008). Con ello surge el lema: “nada sobre nosotros sin nosotros”, donde exigen el reconocimiento de las particularidades, procesos históricos para comprender y atender sus necesidades.

Desarrollo:

En Nuestra América también se viven transformacio­nes económicas, políticas y socioculturales permanentemente, en las que se reflejan las dos particularidades: la adaptación entre desigualdades estructurales y dinámicas (Fitoussi-Rosanvallón, 1996, 73-76 y Mancini, 2015: 237) y el proceso de cohesión social-comunitaria.

Ante ello, y con el objetivo de abonar a los estudios críticos en discapacidad, consideramos pertinente explicar en qué consisten los estudios críticos. De Sousa menciona que “desde hace más de treinta años se logran entrever dos dificultades que persiguen el pensamiento crítico:

Imaginar el fin del capitalismo o imaginar que el capitalismo no tenga fin. Ello fragmenta al pensamiento crítico en dos vertientes:Imaginar el fin del colonialismo ó imaginar que el colonialismo no tenga fin” (De Sousa, 2010: 11-15).

Ante lo mencionado por De Sousa, esta investigación se conducirá a través de la vertiente transclasista que propone crear esas condiciones que permitan minimizar esos costos sociales y reducir la desigualdad social en la comunidad sin tener un impactar en lo externo a la comunidad. Tal como lo expresa Darling, nos queda claro que el sistema de dominación inserto en el Estado no cambia estructuralmente, sin embargo, “cambian los actores, las figuras, los nombres que forman parte del juego y parecen conducirlo” (Darling, 2013, 314).

En los estudios críticos en discapacidad, destacan de manera concreta las formas de nombrar, asumir y reproducir epistémicamente la discapacidad desde las particularidades de sus realidades locales/comunitarias, bajo condiciones discursivas, socioculturales, políticas y económicas de una modernidad colonial. Es decir, no se asume ni se reproduce la lógica sistémica universalista que homogeniza a la discapacidad e invisibiliza lo que se nombra, asume, comprende y reproduce en otros territorios como los Pueblos Originarios o Afrodescendientes.

Ante lo expuesto, es necesario recordar que la crisis que ha atravesado a Nuestra América ha sido por cuestionar el paradigma dominante, lo que ha desencadenado una diversidad de movimientos sociales, los cuales fueron configurándose en torno a realidades concretas y locales. Para Darling estos movimientos sociales tienen miras a recuperar la dinámica de reivindicación, los contenidos de los reclamos manifiestos, así como el proyecto delineado en expectativas que los colectivos movilizados enarbolan (Darling, 2013, 303).

Este nuevo sujeto social se constituye en la lucha, por medio de coaliciones amplias y que tiene como base el fenómeno de la desintegración social provocada por las políticas del neoliberalismo. En palabras de Oliver, su lucha se constituye a partir de una sociedad civil llena de particularidades como la fragmentación social, el desempleo masivo, la exclusión, la informalidad (Oliver, 2008: 7).

Para Melucci, aunque más reaccionario, menciona que “en Europa algunos intelectuales basaron sus análisis en un acercamiento “estructural” sistémico que atribuía la formación de nuevos actores. En tanto que otros teóricos en América intentaron explicar cómo se constituye un movimiento en términos de movilización de recursos” (Melucci, 1999: 33-34). Estas teorías estructurantes de los años setentas no respondieron dos grandes incógnitas: “1) no explican cómo un movimiento se establece y mantiene su estructura y 2) quienes trabajan con un modelo de movilización de recursos, ven esta acción como mero dato y no pueden examinar su significado y orientación” (Melucci, 1999: 34). Por ello, considera que los movimientos sociales analizados desde esas teorías estructurantes de los setentas no sólo muestran la acción colectiva sino que también tratan de mostrar ese sistema de relaciones internas y externas que se constituyen en acción concreta.

Y clarifica al sostener que los movimientos son construcciones sociales. Más que una consecuencia de crisis o disfunciones, más que una expresión de creencias, la acción colectiva es “construida” gracias a una inversión organizativa. Aquí la “organización” no es una característica empírica, sino un nivel analítico. Mantener organizados a los individuos y movilizar recursos para la acción significa distribuir valores (Melucci, 1999: 34). Ello nos conduce a trabajar con esos grupos oprimidos no sólo en momentos de crisis sino organizativo, en el que se compartan valores e información que permita fortalecer la cohesión social.

Castells considera que la disolución de las identidades compartidas equivale a la disolución de la sociedad como sistema social significativo (Castells, 2001, 394). Este argumento pudiera parecer antagónico a lo planteado por Melucci, sin embargo, es una nueva forma de organización del sistema social, el cual se cimienta en la era de la información de las redes de ordenadores. En ella, dice Castells aumenta nuestra capacidad productiva  pero al mismo tiempo se están privando de sus derechos ciudadanos a las sociedades (Castells, 2001, 91).

Es necesario señalar que los movimientos sociales tradicionales y los movimientos sociales modernos conforman una compleja totalidad de resistencia, en la que se construyen identidades y se expresan valores individuales y colectivos que muestran su esencia y naturaleza reivindicativa. Por ello, que los movimientos sociales de la modernidad buscan contribuir a la construcción de nuevos tipos de sociedades, diversas y dinámicas.

A pesar de que el colonialismo ha cesado en muchas partes del globo, “la colonialidad del poder continúa definiendo relaciones entre occidente y el resto del mundo” (Mendoza, 2014). Por lo que Pino y Tiseyra (2019) intentan delinear e iniciar posibles caminos a fin de articular la teoría decolonial con los postulados de las perspectivas críticas de la discapacidad al mencionar que “la narrativa de la moder­nidad desde una perspectiva de los estudios críticos de la discapacidad, podría contribuir a deco­lonizar nuestras miradas y percepciones sobre las personas con discapacidad e invitan a transitar un camino desde un enfoque interseccional, que abogue hacia un cuestionamiento profundo de la compleja trama de relaciones de poder que operan tanto a nivel geopolítico como a nivel individual-corporal-subjetivo” (Pino y Tiseyra, 2019).

Es a principios del siglo XXI cuando se desarrolla la Convención Internacional Amplia e Integral para Promover y Proteger los Derechos y la Dignidad de las Personas con Discapacidad (2001), la cual fue la antesala para la realización de la Convención sobre los Derechos de las Personas con Discapacidad en 2006. En el documento normativo de la Convención (que consta de 50 artículos) establece en su en el art. 3 los principios generales:

El respeto de la dignidad inherente, la autonomía individual, incluida la libertad de tomar las propias decisiones, y la independencia de las personas.La no discriminación.La participación e inclusión plenas y efectivas en la sociedad.El respeto por la diferencia y la aceptación de las PcD como parte de la diversidad y la condición humanas.La igualdad de oportunidades.La accesibilidad.La igualdad entre el hombre y la mujer.El respeto a la evolución de las facultades de los niños y las niñas con discapacidad y de su derecho a preservar su identidad.

Asimismo, en el art. 34 se menciona la creación de un Comité de los Derechos de las Personas con Discapacidad. Dicho Comité emplea su facultad de interpretar las disposiciones de la Convención mediante las llamadas Observaciones Generales.

Ante lo convenido a nivel internacional, el Estado Mexicano ratifica los acuerdos de la Convención en 2008 y establece en su artículo 1° de la Constitución Política de los Estados Unidos Mexicanos. Con ello, se patentiza la ideología hegemónica y marco conceptual universalista para institucionalizar la discapacidad. Asimismo, se crean leyes, reglamentos y programas que tienen como objetivo establecer acciones a los individuos para regular sus conductas y lograr la convivencia; entre ellas están:

a) Ley General para la Inclusión de las Personas con Discapacidad (2011), b) Reglamento de la Ley General para la Inclusión de las Personas con Discapacidad, 2012, c) Programa Nacional para el Desarrollo y la Inclusión de las Personas con Discapacidad, 2014-2018.

En la Ley General se establece la creación del Consejo Nacional para el Desarrollo y la Inclusión de las Personas con Discapacidad (CONADIS), como organismo público descentralizado, con personalidad jurídica y patrimonio propio, gozando de autonomía técnica y de gestión para formular políticas, acciones, estrategias y programas derivados de esa Ley. En 2013, el CONADIS fue sectorizado a la Secretaría de Desarrollo Social (SEDESOL) debido a que la discapacidad era considerada como un tema de política social, con enfoque de derechos humanos.

A casi 16 años de la Convención sobre los Derechos de las Personas con Discapacidad, aún existen derechos que se discuten seriamente para otorgarlos parcial o totalmente; ello se debe a que la lógica capitalista no permite transformaciones a la estructura económica y estructuras sociales; sometiéndolas a una visión única y hegemónica de la sociedad moderna.

Ante ese marco conceptual universalista y hegemónico de la discapacidad, se realizó en 2014 una visita a México por parte del Comité de expertos, quienes realizan una revisión al marco jurídico, normativo, presupuestos y acciones concretas de atención a las PcD. Posterior a dicha revisión, se emitieron 73 recomendaciones. El Comité expresó su preocupación por la falta de datos estadísticos actualizados acerca de la situación de las PcD e instó al Estado Mexicano a asegurar la participación de las organizaciones de PcD para la recopilación, análisis y difusión de estos datos. Asimismo, estableció el 17 de enero de 2018 como fecha para presentar sus informes a tales recomendaciones. Para ello, la instancia encargada de atender dichas recomendaciones sería el CONADIS.

Tras la omisión de las recomendaciones emitidas, en 2022 el Comité de expertos vuelve a realizar otra visita a México, en dicha visita se emiten 68 recomendaciones (ver el apartado III titulado “Principales motivos de preocupación y recomendaciones”). El Comité menciona las obligaciones específicas del Estado Mexicano para atender a las PcD, entre lo que destaca lo siguiente:

Recopilación de datos estadísticos. Utilizando el minicuestionario sobre discapacidad del Grupo Washington.Aplicación y seguimiento nacionales. Donde se realice una revisión pormenorizada del actual sistema de puntos focales y mecanismos de coordinación en todos los niveles de gobierno.Cooperación y asistencia técnica. Donde se proporcione orientación técnica al Estado sobre la consulta (CRPD, 2022)..

Asimismo, el Comité subraya la importancia de todas las recomendaciones que figuran en las presentes observaciones finales y alienta a que difunda ampliamente las presentes observaciones finales y haga partícipes a las OSC, en particular a las OSC de Personas con Discapacidad en la preparación de su informe periódico. Estableció el 17 de enero de 2028 como fecha para presentar sus informes a tales recomendaciones.

Ante lo establecido a nivel internacional y nacional, nos seguimos preguntado ¿por qué las PcD en México continúan con una vida de precariedad? Ferrante nos ayuda a comprender que “el uso del paradigma social en las políticas públicas, queda sólo en lo enunciativo. El paradigma de los derechos humanos puede ser visto como un destello de esperanza para revertir los procesos excluyentes que expulsan a las PcD a los márgenes de la pobreza, del desempleo crónico, de la falta de acceso a la educación, del encierro social” (Ferrante, 2014).

Por ello, la respuesta es compleja porque se asigna valor mediante indicadores que su naturaleza y orígenes está cimentada en la lógica hegemónica y universal del sistema económico capitalista, el cual por naturaleza oprime, discrimina, excluye, mercantiliza y cosifica a la humanidad. Bajo este razonamiento, todas las instituciones (internacionales y nacionales), instrumentos jurídicos (leyes y reglamentos) y acciones (políticas y programas) están encaminadas a incluir a las minorías. Aunque como lo menciona Walsh “la inclusión es parte de una interculturalidad funcional porque no toca las causas de la asimetría y desigualdad social y cultural ni cuestiona las reglas del juego” (Walsh, 2010: 77-78).

Ante dicha lógica colonial y sistémica, se presenta una alternativa crítica decolonizadora donde se pueda reivindicar las concepciones locales de la discapacidad desde una perspectiva intercultural pero no una intercultural funcional sino una interculturalidad crítica, que a decir de Paredes y Guzmán “la descolonización de la memoria es un proceso y lucha que se entretejen, cuestionan, refundan las relaciones sociales bajo otras miradas diferentes al capitalismo” (Paredes y Guzmán, 2014: 19-58).

Para el caso de Guerrero, la situación no es atípica en cuestiones de instituciones, instrumentos jurídicos, políticas y programas. Pero la situación es más preocupante, puesto que el limitado presupuesto hacia la atención a la discapacidad ha sido de manera superficial. Se cuenta con la Ley 817 para las personas con discapacidad del estado de Guerrero (2011). Dicha Ley establece la creación del:

a) Consejo Estatal para la Integración Social de las Personas con Discapacidad. Art. 9 y b) Consejo Consultivo de las Personas con Discapacidad. Art. 20

Para atender las recomendaciones realizadas por el Comité de la Convención en 2018, el CONADIS firmó un Convenio con el Gobierno del Estado de Guerrero. Ante tal compromiso entre el gobierno federal y estatal, no se obtuvieron resultados ni avances sustanciales y cualitativos que permitiera a las PcD vincularse y participar en todos los sectores sociales, económicos y políticos, continuando segregados de la sociedad guerrerense.

Copala es uno de los 85 municipios del estado de Guerrero. Administrativamente forma parte de la región de la Costa Chica. Su cabecera municipal lleva su mismo nombre. Se localiza al sureste del estado de Guerrero, enclavado en los márgenes del río de su mismo nombre y del océano Pacífico, sobre la carretera Acapulco – Pinotepa Nacional, Oax., a 117 km del puerto de Acapulco. Se encuentra en las coordenadas geográficas son de 16º30´ Latitud norte y 98º0´ Longitud oeste.

Se reporta que a nivel mundial existen alrededor de 1,000 millones de personas que experimentan algún tipo de discapacidad y la prevalencia de la discapacidad es mayor en los países en desarrollo (Banco Mundial, 2021). En México, según el INEGI (2020) habitan 20 millones 838 mil 108 personas con discapacidad, los que representa el 16.5% de la población de México. Para el estado de Guerrero, según el INEGI (2020), se reporta que existen 213,615 personas con alguna discapacidad. Finalmente, el INEGI (2020) reporta que en el municipio Copala habitan 1,043 PcD; donde el 88.78% se concentra en siete localidades.

El planteamiento de reivindicar de la visión del pueblo afro, se sustenta porque su identidad se diluye, adoptando y reproduciendo aspectos culturales ajenos, confrontando al imaginario civilizatorio de la supuesta supremacía ontológica y epistemológica del Occidente hegemónico. Para Kant, uno de los intelectuales con mayor influencia en Europa de la época sostenía que “la humanidad existe en su mayor perfección en la raza blanca. Los indios amarillos tienen una cantidad menor de talento. Los negros son inferiores y los más inferiores son parte de los pueblos americanos” (Chukwudi Eze, 2001: 231).

Como puede observarse, este planteamiento sostenía que “la inferioridad natural de los seres humanos no-occidentales irá de la mano del desarrollo de un racismo epistemológico que operará como ejercicio justificatorio de la violencia colonial, racial y sexual ejercida sobre los cuerpos y saberes de las poblaciones no-occidentales” (Díaz, 2017: 8). A ello, Ardiles señala que “se ha permitido la imposición de parámetros culturales importados, reproducidos por las élites intelectuales vernáculas” (Ardiles, 1973).

En ese mismo sentido, Díaz expresa que “a través de los metarelatos se ha cimentado la tradición oficial, sostenidos en una serie de mitos asumidos y reproducidos al nivel de verdades universales. Estos mitos han sido presentados como productos de la labor intelectual de ‘grandes hombres’ o ‘grandes héroes’ del pensamiento, provenientes de los principales centros de producción de conocimiento de los países hegemónicos, los cuales en su labor ‘universal’ fueron capaces de arribar o inteligir un cúmulo de verdades impolutas y rectoras de la humanidad” (Díaz, 2017: 4).

Estos argumentos de Chukwudi Eze, Ardiles y Díaz nos aclaran el panorama para sostener que la visión hegemónica se ha traslapado por la vía de la imposición el pensamiento hegemónico universalista con la finalidad de civilizar, desarrollar y modernizar al otro no europeo. El pueblo afro de Copala recae esa invención occidental del constructo mental conocido como “raza”, el cual tiene la finalidad de establecer una clasificación de las poblaciones del mundo y poner en marcha el proceso de racialización de los otros no europeos. Ante lo mencionado, se puede sostener que en Copala no existe una doble opresión como lo menciona Stuart (1992), sino una triple opresión: por raza, por discapacidad y por género.

Por ello, es relevante reivindicar la visión de la vida y los saberes ancestrales provenientes de aquellos registros culturales no occidentales, a pesar de que en la modernidad son despreciados y desvalorizados en cuanto a sus principios filosóficos constitutivos. Ello nos conduce a asumir que el conocimiento se ubica en posiciones geo-históricas y geo-políticas y no son únicas o universales.

Conclusiones:

En los estudios críticos en discapacidad, destacan de manera concreta las formas de nombrar, asumir y reproducir epistémicamente la discapacidad desde las particularidades de sus realidades locales y/o comunitarias, bajo condiciones discursivas, socioculturales, políticas y económicas de una modernidad colonial. Es decir, no se asume ni se reproduce la lógica sistémica universalista que homogeniza a la discapacidad e invisibiliza lo que se nombra, asume, comprende y reproduce en otros territorios como los Pueblos Originarios o Afrodescendientes.

El texto presentado es parte de una investigación que está en proceso, la finalidad es proporcionar información acerca de la concepción de la discapacidad que tiene el pueblo afro de Copala. Asimismo, se propone coadyuvar a la administración pública municipal en la elaboración de una base de datos y creación de un censo que especifique sus características específicas (alimentación, salud, educación, infraestructura, recreación, participación social y política) de las PcD del municipio.

Tenemos claro que la opresión y la desigualdad presentan fuertes contradicciones cuando se mezclan valores occidentales (valor de cambio) con los valores locales/comunitarios (valor de uso). Por lo que, se debe promover, de manera permanente, y reproducir los valores de uso en las relaciones sociales y en la economía. Ello, de alguna manera, permitirá cohesionarse entre sí y de manera colectiva lucharán y asumirán los retos que la sociedad occidental sigue imponiendo en todas las latitudes de este orbe.

A decir de Díaz “habrá que ir  inventando en el largo proceso histórico y social de construcción de un mundo donde quedan todos los mundos” (Díaz, 2017: 13). Esa postura es compartida por varios intelectuales contemporáneos de Nuestra América que luchan contra el racismo epistémico, el occidentalismo y el eurocentrismo, entre ellos Walsh, Paredes, Guzmán, Grofoguel, Mignolo, Quijano, De Souza, Dussel, entre otros, esa es nuestra tarea y compromiso ontológico y dialéctico.

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Palabras clave:

Discapacidad, capitalismo, complejidad, desigualdad, Pueblo Afro.

Resumen de la Ponencia:

LA GRATUIDAD UNIVERSITARIA EN CHILE: RESULTADOS CONTRADICTORIOS DE LA RESPUESTA A LA DEMANDA DEL MOVIMIENTO ESTUDIANTIL Resumen La investigación en que se basa este documento se propuso aportar a un amplio y actual debate que incluye las relaciones entre el Estado y el mercado en educación; el tipo de vínculo que existe entre la estrategia de desarrollo de un país y la garantía de los derechos de las personas y, específicamente, su foco estuvo en la política de gratuidad aprobada en Chile para garantizar el derecho a la educación superior de jóvenes vulnerables. El año 2011, se caracterizó en Chile por una nueva irrupción del movimiento estudiantil secundario y universitario. El movimiento social en defensa de la educación pública y su calidad, liderado por jóvenes, estalló y acumuló fuerzas semana tras semana, sorprendiendo a muchos. Persistieron hasta convertir sus demandas en prioridad de la agenda pública y en objetivos programáticos para las elecciones presidenciales y parlamentarias de 2013. Este es el origen político de una nueva legislación universitaria que incluye entre sus medidas a la gratuidad, como respuesta a la demanda por el acceso a la educación superior como un derecho: educación pública, gratuita y de calidad. La tramitación legislativa demoró hasta mayo de 2018, fecha en que se promulgó la Ley 21.091, que consagra definitivamente la política de gratuidad en Chile. El estudio[1] se orientó a indagar en la visión de estos jóvenes sobre la gratuidad como medio de restitución efectiva del derecho a la educación. Dado el carácter interinstitucional del proyecto y para capturar la visión de estudiantes con gratuidad, se focalizó el estudio en universidades localizadas en Santiago, adscritas a esta política, que concentran estudiantes en carreras de ciencias sociales y educación: Universidad Católica Silva Henríquez (UCSH) y Universidad Academia de Humanismo Cristiano (UAHC).  El estudio adoptó una estrategia metodológica mixta. En el contexto de crisis sanitaria (2020-2021), se aplicó una encuesta a 291 estudiantes mediante la plataforma SurveyMonkey y entrevistas en profundidad a 10 de ellos, utilizando la plataforma Zoom.Los resultados del estudio logran profundizar en la interacción entre las condiciones de vulnerabilidad de los/as estudiantes y la ejecución de esta política pública, tensionando su tránsito por la universidad.  Urge una evaluación sociológica de la política de gratuidad, porque ella refleja para Chile la disputa teórica y política fundamental que las sociedades latinoamericanas libran frente al neoliberalismo. Ese debate, de larga data, se ha visto acentuado en el escenario producido por el estallido social de octubre de 2019 y el proceso constituyente actualmente en curso en la sociedad chilena.   [1] Proyecto PII2002-VVB, financiado por el Fondo de Investigación Interinstitucional de la UCSH 2020.

Resumen de la Ponencia:

El presente escrito analiza el concepto de comunidad (o del nosotros) que surgió durante los primeros meses de la pandemia de COVID19 en México, cuando mediáticamente se presentaron las disposiciones del Estado y el organismo sanitario para cuidarnos del virus.  Al inicio y en los 6 primeros meses se llevó a cabo un proceso de inmunización que mostró que el Estado y el organismo sanitario diseñaron una política para la multitud y la presentaron como una política comunitaria. Se plantea que el concepto de “nosotros” entró en crisis con el surgimiento y el desenvolvimiento de la pandemia, dando lugar a que el Estado y la política sanitaria, se organizaran y se dirigieran a “la multitud.” 

Se tomará el planteamiento de Roberto Espósito y Patricia Manrique, sobre la dialéctica inmunitaria, para exponer de qué forma la pandemia de COVID19 propició una política sanitaria para la multitud.  En un segundo momento, se analizará a partir del pensamiento de la propuesta de estos autores, cómo la negación del otro en el proceso de pandemia afirma el carácter de intruso, extraño y extranjero que tenemos con nosotros mismos. Y es en esa intrusión y en esa extrañeza que existe, está la posibilidad de recobrar un “nosotros”. De ahí que no resulte necesario plantearse nociones como la de “nueva normalidad” como una solución al problema del cómo y en qué condiciones habremos de relacionarnos, siendo que la noción misma de “normalidad” no ha sido críticamente evaluada. Al contrario, la noción de nueva normalidad es la ilusión ofrecida por los que apuestan por una política sanitaria de las multitudes. Vivir juntos, en un nosotros, implica un abandono de la normalidad y el riesgo y la fragilidad en un proceso inmunitario.

Introducción:

El animal-hombre puede vivir más tiempo que todos los otros porque está constitutivamente enfermo, no pese a ello. Para poderse “recargar,” la vida necesita sin cesar aquello que la amenaza…

(Cf. Roberto Esposito, Immunitas, Protección y negación de la vida)

 

La primera versión de este trabajo la realicé en mayo de 2020, apenas un par de meses después de que surgiera la pandemia de COVID19 en México. En aquel momento existía en mí una prisa, un deseo ansioso por comprender si el dispositivo de inmunización llevado acabo por las autoridades sanitarias de nuestro país estaba resultando de alguna manera “más hospitalario” que en otros países como España- donde el confinamiento era estricto y cualquier vagabundeo era causa de arresto- o si nos encontrábamos ante una posible política sanitaria que desestimara la fragilidad humana ante lo desconocido, ante lo incierto, ante lo puramente viral para protegerse  de un estado de naturaleza y caos. 

Casi dos años después de haber comenzado con esta reflexión, me di cuenta que la prisa es mala aliada (como diría Patricia Manrique) en el ámbito del pensamiento y mucho peor en el análisis de sistemas y políticas de salud. El estudio de los procesos complejos de salud- enfermedad-atención y cuidado que formaron parte del dispositivo de inmunización al inicio de la pandemia de COVID19 requieren tiempo para ser reflexionados, de otra manera corremos el riesgo de integrar todos los elementos reduciéndolo a esquemas.

 En el 2020, no estábamos preparados para distanciarnos del acontecimiento de la pandemia en nuestras vidas, nos encontrábamos inmersos en un contínuo cambio de propuestas sobre seguridad social. Si acaso se mantenía la necesidad de un confinamiento general, uso de cubre bocas para evitar el contagio y la sanitización constante de manos para prevenirse de la enfermedad. Pero el tratamiento de la enfermedad por parte del sector salud en los hospitales públicos no parecía claro para los que no tenemos una formación médica y estábamos al tanto de la pandemia vía televisión, redes sociales o medios masivos de comunicación. En estos medios se hablaba del peligro del COVID19 por la velocidad del contagio, pero también por el índice acelerado de mortandad de los enfermos. El parámetro de lo “normal” al inicio de la pandemia se establecía a partir de enfermedades como la gripa (de la cual sabemos hay vacuna) que sólo mata a 1 de 30 pacientes. La mortalidad del coronavirus se presentaba mucho mayor por lo que parecía casi evidente que nos encontrábamos ante una situación anormal en términos de enfermedad.

 Al final, viendo las cifras diarias de fallecidos por Coronavirus, la existencia en la pandemia parecía poco prometedora y a muchos nos llevó a preguntarnos cómo podríamos relacionarnos con los otros, sin sentirnos amenazados por la posibilidad de que al contagiarnos falleciéramos; o que nosotros los contagiásemos y “presuntamente” acabáramos con sus vidas. La tensión y el miedo primordial era el contacto entre todos: vecinos, familiares, amigos, conocidos, desconocidos. También existía temor a la violencia, a la sensación o la percepción de que los otros dejaran la diplomacia, el tacto y las buenas costumbres para proteger sus vidas sin considerar la propia- cayendo todos en una suerte de estado de excepción prolongado-. ¿Cómo conservar ese lazo comunitario destruido por la pandemia? ¿Podía ser que los sistemas de salud y los sujetos del cuidado de la salud pudiesen reconstruir ese lazo? ¿O más bien sólo en una responsabilidad compartida finamente tejida cabría esa posibilidad? Estas preguntas me llevaron hoy día, a replantear viejas conclusiones.

Desarrollo:

¿A qué me refiero cuando hablo de un proceso de imunización? El primer argumento de Roberto Esposito en su obra Immunitas, Protección y negación de la vida, sostiene que toda comunidad tiene un aparato inmunitario. La palabra immunitas en su etimología refiere:  inmmunis: negación del munus (mundo); en su designación política: un privilegio; en su excepción jurídica: libre de cargas, exonerado, dispensado; en su excepción económica: quién no debe nada a nadie; y, en su carácter social: anticomunitario.

 En la excepción biomédica (a la que estamos más acostumbrados) ¨ (…) condición de refractariedad del organismo ante el peligro de contraer una enfermedad contagiosa.” (Esposito, 2005, p.16).

En un proceso de inmunización, suele privilegiarse al desarrollo de una vacuna, como el pilar y el centro del mismo proceso pues es en ella encontramos la reproducción controlada del virus como protección ante la enfermedad. Sin embargo, en mayo del 2020, el mundo aún estaba lejos de producir esa respuesta (o por lo menos no había conocimiento de que existiera) y por ello se produjeron otros procesos previos de inmunización.

 Para poder comprender el proceso de inmunización es necesario abordarlo en primer lugar, a partir de la teología política. La teología política fundamentó los procesos de imunización que después retomará la antropología filosófica y la biopolítica para analizar el fenómeno del Corona Virus. 

La teología política explica de qué manera la religión judeocristiana inserta la observancia de uno o varios rituales y el respeto a una o varias prohibiciones para constituir a la comunidad. Cuando se violentan estas condiciones, la comunidad se destruye y entonces el proceso de inmunización se pone en marcha. Sólo que éste no tiene aún un carácter asociado a una enfermedad como la entendemos actualmente. Su liga más próxima se remite a una violación en forma de pecado- que es un distanciamiento de Dios, cuando es él quien mantiene la unidad de la comunidad (el cuerpo de Cristo)-. La idea cristiana “No hay mal que por bien no venga” es el claro ejemplo de que la comunidad puede hacer uso del mal para recobrar la cercanía a lo divino. De otra manera, la comunidad en cuanto tal es insostenible.

 Para la antropología filosófica, que analiza el filósofo italiano, el proceso de inmunización es mucho más complejo. En nuestra era contemporánea la unidad de la comunidad involucra más allá de un basamento religioso. Se ponen en juego la participación de las instituciones como el Estado, pero también la mediación del conocimiento médico (o la institución médica) que configura y reconfigura nuestra visión de las enfermedades impactando socialmente. “Pero el exceso de mediación institucional que plantea la antropología filosófica no es más que una de las dos modalidades prevalecientes mediante las que el paradigma inmunitario se vincula con la dimensión colectiva de la vida.” (Esposito, 2005, p.25). 

La primera modalidad del paradigma inmunitario es la biopolítica o el dispositivo biopolítico que surge en el siglo XVIII. Este coloca al cuerpo biológico como sinónimo de la vida misma, reduciéndola por completo al vacío y a la desnudez. Anteriormente no se podía hablar de vida, sin hablar, por ejemplo, de poseer un espíritu o una conciencia. Sin embargo, el conocimiento se tornó instrumental cuando fue necesario evitar más muertes por enfermedad. Por ejemplo, durante la peste negra, que al inicio se pensaba era un problema de herejía y que sólo afectaba a ese grupo, pero después ante la gran mortandad se corrobora que caían hasta los más santos.

  Es entonces cuando los procesos de enfermedad y muerte cobran relevancia en un ámbito a nivel cuerpo biológico y se convierten en una amenaza. El cuerpo político que alguna vez sostenía su soberanía en el Rey o el Estado se sustituye por la protección reproductiva de la vida.  Se subordina una función biológica a una visión general de la realidad. Por lo que, la función del sistema inmunitario aparece como un dispositivo militar ofensivo y defensivo, que va en contra de todo lo que no es reconocido como <<propio>> y entonces debe ser rechazado y destruido. En este sentido “(…) la vida sólo puede ser protegida de lo que la niega mediante una negación ulterior.” (Esposito, 2005, p.28). 

Siguiendo el argumento en estos términos biopolíticos, la solución más próxima para defenderse de la amenaza de un virus es el uso del pharmakon (medicina y veneno al mismo tiempo). Este exceso de mediación del saber médico, sobre la posible solución de la amenaza de una enfermedad (Coronavirus) impide que la comunidad se reconozca como tal. Ya que subsume a la vida a meras funciones biológicas de cuerpos carentes de humanidad.

Esposito explica, que previo a este vaciamiento del cuerpo político en términos puramente biológicos, la propuesta Hobbesiana demuestra que el hombre pasa de un estado de naturaleza a un estado civil en la creación del Estado. El Estado funciona aquí como una nada artificial que permite anular la nada natural de la comunidad. Y así, aun cuando la comunidad pierde la socialidad durante el proceso de inmunización, la recobra cuando el soberano suspende su derecho de dar muerte a quien se le resista, esto significa que ¨la igualdad de todos los súbditos ante el soberano es la que desactiva el peligro determinado por la idéntica capacidad de dar o recibir muerte antes de la constitución del orden civil. ¨ (Esposito, 2005, p. 124). 

Sin embargo, en los primeros meses de este proceso de pandemización (como lo llama Jean Luc Nancy) resultó imposible poner en marcha este proceso de reanudación de la comunidad. En primer lugar, porque es un virus (el nivel biomédico) el que amenazaba a la vida en general. Se pierde la singularidad y la particularidad de la vida en tanto hombre (ser no puramente animal, ni puramente espíritu) y se desestima el orden de lo antropológico en términos de fragilidad humana.

 El acaecimiento de la pandemia, no es para nosotros, solamente del orden de lo biológico pues el animal-hombre, vive su existencia en términos de Esposito, como una constante herida que le obliga a objetivar su existencia y ponerla fuera de sí mismo. En la filosofía hegeliana, solo <<yo>> puedo constituirme como una conciencia a partir de mi relación <<con>> los otros y <<para>>los otros., siempre objetivándola.

 Esposito (2005) afirma que el hombre  “es la llaga, que lo refiere a lo otro de sí”.  El cuidado de sí mismo, así como el cuidado de los otros en sociedad representa una constante productividad de lo negativo. Es decir, una constante conciencia de que vivir en comunidad, o de vivir con otros implica por un lado un reconocimiento de mí mismo, pero también una amenaza. De esa amenaza, que es lo negativo, la comunidad necesita sacar provecho para sostenerse. Para que exista una communitas, es indispensable la existencia de una immunitas. No se puede negar el aparato inmunitario. Sin embargo, cuando existe una radical aspiración a conservar la comunidad, el aparato inmunitario se sobrepone a la comunidad y pone en manos de la política la protección de la vida humana. 

Al inicio y en los 6 primeros meses de la pandemia en México se llevó a cabo un proceso de inmunización que mostró que el Estado y el organismo sanitario diseñaron una política para la multitud y la presentaron como una política comunitaria. La modalidad de lo biopolítico se impuso de alguna manera, no sólo en México, sino en otros continentes como Europa. Manrique (2020), afirma que la comunidad, el “nosotros” se redujo al lenguaje de la identidad.

La biopolítica, completamente visible, ahora obligada si se quiere, implica e implicara, constantemente, decisiones acerca de quiénes somos, de cuál es “nuestra identidad” y quiénes formamos parte de ese “nosotros” que ahora hay que defender del virus, pero tiende a rechazar a todo lo extraño, otro… (p.159).

Es difícil aún sostener, después de tan poco tiempo del acontecimiento de la pandemia, que el organismo sanitario deliberadamente diseñara una política sanitaria para las multitudes. Me atrevo a proponer, más bien, que esa política fue una solución con “prisa” para contener la situación de amenaza. 

El dispositivo biopolítico encontró por lo menos tres procesos de inmunización que fueron puestos en marcha al inicio de la pandemia: el confinamiento, el distanciamiento social y el uso de cubre bocas. Con el confinamiento y el distanciamiento social, se hizo expresa la necesidad de romper con el contacto cuerpo a cuerpo que la política sanitaria requería para evitar el contagio del virus y así contener la mortandad. Pero este dispositivo de disgregación social necesario (la potencia de lo negativo) propicio con su violencia la pérdida de la sociabilidad, pero también de la diplomacia. Los primeros meses se impuso un confinamiento que, de manera individual, adoptamos. Sin embargo, también se impuso una vigilancia proveniente de la Guardia Nacional (en México) que en algunos lugares generó un estado de miedo constante en la población. 

Con respecto al tema del miedo generado entre ciudadanos y autoridades por la amenaza del Coronavirus, señala Roberto Espósito- siguiendo a Hobbes, hay en el cuerpo político distintas formas de manejar la violencia resultante. 

 La diplomacia, junto con el arte del “tacto” son dispositivos inmunitarios que generan cierta violencia pues el “(…) tacto es el arte de no-acercarse-demasiado, de no-ser demasiado abiertos” (Esposito, 2005, p.14). Sin embargo, la violencia del confinamiento o el distanciamiento social fueron dispositivos inmunitarios que de alguna manera desbordaron estos parámetros. Es importante resaltar la importancia de este arte para atender nuestro principal problema que es la comprensión de un “nosotros” en tiempos de pandemia. 

La violencia del confinamiento y del distanciamiento social, fue (y aún es) uno de los motivos por los cuales el organismo sanitario atendiera a la multitud, en lugar de buscar restituir el sentido de comunidad. Según Virno (citado en Wikipedia 2022) afirma:

La diferencia básica es que bajo la distinción de Hobbes el conjunto de ciudadanos quede simplificada a una unidad como cuerpo único con voluntad única, mientras que el concepto de multitud rehúsa de esa unidad conservando su naturaleza múltiple. (p. 2). 

La multitud o las multitudes funcionan como agentes de producción biopolítica dentro del sistema político. Por un lado, en un sentido negativo, se oponen al concepto de <<pueblo>>o al de <<muchedumbre>>, pues su naturaleza deviene múltiple y es imposible concebirlo como unidad. Por otro lado, su naturaleza múltiple permite la generación de una inmunidad virtuosa. 

En su función negativa, una política sanitaria dirigida a la multitud, describe la incapacidad del cuerpo político de definirse en una voluntad única que proteja a todos los ciudadanos de la amenaza de la enfermedad. Entiéndase por voluntad única y siguiendo a Nietzsche, la capacidad de una voluntad de poder sana, de poder hacer frente a la enfermedad que le aqueja, desde una posición de sujeto de cuidado fuerte. Esto es en términos políticos desde una política en donde el Estado y el organismo sanitario pudieran encontrarse en una posición de mediación no excesiva. Pero a consecuencia, de la percepción de la amenaza de vida-muerte que generó la pandemia, el proceso de inmunización se impone sobre la comunidad y prácticamente la elimina.

 Es aquí cuando, la consideración de una política sanitaria de las multitudes tiene un efecto positivo. Las disposiciones inmunitarias del confinamiento, el distanciamiento social y el uso de cobre bocas “impuestos” a todos, desdibujan todas las diferencias que impregnan nuestra vida cotidiana. Ya no hay determinaciones sobre clase, raza, edad, etc. sino disposiciones de cuidado, que inicialmente se disuelven en la categoría de la multitud. Gracias a este proceso aconteció que muchos médicos, enfermeros y voluntarios no se negaron a trabajar, aunque pudieron haber apelado a ello en una visión contractualista. La disolución de la categoría comunitaria en una categoría de multitud permitió que se llevara a cabo una propuesta de cuidado que en muchos de los casos propició la inmunidad virtuosa.

 

Conclusiones:

¿A qué nos referimos con inmunidad virtuosa?  La inmunidad virtuosa propuesta por Patricia Manrique y sustentada por Esposito, promueve que la salud sea una responsabilidad compartida. 

 Pensar desde el “Nosotros” para abandonar “La Multitud”, es en cierto sentido, el segundo momento, después de aquel en donde surge la disposición al cuidado del otro como responsabilidad compartida. Sabemos que estar expuestos o ser expuestos- en este caso al Coronavirus- propicia dos caminos: la búsqueda excesiva de la protección propia sin la responsabilidad por el otro o los otros; o la capacidad de la prestación mutua, en la fragilidad de la vida, como política de salud. 

En el primero de los casos se elude la responsabilidad por el otro pues primordialmente se le tiene por extraño, por extranjero o por amenaza. Esto en el sentido de no tener una cercanía o familiaridad o que no forme parte de tu comunidad o de un “nosotros”. El riesgo de esta posición va en dos vertientes: los dispositivos inmunitarios se perciben con una mayor violencia y pueden impulsar a este sector a permanecer en un estado de miedo y amenaza que impide restituir sus lazos comunitarios. Por lo cual, continúan inmersos en la categoría de la multitud pues no pueden salir de sí mismos. El segundo riesgo es que desdibujados en la multitud e incapaces de “ver” al otro más que como un cuerpo biológico, aplican la misma dialéctica de negación en sí mismos. Se subsumen voluntariamente a la propia violencia de la que creían mantenerse alejados. 

 En el segundo caso, la capacidad de la prestación mutua habla de una posición en donde esa categoría del “nosotros” se encuentra en constante apertura, sin la necesidad propiamente de identificación inicial. Aunque el proceso de inmunización exista un momento de negación del otro, durante la inmunización hospitalaria la responsabilidad compartida abre posibilidades donde la percepción del otro como un mero cuerpo biológico trascienden a un terreno existencial. Se ponen en juego las distintas capas que envuelven el entendimiento de la enfermedad. Se propicia nuevas habilidades de entendimiento y además se abre la posibilidad a crear políticas sanitarias donde la población participe en conjunto a las autoridades médicas. 

Pienso, que no es necesario plantearse nociones como la de “nueva normalidad” como una solución al problema del cómo y en qué condiciones habremos de relacionarnos para llevar a cabo una inmunidad hospitalaria. La noción misma de “normalidad” corre el peligro de evocar las condiciones civilizatorias prexistentes a la pandemia. La realidad, desde mi punto de vista, es que no existe un solo saber y una sola “normalidad” prexistente. 

La biopolítica impone de manera muy general, una visión de la realidad donde continuarán surgiendo nuevas enfermedades y en consecuencia nuevos fármacos o vacunas que resultarán necesarios para combatirlas. Es decir, nuevos aparatos de inmunización adaptados a las condiciones capitalistas. Un mensaje llevado a la multitud con demasiada prisa. 

Me parece, que saber quiénes somos nosotros, es también saber que el desarrollo de la biomédica en tratamiento de enfermedades provenientes de virus o bacterias han transformado la propia visión del cuerpo. Ya no existe, en estos días un cuerpo, puramente natural, o puramente constituido biológicamente que pueda llamarse “normal”. 

De la misma manera, tampoco existe un cuerpo político, un sistema político que consideremos “normal”. El desarrollo de la pandemia de COVID19 impulsó a las ciencias sociales- en mi caso a la filosofía- a no descartar la producción de nuevas formas de crear salud, a partir de la aceptación de que la enfermedad no necesariamente se asocia con un estado completamente higiénico, donde el cuerpo deja de ser frágil y puro. Y más bien entender en esta pandemización, la propia enfermedad es una oportunidad de recargar vida. Esto por supuesto, no quiere decir, que se elimine el temor ante la muerte y se busque borrarla pretendiendo que esta situación será la base de una nueva normalidad. La estrategia del borramiento, sólo sería consecuencia de la desestimación humana de la vida del animal- hombre. 

 

 

 

Bibliografía:

Esposito, R. (2005), Immunitas, protección y negación de la vida, Buenos Aires-Madrid, Argentina-España: Amorrortu editores.

Manrique, P. (2020), “Hospitalidad e inmunidad virtuosa”, en ASPO (ed.), Sopa de Wuhan (pp. 145-163), España, ASPO (Aislamiento Social Preventivo y Obligatorio) Editorial. 

 Virno, P. (2022), “Multitud”, Gramática de la Multitud. Para un análisis de las formas de vida contemporánea, 2, recuperado de http://www.wikipedia.org/wiki/multitud

Palabras clave:

 inmunización

biopolítica

multitud

Resumen de la Ponencia:

El racismo y la discriminación racial normalizada en México representan un obstáculo para las acciones afirmativas dirigidas a mejorar las condiciones de vida de los pueblos indígenas y de las personas negras afromexicanas. Existen programas aislados que pueden ser considerados como acciones afirmativas, como por ejemplo el  Sistema de Becas para Estudiantes de Pueblos Indígenas y Afromexicanos de la Universidad Nacional Autónoma de México, o las determinaciones del Instituto Nacional Electoral para que los partidos políticos reserven espacios para candidaturas de origen indígena o afromexicano. Sin embargo su operación apenas es incipiente y poco sistemática, aunque la Ley Federal para Prevenir y Eliminar la Discriminación las contemplen como medidas especiales, específicas y de caracter temporal, no están consideradas como políticas del Estado para corregir situaciones evidentes de desigualdad. 

Resumen de la Ponencia:

Neste texto analiso o papel e a atuação política do movimento social Coletivo Fora do Eixo. Utilizando as plataformas digitais, entrevistas e vivencia que realizei com esses jovens militantes durante minha pesquisa de mestrado, destaco a presença política e social do grupo, descrevo as relações político-partidárias das lideranças das frentes de trabalho e seus consultores, analiso suas narrativas e como produzem sentido político na rede social da Mídia Ninja no Instagram. Além disso, analiso como eles dão sentido as articulações políticas de forma colaborativa e como o FdE se tornou um mecanismo engajador de informações e ações nas redes sociais para diversos políticos, partidos, artistas e jovens do Brasil e do Mundo.  E, desta forma, conhecer os processos coletivos no âmbito político, cultural e da comunicação e o que motivam jovens, de diferentes propostas sociais e culturais, estejam em qualquer parte do globo, a se articularem e se organizarem em rede a ponto de gerar meios colaborativos off-line e on-line.

Resumen de la Ponencia:

A fin de profundizar en los interrogantes centrales en que se estructura el debate actual en torno a la cuestión socioambiental en Latinoamérica. En un escenario en el que se recrudece la disputa sobre la apropiación desigual de los recursos naturales y la concentración de la riqueza que se genera en torno a ella. Se trabaja a partir de los aportes conceptuales de tres corrientes teóricas que abordan dicha problemática desde el ámbito de las ciencias sociales, constituyéndose como Unidades de Análisis del proyecto.                A) En primer lugar, se profundiza en el análisis de los puntos de encuentro entre: el pensamiento crítico latinoamericano y la ecología política latinoamericana, considerando los tópicos sobre los que se estructuran ambas corrientes, en torno a la cuestión socioambiental, en sentido histórico territorial y epistemológico.  Para ello se recurre, en primera instancia, a la sistematización desarrollada por Alimonda (2011, 2013, 2015, 2016) en cuya obra se observa que: ambas corrientes comparten la inquietud central sobre la definición de su origen identitario, así como en descubrir las claves sobre las que se estructura dicho proceso. B) Posteriormente la investigación se enfoca en el análisis de: la historia ambiental latinoamericana, profundizada en los trabajos de Alimonda (2015); Brailovsky y Foguelman (2001); Brailovsky (2005, 2006); Chumbita (2013); Galeano (2007); Leff (2006, 2007) y Quijano (2014), entre otros, desde los cuales se propone un abordaje que entrecruza aspectos eco-sociales con los procesos históricos y su análisis político. C) Por último: la investigación se centra en los aportes de la corriente ambiental crítica en particular en el análisis comparado de algunas respuestas alternativas que emergen del pensamiento ambiental crítico tales como el Buen Vivir, el ecosocialismo, la economía ecológica, el ecofeminismo, el ecologismo popular y la biomímesis. Dicha corriente se configura a partir de los aportes de la sociología, la ética, la filosofía y la economía (en sus vertientes ambientales). Ámbitos desde los cuales, más allá de los diversos marcos explicativos de los cuales se estructura su posición, coinciden en señalar que el modelo actual de acumulación, reproduce las condiciones para la reducción del ambiente a la razón instrumental y la capitalización de la naturaleza (Agoglia, 2018). 

Resumen de la Ponencia:

 Desde 1994 los distintos actos conmemorativos del atentado a la Asociación Mutual Israelita Argentina (A.M.I.A.) fueron de convocatoria pública y en distintos espacios de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires: al frente de la mutual, sobre la calle Pasteur al 600; en Plaza Lavalle, frente a Tribunales; en la esquina del Congreso Nacional, Callao y Rivadavia o en Plaza de Mayo, por nombrar algunos. Al igual que otras manifestaciones colectivas, estos actos brindan la posibilidad del estar ahí, con-otres, el protagonismo del testimonio por parte de sobrevivientes, familiares y amigos/as de las víctimas y también la puesta en prácticade la escucha y el encuentro de quienes acompañan. Cada acto tiene sus particularidades, sus imágenes y representantes. En 2020, el Aislamiento Social Preventivo y Obligatorio (A.S.P.O) significó un cambio en todo sentido y más aún en estas experiencias: produjo un impedimento para el encuentro a la vez que le brindó protagonismo a las redes sociales, al uso previo, durante y luego de cada conmemoración. El primer objetivo de este escrito será realizar una pequeña descripción de los modos en que los actos se llevaban a cabo y luego focalizarnos en el acto central, coordinado por Familiares de víctimas y sobrevivientes del atentado a la AMIA y el Espacio de Arte de la mutual, y el acto de Memoria Activa, una de las organizaciones que se forma poco tiempo después del atentado. Como segundo punto, ceñiremos el análisis de los actos realizados este año en la dimensión estético-política: atendiendo centralmente a las imágenes y su valor cultural/exhibitivo.Las fotografías de periodistas gráficos y las imágenes tomadas con videocámaras, tanto de canales de televisión como amateurs, inundaron los diarios y las pantallas televisivas. Aún hoy, cada año, los especiales televisivos recuperan esos archivos y lo que sintetiza visualmente la conmemoración es la imagen de la ruina. ¿Qué implicancias tiene la imagen en el germen simbólico del atentado a la AMIA? O, en otras palabras, ¿hay acontecimiento sin la imagen que circula en los medios de comunicación –casi exclusivamente– el día de su conmemoración? (Baudrillard, 2004).

Resumen de la Ponencia:

Las cuencas hidrográficas aún siguen siendo los canales primigenios de integración interétnica y mestiza de las mujeres y hombres de la Amazonía. En la actualidad, en nombre del desarrollo, la construcción de carreteras por parte del Estado y la inyección de capitales públicos y privados están irrumpiendo en las zonas más recónditas de los bosques tropicales y de las riberas fluviales de la gran franja verde, lo que viene desencadenando una serie de olas migratorias de población nativa a los centros urbanos y de la neocolonización mestiza hacia territorios indígenas.

El distrito de Balsapuerto, jurisdicción perteneciente a la región Loreto-Perú, es el territorio que alberga al mayor porcentaje de población de la etnia shawi que, actualmente, con la intervención de la inversión público-privada, las nuevas dinámicas económicas, migratorias e industrias extractivas, que ha facultado la habilitación de carreteras dentro de sus territorios en los últimos seis años, se encuentra en la encrucijada de preservar sus «formas originarias» o asimilarse a la «modernidad» y al «modelo de desarrollo imperante» para bien o para mal.

Introducción:

Loreto es el departamento más extenso del Perú y de la Amazonía peruana, con una superficie de 36 885 195 km2, que abarca el 28.7 % del territorio nacional y el 51 % del territorio de la franja oriental del Perú. Cuenta con una gran diversidad cultural y biológica. Se divide políticamente en 8 provincias y 53 distritos. La población está conformada por colonos, mestizos y un amplio grupo de etnias nativas, pueblos ribereños y población urbana. Esta gran diversidad de naciones es un patrimonio de culturas y saberes que magnifican el crisol como país pluricultural, rasgo que a su vez nos aleja de una cohesión político social por la forma en cómo se ha ido abordando estas diferencias culturales en el ámbito de las políticas de Estado, en el tejido social, en los factores económicos, culturales, sociales y medioambientales en el panorama actual.

El Estado, en las últimas tres décadas, a partir de sus políticas de desarrollo y la ampliación de las vías de transporte, ha acelerado los procesos de globalización e «integración» al mercado. Esto ha condicionado a pueblos originarios de la Amazonía a integrarse o asimilarse a las nuevas dinámicas económicas del nuevo orden que se rige bajo el influjo del «desarrollo humano».

El Plan de Desarrollo Concertado de Loreto al 2021 (PDRC) contenía entre sus objetivos el incrementar y mejorar los Índices de Desarrollo Humano (IDH) en la población del departamento, con mención sobresaliente hacia los pueblos originarios de la región, donde se estipula, que las distancias geográficas deben ser reducidas mediante la implementación de infraestructuras de carretera para facilitar el acceso a los distritos y comunidades antes no integradas a una red vial. Por consiguiente, la construcción de carreteras y el impacto de sus ejecuciones conllevan a la agilización de accesos a zonas antes distantes de los centros de operación del flujo económico y de las instancias del Gobierno que cumplen la función de brindar asistencia en factores primarios como salud, educación y vivienda; agentes que van permeando en las estructuras culturales y de organización social de las comunidades habitadas por grupos humanos originarios. En este ensayo con base etnográfica (tiempos etnográficos 2016 – 2022) nos centraremos en Balsapuerto como espacio de estudio. Se trata de uno de los seis distritos que conforman la provincia del Alto Amazonas en el departamento de Loreto, que hasta el 2016 albergaba a más de ciento treinta comunidades nativas de la etnia shawi (chayahuitas), según fuente de Mifler del Aguila, el entonces gobernador. El acceso a la carretera afirmada y puente vial que une al distrito con la capital de la provincia (Yurimaguas) marca un antes y un después en la cotidianidad de los habitantes shawis. En efecto, estos acontecimientos han desencadenado una interacción ambigua, hechos que hacen visibles las asimetrías tanto en aspectos cualitativos como cuantitativos y las desventajas en el desarrollo de facultades de un porcentaje importante de citada población, escenarios de resistencias, asimilación o integración de patrones culturales, económicos y de subsistencia de los habitantes nativos frente a la llegada de nuevos actores sociales que arriban a las tierras de la Amazonía, que es promovida por un interés ajeno al de los pueblos originarios.

Ante esta situación surge una interrogante: ¿la ejecución de proyectos de infraestructura y las nuevas dinámicas económicas implantadas por las Políticas Públicas y Planes de Desarrollo promovidas por el Estado y otros agentes externos consideran las diferenciaciones socioculturales, necesidades diferenciadas y los posibles impactos en las comunidades shawi que habitan en el distrito de Balsapuerto? Consideramos que esta interacción producto de los desplazamientos migratorios ha visibilizado las fuertes brechas que existen entre los habitantes originarios de la etnia shawi y los nuevos actores sociales que arriban al territorio con expectativas de comercio, inversión y actividades extractivas. Gran parte de la población shawi se encuentra hoy en día en la encrucijada del desarrollismo voraz que se está expandiendo en la Amazonía: si no articulan mecanismos que desarrollen sus capacidades y fortalezas frente a amenazas de actores y factores externos, estarán expuestos y confinados a ser solo beneficiarios del asistencialismo estatal y escuetos testigos de la explotación de sus recursos; y si siguen en ese mismo caudal de dinámicas, pasarán a engrosar la lista de los desplazados por el desarrollo.

Los objetivos de este trabajo son, por un lado, diagnosticar y analizar las diferenciaciones socioculturales y perspectivas demandantes, desde la población, para ser contrastadas con los datos y resultados de factores específicos de los proyectos y programas de desarrollo activados en la zona de estudio. Por otro lado, identificar los impactos y posibles impactos sociales, culturales, económicos y ambientales dentro de la jurisdicción del distrito como resultado de la ejecución de proyectos de desarrollo e infraestructura y migración agrícola.

La presente investigación es de carácter cualitativo; la observación, interpretación de los testimonios de fuentes provenientes de los actores principales y actores secundarios contrastaron y reforzaron el trabajo de campo etnográfico, métodos que han sido fundamentales para la obtención de datos e información para formular una teoría etnográfica e hipótesis con grado de veracidad y que pueda acercarnos a una comprensión del fenómeno que estamos abordando.

Las técnicas que se utilizaron para las entrevistas fueron de carácter abierto y semiestructurado y el diálogo libre como método de obtención de informaciones de diversas variables.

 

Los shawis

Los chayahuitas o shawis, como se autodenominan en la actualidad, pertenecen a una de las cincuenta y una etnias que habitan en la Amazonía peruana, y forman parte de la familia etnolingüística cahuapanas. Para referirse a sí mismos, los shawis emplean los términos Campo Piyapi, que significa «nuestra gente», o también Piyapi, que es «gente». La mayor concentración de población shawi vive en los territorios concernientes a la jurisdicción del distrito de Balsapuerto, provincia del Alto Amazonas en el departamento de Loreto.

Los chayahuitas o shawis forman parte, junto a los jeberos o shiwilu, a la familia lingüística cahuapana. Su idioma, llamado por ellos como kamponan, presenta una pequeña gama de diferencias, principalmente fonéticas, que se identifican como dialectos de cada una de las cuencas por los que los chayahuitas hablantes se distribuyen (García Tomás, 2021, p. 42).

El antropólogo Aldo Fuentes ha rastreado los antecedentes históricos de la etnia, cuya mención en los relatos de los cronistas de la colonia señalan que «los primeros datos históricos que tenemos de la familia cahuapanas, nos vienen de Alonso de Mercadillo y Diego Núñez, españoles que atravesaron el territorio de los chayahuita y otros grupos cahuapana en 1538-39» (Golob cit. por Fuentes, 1988, p. 14).

Desarrollo:

En la década de los noventa, con la irrupción del modelo neoliberal adoptado por el Gobierno de Alberto Fujimori, se propulsó la inversión privada y la economía de mercado en el país. Esto reconfiguró el panorama de las inversiones en el territorio y su repercusión en las sociedades centralizadas y urbanas. Para cumplir tal objetivo, el Estado debía subsanar la falta de infraestructura que facilitase el flujo de las inversiones por parte de las empresas privadas. Por otra parte, ante la ausencia del Estado en zonas antes aisladas, se optó por la construcción de carreteras y vías de acceso, aeropuertos y puertos fluviales; estas innovaciones fueron parte de un proceso para generar la actividad económica de inversión que involucra variables de migración, trabajo en obras, desplazamientos, movilidad social y sus impactos en la expansión de ciudades o de centros poblados que se convierten en ciudades de arribo. Sin embargo, en la actualidad, estos procesos penetran a mansalva en los bosques de los llanos amazónicos.

La inversión en construcción de infraestructuras tenía un propósito por parte del Estado: acercar el desarrollo y la inversión a las poblaciones periféricas, poblaciones nativas u originarias y comunidades campesinas a los centros urbanos y de concentración de las instituciones del poder central y económico. En consecuencia, la maquinaria del desarrollo tenía que entrar en marcha.

Aquí se concentran las dicotomías del progreso o desarrollo. Evidentemente, una de las formas de expansión de todo poder y sistema de gobierno es permear en las estructuras sociales de los grupos humanos, escenario donde las vías de comunicación son la clave para la conectividad y legitimación de un sistema político económico.

En un contexto neoliberal y en un espacio tan diverso y fragmentado, como el Perú, la labor de discernir entre lo positivo y negativo en cuanto al impacto que generan las dinámicas desarrollistas es ambiguo. Por lo general, se resumen en perspectivas y aproximaciones basadas en datos cuantitativos, que no se ajustan a las realidades difusas, aspectos que son cada vez más cinéticas en el escenario local y global dentro de la red de interacciones.

El debate de si los pueblos originarios deben mantenerse aislados del alienante mundo occidental, creyendo que de esa manera se conservará impoluto su legado cultural, siempre ha sido tema de discusión en la antropología. En el plano académico se entiende que ninguna cultura ha surgido sin la integración de elementos de culturas externas y que han ido integrando a sus propios sistemas socioculturales y las han hecho propias, lo que ha creado patrones que la caracterizan frente a otras sociedades dentro de las diversidades en interacción. No necesariamente nos referimos a los rasgos esencialistas como lengua, fenotipos y linaje sino de factores dentro de rangos más epidérmicos de expresiones externas que están, en mayor medida, sujetos a cambios producto de la interacción con otros grupos y espacios.

Actualmente, los pueblos originarios que habitan en sus territorios de origen o los que se han establecido en espacios urbanos han adoptado otros mecanismos para mantener en vigencia su cultura. Esto ha dejado de lado el estereotipo de que se niegan a formar parte del proceso de desenvolvimiento del mundo contemporáneo y son ellos los quienes deciden, sabiendo que siempre estuvieron presentes en el proceso de globalización desde hace más de quinientos años. No obstante, no es posible imponer un manual o implantar una fórmula a raja tabla en el que deben desenvolverse las culturas originarias; por lo tanto, son inevitables los cambios de paradigmas socioculturales que cada unidad cultural afronta, pero la manera veloz y volátil como se desenvuelve el mundo actual pone en juego las identidades, y más explícitamente a los pueblos originarios que se encuentran aún en su espacio territorial primigenio. Dentro del enfoque de etnicidad, Fredrick Barth argumentó que «la cultura no es sino una forma de describir la conducta humana» (1976, p. 9). Son conductas que contienen arquetipos que establecen parámetros de diferenciación con otros grupos humanos; esta dinámica se desarrolla en un espacio geográfico que por una construcción social es delimitada y se convierte en territorio, que contiene recursos con los cuales sus habitantes al transformarlos articulan su estructura social.

La expansión en favor de penetrar nuevos territorios ha sido una constante en la evolución humana. El esparcimiento del modelo neoliberal con sus herramientas y mecanismos de expansión han llegado de manera intempestiva en los últimos años a las comunidades shawis del distrito de Balsapuerto, lo que les ha condicionado a una vulnerabilidad aparentemente inocua ante la llegada de la carretera al centro poblado principal.

Al presente, el distrito y sus habitantes, con la apertura de las vías de comunicación, el desplazamiento social y agrícola, los programas del Estado y las nuevas dinámicas económicas, se encuentran en la encrucijada de preservar sus formas primigenias o adaptarse a la «modernidad».

El Estado, representado por el gobierno regional y edil, sigue los mismos preceptos del esquema central de desarrollo unilineal que promocionan el desarrollo incluyendo a la nación shawi, pero en la práctica se resume a que estos solo se ven beneficiados por los programas sociales que cubre el Estado en la zona, mas no de la explotación sostenible y producción de sus recursos existentes en sus territorios. De hecho, las diferencias culturales y necesidades específicas no son consideradas en la ejecución como estipulan, por lo regular, en los perfiles de los proyectos de desarrollo.

Mientras que un sector de la población shawi es indiferente a los acontecimientos que vienen ejecutándose en su entorno; otros se resisten y observan las medidas como amenaza de expropiación de sus tierras, en comparación con un grupo que se muestra optimista ante la llegada de la carretera y obras de infraestructura como el cableado de luz y construcción de letrinas en las casas de la comunidad. Les resulta claro que se trata de un avance en las mejoras de calidad de vida de la población; y observan con expectativa en el supuesto de que el simple hecho de la construcción de la carretera y la migración de población foránea a las comunidades les permitirá salir de la pobreza, contexto en el que cabe citar los postulados e interrogantes de Gilbert Rist que contienen las paradojas del desarrollo humano en un ámbito de asimetrías estructurales y de diferencias culturales no abordadas en su mayor dimensión:

En todos los sentidos el término: atraer, agradar, fascinar, hacer ilusión y también engañar, alejar de la verdad, embaucar. ¿Cómo no rendirse a la idea de que pudiera existir un método para eliminar la pobreza que aparece por todas partes? ¿Cómo atreverse a pensar, al mismo tiempo, que el remedio pudiera agravar el mal que se quiere combatir? (2002, p. 13).

El discurso del desarrollo suena alentador, pero las perspectivas de los actores sociales son dispares. Para un nativo, que subsiste con fondos que provienen de los programas sociales como Pensión 65 o Juntos, el que se abran trochas carrozables y pase cerca de su vivienda es un avance. Esto corrobora la versión de un comunero shawi de Nueva Luz: «la trocha carrozable me va a hacer fácil que las cosas que compro en el distrito poder traerlos hasta mi casa, que queda a media hora caminando, así ya no tendré que cargar porque las traeré en el motocarro». Por otra parte, la perspectiva de los migrantes asentados en la zona es de poner negocios y el expendio de mercaderías que transportan desde la ciudad. Las actividades de producción de los nativos que moran en zonas más adentradas continúan siendo la caza, la pesca y la recolección —labores que, a su vez, se ven amenazadas por la depredación de sus bosques—, y otras actividades, como la actividad agrícola de sustento. Esto significa que ellos todavía no están adaptados a una actividad económica de producción, en cambio las comunidades cercanas al centro poblado del distrito y que se encuentran en la ruta de la carretera han ido asimilando dinámicas de comercio, e incluso algunos han incursionado en el cultivo de café y cacao, aunque sus desventajas son mayores frente al capital con el que vienen los migrantes motivados en invertir en Balsapuerto, lo que deja en evidencia las brechas en cuanto al desarrollo de capacidades de los individuos en interacción.

Asimismo, existen organizaciones, como la Federación de Comunidades Nativas Chayauitas (FECONACHA) que no se opone a la construcción de la carretera, que en la actualidad tienen planeado articular el tramo desde Balsapuerto centro poblado a Moyobamba, como extensión del proyecto del Plan de Desarrollo Concertado de la Región Loreto al 2021. Los miembros de la federación mencionada exhortan como condición y demanda a que el estado titule las tierras colindantes a nombre de las comunidades nativas de la etnia shawi del distrito de Balsapuerto, con el fin de preservar la intangibilidad de los bosques de los que obtienen recursos para su subsistencia. Lejos de las tensiones, esta federación ha sufrido divisiones internas, debido a sectores que confían en la participación del Estado y el desarrollo prometido, influenciados por discursos y estrategias como el alquiler de tierras por parte de los colonos, lo que les inserta en la lógica capitalista.

Con respecto a otras organizaciones, como la Coordinadora Regional de Pueblos Indígenas-San Lorenzo (CORPI), estas también tienen un discurso que si bien atiende a la defensa del territorio shawi; al mismo tiempo, mantienen la visualización de la infraestructura vial como parte de los elementos necesarios para el desarrollo de la comunidad.

El profesor de Educación Intercultural Bilingüe (EIB), Wilson Pizango (33), manifiesta los beneficios que se generan a partir de la construcción de las carreteras, como el acortamiento de distancias. Así, los desplazamientos que podían durar hasta tres días en canoa disminuyen a solo dos o tres horas en auto desde la ciudad de Yurimaguas, capital de la provincia del Alto Amazonas, que es el centro de operaciones comerciales e institucionales más cercano al distrito de Balsapuerto. En su testimonio, Pizango manifestó que la carretera ayuda a conectar a las comunidades shawi con la ciudad, pero a su vez ha generado mayores índices de delincuencia, robos por parte foráneos, el incremento de la tala ilegal y depredación de los bosques que es incluso permitido por los propios nativos que se ven seducidos por una poca cantidad de dinero que les ofertan los madereros. Sobre todo, recalca la pérdida de costumbres y manifestaciones que identifican a los shawis como etnia y pueblo originario, sumado al alza del costo de vida.

Otro punto por considerar es que el acercamiento de la ciudad y del país en general a estos espacios y comunidades ha propiciado la migración estacional por trabajo. Aunque no es un fenómeno reciente, se ha acentuado con la conexión vial, en donde empresas como las del rubro agroindustrial de Trujillo o Ica movilizan a captadores de mano de obra para ofrecer puestos de trabajo que terminan siendo precarios y que alientan la deserción escolar, dado que muchos adolescentes se ven atraídos por las ofertas de empleo. Esta situación de interconexión vial también ha promovido la aparición de colonos, que terminan alquilando las tierras y contratando a los mismos shawis para desarrollar trabajos agrícolas.

En contraparte, el Plan de Desarrollo Regional Concertado de Loreto menciona en su proyecto implantar programas en los que se trabajen el desarrollo de las capacidades de la población nativa. No obstante, estos programas no se concretan debido a la falta de interés de las autoridades y a la falta de iniciativa y la poca importancia que se le asigna a la población shawi. Estos son aspectos que condicionan y facilitan la libre entrada de actores externos en el territorio para desarrollar actividades económicas como la extracción de madera y el alquiler de tierras para cultivo. De esta manera, se involucra la explotación de recursos y, por ende, la transformación del espacio geográfico de las tierras intangibles y comunales, lo que valida lo argumentado por Anthony Bebbington en referencia a lo que se está desencadenando en toda la región amazónica del continente.

[...] el rápido crecimiento del número de proyectos de infraestructura aprobados y propuestos, que incluyen represas, plantas hidroeléctricas, hidrovías, carreteras rutas de acceso y viviendas para los trabajadores de las obras de infraestructura, ha contribuido, y sin duda seguirá contribuyendo, con la transformación de la cuenca del Amazonas. Las actividades extractivas, específicamente la minería a escala industrial y los desarrollos relacionados con hidrocarburos, también requieren carreteras, ductos, vías férreas e instalaciones de puertos para transportar las commodities a mercados distantes. Las inversiones en infraestructura y en la industria extractiva en la Amazonía interactúan y se refuerzan mutuamente para producir impactos sociales y cambios significativos en el paisaje [...] (Bebbington y otros, 2019, p. 12).

Es correlativo a la realidad que vive actualmente la Amazonía, contextualizando, en este caso, en el distrito de Balsapuerto y las comunidades shawis, que han sido impactadas rápida y continuamente con la llegada de la carretera desde el año 2016. Esta rapidez es exigida por el mundo moderno para no quedarnos rezagados y así formar parte del éxito promovido por el «desarrollo» (un éxito medido en la capacidad de consumo, y un consumo ligado a productos de manufactura que vuelven nuestras vidas, aparentemente, más «fáciles y felices»). Por consiguiente, estas industrias de manufactura necesitan de materia prima y esta materia en sus diferentes estados y componentes se encuentran en la naturaleza y sobre todo abundan en la Amazonía.

Finiquitada la carretera tramo Yurimaguas-Balsapuerto (2016), el gobierno regional de Loreto, con su oficina descentralizada en Yurimaguas en coordinación con el gobierno regional de San Martín, viene planificando la construcción y continuación de la carretera Balsapuerto–Moyobamba, proyecto que ha movilizado a la formación de asociaciones indígenas en el distrito las cuales tienen posiciones divergentes respecto al proyecto. Mientras que un sector se opone a la construcción, pues alega que este proyecto afectará los bosques de los que ellos se benefician con la caza y la extracción de madera para sus construcciones; otro sector no se opone a la construcción de la carretera siempre y cuando el gobierno regional otorgue títulos de propiedad a las comunidades nativas shawis, como lo planteaba FECONACHA (titulación de los bosques por donde pasará el nuevo tramo para evitar que estas tierras sean lotizadas o dadas en concesión). El territorio en cuestión es el cerro La Escalera, ubicado en la frontera entre Balsapuerto, perteneciente a la región Loreto, y Moyobamba, perteneciente a la región San Martín. La construcción de esta vía de transporte por versión de transportistas de la zona permitiría el flujo de mercancía y, principalmente, de extracción de madera. La pugna entre las autoridades que quieren justificarse en la inserción al desarrollo de los shawis y las asociaciones nativas que reclaman la intangibilidad de sus bosques pone en entredicho la construcción de carreteras, como lo sustenta Bebbington en sus estudios sobre el impacto ambiental de las construcciones de infraestructuras en la Amazonía:

Los defensores de la construcción de nuevas carreteras y mejoras en los caminos en la Amazonía sostienen que el aumento de la conectividad (mediante corredores de transporte multimodal) permitirá a los productores reducir el tiempo y el costo del transporte, mejorar la competitividad y aumentar las exportaciones [...] (Bebbington y otros, 2019, p. 33).

Estos argumentos, sumados a las opiniones diversas y contrariadas de los habitantes, hacen cuestionar si es que las infraestructuras viales y las dinámicas, que son implantadas por actores externos en condiciones de ventaja, en verdad ayudan al desarrollo de las comunidades shawis.

Obviamente, si lo vemos desde una óptica occidentalizada, la respuesta es que sí. La «modernidad» está llegando a cumplir con sus objetivos de homogenizar y erradicar las culturas diferentes a las idealizadas por el espectro hegemónico del consumo. Ante este panorama, muchas unidades familiares shawi vienen desplazándose hacia la ciudad, e intentan mimetizarse en un espacio que muchas veces les es hostil. Asimismo, otras unidades que forman una comunidad se dispersan, ya no como una característica habitual de proliferarse y ocupar sus territorios, sino para fragmentarse y formar nuevas comunidades en territorios amenazados por la construcción de carreteras; la dispersión ahora es vista como un mecanismo de resistencia para evitar que les expropien sus tierras.

En un contexto similar, Urrutia y otros (2019) argumentan que las comunidades campesinas y nativas (en el caso amazónico) siempre han sido reducidas solo a unidades productivas y no han sido planteadas como unidades integradoras de modernidad, ya que, según los paradigmas occidentales y urbanos, la comunidad campesina o nativa siempre ha sido sinónimo de una vida precaria, excluida de comodidades y subdesarrollada. Por consiguiente, podemos argumentar que las expectativas de las convivencias que se reproducen en comunidades, es decir, el vivir en conjunto con otras unidades familiares ya es un indicador de cohesión que es antesala para la construcción de una vida en sociedad y articuladora de la individuación y ciudadanía del sujeto dentro de un Estado.

Entre tantos actores sociales, desplazamientos sociales y migraciones agrícolas, carreteras, industrias extractivas y demás variables del «desarrollo» en Balsapuerto, los cambios generados por los impactos están teniendo repercusiones de considerable magnitud en la educación, la salud, el género, el territorio y el medioambiente.

El discurso del desarrollo ha cristalizado en prácticas que contribuyen a regular el ir y venir cotidiano de la gente del Tercer Mundo. ¿Cómo se ejerce su poder en la vida diaria, social, y económica de países y comunidades? ¿Cómo logra su efecto sobre el pensamiento y la acción de la gente, sobre la forma en que se siente y se vive la vida? (Escobar, 1998, p. 203).

La cita de Arturo Escobar resulta pertinente no para responder la interrogante sobre la benevolencia o no del desarrollo, sino para sumar más incógnitas.

Conclusiones:

En conclusión, en los últimos años, las dinámicas económicas, culturales, ecológicas migratorias y territoriales dentro de los linderos del distrito de Balsapuerto, que involucran a las poblaciones nativas shawis y de población colona, vienen reconfigurando el espacio y las interacciones. Esto arriesga las identidades y el impacto en el medio ambiente y la preservación de la Amazonía, sus bosques y cuencas hidrográficas. Estos impactos deben generar conciencia y solidaridad, con el propósito no solo de encapsular a las instituciones competentes, tanto estatales, privadas o civiles, sino también para incluir a otros actores que prevén que el futuro de las culturas y del ser humano se centrará en los recursos que contiene la franja verde y en conjunto con las demás entidades bióticas que habitan la Amazonia. A los integrantes de la etnia shawi les corresponde articular mecanismos para fortalecerse como grupo humano originario para salvaguardar y rescatar sus conocimientos previos con el objetivo de equilibrar la inevitable proliferación e impactos del avance de los paradigmas del desarrollismo propios del mundo moderno que viene expandiéndose dentro de sus territorios para bien o para mal.

Bibliografía:

 

Barth, F. (1976). Los grupos étnicos y sus fronteras (Vol. 197, N.° 6). Fondo de Cultura Económica, México. 

Bebbington, D., Verdum, R., Gamboa, C., & Bebbington, A. (2019). Evaluación y alcance de la industria extractiva y la infraestructura en relación con la deforestación. Derecho, Ambiente y Recursos Naturales.

Escobar, A. (2007). La invención del tercer mundo. Construcción y Deconstrucción del Desarrollo. Fundación Editorial la Rana y el Perro, Caracas, Venezuela.

Fuentes, A. (1998). Porque las piedras no mueren: historia, sociedad y ritos de los chayahuitas del Alto Amazonas. Centro Amazónico de Antropología y Aplicación Práctica.

García Tomás, M. D. (2021) Imaginario shawi a través de su música y su danza. Centro Amazónico de Antropología y Aplicación Práctica.

Rist, G. (2002). El desarrollo: historia de una creencia occidental. Editorial Catarata.

Urrutia, J., Remy, M. Isabel, & Burneo, M. L. (2019). Comunidades campesinas y nativas en el contexto neoliberal peruano. Instituto de Estudios Peruanos.

 

Palabras clave:

PALABRAS CLAVE: Desarrollo, políticas de Estado, impactos, carreteras, inclusión. 

Resumen de la Ponencia:

La pandemia del Covid-19 representó un punto de inflexión en términos de comunicación interpersonal como pocas veces se ha identificado en la historia. En tiempo récord, muchos países decretaron medidas de distanciamiento social con el fin de evitar que el virus se propagara. Las plataformas digitales fueron el medio idóneo para que millones de personas se mantuvieran en contacto, estuvieran al pendiente de las noticias, y continuaran con sus labores. En este proceso, la confianza en estas herramientas digitales y en las fuentes que las utilizan, fue un factor clave en que las mismas tuviesen un impacto positivo o negativo en la vida de las personas. Este es uno de los constructos que se analizan en la presente investigación, que se realizó en México cuando la mayoría de los estudiantes de universidades públicas y privadas tomaban clases a distancia. Las plataformas digitales ofrecieron oportunidades considerables para mantenerse en contacto: la transmisión de audios, videos y texto podía realizarse de manera inmediata, como nunca en la historia. Los jóvenes podían seguir adelante con sus estudios, mantener en la medida de lo posible la comunicación interpersonal con sus pares, y tener acceso a fuentes de entretenimiento, en momentos en los que las salas de cine tradicionales se mantenían cerradas o tenían serias restricciones en cuanto a su funcionamiento. El objetivo general del estudio es examinar la confianza en los medios y herramientas tecnológicas durante de la pandemia del Covid-19, como parte de un proceso de cambio en la que manera en que nos comunicamos dentro y fuera del país. Esta investigación pretende replicarse en el futuro, una vez que se restablezcan las condiciones que imperaban antes de la pandemia, o por lo menos, se eliminen la mayoría de las restricciones que estuvieron vigentes durante este tiempo.

Resumen de la Ponencia:

La relevancia de la interacción física y social de los individuos con su mundo es considerado desde Piaget en adelante como uno de los mecanismos críticos de desarrollo cognitivo social y moral. En esta línea se ha establecido una fuerte asociación entre las oportunidades de toma de responsabilidades (RT) y de reflexión guiada (GR), y la competencia moral (CM) de los sujetos. En cuanto a la RT y GR, Sprinthall, Reiman & Thies-Sprinthall (1993) demostraron en un estudio experimental su efecto positivo en el desarrollo moral de los individuos. Posteriormente, Schillinger (2006) mostro con un estudio transversal su influencia en el desarrollo de la competencia moral en estudiantes universitarios, estudio que fue replicado por Tello, Meza y Retamal (2018) en estudiantes chilenos de pedagogía, con resultados similares. En este estudio, las oportunidades de RT y de GR consideran actividades curriculares y extracurriculares. Ambos factores dan cuenta de la necesidad de interacción social para el desarrollo de la competencia moral de los individuos. El 18 de octubre de 2019 estalló en Chile una crisis social y política que restringió estas oportunidades de interacción de una manera inédita. La administración del país decidió cerrar los establecimientos educacionales desde octubre hasta finalizar el año escolar en diciembre. Posteriormente, a inicios del 2020 debido a la pandemia se vuelve al encierro hasta el año 2021. Desde entonces solo se realizo docencia online tanto en establecimientos de educación media como en universidades. ¿Cómo ha afectado esta reclusión la percepción de oportunidades de RT y GR y la CM de estudiantes de pedagogía de primer año 2021, considerando que ese grupo de personas terminó su enseñanza segundaria en confinamiento e ingreso a la educación superior en las mismas condiciones? Para acercarnos a esta pregunta, hemos comparado los resultados de la aplicación de los instrumentos Origin/u (Lind & Schillinger, 2005) y MCT (Lind, 2019) a estudiantes de primer año que ingresaron a la educación superior en 2017 y en 2021 a carreras de pedagogía en las áreas de Pedagogía Básica, Humanidades, y Matemáticas y Ciencias.  Los datos pertenecen a dos investigaciones diferentes realizadas por el mismo equipo de investigación. Los resultados indican en promedio un menor nivel de CM en los estudiantes de ingreso 2021 con respecto a los estudiantes de ingreso 2017. Estos resultados se reiteran al distinguir por áreas de estudios de pedagogía (pedagogía primaria, pedagogía secundaria en humanidades y pedagogía secundaria en matemáticas y ciencias). La proporción de estudiantes que identifican sus condiciones de estudio de primer año universitario como favorables, sin embargo, se mantiene estable. Estos resultados se proponen como un aporte a la discusión de la influencia de las condiciones de participación en el desarrollo moral de los estudiantes universitarios.

Resumen de la Ponencia:

En la actualidad, derivado de procesos como la inserción de las mujeres al mercado laboral y del envejecimiento poblacional, se han incrementado las necesidades de los cuidados en los hogares. Este incremento, aunado a reivindicaciones desde el feminismo sobre el tema de los cuidados, ha motivado la discusión en la academia e incidido en el diseño de políticas de cuidados.Si bien la necesidad de cuidados se manifiesta en todas las etapas del ciclo de vida, esta ponencia tiene énfasis en la etapa de la vejez, debido a que el envejecimiento demográfico se ha tornado un fenómeno existente en la mayoría de los países del mundo. Además, éste se presenta paralelo a otro gran desafío para los tomadores de decisiones públicas: la urbanización de la población.Cabe mencionar que, en la sociedad moderna, la acentuada división sexual del trabajo y la visión androcéntrica hegemónica han asignado la responsabilidad del cuidado a las mujeres, quienes se han encargado de esa labor en el ámbito doméstico. Sin embargo, la dinámica social y su complejización han llevado al surgimiento de servicios de cuidados fuera del ámbito doméstico. El objetivo de esta ponencia consiste en caracterizar los servicios públicos del cuidado en los conjuntos urbanos del municipio de Zumpango, Estado de México, enfatizando sobre aquellos dirigidos a las personas mayores. Zumpango es un municipio que ha adquirido relevancia desde hace dos décadas por ser destino de proyectos de producción masiva de vivienda, particularmente de conjuntos urbanos. Es de resaltar que, en el Estado de México, la figura de los conjuntos urbanos habitacionales se presenta como un tipo de poblamiento que favorece la integración con el entorno, más allá de la simple producción de vivienda.Para el abordaje del tema, se explica la normatividad que regula la producción de vivienda en la modalidad de conjuntos urbanos, se enlistan las correspondientes autorizaciones en el municipio en las últimas dos décadas, y se caracteriza la infraestructura de servicios públicos de cuidado disponible junto con la composición demográfica de quienes habitan dicho municipio. Para ello, se hace uso de documentos y datos oficiales, y de recorridos en campo. De esta forma, se visibiliza el déficit de servicios públicos de cuidado para personas mayores, ignoradas ante el “rejuvenecimiento” de la estructura poblacional que ha traído consigo la inmigración.

Resumen de la Ponencia:

PALABRAS CLAVE:Kuélap: ciudad fortificada - anexo, industria del turismo, desarrollo, identidad y cultura, interdependencia, asimetríaKuélap: ciudad fortificada, es una construcción megalítica, herencia de las cultura Chillaos – Chachapoyas (pre inca), que se desarrolló en el valle del Alto Utcubamba, en la región Amazonas, Perú. Kuélap: centro poblado (anexo).Desde el descubrimiento de la Ciudad Fortificada de Kuélap y su puesta en valor, el flujo del turismo y su consecuente mayor incremento de afluencia, ha impactado de manera ambigua en la zona y pueblos aledaños. Impactos que de manera paulatina han ido permeando en la dimensión social de la población que cohabita el espacio y comparte el mismo nombre. Alternancia, que en el imaginario de los turistas, de la industria del consumo cultural y las políticas de estado dentro del rubro, solo existe Kuélap como monumento arqueológico y una total invisibilidad a la población del anexo Kuélap. En efecto, ignoran con mayor razón sobre las dinámicas que se rigen en el seno social de los habitantes de Kuélap centro poblado, cuya cotidianidad está concatenada a la actividad turística y económica que se desarrolla dentro de sus linderos, y a una agricultura que viene siendo desplazada por el rubro turístico, siendo la agricultura la actividad que paradójicamente es la que amortigua económicamente a los pobladores en temporadas de bajo flujo de visitantes. Estos hechos, han generado una interdependencia simbólica y económica, no recíproca, entre la población, la Ciudad Fortificada y las empresas de turismo, avaladas por los discursos inclusivos de las instituciones del Estado encargadas de velar por el patrimonio, el turismo y la cultura. Alegatos, que en  realidad sitúan en segundo plano a la cultura, a las poblaciones y su preservación, para priorizar la comercialización de la cultura material e inmaterial, bajo el argumento de la puesta en valor y desarrollo integral de los pueblos que coexisten en los linderos de las áreas declaradas como zonas monumentales. Sin embargo, en la praxis, generalmente vienen trastocando el sentido comunal, la cultura y las identidades de las poblaciones aledañas, fragmentando de esta manera el tejido social en nombre de la industria sin chimeneas, que necesita ser reestructurada para mitigar sus impactos en las comunidades. 

Resumen de la Ponencia:

As redes sociais estão cada vez mais presentes nas disputas político-eleitorais nos mais distintos países do planeta.  Na América Latina, em um contexto de cruzamento de crises (econômica, sanitária e social), governantes tentam articular suas propostas a partir da intensificação da participação nas novas Tecnologias da Comunicação e Informação, visando mobilizar suas bases eleitorais e para angariar apoio de certos setores da sociedade. Com a difusão da internet, ao longo da virada do milênio, elementos inéditos na dinâmica política se fazem presentes nas disputas eleitorais via plataformas digitais. No Equador, estima-se que aproximadamente de 77% dos cidadãos usam as redes sociais. Segundo o levantamento da pesquisa, Ecuador Estado Digital 2021, por volta de 14,3 milhões de pessoas possuem acesso à internet e, ao mesmo tempo, 14 milhões estão inseridas nas redes sociais, sendo o Facebook a plataforma interativa mais acessada pelos equatorianos na internet, contando com mais de treze milhões de usuários (PRIMICIAS, 2021). Do ponto de vista eleitoral, praticamente todos os candidatos da última eleição presidencial tiveram penetração nas redes sociais, articulando suas campanhas em um cenário de severa crise social no país.  De qualquer maneira, o engajamento nas redes sociais têm se tornado um fator relevante para a formulação de estratégias e táticas eleitorais de candidatos de diferentes espectros políticos. Não obstante, ao mesmo tempo em que há uma crescente massificação da internet, fomos contaminados por uma explosão de mensagens muitas vezes duvidosas a respeito de sua veracidade. Fake news, ações de espionagem, o colonialismo de dados e disparos em massa são algumas características das ações políticas em curso nas redes que tem se intensificado nas campanhas eleitorais em todo o continente, mesclando elementos de lawfare e a formulação de guerras híbridas para as disputas geopolíticas (KORYBKO, 2018). A pesquisa apontou para o protagonismo da atuação no Facebook dos candidatos que ficaram nas primeiras colocações na disputa eleitoral. Além da grande quantidade do número de seguidores e curtidas do candidato eleito, Guilhermo Lasso, foi possível observar como a página do atual presidente iniciou a campanha já com um grande número de seguidores. A evolução foi mais acentuada na campanha de Andrés Arauz que, durante o primeiro turno, passou de cerca de 94 mil seguidores para mais de 176 mil no final da campanha. Yaku Pérez, terceiro candidato na votação do primeiro turno, fazendo 19.39 % dos votos válidos, também chamou a atenção pelo forte engajamento de sua página no Facebook.  De qualquer maneira, vale registar o notório crescimento do candidato Xavier Hervas Mora (ID), onde praticamente toda sua campanha foi mobilizada via redes sociais.Por fim, a pesquisa apontará para alguns paradigmas da atuação das redes sociais nas eleições latino-americanas durante os últimos anos.

Resumen de la Ponencia:

Con una fuerte apuesta foucaultiana, el presente artículo pretende analizar subjetividades y sujeciones maternas gestadas y gestionadas (Souza Lima 2002) por Puericultoras de Córdoba (Argentina). Retomando los aportes de Nari (2004), quien entiende a los maternalismos políticos como el modo en que los estados convierten a la maternidad en un asunto político, me pregunto: ¿Cómo se gestan maternalismos políticos en la Córdoba contemporánea a través del acompañamiento sanitario de las Puericultoras locales?Dichas reflexiones surgen de un exhaustivo trabajo antropológico, realizado entre el año 2019-2022, en el marco de mi beca Doctoral en Ciencias Sociales (UBA) financiada por el “Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas” (CONICET). A lo largo de la exposición me detendré en discusiones contemporáneas sobre la atención/acompañamiento sanitario del “sector privado” y del “sector público”. Atendiendo a lo que se conoce como salud materno-infantil. Como me expresó mi interlocutora clave, una de las directoras de la Asociación Cordobesa de Puericultura, el saber empodera. Y como enuncio, de manera provocativa en el título, el mundo privado te convoca mientras que el público no sabe ni que existimos. Dichas palabras hacen referencia a madres de camadas medias-altas universitarias que contratan a puericultoras (durante su gestación o puerperio) mientras que, “en el sector público”, es decir madres que acceden a hospitales de administración pública, no reconocen la existencia, el rol y el desarrollo profesional (y sanitario) de las mismas. Vale aclarar a los/las lectoras que no son oriundas de la zona geopolítica desde donde escribo y me enuncio, que la Puericultura se constituyó como un área médica especializada en la crianza infantil a mediados del Siglo XIX. Primero, en Europa Occidental (principalmente en Francia) y, luego, se desarrolló en Argentina, como en otros países del hemisferio sur, a comienzos del Siglo XX.Históricamente conocida como la ciencia o el arte de criar niños, la Puericultura (muy de la mano a la Eugenesia), emergió en relación a una preocupación propia de la conformación del estado-nación argentino: la alta mortalidad infantil. Principalmente, la mortalidad referida a los dos primeros años de vida, denominada etapa lactante del infante o primera infancia. La Puericultura germinó en nuestro país a través de políticas educativas y a través de políticas sanitarias (principalmente entre 1910 y 1950).Actualmente la atención materno-infantil se encuentra en disputa. Los dispositivos de saber en torno a las madres y a sus hij*s se encuentran cada día más problematizados por los profesionales sanitarios. Las incumbencias entre una disciplina médica y otra, generan largos debates y controversias. Las puericultoras locales vienen a cuestionar saberes hegemónicos (masculinizados) y porponer formas “alternativas” de acompañamiento materno-infantil.He aquí, el noble trabajo antropológico para analizarlo y describirlo.

Resumen de la Ponencia:

Em 2020, o município de Volta Redonda-RJ, localizado na Mesorregião do Sul Fluminense no Estado do Rio de Janeiro, instituiu o Sistema de Coleta Seletiva com a participação dos catadores e catadoras de materiais recicláveis e reutilizáveis, assim como disposto na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) cujo princípio é o “reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor da cidadania” (BRASIL, 2010, art. 6º). Tem-se como um dos seus objetivos a promoção da reciclagem e o estabelecimento como prioridade nas contratações governamentais da “ integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos” (BRASIL, 2010, art. 7º). Em âmbito municipal, a política pública de coleta seletiva tem por finalidade apoiar e fomentar a organização produtiva dos catadores e catadoras de materiais recicláveis com foco na melhoria das condições de trabalho, no estímulo à capacitação, no fortalecimento institucional das cooperativas, na ampliação das oportunidades de inclusão socioeconômica e, por fim, na expansão da coleta seletiva de resíduos sólidos (VOLTA REDONDA, 2020, art. 2º). Para isso, no município em tela foi criado o Comitê Intersetorial de Acompanhamento do Sistema de Coleta Seletiva cuja finalidade consiste em acompanhar e fiscalizar o sistema de coleta seletiva visando ao desenvolvimento de uma política pública inclusiva. Parte-se do pressuposto que a constituição de arranjos institucionais constitui um mecanismo para a promoção do desenvolvimento territorial sustentável. Tais instâncias são capazes de estruturarem uma governança orientada por questões concretas, de interesse público, onde o esforço central é a resolução de problemas de forma pactuada, com a participação nas decisões de segmentos sociais tradicionalmente excluídos (FUNG; WRIGHT, 2003; GAVENTA, 2001). O estudo adota o referencial da Tecnologia Social e da Economia Solidária ao considerar a relevância do papel dos catadores de materiais recicláveis na coleta seletiva de resíduos sólidos com fins de geração de trabalho e renda, educação ambiental e promoção da sustentabilidade em âmbito territorial (SINGER, 2004; DAGNINO, 2014). Sustentado em tal discussão, o objetivo principal do artigo consiste em analisar a implementação da política pública de coleta seletiva em Volta Redonda-RJ com ênfase na organização produtiva dos catadores e catadoras de materiais recicláveis, suas condições de trabalho e dificuldades enfrentadas na prestação de serviço público de coleta seletiva. A metodologia, de natureza qualitativa e do tipo exploratório, adota o método de estudo de caso e a pesquisa-ação como um meio de investigação (VERGARA, 1998; THIOLLENT, 1988). Como resultados esperados, a pesquisa pretende contribuir para o aperfeiçoamento da política pública municipal do tipo inclusiva, além de propor um modelo alternativo de coleta seletiva no território pela reaplicação de tecnologias sociais.

Resumen de la Ponencia:

Si bien la preocupación por la conservación de la naturaleza emerge entre mediados y fines del siglo XIX con diversos intereses y preocupaciones, nos enfocamos en su abordaje por parte de la ciencia moderna, considerada por la corriente ambiental crítica como parte de las causales de la crisis, pero también como potencia transformadora según el signo y el contexto. Inicialmente desde el desarrollo de la ecología disciplinar, pero luego con el surgimiento de la Biología de la Conservación (BC) a partir de la década del 80, que se consolida como campo de estudios “especializado” en la conservación de la biodiversidad con cierta singularidad frente al abordaje de otras áreas y disciplinas de las ciencias. Su repercusión en nuestra época es crucial para la formulación de políticas de la conservación de la biodiversidad y el rol de los expertos adquiere una importancia similar. 

Por eso, desde el campo de la filosofía de la biología, y a partir de la revisión de trabajos que abordan el desarrollo de la BC de manera crítica y expresan continuidades y rupturas de la racionalidad moderna, sistematizamos los fundamentos éticos y epistemológicos de la BC, y así poder contrastarlos con los criterios que han regido en la conformación y manejo de las ANP en Mendoza, Argentina. A partir de este trabajo, establecemos las dificultades que existen en la construcción de conocimiento científico, en particular la distancia entre la teoría y la práctica de la conservación, y posteriormente los desafíos que surgen en el rol de los expertos, la emergencia de otros actores sociales cuyos criterios trascienden los que aún dominan el conocimiento experto de esta área.

Introducción:

Comprendemos la crisis ambiental como proceso, pero podemos delimitar su emergencia problemática en los años 60 y su institucionalización en la agenda internacional con la celebración de la Conferencia de Naciones Unidas sobre el Medio Ambiente Humano convocada por la Organización de Naciones Unidas en 1972. Al respecto, algunas corrientes de pensamiento ambiental plantean esta crisis en términos de crisis de civilización: de la cultura occidental, de la racionalidad moderna y de la economía del mundo globalizado. En esa línea se cuestiona la noción occidental de la naturaleza y el rol de las ciencias naturales en las problemáticas ambientales. 

Si bien los orígenes del conservacionismo se remontan hacia fines del siglo XIX, el mainstream científico de este campo, originado en los años ochenta como subdisciplina de la biología, se consolida en la agenda política global a partir del Convenio sobre Diversidad Biológica, tratado surgido de la a Conferencia de las Naciones Unidas sobre el Medio Ambiente y Desarrollo (Río de Janeiro, 1992) frente a la preocupante pérdida de diversidad biológica. Esto se da en un contexto de creciente aceptación del desarrollo sustentable como concepción y modelo socioeconómico, que atendería la dimensión ambiental del desarrollo, en equilibrio con las aristas social y económica, y en oposición al modelo de límites del crecimiento. Otro elemento fundacional, es el aporte de la Biología de la Conservación (en adelante, BC), a partir de los trabajos pioneros de los años ochenta, que sentaron las bases éticas y epistemológicas del discurso científico-académico. Todo esto nutrió y cimentó la estrategia de conservación a través de áreas protegidas y patrimonialización de la naturaleza, prácticas que se convirtieron en las predilectas de muchos gobiernos, instituciones y redes de gobernanza internacional y ONG’s internacionales.

Con este trabajo nos proponemos revisar críticamente las bases éticas y epistemológicas de la BC con el soporte del pensamiento ambiental crítico, la ecología política latinoamericana y la antropología de la conservación, abonar el debate en relación a las continuidades o rupturas de la racionalidad moderna en el discurso y práctica de la conservación de la biodiversidad, específicamente en relación a las áreas protegidas. Para esto, a partir de trabajos de la filosofía de la biología, nos aproximamos a los orígenes y sistematizamos los fundamentos éticos y epistemológicos de la BC. Luego establecemos los debates actuales de la conservación de la biodiversidad para poder reconocer el rol de la ciencia y el Estado. Finalmente hacemos un breve recorrido histórico de la conservación de la biodiversidad en la provincia de Mendoza, Argentina, establecemos un “estado de situación” y contrastamos esta realidad local con los fundamentos discutidos.

Desarrollo:

Orígenes del conservacionismo y los ambientalismos críticos

La preocupación por la conservación de la naturaleza, se concibió como conservación del entorno “prístino” que rodea al “hombre”, civilizado y occidental, ligado a la concepción de “wilderness”, es decir, con una impronta moderna  dualista escinde la sociedad o cultura de la naturaleza, da sus primeros pasos hacia fines del siglo XIX a partir de la creación  de algunas zonas reservadas como cotos de caza en Europa, pero fundamentalmente con los primeros Parques Nacionales en EEUU que sentarán las bases de otras áreas protegidas (y otro tipo de categorías de protección similares) de distintos países, a partir del conocido modelo Yellowstone, por la fundación del Parque Nacional Yellowstone en 1872. Sin adentrarnos demasiado en este punto, este modelo fue exportado a todo el mundo y estuvo marcado por un contexto de conformación de muchos Estados-nación, y fue útil simbólicamente para consolidar la identidad nacional a partir de grandes paisajes como imágenes monumentales. Este esquema denominado “conservación estricta” (fortress conservation) persistió con fuerza hasta la década de 1980, y se dio a costa de la expulsión de pueblos originarios, justificado por el daño que realizaba el “humano a la naturaleza”, pretexto que sirvió para reservar áreas de naturaleza prístina del avance urbano-industrial en los países industrializados o en plena expansión, bajo un perfil elitista y autoritario (D’Amico y Arcos, 2022). A su vez, muchos de estos Parques Nacionales cumplieron roles estratégicos de consolidación de límites políticos-culturales, es decir, fueron áreas protegidas posicionadas en zonas de frontera (Fortunato, 2005).

Más allá de estos orígenes, sin duda atravesados por preocupaciones en relación al deterioro ambiental del crecimiento de las urbes de sociedades industriales que se expandían y la influencia del naturalismo de esa época, pero signados por otros valores ya mencionados, nos interesa concentrarnos en los discursos y prácticas de la conservación de la biodiversidad a partir de la emergencia de la crisis ambiental  -entendida como un proceso- y sus manifestaciones en los años 60 del siglo XX (Agoglia, 2010).  A partir de mediados del siglo XX el deterioro ambiental se manifiesta de forma drástica: en los últimos 50 años los cambios vinculados a las actividades humanas sobre los ecosistemas del planeta han sido los más drásticos, en cuanto a la extensión e intensidad, de toda la historia de la humanidad (Millenium Ecosystem Assessment 2005). Entre estos cambios o “síntomas” de la crisis ambiental, se incluye la “sexta extinción masiva” (Barnosky et al. 2011), la alteración de los ciclos bio-geo-químicos de los nutrientes, el cambio climático global, la deforestación y contaminación de agua, aire y tierra, entre otros (PNUMA 2010). Como reacción, a partir del reconocimiento de estas transformaciones del ambiente como problemática de escala global, emergieron los llamados movimientos ambientalistas o ecologistas, entre otros nuevos movimientos sociales (Riechmann y Férnandez Buey 1995), que gradualmente lograron poner esta problemática en agenda en ámbitos como la ciencia, la literatura, el arte y la política. 

Además de las ciencias, entre las respuestas académicas, las humanidades se integraron al debate ambiental. Algunas corrientes de pensamiento buscaron reflexionar sobre la relación entre sociedad y naturaleza, a partir de la crítica a la racionalidad moderna, en la que encuentran relaciones profundas de causalidad vinculadas a la problemática ambiental. En ese sentido, estos ambientalismos críticos sugieren que esta problemática no es de carácter técnico principalmente, por lo cual no puede ser resuelto con aproximaciones tecnocientíficas, sino que se trataría principalmente de un problema de valores, de cosmovisión y de racionalidad, por lo cual se trataría de construir racionalidades alternativas (Agoglia 2010; D’Amico y Agoglia 2019, Leff, 2004). De estas reflexiones críticas, son centrales dos ejes para repensar el rol de la ciencia, en particular la BC, con la problemática ambiental: la concepción de naturaleza y nuestras maneras de relacionarnos, lo cual implica repensar los modos modernos de conocer y describir el entorno, es decir, reflexionar sobre el conocimiento científico, como conocimiento hegemónico de la modernidad avanzada. En este sentido, reconocen en la idea contemporánea de naturaleza un concepto moderno occidental que se erigió por una separación fundante, que distingue cultura de sociedad. Desde esta separación es que emergieron las ciencias destinadas a comprender el mundo natural (Latour, 2007). La racionalidad moderna concibió como naturaleza todo lo ajeno al “hombre” y a todo aquello que las ciencias pueden comprender mediante la razón y la experimentación. Este dualismo y jerarquización ya venía siendo estudiado por la Escuela de Frankfurt desde los años 40, cuyos referentes señalaron que durante el Iluminismo del siglo XVIII la naturaleza tornó en un objeto mensurable y útil, pasible de ser sometido y puesto a disposición de la industria y las ciencias a través de esta racionalidad moderna o instrumental. Así, mientras que por una parte las ciencias son denunciadas por el ambientalismo crítico como parte del origen de la crisis ambiental, por otra parte, las luchas en contra de las injusticias ambientales muchas veces recurren a la ciencia, por lo cual pueden jugar un rol en su resolución. De hecho, la ciencia ha sido clave para documentar, sistematizar y establecer relaciones causales en los cambios ambientales, de modo tal de hacer un diagnóstico, descripción y detección de muchas problemáticas ambientales. 

En ese sentido, concentrándonos en el ámbito académico y científico, y en particular en la BC, resaltamos el trabajo de la Dra. Klier (2018) que a partir de la filosofía de la biología aborda esta relación entre modernidad-ciencia-crisis ambiental. Nos interesa retomar sus conclusiones para contrastar la realidad local de la conservación de la biodiversidad en Mendoza, pero antes resumiremos de su trabajo un breve recorrido histórico del surgimiento de la Biología de la Conservación y sintetizaremos los fundamentos epistemológicos y éticos de esta subdisciplina de la biología. 

La Biología de la Conservación: revisión crítica de sus fundamentos epistemológicos y éticos

Como anticipábamos, uno de los síntomas de la crisis ambiental refiere a la pérdida de diversidad biológica, que se aprecia en la pérdida de diversidad genética (o erosión genética), en extinciones de numerosas especies y en la alteración y disminución de ecosistemas nativos, entre otros. Esta “crisis de biodiversidad” es tan acuciante que algunos trabajos la denominan “sexta extinción masiva” (Barnosky et al. 2011) y entre los principales factores de amenaza se menciona al cambio de uso del suelo (por fragmentación, destrucción o degradación de hábitats), la sobreexplotación de especies; la introducción de especies exóticas y la cadena de extinciones de poblaciones (relacionado a las redes ecosistémicas) (Diamond, et al. 1989). Asimismo, cada vez toma más relevancia el cambio climático como factor de amenaza (Thomas, et al. 2004).

Frente a estos diagnósticos sobre el estado de la diversidad biológica, algunos autores comienzan a abordar estas preocupaciones desde la ecología disciplinar, una de las primeras áreas científicas que integró los problemas ambientales en su campo de saber. De estos antecedentes, en la década de 1980 la BC emerge como una disciplina organizada, con sus instituciones, revistas y prácticas propias con el objetivo explícito de evitar la pérdida de biodiversidad (Sarkar, 2005). Sarkar señala que en los años ochenta la BC se distanciaría de la ecología disciplinar asumiendo sus propias reglas, metodologías y objetivos. El autor señala dos propuestas iniciales principales, la línea estadounidense y la australiana.

La primera se caracterizaba por: a) una tradición de la conservación a través de la creación de parques nacionales; b) un fuerte interés de incorporar modelos teóricos para el desarrollo y manejo de reservas, como por ejemplo la aplicación de la teoría de biogeografía de islas (BGI) (Wilson y Willis 1975, en Klier 2018) y c) un desarrollo ético y normativo explícito (Sarkar 2005, en Klier 2018). En esta corriente estadounidense se destaca el artículo “What is Conservation Biology” (Soulé 1985), que ha sido retomado por la bibliografía posterior y sigue siendo fundamental para el área, ya que sentó las bases de la BC y sus características principales, resumidas por la Dra. Gabriela Klier (2018:31-32) en cuatro ítems:

La BC es una disciplina de crisis ya que es necesario actuar con urgencia para evitar que continúe disminuyendo la biodiversidad;Es una disciplina inexacta, que considera la estocasticidad característica de los sistemas vivos, así como la necesidad de actuar sin conocer la totalidad de los hechos, asumiendo ciertos niveles de incertidumbre en sus análisis;Es una disciplina basada en valores: esto refiere a sus fundamentos éticos, que recuperan los escritos de Aldo Leopold (ecocentrismo) y consideran como fundamento de la conservación al valor intrínseco de lo viviente per se;Es interdisciplinaria, ya que se plantea que la BC debe no sólo incorporar conocimientos de las ciencias naturales, sino que también considerar saberes sociales, económicos, políticos y otros.

Estas características son destacadas en el trabajo mencionado porque:

 (…) vemos que la BC no es una ciencia meramente descriptiva, sino que pretende actuar incluso sin tener absoluto conocimiento de la situación. La justificación para la acción es ética y refiere al valor de la biodiversidad. De este modo, la BC no es una disciplina descriptiva sino prescriptiva, señalando qué acciones tomar a partir de un posicionamiento sobre el valor de lo vivo. (Klier, 2018: 32)

En ese sentido, la BC pondría en diálogo la ciencia o mundo académico y la práctica del mundo real de los problemas ambientales, amalgamando saberes de manejo y la ciencia básica (Jacobson, 1990 en Klier, 2018), asumiendo la necesidad de abordar la complejidad de estos problemas desde una perspectiva integral, y de insertar la ciencia en un área en el que actuaban sólo gestores y técnicos (Groom, 2006 en Klier, 2018). Más allá de otras posturas de esta corriente que buscaban ceñir la BC a un campo científico destinado a la mera descripción y explicación de los patrones de diversidad (Primack 1993, en Klier 2018), esta dimensión práctica, que pretendía autonomizarse de la ecología disciplinar, se profundizará en la confluencia con la corriente australiana de la BC. 

Mientras la corriente norteamericana se enfocó en la aplicación de modelos ecológico-evolutivos con un marco teórico basado en teorías generales, en Australia se venía desarrollando una vía más orientada al manejo. En 1995 comenzó a consensuarse un marco en el que se integraba la visión pragmática australiana con la visión teórica estadounidense, y en el 2000 se publicó un artículo que plasmará esta situación. En el “Systematic conservation planning” (SCP) de Margules y Pressey se combina una visión que orienta sus acciones más a los resultados que a los marcos teóricos, con un marco académico para proponer un manejo adaptativo de ambientes naturales. El SCP implica una sucesión de pasos que suponen la elección y delimitación de la región de planificación, la identificación de los actores involucra-dos, la definición de indicadores de biodiversidad adecuados a los objetivos y metas de conservación considerados bajo múltiples criterios preestablecidos. Luego de la implementación de esta planificación, se debe monitorear sistemáticamente y revisar los pasos anteriores.  Así, desde fines de 1990 se integran nuevas perspectivas de manejo para la conservación, aunque en el plano académico la BC sigue inscripta como ciencia biológica bajo tres puntos de anclaje: la evolución, la ecología y la genética (Groom et al., 2006). 

Klier destaca del SCP tres dimensiones novedosas para la BC: la integración de actores sociales a la gestión y manejo de áreas protegidas (y la elección multicriterio sobre qué conservar), la idea de redes de reservas y la dimensión temporal-cíclica de continuidad y periodicidad en el monitoreo y revisión. Surgen entonces preguntas que siguen vigentes y vienen al caso de lo que discutiremos más adelante: quiénes son los actores clave para determinar el análisis, qué criterios son los relevantes, cuál es la biodiversidad que se debe conservar (Odenbaugh,2016 en Klier,2018). Aún más: cómo se integrarán los actores al manejo y gestión, tendrán poder de decisión, qué relaciones de poder existen en la trama de actores, entre otras posibles y necesarias reflexiones.

A partir del desarrollo de los orígenes y revisión de los fundamentos éticos y epistemológicos, Klier indaga en la realidad actual de la BC y en su análisis encuentra un desfasaje entre la propuesta teórica y su práctica:  por un lado, en el marco teórico la biodiversidad presenta una aproximación relacionista, por otro lado, en la bibliografía analizada (principales revistas especializadas) se muestra un carácter elementista[1] que reproduce esta separación de naturaleza respecto a la sociedad. Es decir, en la práctica la biodiversidad se comprende bajo una mirada científica como objeto de estudio, ajeno, cuantificable y analizable. A su vez, destaca ciertos sesgos respecto a las entidades que se estudian (especies carismáticas), sin explicitar que estas elecciones sitúan al investigador en un contexto social, político y ético.

Otro aspecto refiere a la jerarquización del saber científico (a priori), ya que si bien en los fundamentos epistemológicos (artículos fundadores y textos teóricos principales) se aborda el trabajo de la BC como interdisciplinaria, holista y bajo un paradigma de complejidad, integrando las dimensiones sociales, la mayor parte de la investigación de la BC resulta disciplinar y proviene de un marco ecológico disciplinar, quitándole la perspectiva de problemática ambiental y subordinando otros conocimientos científicos (como de las ciencias sociales) y saberes locales de los territorios en cuestión. En ese sentido, esta dificultad de tratar la problemática ambiental desde una mirada científica tradicional se plasma en la planificación y gestión de la conservación, jerarquizando a priori los conocimientos científicos (de las ciencias naturales, principalmente) simplificando la realidad de los territorios donde se conserva, poniendo en lugares secundarios a los actores locales, y señalando qué y por qué se conserva desde ópticas meramente científicas, pretendidamente neutrales.

El trabajo de Klier destaca la BC como una subdisciplina científica que parece romper con el dogma de las ciencias modernas que plantea la separación radical entre conocimiento científico y valores, ya que, como mencionamos anteriormente, se asume que la biodiversidad tiene valor intrínseco, según los artículos y textos considerados fundacionales. En contraste con esa mirada ecocentrista, conviven posturas antropocentristas que dan a la biodiversidad un valor instrumental. Sin embargo, la autora recalca que la BC se diferencia de otros campos dentro de las ciencias de la vida, ya que en los libros de texto de referencia (“textos canónicos”) se incluye una sección dedicada a “debatir la dimensión valorativa de lo viviente en la conservación” (2018:177). Esta particularidad, pareciera no encontrarse explicitada en otro tipo de fuentes tales como artículos de revistas científicas (Griffiths y Dos Santos, 2012 en Klier, 2018). 

Asimismo, dado el carácter polisémico de la biodiversidad (Faith, 2008 en Klier, 2018), la autora se pregunta específicamente cuáles son las entidades biológicas con valor intrínseco en la bibliografía de la BC. En este sentido, encuentra que este valor intrínseco de la biodiversidad se atribuye principalmente a las especies biológicas y a los ecosistemas, y por eso el nivel de amenaza de las especies o de sus correspondientes ecosistemas “nativos” resulta ser un criterio de conservación preponderante, por sobre otro tipo de entidades como organismos individuales, por ejemplo, en la metodología propuestas para el manejo de especies invasoras. Por otra parte, en su análisis de la bibliografía también halla la atribución de valor instrumental a lo vivo como fundamento para su conservación, en posturas utilitaristas que destacan los beneficios de la conservación de la biodiversidad para la humanidad, tales como las propuestas cercanas a la noción de “servicios ecosistémicos”.

Breve revisión histórica de los criterios de creación y manejo de las ANP en Mendoza (Argentina) y nuevos rumbos del conservacionismo 

A nivel local, las áreas naturales protegidas (en adelante, ANP) y la conservación han constituido campos de investigación reservados a las ciencias naturales, particularmente para la biología de la conservación desde la década de 1980, tendencia que igualmente se verifica a nivel internacional tal como desarrollamos anteriormente. En consecuencia, se ha privilegiado el estudio de los aspectos físico-biológicos de la conservación, lo que ha generado un gran acervo de conocimiento de los ecosistemas de la provincia (D’Amico y Arcos, 2022). Por su parte, el estudio de los procesos sociales y culturales que las ANP conllevan no ha recibido el mismo interés por parte de la comunidad científica local, aunque en los últimos años se han publicado un conjunto de trabajos que marcan un sendero contrario (D’Amico y Arcos, 2022).

En la provincia de Mendoza, las ANP han quedado históricamente circunscriptas a la órbita del Estado Provincial y en algunos casos, bajo gestión y administración privada o mixta. La superficie abarcada hasta el 2019 por el sistema provincial de ANP era del 13,68% del territorio provincial con 22 ANP declaradas en el marco de la Ley Nº 6045/1993 (Régimen de áreas naturales provinciales y sus ambientes silvestres) (Torres, Cannizo, Campos, Tonolli, Moreno, Agneni, 2020).

Las preocupaciones ecológicas que se consolidan en el imaginario ambiental mendocino, surgen como resultado de los primeros indicios de desertificación, producto de la sobreexplotación de los bosques nativos, en el período socio-histórico en el que se configura un nuevo modelo productivo basado en la vitivinicultura (fines del siglo XIX principios del XX), sustituyendo al modelo forrajero-ganadero. A partir del desarrollo del sistema ferroviario, se favorece la circulación y transporte de leña, madera y carbón, para su propia expansión, pero también para el uso y desarrollo de la vitivinicultura, estableciéndose un modelo de concentración de recursos y población en los oasis, en desmedro de los territorios no-irrigados. Este modelo de extracción, centrado en la “cultura del oasis”, se sustenta principalmente en la concentración del recurso hídrico, garantizado por el sistema jurídico provincial y los órganos de gestión que reglamentan sobre el uso y la distribución de aguas (la Ley de Aguas de 1884 y la Constitución Provincial de 1916), que favorece la concentración del manejo del recurso hídrico en los sectores que conforman las élites dominantes, durante el período de conformación de los Estados provinciales y nacionales ( Escolar, Martín, Rojas, Saldi y Wagner, 2012).

En ese contexto, identificamos diferentes etapas del conservacionismo con rasgos particulares (Arcos, 2021 y D’Amico y Arcos, 2022). La primera etapa, concentrada a mediados del Siglo XX, a partir de la creación de la Reserva Natural de Ñacuñán (1961), con el objetivo central de restaurar una zona y un recurso profundamente degradado (preservación de los bosques de algarrobos -Prosopis flexuosa-). La Reserva Natural de Ñacuñán, queda establecida bajo la órbita del Estado provincial, desmarcándose de la prevalencia de los grandes parques nacionales (Administración de Parques Nacionales), lo cual va a marcar el rumbo en materia de conservación y conformación del sistema provincial de ANP. En este contexto, el Instituto Argentino de Investigaciones de Zonas Áridas (IADIZA) creado en la década de 1970, se erige como un actor ineludible en la política de ANP a nivel provincial, que se consolidará en el siguiente período (Rubio et al., 2014; D’Amico, 2017). La particularidad de este puntapié conservacionista es que, a contramano de la tendencia generalizada de preservar grandes porciones territoriales, pretendidamente “prístinas”, y de imponentes bellezas paisajísticas, el ecosistema de Ñacuñán no era prístino ni un paisaje imponente. El objetivo conservacionista estuvo dirigido a la recuperación de un recurso degradado y no un paisaje de belleza prístina, designa un inicio distinto, pero en sintonía con una tendencia mundial y nacional de auge de las ciencias ecológicas. A nivel nacional, durante los años sesenta, los parques naturales dejan de crearse para preservar grandes paisajes naturales y asegurar la soberanía del Estado nacional en zonas fronterizas, abriendo paso a la conservación de procesos y funciones ecológicas (Carusso, 2015). 

En la segunda etapa, momento de gran expansión del sistema provincial de ANP, se identifica un cambio de criterios en las dimensiones que justifican la creación de ANP, trasladando la preocupación de la situación alarmante de los recursos naturales hacia una postura enmarcada por una estrategia de conservación sustentada en valores ambientales sobresalientes, aunque siguen siendo auspiciados por al ámbito científico, específicamente de las ciencias naturales. Esta etapa de esplendor conservacionista se ubica entre la década del 80 y el 2000, en la cual se crean 11 de las 22 reservas provinciales. El IADIZA continúa interviniendo de manera central, siendo permanentemente consultado. A la par asume un rol protagónico la intervención estatal de la mano de la Dirección de Recursos Naturales Renovables de la provincia. Este impulso a nivel provincial, sintoniza con el proceso de institucionalización ambiental de alcance global durante la década del 90, que a nivel provincial consolida el marco normativo ambiental. En ese contexto, se crea el Sistema Provincial de ANP (Ley 6045 del año 1999), adoptando las categorías de manejo establecidas por la Unión Internacional para la Conservación de la Naturaleza (UICN). Asimismo, en este periodo se amplía la protección sobre humedales, a partir de la incorporación de dos Sitios Ramsar (Rubio et al., 2014; D’Amico, 2017; entre otros). En términos sociales, por su parte, el fortalecimiento y la consolidación del sistema de áreas protegidas de Mendoza, no trajo consigo la flexibilización de las nociones tradicionales respecto de la presencia de seres humanos y de actividades distintas a la conservación, al interior de los parques y reservas naturales. Luego de veinte años de la creación de Ñacuñán, su posterior incorporación a la red mundial de Reserva de Biósfera, y en pleno auge de la sostenibilidad, continuó operando una definición de naturaleza prístina y virgen. Poca o casi nula atención recibieron las comunidades o poblaciones preexistentes en los territorios destinados a la conservación (Cannizo, Campos y Lichtenstein, 2020). Se mantuvieron, entonces, durante este período, criterios tecnocientíficos al momento de establecer la gran cantidad de áreas protegidas.

En un tercer momento, centrado a fines del Siglo XX e inicios del Siglo XXI, se registra un punto de inflexión que identifica el período actual. Los elementos distintivos comprenden, por un lado, una diversificación del mapa de actores sociales que se involucran en la promoción de proyectos de ANP: pequeñas comunidades, empresas privadas, y otros niveles de gobierno (municipales, intermunicipales, o incluso nacionales). Y, por el otro, una serie de cuestionamientos hacia el esquema de conservación más bien estricto que había predominado hasta ese momento (D’Amico y Arcos, 2022). Así se corrobora que, sin desconocer la importancia de los criterios científicos que predominan en el abordaje académico de la conservación de la naturaleza, estos espacios no quedan por fuera de procesos sociales, políticos y económicos (West, Igoe y Brockington, 2006; Cortés Vazquez y Beltrán, 2018). Por ejemplo, en esta etapa, las comunidades locales van ganando protagonismo al momento de impulsar proyectos conservacionistas ya que, ante el avance de proyectos extractivos, las ANP han funcionado, como una herramienta legal para la protección del ambiente (Cannizo, Campos y Lichtenstein, 2020). Ante esto, resulta interesante contrastar el fuerte peso que para algunos actores sociales continúa teniendo la visión tecnocientífica. En este sentido, resulta importante atender las dimensiones no exclusivamente biológicas, en tanto alrededor de la cuestión ambiental pueden darse procesos de apropiación privada de territorios y recursos naturales, cuyos fundamentos se legitiman en la protección del ambiente (Fairhead, Leach y Scoones, 2012; Apostolopoulou y Adams, 2018). Asimismo, tanto el Estado provincial en distintas escalas, como diferentes actores locales, han movilizado y activado proyectos de ANP, estructurados sobre criterios de control territorial o de intereses económicos privados, diferenciándose de los criterios “propiamente” conservacionistas (D’Amico y Arcos, 2022).

 

[1]La autora entiende como mirada elementista aquella que comprende a entidad como una mera suma de partes, desde una perspectiva analítica en contraste con una mirada relacional, que considera otros aspectos de las entidades de estudio que no sean reducibles a la mirada analítica.

Conclusiones:

A lo largo de este trabajo hemos visto cómo el conservacionismo surge desde preocupaciones ambientales atravesadas por diferentes intereses y valores, que luego irán convergiendo en una mirada predominantemente científica y particularmente influenciada por las ciencias naturales. En ese sentido la Biología de la Conservación ha constituido el principal campo de abordaje científico desde la década de 1980 frente a la pérdida de biodiversidad que se aborda actualmente más como problemática científica que ambiental. 

Sin embargo, partir de una revisión crítica de sus bases éticas y epistemológicas vimos cómo en realidad ese campo surgió con distinciones respecto a la ciencia moderna, considerándose una disciplina inexacta, con una posición valorativa frente a una situación de crisis y con un abordaje interdisciplinario. Pese a estas bases que se reproducen en los textos canónicos, vimos cómo desde una mirada crítica, en la investigación científica todavía se aprecia una mirada elementista, pretendidamente “neutral”, que jerarquiza el saber científico frente a otros, reduciendo otras dimensiones posibles de la problemática, y poniendo foco en el valor instrumental de la biodiversidad por sobre otras valoraciones. 

A partir de la comprensión del estado del conocimiento científico, y a partir de una revisión histórica de los criterios que han guiado la conformación de las ANP en Mendoza, Argentina, verificamos que ese proceso local ha seguido la tendencia global de la conservación, pero que actualmente nos encontramos en un momento de transición donde se disputan los sentidos de la misma, por lo cual el conocimiento científico dedicado a esta problemática, es decir el conocimiento experto, requiere una apertura hacia las ciencias sociales y otros saberes para poder diseñar nuevas políticas de la conservación acorde a los desafíos actuales. 

 

 

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Palabras clave:

conservación de la biodiversidad; biología de la conservación; políticas de la conservación 

Resumen de la Ponencia:

Com a mudança das ‘regras do jogo’ em tempos de modernidade líquida ou pós-modernidade, o sistema educacional perdeu a promessa de equiparar as oportunidades por meio de uma educação universal no que se refere à emancipação do indivíduo, tornando-se uma instância socializadora e mediadora do indivíduo no mundo, controlada pelos grupos dominantes, como expressão do modelo político, econômico e cultural capitalista vigente. Nessa perspectiva, o objetivo deste trabalho é realizar uma comparação entre a dimensão ideológica mercadológica ou economicista da Teoria do Capital Humano e suas implicações nos novos sentidos que a Teoria do Capital Social vai adquirir nos anos 2000 até o presente. Considera-se que a Teoria do Capital Social é a Teoria do Capital Humano ressignificada em Capital Social. Para demonstrar, foram utilizadas análises bibliográficas dos sociólogos pioneiros da Teoria do Capital Social, iniciando por Pierre Bourdieu, em seguida James Colleman. Posteriormente foram estudadas as literaturas que trabalham atualmente com o significado politológico de Capital Social vigente nas Políticas de Desenvolvimento Social do Banco Mundial como Fukuyama (1996), Putnam (2002) e Sen (2010). Por fim, se tem uma análise crítica baseada em Alder e Kwon (2002); Higgins (2005); Motta (2007); Silva e Santos (2009); Baumann (2013), Gonçalves (2019) entre outros, sobre os velhos e novos elementos dos capitais Capital Social e Humano, e a base para demonstrar o argumento da ressignificação da Teoria do Capital Humano em Capital Social. Os resultados apontam que em tempos de pós modernidade, a ressignificação da Teoria do Capital Humano, mostra que se trata de um ‘remodelamento’ desta em Capital Social para dar à primeira, um ‘novo significado’ humanista e sociológico, pois a estrutura de referência do Capital Social, como desenvolvimento social e sustentável, cultura moral, cívica e empreendedora seria mantida, aliada aos imperativos da lógica de mercado da TCH pautadas na autoresponsabilização e da competência do sucesso ou fracasso dos indivíduos, destacando suas capacidades empreendedoras de autogestão e a necessidade de gerar ativos humanos para o mercado via educação. Ademais, considera-se que a função do capital social no atual contexto de contradições sociais e econômicas, sob a lógica neoliberal predominante de manter a harmonia social reforçando sua retórica de interdependência entre educação e a formação do indivíduo adaptado aos anseios e normas sociais, ressignifica o sentido de Capital Humano, ao buscar compatibilizar as contradições entre i) competitividade e harmonia, ii) consumismo e caridade assistencialista, iii) meritocracia e desigualdades sociais, iv) competência e segurança social e v) eficiência econômica e solidariedade. Conclui-se que o atual sentido da Teoria do Capital Social é o mesmo da Teoria do Capital Humano, Ressignificada, transformada em Capital Social.

Introducción:

O termo Capital Social possui diversas abordagens nas Ciências Sociais. Na abordagem sociológica há dois argumentos divergentes. Pierre Bourdieu defende que o Capital Humano gera Capital Social, enquanto que James Colleman defende que Capital Social gera Capital Humano. Porém, ambos convergem com a ideia que a educação é a liga entre os dois Capitais. No entanto, a visão de Colleman é a predominante na abordagem politológica de Capital Social (Gonçalves, 2019).

É no âmbito dessa convergência, priorizando a visão de Colleman, em que se encontram as discussões da visão politológica dentro das políticas e programas de caráter internacional provenientes de Organismos Internacionais (Vieira, 2014, p. 16). Pois a abordagem politológica, encabeçada principalmente por Robert Putnam, tem raízes em Colleman (Higgins, 2005; Silva e Santos, 2009). Nesse sentido, a elaboração das novas políticas internacionais para o desenvolvimento dentro do contexto de globalização insere, aparentemente, elementos da Teoria do Capital Social (TCS) voltadas para fortalecer o Capital Humano individual, visando conter as possíveis consequências da exclusão estrutural do capital em níveis globais, promovendo ações de alívio à pobreza (?sic) para uma parcela significativa da classe trabalhadora que não se insere, ou se insere de forma marginal, no circuito de acumulação capitalista (Motta, 2007).

O objetivo principal deste trabalho é realizar uma análise entre a dimensão ideológica mercadológica/economicista da Teoria do Capital Humano (TCH) e suas implicações aos novos sentidos que a Teoria do Capital Social vai adquirir nos anos 2000 até o presente, sendo utilizada no desenho das políticas de desenvolvimento elaboradas por Organismos Internacionais. Considera-se que a Teoria do Capital Social é a Teoria do Capital Humano ressignificada em ‘ares’ de Capital Social. Portanto, o sentido da TCS necessita ser debatido, uma vez que, a teoria é usada no contorno de políticas de desenvolvimento elaboradas por Organismos Internacionais, como, por exemplo, o Banco Mundial, que elabora e recomenda políticas educacionais mundo à fora (Mota, 2007), é importante debater os sentidos desta ressignificação.

A metodologia priorizou uma análise exploratória bibliográfica. Primeiramente, estudou-se a introdução do Capital Social na agenda de pesquisa nas Ciências Sociais pelos sociólogos Pierre Bourdieu e James Colleman. Em seguida abordou a inclusão da visão de Colleman na agenda da Ciência Política pelos pensadores Fukuyama, Putnam  e Sen. Finalmente, foi realizada uma análise crítica da visão Politológica de Capital Social sobre os elementos educação e família, presentes na Teoria do Capital Humano, no intuíto de demonstrar a ressignifição do Capital Humano em Capital Social. Assim, o trabalho está dividido em três partes, além desta introdução e considerações finais. O primeiro tópico discute sobre a TCS no âmbito das Ciências Sociais, com ênfase na Sociologia e Ciência Política. O segundo, aborda as críticas à visão polítológica da TCS. Por fim, o terceiro trás o novo sentido de Capital Social com a incorporação dos preceitos da Teoria neoliberal de Capital Humano. Espera-se contribuir com o debate da visão crítica às diretrizes das políticas internacionais de desenvolvimento aplicadas no campo educacional, sobretudo, em países subdesenvolvidos.

Desarrollo:

2 A TEORIA DO CAPITAL SOCIAL NAS CIÊNCIAS SOCIAIS

O termo Capital Social (CS) possui diversas abordagens nas Ciências Sociais. É possível identificar estudos, ao menos, nas áreas: sociológica (precussora), politológica, administradológica, econômica e etc (Melo, Regis e Vanbellen, 2015). No entanto, o presente tópico interessa discorrer apenas sobre as áreas: Sociologia e Política.

Foi em 1979 que o sociólogo francês, Pierre Bourdieu, introduziu o conceito Capital Social na agenda das Ciências Sociais e na sociologia com o seu livro “Le trois états du capital culturel” (Os três estados do capital cultural. Tradução Minha). Neste livro, Bourdieu sistematiza e conceitua Capital Social como sendo um “conjunto de recursos atuais ou potenciais que estão vinculados a um grupo, por sua vez, constituído por um conjunto de agentes que não só são dotadas de propriedades comuns, mas também são unidas por relações permanentes e úteis” (Silva e Santos, 2009, p. 02).

Tempos depois, outro sociólogo também contribuiu para colocar o tema na agenda de pesquisa, foi o norte-americano James Colleman, em 1987. De acordo com a síntese de Silva e Santos (2009, p.03), para Colleman, o Capital Social é o “conjunto das relações sociais em que um indivíduo se encontra inserido e que o ajuda a atingir os objetivos que, sem tais relações, seriam inalcançáveis ou somente a um custo muito elevado”. Percebe-se que para os dois teóricos, a maior premissa do CS se encontra em nível individual, sendo este realçado no contexto social que fortalece o grau de confiança das relações existentes entre as determinadas estruturas sociais.

Assim, para os dois pensadores o catalisador do CS estaria presente na estrutura familiar que, juntamente com as demais estruturas (Capital Econômico Familiar e Capital Cultural Familiar) formariam o Capital Social. Dessa forma, o contexto familiar, econômico, social e cultural é particularmente importante para a formação de CS intergeracional. Nessa mesma perspectiva, os dois sociólogos também consideram que há uma relação de interferência entre Capital Social e Capital Humano, no entanto, Bourdieu e Colleman divergem em um aspecto.

Para Colleman (1987 Apud Silva e Santos, 2009), o Capital Humano é subordinado ao Capital Social, pois este último precede as estruturas responsáveis pela construção de Capital Humano, reforçando que o ambiente familiar e comunitário é importante para a criação intergeracional de Capital Humano prevalecendo uma relação virtuosa entre eles ao longo do tempo. Simplificando: para Colleman, Capital Social gera Capital Humano (Silva e Santos, 2009).

Já em Bourdieu, ocorre o inverso, Capital Social é um ativo individual que determina as vantagens extraídas do capital econômico, e por sua vez, influencia no nível de bem-estar do indivíduo. Apesar de Bourdieu não ter discorrido minuciosamente acerca da relação entre Capital Social e Capital Humano, autores que adotaram a perspectiva de Bourdieu em suas pesquisas, como é o caso de Neri (2000), inferem que há a relação de dependência do Capital Social em relação ao Capital Humano, pois o autor observou que nos níveis mais elevados de Capital Humano encontram-se os níveis mais elevados de Capital Social e conclui que Capital Humano gera Capital Social.

Dentro desta discussão, o cerne é que os dois sociólogos contam com o escopo educacional à geração desses capitais [social e humano]. Contudo, usualmente é a abordagem de Colleman a que prevalece nas políticas fomentadoras de Capital Social (Alder e Kwon, 2002; Higgins, 2005; Silva e Santos, 2009). É nessa perspectiva que a abordagem politológica, encabeçada principalmente por Robert Putnam, cujas raízes estão em Colleman (Higgins, 2005; Silva e Santos, 2009), necessita ser debatida. Esta abordagem é usada no contorno das políticas de desenvolvimento elaboradas por Organismos Internacionais, como por exemplo, o Banco Mundial, desde o início dos anos 2000, amplamente absorvidas nas políticas educacionais de diversos países emergentes.

A perspectiva mainstream de Colleman [Capital Social gera Capital Humano] fortaleceu a base politológica da TCS à partir da ‘crise de governabilidade’ que se instaura no mundo no fim do século XX e início do século XXI (Mota, 2007). Esta vertente busca através da solidariedade social e da valorização das pessoas, reforçar a coesão social e contenção dos conflitos. Os principais teóricos politólogos do Capital Social: Putnam, Fukuyama e Sen, defendem a relação entre valores culturais e vida econômica como fomentadores do CS. Em síntese, seus postulados em conjunto vislumbram que a participação, a solidariedade e as oportunidades são elementos-chave que possibilitam formar um tipo de Capital Social a partir da confiança entre as intuições e os membros da sociedade. Essa confiança criaria um elo entre os indivíduos e as associações de forma a rapidamente se adaptarem para enfrentar os desafios econômicos. Para os três teóricos, a democracia liberal e o capitalismo são modelos essenciais para a organização política e econômica das sociedades modernas e defendem que as sociedades cuja cultura de associação e cooperação sejam precárias se dão por causa de uma formação histórico-social marcada por uma forte presença do Estado (Motta, 2007).

Na perspectiva de Putnam (2002), o Capital Social seria o garantidor da coesão social, sendo este mais importante do que o capital físico ou humano para o equilíbrio social, para a estabilidade política, para a ‘boa governança’ e para o desenvolvimento econômico. A coesão social a que se refere Putnam perpassa pelo avanço dos hábitos de cooperação, solidariedade e espírito mútuo de uma comunidade, articulando tanto a integração econômica quanto moral. Motta (2007) advoga que as ideias e a metodologia de Putnam, em sua essência, incorporam elementos da sociologia de Durkheim, onde “Os fatos sociais que desviam da normalidade são vistos como uma patologia” (Motta, 2007, p. 202).

Enquanto Putnam se aproxima das ideias de Durkheim, Fukuyama se aproxima das de Weber para clarificar o que seria Capital Social ao elogiar a análise de Weber em sua obra ‘A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo’. Nessa obra, Weber deixa impresso que é a cultura associada à ideologia e à religião (protestantismo) que seriam os responsáveis pela produção de certas formas de comportamento econômico e não o contrário (Fukuyama, 1996).

Na perspectiva de Fukuyama (1996), a polarização entre ricos e pobres é uma ameaça à coesão social. Nesse sentido, a implementação de políticas macroeconômicas que não sejam ‘perturbadoras’, que possibilitem assegurar a liquidez monetária estável e o controle dos déficits orçamentários para manter as instituições políticas e econômicas liberais, seriam necessárias. Mas, mais do que isso, para cessar essa ameaça é necessário o fortalecimento do Capital Social. É nessa esteira que o seio da família é o instrumento primordial que possibilita a socialização das pessoas no âmago da sua cultura e transmissão de valores e conhecimentos que permitam providenciar suas capacidades. Para este teórico do Capital Social, é a cultura que interfere na dinâmica da vida econômica. Na opinião de Fukuyama (1996), Capital Humano e Capital Social são duas coisas distintas. O motivo se dá por causa da criação e da transmissão desses tipos de capitais que são diferentes. No caso, o Capital Social é transmitido através de mecanismos culturais, como a religião e a tradição perpassada por seus ancestrais, já o Capital Humano seria transmitido de forma mais imediata com o treinamento ou cursos de qualificação.

Ainda em Fukuyama (1996), a cultura seria o costume ético herdado e transmitido através de um processo educativo mais amplo - na vida familiar, na relação com amigos e vizinhos e na escola - que se transforma em hábito. Na concepção do teórico, a partir do hábito que vise à cultura da cooperação e associação, os problemas sociais persistentes seriam atenuados, pois tais problemas são mais de natureza cultural do que políticas, ideológicas ou institucionais. Assim, o Capital Social seria adquirido ao longo do processo histórico-cultural da sociedade à qual pertence e vai penetrar no senso comum do indivíduo. Segundo Fukuyama (1996, p. 37) o “hábitos éticos vai se revelar também resistente às mudanças ou à destruição” e serão virtudes sociais e individuais.

Por fim, Amartya Sen, Nobel em 1998 (Nobel Prize, 1998), por suas contribuições à economia do bem estar, também forneceu elementos para a compreensão do Capital Social de caráter politológico abordando e relacionando a conceitos como miséria, pobreza, fome e bem-estar social. O teórico demonstra como o desenvolvimento depende de variáveis como serviços de educação, saúde, direitos civis, liberdade política, cujos elementos convergem para a promoção de liberdades substantivas (Sen, 2010). Ampliando, assim, o leque de meios promovedores do processo de desenvolvimento, que vão além da industrialização, do progresso tecnológico e da modernização social. Em seu livro ‘Desenvolvimento como liberdade’, Sen defende que “o que as pessoas conseguem realizar é influenciado por oportunidades econômicas, liberdades políticas, poderes sociais e por condições habilitadoras, como boa saúde, educação básica e incentivo e aperfeiçoamento de iniciativas” (Sen, 2010, pág. 18).

Portanto, as teses de Robert Putnam sobre desenvolvimento social através da ‘consciência cívica, cooperação e redes solidárias’, juntamente com a de Francis Fukuyama que aborda a ideia de fortalecer ‘laços de confiança’ para a superação da pobreza, associada à visão de ‘pobreza como deficiência cultural’ e as de Amartya Sen como ‘privação de capacidades’, fizeram parte das orientações para a estabilização política como promoção do desenvolvimento de uma sociedade solidária nas camadas mais pobres da população, patrocinadas pelos Organismos Internacionais (Motta, 2007).

Sob uma perspectiva ampliada, as diretrizes de Capital Social apresentadas pelo Banco Mundial, sugerem o fortalecimento do Capital Social para que o Capital Humano também seja fortalecido. As diretrizes apontam que o indivíduo quando investir na qualificação de sua força de trabalho conquistará uma qualidade de vida melhor resultante de um bom emprego ou de uma ‘ocupação’ rentável, uma sociedade solidária e harmônica, pois através da educação o indivíduo desenvolve, também, sua capacidade de ‘participar das redes, serviços e benefícios sociais’ de controle da gestão pública e dos ativos mantendo, dessa forma, a coesão social, isto é, reduzindo possibilidades de conflitos (Oliveira, 2003; Mazza, 2004; Motta, 2007).

Por fim, considera-se que o sentido politológico de CS, na ótica do Banco Mundial, está relacionado a lógica Sociológica de James Colleman, onde Capital Social gera Capital Humano. Neste caso, as políticas do Banco Mundial [lócus da concretização da visão politológica] de ampliação do acesso aos bens sociais [inclusive educação] das camadas mais pobres da população visam gerar ‘Capital Social’. A partir do acesso aos bens sociais, haveria o aumento da produtividade da população [sentido mercadológico] provocando incrementos em seu Capital Humano, ou seja, às políticas do Banco Mundial, investir no Capital Social gerará Capital Humano.

3 CRÍTICAS A VISÃO POLITOLÓGICA DA TEORIA DO CAPITAL SOCIAL

Viu-se que na abordagem sociológica de Capital Social há dois argumentos divergentes. Bourdieu defende que o Capital Humano gera Capital Social, enquanto que Colleman defende que o Capital Social gera Capital humano, mas ambos convergem que a educação é a liga entre os dois capitais. No entanto, a visão de Colleman é a predominante. O presente tópico irá apresentar a visão crítica a esta segunda abordagem.

A primeira crítica é trazida por Higgins (2005), no qual defende que os pressupostos teóricos vigentes sobre CS em uso nas políticas de desenvolvimento das instituições multilaterais [com destaque a sua experiência profissional com o Banco Mundial] relegam as instituições estatais a um segundo lugar, enfatizando as capacidades de autogestão das organizações sociais, contribuindo para o aprofundamento relações sociais reduzidas à relações de mercado.

Ainda segundo Higgins (2005) os teóricos do campo politológico desconfiam das ‘regulamentações normativas com critérios de universalidade’ e também consideram que há uma relação retroalimentada entre a perspectiva ‘neoconservadora’ de Putnam e ‘a perspectiva utilitarista e neoliberal’ de Colleman, onde ambos apóiam um tipo de Estado neoliberal, pois transfere à sociedade a responsabilidade pelo desempenho das instituições e, consequentemente, seu próprio desempenho, enxergando a sombra do Estado como ameaçadora.

Em sua experiência com políticas do Banco Mundial para a América Latina, Higgins (2005), confirma que tais políticas que visam investir, sobretudo, em Capital Social, impulsionam a eficiência competitiva dos empreendimentos econômicos, reproduzindo o mesmo processo de redistribuição de riqueza e poder, sem romper com os problemas estruturais do ciclo de pobreza.

De acordo com Motta (2007) e Castro (2013), há um cenário de novas formas de sociabilidade que tem como referência as Teorias de Desenvolvimento, associando Capital Social e Capital Humano, em meio às políticas macroeconômicas de ajuste estrutural. Para os autores, observa-se uma nova função à educação nas orientações de políticas sociais de combate à pobreza, definidas pelos principais Organismos Internacionais para os países dependentes. Essas orientações seguem as metas do encontro da Cúpula do Milênio da Organização das Nações Unidas (Motta, 2007). 

No mesmo sentido, Motta (2007) destaca que na literatura crítica sobre novas mediações entre Capital Social e Capital Humano presentes nas políticas de desenvolvimento do Banco Mundial, há quatro grupos de aspectos centrais que merecem análise: 1) o favorecimento dos investimentos rentistas e especulativos em detrimento ao investimento produtivo, provocando a redução dos níveis de emprego, do agravamento da questão social e da regressão das políticas sociais; 2) as formas flexíveis de gestão da força de trabalho, aumentando a precarização das condições de trabalho, ampliação da competitividade entre trabalhadores, desemprego, informalidade, afetando os direitos sociais; 3) a redução da ação do Estado, com a restrição de gastos sociais e programas assistenciais focalizados de ‘combate à pobreza’ e de segurança e 4) as formas de sociabilidade com a invasão da lógica pragmática e produtivista em diferentes esferas da vida social.

Nas análises atuais sobre as transformações nas condições de trabalho no contexto produtivo, há o apontamento de mudanças nas estratégias de enfrentamento da chamada ‘crise estrutural do capitalismo’ (Frigotto, 2002; Ramos, 2015). Nesse contexto, a mudança mais substantiva está no campo da educação, elemento presente nas Teorias do Capital Social e Humano.

Conforme afirmou Ramos (2015), o sistema escolar é transformado no dia a dia, como um espaço que delimita as possibilidades de crescimento e desenvolvimento da economia, pois determina o perfil da população, define o leque de empregos e renda que o indivíduo terá em sua vida ativa, explica a pobreza e sua reprodução entre gerações, dissemina valores e modela o perfil de trabalhadores que a estrutura produtiva terá à sua disposição no longo prazo.

É importante mencionar que Bourdieu e Adorno já haviam criticado a função da educação como ótica produtivista/mercadológica antes do início dos acontecimentos em voga. Para Adorno (1993), a educação seria uma instância socializadora e mediadora do indivíduo no mundo controlada pelos grupos dominantes. Adorno (1993), ressaltou também que a escola não é para ser assim, mas está assim [e ainda continua], pois encontra-se inserida num contexto que é a expressão do modelo político, econômico e cultural capitalista, cuja função é apenas alienar o indivíduo, pouco contribuindo para sua autonomia. Bourdieu (1980) também enfatiza suas críticas ao modelo de educação [à época]. Para ele a cultura escolar é a dominante. Segundo o sociólogo, a escola mantém e legitima privilégios sociais e representa crença, postura e valores dos grupos dominantes como cultura universal (Bourdieu, 1980), perdendo sua função transformadora e reforçando a alienadora à cultura dominante (Motta, 2007).

O papel político da educação presente nas políticas de desenvolvimento do Banco Mundial é reforçar a coesão social, articulando tanto a integração econômica quanto moral, exaltando valores como religião, tradição e cultura e enfatizando o papel socializador da família e da escola.

Para além da educação como fator determinante de crescimento econômico e de aumento da produtividade, ideologia difundida nas etapas iniciais de implementação do neoliberalismo cuja expressão encontrava-se na “teoria do capital humano”, a função educativa incorpora a tarefa de transmitir valores culturais de solidariedade e civismo, como uma estratégia fundamental para a redução das desigualdades sociais e da pobreza e na construção de uma sociedade coesa e harmoniosa, expressão da “teoria do capital social” (Motta, 2007, p. 223):

Da mesma forma, Castro (2013, p. 363) pensa que:

A dimensão ideológica tem forte peso no (re)ordenamento social, amparando-se na ideia de capital humano, dissemina um novo ideário para o trabalho, a educação e para a própria individualidade (...) trata-se de um novo projeto do capital, baseado na ideologia neoliberal, que busca equilibrar crescimento econômico e desenvolvimento social, tendo como referências as teorias de desenvolvimento, de capital social e capital humano.

Portanto, diante destes argumentos percebe-se que a dimensão mercadológica que o Capital Social passou a adquirir nos anos 2000, com a ‘vitória’ da abordagem de Colleman e o uso desta, nas políticas, vai implicar em um novo sentido à TCS, que no caso seria a agregação da visão mercadológica/economicista do Capital Humano na TCS (Saul, 2004; Higgins, 2005; Ruckstadter, 2005; Silva e Santos, 2009). Nesse contexto, a educação será uma ponte entre os dois capitais.

4 A TEORIA DO CAPITAL HUMANO RESSIGNIFICADA 

A ressignificação da Teoria do Capital Humano presente neste texto, defende que se trata de um ‘remodelamento’ desta [TCH] em Capital Social para dar à primeira, um ‘novo significado’ mais humanista e sociológico, aumentando sua aceitação nas orientações de diversas políticas públicas. No campo da psicologia, entende-se por ‘significado’ construções elaboradas coletivamente em um determinado contexto histórico, econômico e social concreto (Coutinho, 2009). Em neurolinguista, ressignificar é atribuir novo sentido. De acordo com a Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional (SBIE), ressignificação constitui uma das técnicas de Programação Neurolinguística, isto é, um método utilizado para que as pessoas possam atribuir novo significado para os acontecimentos, através da mudança de sua visão de mundo, percebendo-os de maneira mais agradável, proveitosa e eficiente (SBIE, 2015).

Motta (2007) considera que as transformações do período 1990 – 2000, formam um terreno fértil para a mediação de ‘novas idéias’ de superação de pobreza, pois foram oportunamente fortalecidas pela redução do papel do Estado na questão social, aliado ao aumento da violência, da exclusão sociocultural de grupos indígenas e afrodescendentes, desencadeada pelos movimentos globalizantes; a discriminação de gênero, sexual e de pessoas com deficiências, na interface com a crescente degradação das condições de vida da maioria esmagadora da população.

Assim, com a mudança nas ‘regras do jogo’ em tempos de modernidade líquida (Bauman, 2013), ou pós-modernidade (Lyotard, 2004), o sistema educacional tornou-se uma instância mediadora para as ‘novas idéias’ de superação da pobreza, à medida que pode socializar e mediar o indivíduo no mundo via educação. Conforme Adorno (1993) citou, a escola é uma instância controlada pelos grupos dominantes como expressão do modelo político, econômico e cultural capitalista vigente. O fato é que essas ‘novas idéias’ apelam à moralidade e solidariedade social, ao lado da naturalização da autoresponsabilização do indivíduo por situações (des)favoráveis em suas vidas, ao  favorecem à abordagem politológica de Colleman da TCS, sem deixar de lado a abordagem produtivista/marcadológica da TCH.

Nesses termos, em época de pós-modernidade, as TCH e do CS, fortalecem os imperativos de que é preciso implementar programas educacionais que melhorem as aptidões, ampliem as oportunidades para a construção de capital humano e social dos indivíduos, e que também contribuam à redução dos comportamentos de risco e mantenham a cultura cívica e a governabilidade dos territórios. No entanto, ressalta-se que o maior incômodo deste viés está no acortinamento do debate de luta contra a pobreza sem levantar as questões de sua origem, dos conflitos de classe e da crítica a responsabilização individual pelo (in)sucesso dos indivíduos em sua trajetória de vida. Estas estratégias políticas ocultam a natureza conflitual de luta de classes e exaltam a cultura cívica e o mérito individual, contribuindo fundamentalmente para instauração do conformismo (Semeraro, 2001, Higgins, 2005 e Motta, 2007).

Além da escola, a família também representa uma instituição responsável por disseminar valores. Conforme cita Motta (2007), tanto a família, quanto a escola, são responsáveis pela transmissão de uma educação que conduza a responsabilidades e ofereça oportunidades para o indivíduo realizar seu potencial. De modo geral, tanto na TCS, como na TCH, o seio familiar é um instrumento primordial à socialização das pessoas na sua cultura,  valores, poder, conhecimentos e aptidões que permitam providenciar suas capacidades e incrementar seus ativos individuais (Gonçalves, 2019). Nestes termos, para os teóricos do Capital Social, o debate sobre a família é voltado para a transmissão um habitus. Contudo, não se trata da reprodução de qualquer hábito, trata-se da ética/cultura do trabalho no modo de produção capitalista. Para Fukuyama (1996), seria a partir do hábito que visasse à cultura do trabalho, que muitos problemas sociais persistentes seriam atenuados.

Nessa perspectiva, percebe-se que os teóricos da TCS buscam explicar como conter os conflitos da polarização de classes reforçando a coesão social com a transmissão de costumes, valores, moral e regras sociais através de um processo amplo de interação entre família, escola, meio social e produtivo. Estas instâncias são responsáveis por reproduzir certos tipos de valores como: trabalho, solidariedade, associativismo, valorização das pessoas e religião, indispensáveis à formação de uma sociedade coesa e livre de conflitos, ativando o perfil solidário, associativo e caridoso, que em momentos de dificuldades possam atravessar seus impasses sem maiores conflitos (Fukuyama, 1996; Putnam, 2002; Sen, 2010).

Aqui, chama-se a atenção que em uma conjuntura de drásticas e rápidas mudanças que o mundo atravessa desde a década de 1970, com transformações tecnológicas, alterações no sistema político, econômico e na seguridade social; a estabilidade social é colocada em xeque, em meio a contradição que a classe trabalhadora se depara com o novo modo de acumulação flexível. Esta conjuntura implica em níveis relativamente altos de desemprego estrutural, rápida destruição e reconstrução de habilidades, ganhos modestos de salários reais, retrocesso do poder sindical, alterações do sistema de seguridade social, perda de abrangência das políticas sociais e deterioração das condições materiais de vida (Gonçalves 2019).

Assim, o atual cenário sobrevaloriza o papel econômico da educação cuja nova função para o século XXI, seguindo as diretrizes dos Organismos Internacionais é o desenvolvimento de competências laborais (Gonçalves, 2019). Dessa forma, seguindo os preceitos da TCH, o papel da educação é “formar para as competências do mundo do trabalho” (Guedes, 2007, p. 02). Ao que parece o papel econômico da educação é um ‘caminho virtuoso’ sem volta, pois para responder aos anseios produtivos, as diretrizes neoliberais presentes nestas políticas reformam a educação para acompanhar as mudanças produtivas que o mundo pós-moderno/líquido exige, formando pessoas aptas a adaptarem-se aos imperativos do mercado (Guedes, 2007).

Portanto, dada a complexidade de fomento de CS, enfatiza-se sua função no atual contexto de contradições sociais e econômicas, sob a lógica da TCH neoliberal para manter a harmonia social pela retórica produtivista. Nesse caminho, o discurso de investimento em Capital Social para se gerar Capital Humano  ressignifica o sentido de Capital Humano, em Capital Social, isto é, ressignifica a Teoria de Capital Humano em Capital Social, ao usar a TCS para fomentar CH. Em última análise essa ressignificação buscar compatibilizar as contradições entre competitividade x solidariedade, consumismo x assistencialismo, meritocracia x desigualdades, competência x segurança social e eficiência econômica x harmonia. Dessa forma, reitera-se que o termo mais apropriado para retratar o atual conceito de Capital Social é o de Capital Humano Ressignificado.

Conclusiones:

Ao não abordar a visão de Bourdieu sobre capital social e adotar a visão de Colleman no que tange as conexões entre educação, Capital Humano e Capital Cocial, aliada a versão politológica de Capital Social, a TCS incorpora a função utilitarista da Teoria do Capital Humano nas políticas públicas de fomento do Capital Social patrocinada por Organismos Internacionais.

Neste caso, a compatibilização da estrutura de referência do Capital Social, sobre desenvolvimento social e sustentável através de uma cultura moral, cívica e empreendedora à governabilidade, é aliada a lógica da responsabilização e da competência, destacando as capacidades empreendedoras de autogestão e a necessidade de gerar ativos humanos para o mercado. Tem-se então a Teoria do Capital Humano Ressignificada.

Nessa perspectiva, investir em Capital Social é tão rentável quanto em Capital Humano, embora seja complexo classificá-lo monetariamente, pois o produto da fusão entre as duas Teorias seria coesão social, fortalecimento da cultura do trabalho, indivíduo competitivo, consumista, utilitarista e produtivista. Por outro lado, contribuem à reprodução do processo de concentração de riqueza e poder, sem romper com os problemas estruturais da pobreza. Ademais, transfere à sociedade a responsabilidade pelo desempenho das instituições e, consequentemente, seu próprio desempenho, para enxergar a sombra do Estado como ameaçadora.

Assim, no âmbito microssocial a ressignificalção caminha na geração de um indivíduo competidor, individualista, sem contexto social e sem história, reduzindo sua capacidade de reconhecimento e luta por direitos sociais e coletivos. Já no âmbito macro, prejudica os questionamentos do agir estratégico das instituições, reproduzindo o senso comum da classe dominante em discursos, ações, valores e cultura, aprofundando as desigualdades sociais. Portanto, conclui-se que a ressignificação da TCH é capaz de provocar resultados indesejáveis à maior parte da população, produzindo o acortinamento da natureza conflitual de classes e o conformismo.

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Palabras clave:

Pós Modernidade;

Capital Humano;

Capital Social;

Ressignificação.